Estou completamente embasbacado e impressionado, fascinado e apaixonado.
É como se fosse uma nova Bíblia, melhorada e modernizada, aprofundada e embelezada, onde as questões e discussões latentes no Gênese, em Jó, no Apocalipse, são finalmente desenvolvidas e elaboradas com toda a arte retórica e a beleza vocabular que só um poeta no auge dos seus poderes é capaz.
Paraíso Perdido tem tudo que eu buscava na Bíblia e não encontrava. De certo modo, é melhor, ou pelo menos, é o complemento ao meu livro preferido. Não teria como gostar mais.
(Meus livros preferidos são, nessa ordem, Bíblia, Declínio e Queda do Império Romano, Ilíada. Paraíso Perdido está arriscando entrar na lista.)
As questões levantadas já eram relevantes na época de Milton (que se engajou em uma revolução recém-derrotada e perdeu tudo, menos a vida) e são ainda mais na nossa:
Oquanto de obediência devemos ao poder constituído?
Quais são as obrigações do poder em relação aos seus dominados?
É mais digna uma vida de revolta sem fim comparada à paz de uma submissão bovina?
Ou, como bem coloca Satã, será melhor reinar no inferno do que obedecer no céu?