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Calendários de aulas & encontros para 2023

As aulas e encontros são exclusivas para as mecenas do meu Apoia-se. (Repara só como são muitas as recompensas.) Todas as atividades são online, algumas com opção presencial. Em 2023, a aula avulsa mensal está sempre em diálogo com o tema daquele mês do Curso das Prisões. Das obras estudadas, todas obras-primas, cinco foram escritas por mulheres. Todos os meus cursos estão aqui. Seja mecenas.

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Porque escrever sobre “Prisões”

Só faz sentido escrever sobre Prisões porque as pessoas estão presas.

Um comentário que recebi hoje:

“Alex, tem um aspecto que sempre vejo você desconsiderando nas suas análises, que é o complexo e o medo da rejeição. Não é próprio da sua experiência, não é da sua personalidade, mas é um fator com um peso gigante na vida das pessoas mais inseguras. Eu diria que metade dos adolescentes sofrem primordialmente por isso (eu) enquanto a outra metade se sente no topo do mundo nesta fase (você?). Junto com o aspecto identitário que você descreveu, tem a dor de ser rejeitado pelo parceiro e pelo empregador, de não ser bom o suficiente pra ser amado/aceito/apreciado.”

Se todas as pessoas fossem bem-resolvidas como você acha que eu sou, meus textos perderiam totalmente a razão de ser.

Se eu achasse que todas as pessoas eram bem-resolvidas como você acha que eu sou, eu definitivamente estaria escrevendo outras coisas.

Afinal, pessoas livres, bem-resolvidas, no topo do mundo, etc, não estão procurando textos sobre a Prisão Trabalho, a Prisão Monogamia, etc.

Eu só escrevo sobre Prisões porque

1) eu SEI que a maioria das pessoas é aprisionada por inseguranças galopantes e

2) estou tentando ajudá-las.

Sem qualquer uma dessas duas condições, ou seja, se eu não soubesse como as pessoas são inseguras ou se eu não quisesse ajudá-las, os textos das Prisões simplesmente não fariam sentido e eu teria passado os meus últimos anos fazendo alguma outra coisa.

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Porque não reservo vagas em eventos

Quando uma pessoa me pede para reservar vaga em um evento, o que ela está me pedindo é para que eu diga um “não” injusto a alguma futura pessoa que deveria ser a dona daquela vaga.

* * *

Se uma pessoa faz esse pedido, das duas uma:

1) O evento não lota.

2) O evento lota.

No primeiro caso, beleza: tem vaga pra todo mundo, ninguém fica de fora.

No segundo caso, infelizmente, ficarão de fora algumas pessoas que queriam muito participar .

A questão passa a ser: quem ficará de fora?

Se aceitei o pedido e guardei vaga para alguém (que não conheço), inevitavelmente aparecerá uma outra pessoa (que também não conheço), querendo se inscrever na mesma vaga, e caberá a mim frustrar essa pessoa:

“Olha, desculpe. Você não pode se inscrever, porque aceitei guardar a vaga para uma outra pessoa que me prometeu que vai se inscrever no futuro.”

E essa segunda pessoa poderia argumentar:

“É justo isso? E se ela não se inscrever e a vaga ficar ociosa? Eu, por outro lado, posso me inscrever agora.”

E aí, como fico?

O que é mais justo?

1) Aceitar a inscrição da pessoa que efetivamente pegou a vaga primeiro, ou seja, que pode se inscrever primeiro, agora, nesse momento?

2) Rejeitar essa pessoa e torcer  para que a outra, que pediu para guardar a vaga, cumpra sua promessa de se inscrever, algo que muitas vezes não acontece?

A opção mais justa me parece ser a primeira.

Por isso, não reservo vagas em meus eventos.

As vagas são de quem se inscrever primeiro.

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Porque não dou cursos nem palestras

(Um esclarecimento que parece bobo mas é importante para mim.)

Os eventos que realizo podem ser chamados de:

Experiências
Instalações
Encontros
Vivências
Ocupações
Interferências
Etc.

Mas não de cursos ou de palestras.

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Porque meus encontros são tão longos

Tempo não é dinheiro. Porque dinheiro perdido pode voltar.

* * *

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Essa droga chamada vida

Ontem, aconteceu mais um encontro “As Prisões” na cidade de São Paulo.

prisoes sp 23jul2017

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caminhada do privilégio

a caminhada do privilégio é um exercício para tornar mais visível e mais palpável a distribuição desigual de privilégios em nossa sociedade.

o exercício começa com um grupo de pessoas, de pé, lado a lado. em seguida, são feitas perguntas relativas aos seus privilégios. dependendo de quais privilégios tiveram acesso, as pessoas dão passos à frente ou atrás.

nos meus encontros, tenho realizado uma versão brasileira desse exercício. quando possível, faço a atividade em uma escada ou ladeira, para que o resultado fique ainda mais graficamente concreto.

o vídeo abaixo ilustra bem o processo:

caminhada do privilégio, vídeo.
caminhada do privilégio, vídeo.

as pessoas que vêm aos meus encontros já são todas, em larga medida, bastante privilegiadas. mesmo assim, ao final do exercício, aquele grupo de pessoas privilegiadas que começou ombro a ombro está todo espalhado.

uma ilustração concreta das distâncias que nos separam.

abaixo, algumas das perguntas que faço, sempre em constante mutação.

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última imersão “as prisões”


(vídeo by carolina barros, a fazedora de vídeos.)

um encontro de três dias para encarar nosso narcisismo e exercitar a empatia.

uma prática de escutatória, de generosidade, de atenção.

uma instalação artística.
uma performance polifônica.
um espaço interativo.

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[vídeo] depoimentos de quem participou dos encontros do alex castro

os meus eventos são oficinas de escutatória, práticas de empatia, espaços de interação.

não são cursos, palestras, seminários. não têm conteúdo, programa, matéria.

apenas realizamos uma série de exercícios e cada pessoa tira deles o que quiser e o que puder.

tudo pode acontecer, nada nunca é igual. venham por sua conta e risco.

em 2016, vou parar com as oficinas de empatia.

as últimas serão no rj, no sábado, 12 de dezembro, e em sp, na terça, 15 de dezembro.

as imersões “as prisões” são eventos que duram um feriadão inteiro, realizados em um hotel-fazenda na divisa rj-sp. os próximos serão na páscoa e em corpus christi, 2016.

para saber mais sobre os eventos e se inscrever, clique aqui.

(videos by carol barros, da fazedora de vídeos.)

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um pouco sobre o encontro “as prisões: práticas de atenção”

desde 2002, escrevo sobre as bolas de ferro mentais e emocionais que arrastamos pela vida: as ideias pré-concebidas, as tradições mal-explicadas, os costumes sem-sentido. são elas:

verdade // dinheiro // trabalho // privilégio // monogamia // religião // patriotismo // obediência // sucesso // autossuficiência // conhecimento// felicidade // eu

agora, estou promovendo o encontro as prisões: práticas de atenção por todo brasil. o público-alvo são ovelhas negras em busca de interlocutores. o encontro oferece a oportunidade de passarmos o dia inteiro trocando histórias, compartilhando vidas, debatendo perplexidades. ao final, nós, todas as pessoas, estamos exaustas, gastas, esvaziadas. confusas, atarantadas, chacoalhadas. (veja os depoimentos de quem já foi.)

o encontro as prisões: práticas de atenção é independente por ideologia. não possui vínculo institucional algum. é divulgado pela internet de forma alternativa e realizado em praias, parques, quintais, praças. oferece frutas e castanhas para comermos ao longo do dia e tem um intervalo para almoço. começa sempre às nove da manhã de sábado ou de domingo e termina na hora que terminar. muitas vezes, a química é tanta que não queremos ir embora: o encontro mais longo durou 13 horas.

prisões, bh, 18mai. pç santa tereza. foto: claudia regina.
prisões, bh, 18mai. pç santa tereza. foto: claudia regina.

o encontro é pago. mas negar uma pessoa só porque ela não pode pagar seria dar importância demais a essa convenção arbitrária que chamamos dinheiro. portanto, algumas pessoas pagam, outras pagam menos, outras não pagam. na prática, as que pagam me possibilitam fazer o encontro para as que não pagam. nada poderia ser mais solidário do que isso. (para saber mais, consulte a política de gratuidades.)

não é auto-ajuda, terapia, coaching. não é palestra, aula, exposição de conteúdo. não tem apostila, powerpoint, frases de efeito pra anotar no moleskine. não oferece respostas, soluções, remédios. não promete uma vida mais calma, mais centrada, mais bem-sucedida.

não ajuda em nada. pelo contrário, só atrapalha. às vezes, nos transforma em pessoas ainda mais confusas, desajustadas, perdidas. afinal, ser bem-sucedida e bem-ajustada em um mundo canalha pode bem ser indicativo de nossa própria canalhice.

* * *

calendário completo de encontros em todo o brasil

sobre alex castro: bio, clipping, fotos, entrevistas.

dúvidas, questões, desabafos? fale com o alex.

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próximos eventos

veja quais serão os próximos encontros & assine a newsletter.

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tudo o que as prisões não são

sobre o encontro “as prisões”.

não é auto-ajuda, terapia, coaching.

não é palestra, aula, exposição de conteúdo.

não promete respostas, soluções, remédios.

não é fácil, não é mastigado.

não tem apostila, bullets de powerpoint, frases de efeito pra você anotar no seu moleskine.

você não vai te tornar uma pessoa mais calma, mais centrada, mais bem-sucedida.

não vai te ajudar em nada.

prisoes sp 23mar14 por flavia totoli

pelo contrário, talvez te atrapalhe.

talvez te transforme em uma pessoa ainda mais confusa, desajustada, perdida.

talvez você saia do encontro incapaz de conviver em sociedade, de tolerar o mundo, de conversar com sua família.

ou, pior, muito pior… talvez nem isso.

de qualquer modo, o encontro “as prisões” não vende nada e não promete nada.

venha por sua conta e risco. sem expectativas.

ficamos juntas um dia inteiro e, ao final, estamos todas exaustas, gastas, esvaziadas. confusas, atarantadas, chacoalhadas.

não se sinta mal se não quiser encarar. eu entendo.

só não deixe de vir por falta de dinheiro — temos uma política de gratuidades bem ampla.

deixe de vir só por falta de coragem mesmo.

talvez não seja mesmo pra você.

depoimentos de quem já foi // política de gratuidades // calendário de encontros para todo o brasil em 2014

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parecia que não queríamos ir embora

alguns encontros “as prisões” são realmente especiais.

ontem, em bh, começamos às nove da manhã, almoçamos no bolão e deveríamos ter acabado às seis da tarde.

deveríamos.

quando nos expulsaram do teatro onde estávamos realizando o evento, às sete da noite, depois de uma hora de atraso, ainda faltavam cinco das vinte e três pessoas participantes de apresentarem.

então, fomos para a praça santa tereza, ali do lado, e continuamos conversando, ouvindo, conhecendo umas às outras até às dez.

finalmente, depois de eu ter encerrado o evento com a prisão felicidade e prisão narcissismo, fechamos a noite comendo pizzas na parada do cardoso.

parecia que não queríamos nos separar. tínhamos ouvido histórias inesquecíveis, conhecido pessoas sensacionais. tínhamos nos dado, nos compartilhado.

poucas coisas aproximam tanto as pessoas quanto simplesmente ouvi-las com todo nosso carinho, com toda nossa atenção.

prisões, bh, 18mai. pç santa tereza. foto: claudia regina.
prisões, bh, 18mai. pç santa tereza. foto: claudia regina.

* * *

foi o terceiro encontro “as prisões” em bh.

as pessoas participantes dos dois primeiros ficaram amigas, companheiras, amantes. saem para piqueniques, botecagens, passeios. que eu saiba, dois casais já se formaram, talvez mais.

fico muito, muito feliz.

* * *

nos novos encontros “as prisões”, eu cada vez falo menos e as pessoas participantes, cada vez mais.

o objetivo do encontro não é “passar o conteúdo” das “minhas ideias”. não é aula. não é palestra. nada disso.

tudo o que tenho a dizer pode ser lido nos meus textos, disponíveis gratuitamente pela internet. ninguém precisa sair de casa pra saber o que eu penso.

os encontros “as prisões” são para aprendermos a ser melhores ovelhas negras.

para que aquelas pessoas, tão acostumadas a serem sempre as “esquisitas” da família e as “maluquinhas” do escritório, finalmente estejam em meio às suas iguais.

para encontrarmos nossas interlocutoras.

e é minha honra, minha alegria, meu privilégio poder ser o catalizador desse encontro.

* * *

ninguém precisa pagar para vir nesses encontros.

seria um absurdo impensável negar uma pessoa só porque ela não tem dinheiro. seria dar importância demais à essa convenção arbitrária que chamamos dinheiro.

quem pode pagar, paga. e eu agradeço. vivo disso e não tenho outra renda.

quem não pode pagar, não paga. e eu agradeço pela oportunidade de ajudar.

na prática, as-pessoas-que-podem-pagar pagam pelas pessoas-que-não-podem-pagar e nada poderia ser mais lindo e mais justo e mais solidário do que isso.

quanto a mim, se sobrar o suficiente para eu cobrir a passagem, o aluguel do espaço e as comidinhas, já está bom demais.

se eu quisesse ganhar dinheiro e ficar rico, com certeza não estaria aqui escrevendo sobre as prisões, essas bolas de ferro mentais e emocionais que arrastamos pela vida, essas ideias pré-concebidas, essas tradições mal-explicadas, esses costumes sem-sentido.

* * *

esse ano, vou levar as prisões para todo o brasil. o calendário completo está aqui. veja também a política de gratuidades e os depoimentos de quem já foi.

prisões, bh, 18mai. pç st tereza. foto: claudia regina.
prisões, bh, 18mai. pç st tereza. foto: claudia regina.

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dois encontros em sp

encontro "as prisoes", sp, 23mar14,  foto por flavia totoli

encontro "as prisoes", sp, 16dez13,  foto por flavia totoli

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alex castro em 2014

pela primeira vez na vida, meu ano já está todo planejado: 29 palestras & oficinas com inscrições abertas.

entre novembro e março, pretendo sentar a bunda, tomar vergonha nessa cara e terminar “o livro das prisões”.  em abril, passo o mês em cuba com a Outra Significativa. em maio, devo lançar o meu novo livro, no rio e em sp. depois, começam sete meses de viagens pelo brasil, divulgando o livro e falando sobre “as prisões”.

além disso, tenho oficinas “prisão dinheiro” e “prisão monogamia” marcadas em sprj e curitiba.

(veja o calendário completo das palestras & oficinas de 2014)

em todas as cidades, estou procurando hospedagem para mim e para a Outra Significativa e também uma sala, jardim, quintal, garagem, etc, para realizar os encontros. se você se oferecer, claro que não paga pelas palestras e ainda traz uns amigos de graça também. mande um email e te agradeço muito.

rio e são paulo aparecem pouco na programação acima pois são cidades onde é mais fácil realizar eventos com pouca antecedência. devo realizar palestras adicionais no rio e são paulo sempre que for possível.

veja também: roteiro completo da palestra “as prisões” // depoimentos de quem participou // regras de inscrição // política de gratuidades // assine minhas atualizações // saiba quando serão as próximas palestras & oficinas

por fim, confira as datas e se inscreva.

e muito, muito obrigado.

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“as prisões”: bibliografia

abaixo, a lista de todas as obras citadas durante a palestra “as prisões”. boas leituras.

* * *

introdução

a frase sobre o objetivo da prática budista ser virar sua vida de cabeça para baixo está em “not for happiness: a guide to the so-called preliminary practices” (2012), de dzongsar jamyang khyentse. esse livro é bastante avançado. para quem está começando a se interessar em budismo, recomendo, do mesmo autor, “o que faz você ser budista”, publicado no brasil pela pensamento em 2008.

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verdade

a frase “penso, logo existo” está no “discurso do método” (1637), de rené descartes, um livro essencial, importantíssimo e muito acessível. (baixe e leia em português.)

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dinheiro

o seu tempo “livre” é livre mesmo ou é só o tempo que seu empregador te dá para você poder trabalhar mais?

o ensaio “tempo livre” (“free time”, publicado postumamente pela primeira vez em 1977), do filósofo alemão theodor adorno, pode ser encontrado no livro “indústria cultural e sociedade”, publicado pela paz e terra em 2009. (leia em português ou em inglês.)

* * *

o tempo, como entendemos hoje, não existe desde sempre e também é uma criação humana: para controlar nossos lanches e idas ao banheiro.

o ensaio “tempo, disciplina de trabalho e o capitalismo industrial” (“time, work-discipline, and industrial capitalism”, 1967), do historiador britânico e. p. thompson, pode ser encontrado no livro “costumes em comum”, publicado pela cia das letras em 1998. (um fichamento em português ou leia em inglês.)

* * *

quanto menos tempo você tem, mais dinheiro vai gastar. não é coincidência.

o artigo “o seu estilo de vida já foi projetado” (“your lifestyle has already been designed” 2010), de david cain(em português & em inglês.)

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privilégio

o privilégio está em ser visto. em existir. em não ser invisível. umllivro que mudou minha vida e meu modo de ver.

“homens invisiveis, relatos de humilhação social”, de fernando braga da costa, publicado pela editora globo em 2004.

* * *

toda a obra de górki consegue a façanha de expor o horror da dominação econômica e da pobreza, com enorme vigor e gigantesca empatia, nunca romanceando nem bestializando os pobres.

sua obra-prima é “a trilogia autobiográfica”, lançada pela cosac naify em 2007. a peça “ralé” (1901) também é excepcional.

* * *

um primeiríssimo passo para quem quer sair da sua bolha de privilégio e saber mais como a pobreza no brasil.

“a ralé brasileira: quem é e como vive”, de jessé souza, publicado pela editora da ufmg em 2009.

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também recomendo os contos de turgeniev sobre os servos da rússia. acho que nunca foi lançado no brasil. tem uma edição portuguesa com o título “cadernos de um caçador”, da relógio d’água. talvez a tradução mais fácil de encontrar seja da penguin, com o título “sketches from a hunter’s album”.

um dos grandes autores de todos os tempos, em seu primeiro livro. ainda cheio de falhas mas cheio de vigor e empatia. eu prefiro o livro falhado e vigoroso da juventude de um grande autor às suas obras mais técnicas, mais frias, mais perfeitinhas da maturidade.

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sexismo

“problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade” (1990), de judith butler, publicado no brasil em 2010 pela civilização brasileira.

pode ser um pouco árido, para quem não está acostumado à leitura acadêmica, mas vale a pena.

* * *

o ainda invicto e indispensável “o segundo sexo” (1949), de simone de beauvoir. (baixe em português.)

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“as virtudes de medo”, de gavin de becker, publicado pela rocco em 1999. para quem quiser, tenho o pdf da edição em inglês.

um dos livros mais importantes da minha vida. com certeza, o livro que mais presenteei: já pra mais de doze vezes. esse livro salva vidas.

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racismo

“the racial contract” (1997), de charles w. mills. (sobre o livro.)

um livro que pensa o racismo de formas realmente radicais e originais. importantíssimo.

* * *

“racismo à brasileira: uma nova perspectiva sociológica” (2003), de edward telles, publicado pela relume-dumará.

para entender os números do racismo no brasil, sem precisar depender da evidência anedótica do seu amigo negro que adooooora ser chamado de “tição”.

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monogamia

livros “sem tesão não há solução” (1987) e “ame e dê vexame” (1990), ambos de roberto freire(baixe em português: “ame” & “tesão“) 

dois livros poderosos, importantes, humanos, belíssimos. das coisas mais lindas que já se escreveu no brasil.

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religião

“o futuro de uma ilusão” (1927), de sigmund freud, publicado pela l&pm. (baixe em português.)

freud-o-psicanalista já foi superado faz tempo. freud-o-cientista social, de totem e tabu, moisés e monoteísmo, o futuro de uma ilusão & o mal-estar da civilização, sempre será um prazer de ler, em todas as épocas. aqui, ele dispara suas armas mais pesadas contra a religião.

* * *

“o existencialismo é um humanismo” (1946), de jean-paul sartre. (baixe em português.)

um dos textos mais belos, mais humanos, mais abertos que já li. incrível imaginar um texto desses sendo escrito em 1946, em um país recém-liberado, em um continente que acabara de enfrentar a pior guerra de todos os tempos. na verdade, quem sabe, esse texto só poderia ser escrito nesse contexto.

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“porque não sou cristão” (1927), de bertrand russell. (baixe em português.)

boas razões.

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“da natureza”, de lucrécio. (em português de portugal antigo ou em inglês.)

esse texto revolucionário, escrito na roma antiga, manteve o epicurismo vivo e, ao ser redescoberto no final da idade média, praticamente inaugurou o renascimento. é fascinante ler um texto tão antigo e, ao mesmo tempo, tão próximo, tão moderno. sua defesa da descrença em um poder sobrenatural é linda, belíssima.

em 2012, stephen greenblatt venceu o pulitzer com um livro sobre o impacto da redescoberta de lucrécio: “a virada, o nascimento do mundo moderno”, publicado no brasil pela cia das letras.

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todos os fragmentos de epicuro. epicuro não é quem você pensa que ele é.

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minha definição de ideologia vem de althusser, em “aparelhos ideológicos de estado” (baixe em português):

a ideologia é a relação imaginária dos indivíduos com suas condições reais de existência, gerando assim uma representação distorcida da realidade. ou seja, o conjunto de ideias, saberes, preconceitos, etc, que permite que as pessoas se relacionem com e façam sentido da realidade: são as lentes através das quais percebem o mundo.

também gosto da definição de barbara fields:

“a ideologia é melhor compreendida como um vocabulário descrito da vida cotidiana, necessário para que as pessoas possam conferir um sentido básico à realidade social, vivida e criada por elas a cada dia. é a linguagem da consciência que possibilita a relação específica entre pessoas. É a interpretação em pensamento das relações sociais através da qual elas constantemente produzem e reproduzem o seu ser coletivo em todas as suas mais diversas formas: família, clã, tribo, nação, classe, partido, empreendimento, igreja, exército, associação, etc. deste modo, as ideologias não são ilusões, mas sim reais, tão reais quanto as relações sociais pelas quais elas se mantém.”

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patriotismo

o patriotismo é a ilusão construída de que um amazonense tem mais em comum com um gaúcho do que um uruguaio e que, em caso de conflito, vale a pena vestir um uniforminho e morrer para defender essa construção abstrata.

o pensador que melhor explica como fomos convencidos disso é benedict anderson, em “comunidades imaginadas, reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo”, publicado pela cia das letras, em 2008, em excelente tradução da ótima denise bottman.

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respeito

o diálogo de thoreau com emerson está em “desobediência civil” (1849), de thoreau. também recomendo “walden” (1854), do mesmo autor. thoreau é um dos grandes inspiradores das prisões. (baixe “desobediência” & “walden“, em português.)

 

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os outros

a frase “o inferno são os outros” é da peça “entre quatro paredes” (1944), de sartre, às vezes também encenada no brasil com o título original “huis clos”. (baixe em português.)

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livro “teoria da classe ociosa” (“theory of the leisure class”, 1899), do economista norte-americano thorstein veblen. (leia em inglês, em português ou outra versão em português.)

sobre as dinâmicas sociais que fazem com que nos importemos tanto com a opinião dos outros. um livro imbatível e hilário. em inglês, existem diversas edições e está em domínio público na internet. em português, pode ser encontrado na coleção “os pensadores”, figurinha fácil em qualquer biblioteca.

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felicidade

sobre a obrigação de ser feliz, recomendo (com muitas ressalvas) “perpetual euphoria: on the duty to be happy”, do filósofo francês pascal bruckner, publicado em inglês no ano de 2011 pela universidade de princeton.

bruckner é bastante conservador e comete alguns horrores de vez em quando, mas vale a pena. do mesmo bruckner, também recomendo, com as mesmas ressalvas, “the tears of the white man: compassion as contempt” (1986) e “the tyranny of guilt” (2010).

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a frase de tchecov sobre o homem e o martelo está na história “gooseberries”. ela já deve ter sido traduzida para o português, mas não consegui localizar. (leia uma tradução inglesa.)

tchecov é meu autor de ficção preferido e recomendo todos os seus contos, em especial as traduções para o português feitas por bóris chnaidermann e publicadas recentemente pela editora 34.

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narcissimo

sobre como lidar com pais e mães narcissistas, o site que salva vidas é daughters of narcissistic mothers“.

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o narcissismo é o assunto principal do pensador vivo que atualmente mais respeito, a pessoa que se assina “the last psychiatrist“.

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sobre a epidemia de narcissismo na nossa sociedade, recomendo “the narcissism epidemic: living in the age of entitlement” (2009), de jean m. twenge e w. keith campbell.

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sobre empatia, recomendo o discurso de formatura “this is water”, dado por david foster wallace em kenyon college em, 2005. (leia em inglês ou em português.)

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de modo geral, recomendo a obra de henry miller, especialmente a trilogia “trópico de câncer” (1934), “primavera negra” (1936) & “trópico de capricórnio” (1939). em vários momentos, os livros são terrivelmente sexistas e conservadores, mas tenham paciência com o velho henry: os tempos eram outros.

também indispensável é a coleção de poemas de walt whitman, “folhas de relva”.

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tem um mundo de recomendações de leitura aí para vocês. espero que seja útil.

para saber mais quando serão minhas próximas palestras, é só conferir sempre essa página: alexcastro.com.br/palestras

 

 

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encontros do alex castro: depoimentos

alguns depoimentos de pessoas que vieram aos encontros do alex castro. as versões completas estão nos comentários.

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é uma possibilidade de estar no mundo. e não simplesmente assisti-lo passar através das grades de nossa rotina.

filipe gonçalves

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na cidade maravilhosa, uma maravilhosa experiência. me abrir com estranhos, parece estranho, mas deveria ser a coisa mais comum do mundo. sem conhecer quem senta do teu lado, aquela pessoa também está disposta a se abrir com você. me identifiquei com muitas histórias do grupo e eu só queria abraçar e chorar junto. dizer: “olha, qualquer coisa, estou aqui por vc”. terminou, e percebi que sozinha nesse mundo eu não estou. que meus problemas são problemas de muitas outras pessoas. e que minhas soluções podem estar em um simples aperto de mão. agradeço pela oportunidade e eu espero ter outras. recomendo para quem está precisando de ajuda e companhia. quando a gente não consegue sozinho, o melhor que podemos fazer é sim: pedir ajuda. mas não espere soluções diretas. talvez vcs a encontrem ao simplesmente ficar calado e ouvir o próximo. obrigada mesmo!

sarah carolina

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a experiência … beira ao indescritível. só sabe de fato o que é, quem fez. é lindo, transformador, libertador. nos faz nos reconhecer em completos estranhos e reconhecer nossos privilégios. mudou minha visão sobre os outros. foi sensacional. =)

karen montanholi

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… eu não sabia o que poderia esperar.

então eu encontrei, de cara, a liberdade de tirar os sapatos e encarar com naturalidade, em silêncio, cada estranho ali na sala. … um a um, os estereótipos vão sendo desconstruídos quando a gente ouve a questão do outro. eu fui ouvida sem interrupções, sem julgamentos, sem que rissem de mim. …

toda roda de conversa em que estive depois me pareceu diferente. virei aquela que retruca, quando se fala de alguém: “não, péra, essa pessoa não é só isso.”. me ponho a ouvir tentando não opinar – ainda é difícil. meu olhar pro outro não é mais o mesmo. isso me causa menos sofrimento, porque eu não preciso mais querer que a outra pessoa seja como eu acho que ela tem que ser. ela é o que é e ponto. é tão simples e tão estranho que não seja natural!

agradeço muito a oportunidade. a cada um dos que participaram comigo e, em sua generosidade, me expuseram suas questões, se despiram emocionalmente sem me conhecer.

karina chamklidjian

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… foi preciso estar na companhia de desconhecidos para me abrir, para me perceber privilegiada, para ceder. ouvirmaisquefalarouvirmaisquefalar. que difícil esse exercício de sair um pouco de si. …

luana

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… devia ser feriado pessoal após a oficina de empatia. acordar hoje às 6h para vir trabalhar depois da experiência de ontem foi duro. estou fora de órbita. fora do eixo. digerindo tudo que foi dito por vocês e por mim também. foi uma experiência impagável. …

alvaro diogo

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… dedicar aquele tempo a ouvir outras pessoas, perceber mais profundamente o que nos conecta e diferencia delas foi sem dúvida uma experiencia muito positiva, que espero carregar no meu comportamento daqui em diante. …

andré lobato

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… me fez refletir e aprender. ouvi histórias bonitas, tristes, complicadas; coloquei minhas próprias questões em perspectiva e acho que a oficina cumpriu 100% o propósito que eu tinha: fazer um exercício de escutar, ter empatia, tirar a mim mesma do centro de tudo pelo menos por algumas horas. … não foi fácil em vários momentos. a tentação de dar conselhos, criticar e julgar é enorme. foi realmente um exercício, e saí de lá com a sensação de que preciso praticar muito mais. … recomendo! vão.

zel

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a maravilhosa oficina de empatia foi o melhor exercício prático de esvaziamento de mim mesma, e de por um momento, me permitir “entrar” em outro ser, outra alma, e sentir as suas dores. e o mais importante: sem hierarquizar sofrimentos e opressões. mais uma vez obrigada … por reunir tanta gente significativa em um só lugar.

aline xavier

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um banho de perspectiva. experiência muito bacana. falar de si mesma e ouvir os outros, te dá duas coisas: 1) a nítida sensação de que pessoas aparentemente diferentes têm problemas bastante similares, 2) a sensação de que “suas questões” são pequenas demais perto de outras “questões”. a caminhada do privilégio deixa muito claro, para quem acredita na meritocracia, que o buraco é bem mais embaixo. você visualiza, literalmente, como a vida é mais “justa” com você e como você é co-responsável por quebrar tradições tão arraigadas na nossa sociedade. e, por fim, você descobre como é difícil ouvir e comentar sem dar um exemplo parecido, sem trazer você próprio para dentro da questão, sem tentar resolver a questão do outro. valeu demais!

daniela

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… é lindo quando você reconhece as outras pessoas como pessoas, se enxergando e se identificando com cada uma! a última frase da boneca de sal: “o mar sou eu” é tatuada na alma ao final da oficina. essa oficina não foi feita para ser explicada e sim para ser sentida. gratidão. …

talita

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… foi muito significativo pra mim.dentro do meu egoísmo, cheguei ali achando que era única, que meus problemas eram “meus”, eram orgânicos.

saí de lá com a certeza de que meus problemas são de todos, e os problemas de todos são meus.

não por demagogia, mas por saber que há sim uma inquietação comum a todos, reflexões sobre a vida, sobre as escolhas conscientes e inconscientes…

não por demagogia, mas por sentir que aquelas dores doíam em mim também.

não é ruim criar um personagem para sobreviver à selva. ruim é quando não se tem consciência nem participação nisso. é escolher não sofrer. é escolher diminuir o ego ao ouvir o outro.

ouvir… o encontro me fez ver o quão difícil é ouvir. ali, aquelas narrativas eram parte de mim porque eu escolhi estar ali. ouvir era fácil. mas, e quando a gente não ouve em casa, no trabalho? culpa de quem? do trabalho estressante, do marido chato? não, culpa minha que não consigo sair do meu eu e atentar, com todo o meu corpo, ao que existe agora.

saí exausta do encontro mais longo acontecido até agora. não pela duração, mas pela intensidade. no dia seguinte, meu corpo somatizou. dormi muito.

finalmente no primeiro dia acordada, pude sair mais vazia de mim. é um exercício minuto a minuto, que ainda terá muitas histórias a ser vividas.

pretendo, se possível, um dia chegar ao amor altruísta. quem sabe ser mais generoso mesmo seja mais factível do que amar?

daniela dantas

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… intenso, complexo e profundo. … propicia um olhar para dentro de si a partir do outro, por meio do exercício da empatia. …

evie santiago

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… algo indescritível.

quando marquei com uma amiga para irmos juntas um pensamento era unânime: mas o dia inteeeeiro? (com a voz de sofrimento) era o dia inteiro, ela teria que deixar a filha e eu o marido. então tá, vamos ver, ver qualé, qualquer coisa a gente vai embora depois do almoço…

acho que não há quem consiga fazer isso!

o encontro é tão envolvente, tão sedutor, ‘abridor’ de mente!

chegamos para o encontro às 9 da manhã e meia-noite não queríamos ir embora!
passei o dia inteiro com aquelas pessoas que não conhecia, nunca tinha visto na vida, gente legal, gente boa, gente amável, gente tão diferente! gente que ficou aberta à se mostrar, pois estávamos todos abertos à ouvir!

depois do encontro, estou todos os dias tentando me tornar uma pessoa que questiona, que quer saber, quer entender, quer se colocar no lugar do outro.

e continuo tentando…

taysa

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pessoas bastante distintas, falando sobre assuntos profundos, intimidades, com outras completamente estranhas. uma espécie de encontro fora do tempo e rotina. propício para descosturar amarras e alinhavar e reforçar alguns pontos em si mesma e em outras, pela simples proposta de escutar, falar e ser escutada. no dia em que foi, o quórum feminino dominou (algo como 2 homens, contando com o alex, e 10 mulheres), talvez coincidência, talvez reflexo de que faltam espaços na vida para se colocar enquanto pessoa essência, e enquanto mulher. foi bonito, uma espécie de empoderamento feminino deu o tom do dia.

thaiza pedroso

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… um sábado extraordinário, um exercício de dar ouvidos e praticar empatia, cultivar novas amizades e sentir que somos todos humanos, que as questões que afetam uns, afetam todos. … uma experiência única.

manuela

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foi a primeira vez que não ouvi falarem em tom irônico: – nossa, mas vc está falando demais (!), pq o exercício era justamente o contrário de encenar um teatro social, de representar em uma conversa casual onde cada um toma a palavra e precisa prender a atenção de todos. ao contrário, no encontro se está livre para falar, ficar calado mas acima de tudo ouvir mais o outro que seus pensamentos. obrigado a todos … que me fizeram sair de mim mesmo, me acolheram, sem julgamentos e conseguiram me fazer ter mais que uma conversa banal, é uma puta experiencia, recomendo.

vinícius

* * *

… lá estávamos em contato com cada ser humano. lindo, complexo, incrível, cheios de dúvidas e certezas, como revela nossa incompletude. por diversos momentos, buscávamos: o que nos une? o que nos divide? o que nos caracteriza!? cada relato tratado e cuidado como uma entrega do mais genuíno do humano, da luz que cada um carrega em sua singularidade! entretanto, tantas marcas, feridas (e cicatrizes, as vezes) do que nos diz o socialmente constituído! olhar, olhar-se, sentir, sentir-se, sempre esse movimento do eu, outro, eu, outro… nós! algumas horas! algumas mesmo, que apenas pareceram minutos! e ainda há tanto, pouco não! tanto pra ser vivido, discutido, realizado e querido!

juliana

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saí do encontro por volta das 23h30, e só consegui dormir (por cansaço) às 2hs da manhã porque “as prisões” se movimentavam o tempo inteiro dentro de mim. não se trata somente de um (des)encontro, mas sim de todo um período que você terá que lidar após ele: rever sua rotina, seu trabalho, as pessoas que passam a maior parte do tempo com você (seja por escolha ou não). é muito difícil; contudo permanecer no automático (e não rever este tempo que temos por aqui) é insuportável. vá.

daniele lacerda

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não vá. há riscos grandes de te fazer começar a viver.

reinaldo ramos da silva

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… foi uma experiência poderosa. nos possibilitou compreender melhor a empatia, nossa relação com o outro e nós mesmos, nosso (sempre presente, ainda que raramente percebido) narcisismo. nos mostrou que existem muitas formas de ser e pensar, todas perfeitamente válidas. e nos deu a oportunidade de rever nossas próprias maneiras de ser e pensar, e perceber que elas podem mudar, não apenas involuntariamente, mas propositalmente. uma oportunidade única de mergulhar dentro de nós mesmos, e de ver no espelho não só nós mesmos, mas também o outro.

alina

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… ao longo do dia, conforme o assunto vai evoluindo, de uma forma única (porque únicas são as histórias e sentimentos compartilhados), vamos tendo a rara oportunidade de perceber na sua essência o humano (e sublime) no outro e, através disso, em nós mesmos. um lembrete, totalmente acachapante, do fato de que cada pessoa que encontramos é um universo a ser percebido, acolhido, compreendido. e que nós mesmos também temos a possibilidade de acessar essa percepção, acolhimento, compreensão. Um espaço raro de troca, de abertura, de muita escuta, de conversas com pés no chão e olhos nos olhos. uma experiência única e indescritível, mesmo, em palavras, por mais que a gente tente. talvez as únicas palavras a serem ditas sejam: se tiver a oportunidade de participar, não deixe passar. será transformador e inesquecível.

joão dal mollin

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assim como não se vive através de leituras sobre a vida, é difícil ter empatia sem praticá-la. penso no encontro como um exercício duro, mas bonito, tanto de empatia, como de confiança, de entrega. sem esses componentes, percebo agora ser bastante improvável que haja uma comunicação autêntica com os demais seres vivos, ainda que machuque, que assuste. saí d’as prisões bem confusa, porém, sem tanto medo do outro, de me ver no outro, de viver. obrigada!

ana pw

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… de repente em um turbilhão de palavras, gestos e sons foram se desnudando em um encontro com seus fantasmas diante de várias testemunhas. um momento único e mágico que as transformaram em cúmplices.

telma silva

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um dia para mexer com emoções e fazer a cabeça girar de tanto pensar sobre você, sobre a vida, sobre os outros… fui achando que 10h era muito tempo para o encontro. saí de lá achando que era pouco. é incrível mergulhar da vida de pessoas que nunca viu antes, saber suas aflições, preocupações formas de viver, sentir, lidar com situações…

eliza oliveira

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o encontro colaborativo do alex, e dos que participam dele, fez uma baita mistura do que estava dentro de mim com o que estava fora. incrível perceber o quanto nos perdemos em conversas superficiais no dia-a-dia e o quanto este mesmo dia-a-dia pode ser muito mais interessante e intenso se nos permitimos falar e escutar sem julgar (e ser julgado), buscando a empatia, a compaixão. espantosa a discrepância entre a aparência (primeira impressão) e a essência das pessoas: como elas são profundas. participar das prisões aumenta nossa potência diante da vida, nos alegra. valeu muito a pena de sair da zona de conforto, que pra mim não foi nada fácil.

alex campos

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é libertador. passamos o dia trabalhando nossa forma de ouvir as pessoas e percebemos não apenas que estamos cercados de pessoas incríveis naquele dia, mas que estamos cercados de pessoas incríveis o tempo todo, só não nos damos conta. o saldo, pra mim, foi mais tranquilidade, serenidade e, principalmente, empatia. terminamos a noite exaustos e com uma vontade grande de sermos pessoas melhores.

duda de oliveira

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um dos dias mais memoráveis da minha vida. foi realmente incrível. um encontro com pessoas desconhecidas, que ao final da noite estavam guardadas em nossos corações. vale muito a pena ir. seja pra conhecer o bando de malucos que vão, seja pra falar em voz alta o que te aflige, seja para ouvir.

maira solá smaniotto

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… foi uma soltura – perceber que existem pessoas tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidas. que questionam, que querem aprender, que não concordam com muita coisa fechada e acorrentadora com as quais vivemos. muito bom. ao contrário do que li algumas pessoas falando, não precisei digerir nada. difícil é digerir o que vemos no dia a dia… pra mim, o que se viveu no encontro foi agradável como um abraço. encontrar “semelhantes” por mais duro que seja o que se fala ou que se vive, é sempre agradável. recomendo.

fabinho vieira

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foi uma imersão. como andar em uma estrada que se transforma em um mar. mergulhamos na lama para tentar achar alguma essência intocada. não achamos nada, mas desabrochamos um pouco. afinal, não se trata de um encontro que traz certezas, pelos contrário. a gente sai com mais perguntas do que entra, e é bom que seja assim. de repente estamos lá, dez pessoas que não se conhecem, compartilhando as profundezas. o que há de belo e o que há de feio. alguns até saem enlameados, levam um tempo para tentar parar de entender. pode ser que levem a vida inteira. mas pelo menos, é um começo. uma busca que acontece sob o olhar de um cara interessante, que nos questiona com sagacidade, e com seus questionamentos nos trouxe até ali, paciente e amorosamente, tecendo os fios do destino. de repente, nós nos descobrimos assim, alguns pela primeira vez, outros mais do que antes: questionando tudo, viajantes do nada. mais abertos graças a isso.

antonella yllana

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… aqueles desconhecidos, tão diferentes entre si em quase tudo, logo se mostraram pessoas não apenas legais e educadas, mas também interessadas em cada palavra trocada, numa intensidade incomum ao nosso cotidiano monossilábico. eles, de repente, sabiam o que nunca contamos a nossas mães e irmãos. traziam ponderações em uma riqueza admirável: o que era um problemão para um, era uma alforria para outro; o que ameaçava alguns, significava uma bem vinda transformação para outros; uns diziam um sinto muito, outros um boa sorte e um sorriso compassivo e esperançoso. foi um sábado muito muito longo, mas muito significativo para mim. hoje, semanas depois do encontro, poucos dos meus amigos ainda acreditam no tempo gasto apenas escutando atentamente, poucos percebem o bem que fez me reconhecer no problema dos outros. e, sobretudo, ninguém me tira a sensação de que ter descoberto um tesouro ao conhecer pessoas interessadas em extrair algo mais significativo da vida e não apenas recreação superficial. hoje digo em voz alta, sem medo: perdidos na vida, uni-vos! vocês são o passarinho voando que vale mais do que aqueles dois na mão das certezas que nos entucham!

alexandre avelino

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é engraçado como a gente tem uma grande facilidade para sentar e discutir por horas e horas a formação tática do barcelona e as vantagens do escanteio curto, mas acha extremamente difícil falar dos grandes problemas da nossa vida. aqueles nos quais a gente pensa o tempo todo. e também nos pequenos. … foi bonito ouvir gente chorando porque botou pra fora uma pressão social ridícula que carregava nas costas por 15, 20 anos. foi bonito ver alguém dizer que teve um monte de problema foda e passou por um monte de confusão e hoje tá bem. foi bonito ver gente dizendo que não tava bem, e as pessoas dizendo que ia ficar. também foi bonito ver que o mundo continua cheio de problemas, cheio de merda, cheio de coisa pra ser consertada. mas é assim mesmo. foi bonito observar que todo mundo tem uma história massa para contar, que todo mundo está lutando e precisando de ajuda e também disposto a ajudar. … vá e escute. vá e fale. vá, escute e fale. faça o que você quiser. é somente uma conversa. pode não servir pra nada. ou pode começar a te dar ideias. pode esclarecer dúvidas ou criá-las.

alex luna

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imagine o avesso: uma prisão que liberta. um encontro que é des-encontro. liberta por dentro e para dentro rumo ao que é fora. encontro que é desencontro porque desestrutura e desarticula conceitos, opiniões, impressões e julgamentos que em essência nem sempre se justificam ou se sustentam. encontro e prisão que abrem os olhos para se abrir caminhos. é assim.

liberta por dentro rumo ao que é fora, mas a certa hora se percebe que o dentro é o fora, que o fora é o dentro, são um só. que a fronteira entre eles é imaginária. tudo uno, tudo único, a inteireza do um.

13 pessoas 14 horas juntas, a dialogarem sobre temas socialmente oblíquos, a reverem seus universos pessoais, à luz ou não do tema do encontro. na busca da essência, que no grupo ironizamos “caminho, verdade e vida”, vale tudo, mas vale mais a verdade. será? mas o que é a essência? o que é a verdade? o que é ser espontâneo e autêntico?, alex firme a certa altura me desafiou. neste encontro, nada é subestimado, menosprezado nem fica impune. tudo se indaga e se confere. é preciso ter coragem e desejo para participar.

mesmo depois de tanto tempo e da carga informativa, emocional, sentimental e existencial que se formou, uma voz continua vibrando por dentro de cada um, ansiosa ainda a virar palavras a se dividir com o grupo. mas já é tarde. o caminho próprio, tem horas, precisa ser construído e trilhado sozinho e em silêncio.

no dia seguinte, muito do que vi nas ruas, antes não tinha visto, pensado nem sentido. mas como, se na véspera o mundo já era deste jeito? a visão é que era romântica para algumas coisas e cega para outras. na descontrução e desestruturação de rígidos conceitos foi-se embora a ingênua inocência. então, chegou a hora de botar a mão na massa. e olha que já estou jogando aos 10 minutos do segundo tempo…

emilio

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… um espelho em que você se vê no outro. acho que é transformador. tem força. tem honestidade.

elisabeth andrade

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uma das coisas que mais se comenta antes e depois de “as prisões” é da dificuldade de tentar definir o encontro.

levei duas semanas pra escrever esse depoimento, justamente tentando “definir” o encontro. devo dizer que falhei miseravelmente. o que não é uma coisa ruim, na verdade. só mostra que o encontro é uma coisa tão fora do comum (o que é bem triste, dado o conteúdo dele) em nossas “vidas corridas”, que quem está envolvido não possui experiências anteriores pra definir. porque não vamos lá pra falar de nós mesmos e sermos ouvidos, como é o comum em nossa sociedade auto-centrada e individualista. lá, nós falamos, mas não é esse nosso objetivo: nós vamos lá para OUVIR. mais que isso: vamos lá para ouvir e NÃO JULGAR as outras pessoas (ou pelo menos, tentar). não julgar suas roupas, cor de pele, história de vida, decisões tomadas. não julgar se tal escolha (alheia) foi a melhor escolha. não julgar as pessoas desconhecidas e também não julgar nossos amigos (e nós sabemos como a intimidade pode nos fazer achar que podemos julgar alguém). não achar que nossa experiência de vida pode ser usada para parametrizar a vida alheia. nós vamos lá para fazer algo que rotineiramente não fazemos, exceto em locais pré-determinados pelos outros: nós vamos conhecer pessoas, e elas não são de nossa família, não estudam no mesmo local em que estudamos, não trabalham onde nós trabalhamos, não moram onde nós moramos. nós vamos lá para lembrar que cada uma daquelas pessoas que nunca iremos conhecer (ou que achamos que nunca iremos, pelo menos), que frequentam aqueles locais que nunca entramos ou não queremos entrar, que têm uma idade que não conseguimos nos imaginar tendo, cada uma delas é uma pessoa tão complexa e com uma vida tão cheia de detalhes quanto a nossa e que nós saberíamos disso no nosso dia-a-dia se parássemos pra conversar e OUVIR, cada uma delas. e apesar disso parecer óbvio, não há como descrever o que sentimos quando, de fato, alguém começa a falar. .. como anfitrião, ele faz o máximo possível pra nos sentirmos à vontade, para “valer a pena” esse “vôo cego” em que nos metemos. pague pra ver. nós pagamos e podemos dizer que vale a pena.

fenrir henrique

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… ouvir histórias de pessoas que, como você, têm angústias, insatisfações, que possuem as suas próprias histórias de vida. algumas mais profundas, outras mais atuais, o que importa é que todos estamos no mesmo barco: todos temos um calo que dói. o encontro teve um efeito inesperado em mim: entrei querendo falar de monogamia, achei por muitos momentos que era tão bom conhecer aquelas pessoas que talvez eu nem devesse falar, acabei falando de traumas de infância, saí de lá querendo botar no colo cada uma das pessoas que eu conheci naquele dia. foi mágico.

franciele bischoff

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… não se trata somente de um (des)encontro, mas sim de todo um período que você terá que lidar após ele: rever sua rotina, seu trabalho, as pessoas que passam a maior parte do tempo com você (seja por escolha ou não). é muito difícil; contudo permanecer no automático (e não rever este tempo que temos por aqui) é insuportável. vá.

daniele lacerda

* * *

…lá estávamos em contato com cada ser humano. lindo, complexo, incrível, cheios de dúvidas e certezas, como revela nossa incompletude. por diversos momentos, buscávamos: o que nos une? o que nos divide? o que nos caracteriza!? cada relato tratado e cuidado como uma entrega do mais genuíno do humano, da luz que cada um carrega em sua singularidade! entretanto, tantas marcas, feridas (e cicatrizes, as vezes) do que nos diz o socialmente constituído! olhar, olhar-se, sentir, sentir-se, sempre esse movimento do eu, outro, eu, outro… nós! algumas horas! algumas mesmo, que apenas pareceram minutos! e ainda há tanto, pouco não! tanto pra ser vivido, discutido, realizado e querido!

juliana

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… no encontro se está livre para falar, ficar calado mas, acima de tudo, ouvir mais o outro que seus pensamentos. obrigado a todos … participantes que me fizeram sair de mim mesmo, me acolheram, sem julgamentos e conseguiram me fazer ter mais que uma conversa banal. é uma puta experiencia, recomendo.

vinícius

* * *

pessoas bastante distintas, falando sobre assuntos profundos, intimidades, com outras completamente estranhas. uma espécie de encontro fora do tempo e rotina. propício para descosturar amarras e alinhavar e reforçar alguns pontos em si mesma e em outras, pela simples proposta de escutar, falar e ser escutada. no dia em que fui, o quórum feminino dominou (algo como 2 homens, contando com o Alex, e 10 mulheres), talvez coincidência, talvez reflexo de que faltam espaços na vida para se colocar enquanto pessoa essência, e enquanto mulher. foi bonito, uma espécie de empoderamento feminino deu o tom do dia.

thaiza pedroso

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eu fui para ouvir. … e exercitar a outridade foi muito bom. pari o silêncio para escutar as vozes. fechei um ciclo. outros começaram. criamos vínculos intensos e verdadeiros com pessoas estranhas em um único encontro. isso nos dá possibilidades de acreditar ainda mais em nossa espécie em nossos sonhos. … agora começa a escuta muito mais atenta e os exercícios de empatia são realmente valiosos. … alex é um belo ouvinte e um fantástico falante também. na oratória e na “escutatória” poética de rubem alves ele vai além do que pude supor.

domingos sávio

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nas primeiras horas do encontro, achei que nunca na minha vida estive cercado de tantas pessoas interessantes com histórias de vida incríveis. no final do encontro, percebi que provavelmente cruzo com pessoas incríveis todos os dias — talvez não tantas de uma vez só — mas raramente me coloco disponível para ouvi-las, conhece-las e apreciar toda a complexidade de um outro ser humano, tão humano quanto eu. … enquanto você não passa por uma experiência dessas, não sabe o quão transformador isso pode ser. provavelmente subestimamos o poder do ato de ouvir justamente por não termos esse hábito.

raphael dourado

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me sinto como uma cobra que comeu algo grande demais, e vai levar um bom tempo digerindo tudo.

lucas maimone

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o grande pano de fundo da conversa é “menos você”, mais generosidade, mais respeito ao outro. o mundo não gira em torno da gente. recomendo fortemente para pessoas adultas de todas as idades, crenças, estilos de vida.

clara machline

prisões, natal, 30ago14. foto: claudia regina.
prisões, natal, 30ago14. foto: claudia regina.

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um encontro de vidas. uma vivência para o espirito. um desenlace de pouco a pouco. na minha condição de estudante de comportamento (das áreas da antropologia e e psicanálise) posso dizer que vive ali uma experiência prática de tudo aquilo que investigo. e isso abrigou no meu corpo todo muitas sensações. a cabeça pensante deixei em casa e vivi! sai dali com o meu corpo todo marcado, ou melhor, entendendo sobre as minhas marcas, pois o meu corpo real, estava todo dolorido, vinham flashes da noite passada, da vida, das repetições e das marcas mesmo, machucados, dores e cortes. foi uma experiência inesquecivel.

maria carmencita job

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o bacana do encontro é que por mais que você leia os depoimentos e os textos, nunca vai conseguir explicar com clareza como é passar o dia realmente ouvindo, se doando e inexplicavelmente se sentindo bem conhecendo os outros mais do que fazendo-os conhecer você.

80% do debate no dia fica realmente a cargo de nós compartilhando sobre nossas vidas, sobre as prisões que encaramos, problemas e situações tão diferentes e ao mesmo tempo que jamais faríamos ideia da similaridade entre todos se não estivéssemos ali, no mesmo barco de narcisismo e ego, de valores que por vezes não podemos entender ou justificar simplesmente nos foram dados prontos e assim os aceitamos.

o encontro é uma ótima oportunidade para encarar esse tipo de situação e ver que mesmo de formas diversas, todos nós queremos questionar, podemos entender e perceber que no fim, grande parte da mudança não depende de uma autoridade sobre nós, apenas de nós mesmos.

allan cutrim

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participar do encontro é um processo que, como toda experiência transformadora, começa com um “sim”. sim, eu vou. sim, posso dispor de um dia para ouvir, aprender e ser transformado. quando falamos um “sim”, abrimos mão instantaneamente de qualquer possibilidade de controle sobre o que vai ou não nos transformar. nos colocamos abertos ao que o momento poderá nos proporcionar. e aí a mágica acontece. você ganha uma alteração permanente na sua capacidade de ser no mundo, de se relacionar, de pensar e também de sentir. você se encontra e se perde nos depoimentos, nas trocas, no contato. e é por isso que o encontro transforma. mas esse “sim” é, por sua vez, resultado de um processo que já se desencadeava. e esse mesmo “sim” é mais um elo nesse amontoado de experiências para as quais você se abriu e continuará se abrindo, porém é também um marcador importante. na verdade, é muito mais simples do que tudo isso. é um momento de encontro entre pessoas que se gostam antes mesmo de se conhecerem. e aí a mágica acontece!

izabela o. bandeira de melo

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não perca nenhuma oportunidade de falar, o q vc fala pode ser decisivo pra quem está ouvindo.

livia sheila

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desde a confirmação do encontro em recife até ele acontecer de fato foram quase 8 meses. nesse meio tempo eu imaginei mil coisas mirabolantes sobre o encontro! mas foi completamente diferente, mais completo e mais simples! as pessoas foram mais abertas, as histórias foram mais intensas e alex, claro, põe as coisas de uma forma que entendemos e, raramente, discordamos.

camila manguinhos

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estou até hoje tendo insights sobre diversas situações ocorridas no dia a dia, é incrível!!! na correria de hoje em dia é tão difícil as pessoas falarem e as outras ouvirem, e o mais importante: ouvirem com interesse e empatia. só por isso já vale a pena participar. o papel do alex nesse processo é muito legal, ele não dita nada, vai só fazendo as intervenções dentro do contexto, é mais um do grupo, que com a sua experiência vai delineando a conversa, para que todos participem, de uma forma muito natural e espontânea.

priscilla martinelli

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prisões, recife, 23ago14, coletivo lugar comum. foto claudia regina
prisões, recife, 23ago14, coletivo lugar comum. foto claudia regina

participar de um encontro como “as prisões” é obrigatório para quem tenta ser uma pessoa melhor. … ninguém jamais será a mesma pessoa, nem olhará para o próximo da mesma maneira. ouvir outras pessoas pode ser libertador e, no mínimo, fará seu mundo deixar de girar ao redor do seu próprio umbigo. tampouco olhará novamente para a sua vida, ou para dentro de você, sem algum estranhamento ou desconforto. afinal, todas essas coisas que me ensinaram até hoje… o que é mesmo que elas estão fazendo aqui? por que as reproduzo sem pensar sobre isso?

eva guimarães

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alex tem um jeito de falar diretamente sobre os pontos cegos e mais difíceis de serem observados por nós mesmos… é isso que nos chacoalha … é um encontro onde realmente somos tocados, seja pelas identificações com aspectos das questões das outras pessoas, seja pela beleza, coragem ou dor reveladas em suas histórias. … uma semana se passou e ainda reflito sobre coisas que ouvi naquele domingo… algumas, com certeza, me acompanharão por muito tempo!

gabriela de paula bicalho

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uma experiência singular. acostumado a diálogos cada vez mais vazios e superficiais, o encontro “as prisões” me fez perceber o quão importante é manter o bom e velho contato “olho-no-olho”, e o quão interessante pode ser as vivências íntimas e angustiantes de um semelhante.

felipe de oliveira

* * *

o encontro das prisões toma forma de acordo com a busca das pessoas que estão lá e o que elas escolhem compartilhar. … é uma experiência bem diferente ouvir histórias de pessoas até então desconhecidas que por vezes passaram por experiências parecidas com a nossa e também ouvir histórias de pessoas com percursos totalmente diferentes do nosso. sentir a dor dos outros como se fosse sua, mesmo por um curto momento faz com que a gente mude nosso olhar.

gustavo thron

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como foi bom ter ido! pessoas tão diferentes umas das outras, e ao mesmo tempo tão iguais. cada um com seus problemas, sua vida, sua verdade… um a um, todos depositaram seus sentimentos ali no meio do grupo. e aí eu olhei para as minhas questões, aquelas que estavam me agoniando e pensei: mas isso não é nada! esqueci de minhas angústias, das minhas feridas, para olhar os meus iguais. saí exausta, o corpo doído. mas a cabeça, ah, a cabeça leve, leve…

vania lacerda

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vi que cada um ali tinha uma parte que tinha a ver comigo … as coisas foram se encaixando na minha cabeça e vi que foi muito proveitoso ouvir os depoimentos e questionamentos e relacioná-los dentro da minha mente borbulhante. … fico pensando em como as pessoas são tão diferentes e ao mesmo tempo tão próximas. todas as relações que eu faço/tenho com as pessoas “automaticamente” começam a fazer parte de mim, me tornando diferente do dia anterior … cheguei no analista pensando: hoje vai render!

livia kodato

prisões, salvador, 3ago14. foto: claudia regina.
prisões, salvador, 3ago14. foto: claudia regina.

* * *

olá, você-que-eu-não-conheço-e-só-posso-supor,

se você caiu aqui significa que tem afinidade com os textos e as ideias do alex, e possivelmente esteja pensando em participar de um dos encontros.

não sei qual seu nome, seu endereço, sua filosofia de vida, se gosta da gema do ovo mole ou dura. talvez você seja uma mulher negra linda que teve que assumir o controle da própria beleza e do sonho de ser cientista. ou quem sabe um cara que foi amante de uma mulher e, pra disfarçar, fez amizade com o marido dela (e esse é só o começo da história!). pode ser uma moça com ascendência japonesa que rejeitou a associação pré-concebida sobre a sua etnia como “monstros das ciências exatas” e, além de professora de arte, toca bateria numa banda de heavy metal.

ou não. essas foram, na verdade, algumas das pessoas incríveis que conheci no encontro das prisões. se pudesse voltar àquela sala e me apresentar, diria que sou uma garota mimada tentando ir contra anos de soluções prontas e coisas que aparecem (ou somem) magicamente, sempre a meu favor.

com essa descrição talvez seja mais fácil se identificar. =p

a verdade é que as prisões funcionam como um exercício prático de empatia. éramos 14 pessoas numa sala com o único objetivo de nos vermos, nos conectarmos, nos conhecermos. nossas próprias histórias, o combustível que nos fazia levantar temas espinhosos – monogamia, narcisismo, trabalho, dinheiro, sexismo, racismo, felicidade… – sempre com a contribuição generosa do alex.

quando fiz jornalismo, eu pensava em sair por aí catando as histórias do mundo. é infinitamente mais fácil do que imaginava, e não existe diploma que me credencie para tanto. cruzamos com centenas, milhares delas, todos os dias na rua. o que nos separa é um simples “olá”.

foi um dia para abalar certezas muito bem decoradas (as nossas prisões). agora continua o treino. (:

você certamente não precisa desse encontro para isso. as ideias do alex estão muito bem expostas nos textos dele, disponibilizados gratuitamente na internet. a diferença aqui é colocar a própria vida na fogueira, compartilhá-la com pessoas que nunca viu na vida, ouvir de verdade, provocar as certezas do outro.

espero voltar numa próxima oportunidade.

melina lima de franca

* * *

foram treze horas chafurdando o que tinha de mais íntimo e vendo em outras pessoas um reflexo do que somos como sociedade. os sentimentos surgem do nada e variam de acordo com o assunto e a pessoa. raiva, amor, amizade, compaixão, admiração e várias outras emoções que na verdade não buscamos e não percebemos em nosso dia a dia.

o alex com seu papo inicial manso nos deixa livres e parece que a intimidade latente vem desde a infância entre aquelas pessoas. nunca nos vimos, temos idades diferentes, nada sabemos da vida de cada um e todos contam detalhes que não diriam para um irmão na mesa do bar. claro que as pessoas ali são as erradas e ovelhas-negras sociais, mas mesmo assim, fica difícil de se gerar uma interação tão boa entre desconhecidos. …

obrigado alex! obrigado por não dizer o que eu queria ouvir. por não mostrar nenhum caminho. por não estabelecer nenhuma regra. aprendi a desaprender.

joão marcelo moreira

prisoes, rj, 29mar14 foto alex castro
prisoes, rj, 29mar14 foto alex castro

* * *

consciência plena. é o que o encontro “as prisões” te faz adquirir. tu sai dele consciente de que a culpa por todo e qualquer sofrimento na tua vida é apenas tua. consciente do quanto tu se contorce pra criar falsas justificativas pras escolhas que tu fez e te fazem, de alguma maneira e com relativa intensidade, sofrer. depois do encontro, tu te torna consciente de que sofre por escolha. mais: te torna consciente de que a qualquer momento pode escolher não sofrer mais por nada.

depois do encontro, tem consciência de que é apenas um mímico fingindo ter paredes à sua volta. consciência de que é um pássaro cantando tristemente por estar preso dentro de uma gaiola que ele mesmo armou. percebe que a qualquer hora pode bater as asas e voar. porque tu é livre. todos somos.

obrigado, alex, por me ajudar a achar a última peça do meu quebra-cabeça. foi o melhor presente de aniversário que eu poderia ter recebido. tudo tá em harmonia. que não te falte saúde. boa sorte.

josé ary da silva júnior

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foi incrível a diversidade de pessoas que tivemos no nosso evento em vitória/vila velha!

só pelas idades, já percebi a quantidade de histórias distintas que cada um já viveu, com pessoas de 19, 20, 30, 40, indo até 60 anos.

o meu destaque vai para um senhor de uns 60 anos, que outrora era um “cabeça fechada”, e deu um belo depoimento demonstrando o quanto queria e já estava mudado.

durante o evento, eu fui me dando conta do quanto minhas ações eram diferentes do que a minha cabeça pensava, não dando para algumas pessoas a liberdade de serem quem elas queriam, cerceando suas liberdades apenas por “ir na onda dos outros”, com brincadeiras que todos faziam, mas sem perceber o mal que eu poderia ter causado para eles (ou nas palavras do alex, a “violência” que eu estava cometendo com eles).

mesmo assim, ao fim do depoimento, eu percebi que eu tinha entendido a teoria, mas a prática não era nada simples. coloquei isso para os demais e vi que eu não era o único a perceber a dificuldade de agir de maneira não narcisista, ainda mais com tantas pessoasl em volta com quem eu me preocupo e quero “ajudar”.

dias após o evento, a prática continua se revelando complicada. é uma vigília própria constante para atentar para meus atos e palavras, e assim espero levar para o resto da minha vida.

joão olavo vasconcelos

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é muito saudável ter um espaço como esse para se despir das máscaras que são usadas no dia-a-dia. um ambiente com pessoas estranhas, que não esperam nada de nós, que não podemos decepcionar. dá uma segurança incrível para se abrir (e há algo de substancialmente errado com uma sociedade em que é mais fácil se abrir com estranhos).

cada um tem a sua própria noção do que seria um mundo melhor e obviamente não existem respostas prontas, então, é um exercício fundamental ouvir o outro falar de seus próprios defeitos e não julgá-lo por isso, mas apenas reconhecer sua humanidade, com respeito e compreensão. e a única forma de termos empatia pelas falhas e problemas do outro é saindo do nosso pedestal de “pessoas-legais-diferenciadas-que-tentam-construir-um-mundo-melhor”. é reconhecendo que temos mil coisas podres dentro da gente, tanto quanto qualquer pessoa. por circunstâncias pessoais, familiares, sociais, culturais, etc, desenvolvemos mais ou menos coisas boas e ruins, como qualquer ser vivo sobre a terra (sem desconsiderar que há pouca unanimidade sobre o que é bom ou ruim).

o encontro nos deixa com a sensação, ao mesmo tempo inquietante e reconfortante, de que, como você, ninguém no mundo sabe o que está fazendo. seria suficientemente legal se parássemos de agir como se soubéssemos.

luiza montenegro

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uma experiência onde você entra com uma concepção de si, e sai com outra – não uma outra concepção totalmente diferente da inicial, mas uma concepção nova, uma que você jamais enxergaria se não se permitisse viver essa experiência.

é tão difícil descrever esse encontro quanto descrever a mim mesma, logo, meu depoimento se resumirá a uma palavra: participe!

dizer o que foi para mim, é narcisista demais (aprendi no encontro), portanto se você quer um experiência fora da sua vida ordinária (no sentido do dicionário, não no sentido cumpadre washington) essa é uma das mais interessantes que você pode ter.

karlena holanda

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desde a primeira leitura, tive uma sensação de acolhimento! e pelas leituras seguintes, também muita desconstrução. encontrar alex pessoalmente não foi diferente; houve papo profundo e descontraído, depoimentos densos, frenesi, tarde aconchegante e marcante. tenho lembrança cheia de ternura e incômodo: saí sem querer ir, com tudo flutuante, extremamente perturbado, ansioso pra viver mais: minhas verdades, queridas e mimadas verdades, construídas com vaidoso cuidado, se soltaram de minhas paredes internas para se saculejarem indefinidamente – e o meu maior medo: permanentemente.

viver essas treze horas (sim, treze horas voadoras!) me fez lembrar mais uma vez que algo especial acontece dentro de mim: eu cresço e posso tornar a existência das outras pessoas mais agradável na medida que me disponho a vê-las como as humanas que são.

conheci gente (alex e todos os outros participantes) rica do coração e de atitude. gente que eu finjo (!) me identificar e, sobretudo, que me dá muita vontade de viver pra ver mais do mundo e da vida, de todas as formas possíveis, e ser cada vez mais rico e vivo pra continuar essa corrente de gente que quer ser melhor (ou menos medíocre) e fazer o mundo melhor…

obrigado, alex, pela tarde, pela presença, pelo carinho, pelas pessoas, pelos pensamentos que continuam latejando! espero sempre por um próximo encontro, em leitura e em voz. sucesso!

henrique bettin

prisões, sp, 25jan14, foto flávia tótoli
prisões, sp, 25jan14, foto flávia tótoli

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… deu para conhecer um pouquinho de cada pedacinho de carne que estava ali e a cada depoimento, foram se transformando em humanos cheios de histórias e com umas mais interessantes que outras, cada uma com sua dor e sua superação.

somos todos prisioneiros narcisistas, mas saímos de lá um tanto mais conscientes disso, o que nos dá mais motivação ainda para mudar.

cada humano ali que desabafava, quase chorava, tocava um pouco o meu coração e transformava muito o meu universo.

e no fim do dia, o que eram antes pedaços de carne, depois humanos, agora eram pessoas que eu queria bem!!! que maluco!!!

todos nos transformamos ali e com certeza, continuaremos essa transformação.

jéssica nicole fialho oliveira

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fui ao encontro com a ideia de desabafar. mas descobri (felizmente) o delicioso exercício de ouvir. coisa que a gente finge que faz quando, na verdade, procura o tempo todo nas histórias e problemas dos outros uma deixa pra falar mais e mais da gente ou o quanto fazemos isso ou aquilo melhor.

também descobri no “prisões” o prazer de notar que não sou tão fundamental quanto sempre acreditei ser. e o “day after” foi a prova disso.

exausta depois de um dia inteiro de encontro, decidi ficar dormindo até tarde. minha mãe, habituada a me ver logo cedo aos domingos, achou estranho e me ligou umas 12 vezes. sem resposta, avisou parentes que “algo tinha acontecido”. eles também me ligaram e mandaram mensagens dizendo “sua mãe quer falar urgente com você”.

acordei leve e tranquila e li as mensagens. percebendo que se tratava de uma preocupação exagerada, voltei pra cama e depois de mais algum tempo, tomei banho bem devagar. liguei muito depois pra mamãe, que só disse “tu és louca por me deixar tão preocupada?”. respondi “não sei o que pode haver de tão grave em dormir e tomar banho”.

e esse é o resultado do “prisões” que percebi assim, de imediato. notei que eu sou mais uma na multidão. que não posso e nem quero ser essencial para o equilíbrio das coisas. e que dormir numa manhã de domingo sempre vai ser mais “produtivo” que alimentar a neura alheia e se deixar contaminar por ela.

malu alcântara

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um encontro prazeroso e desconfortável ao mesmo tempo. é difícil de digerir. você sai dele cansada, exausta, esvaziada… lá você pode se dar conta, dentre uma infinidade de outras coisas, do quão arrogantes somos com as outras pessoas, por mais críticos e sensíveis tentemos ser em nosso cotidiano. sem duvidas é um encontro que, pra mim pelo menos, me influenciará por muito e muito tempo ainda! os “clicks” estão apenas começando.

ágnes bonfá

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duas experiências formidáveis, totalmente diferentes de tudo o que já vivi, na quais os protagonistas, os problemas e as soluções somos nós. o alex é um mediador impecável – se é que assim posso chamá-lo. por mais que ele sempre afirmasse que não traz respostas a ninguém, no fundo sempre esperei uma palavra, um conselho quase que mágico, uma solução pronta ou até mesmo um insight, e o que encontrei e as conclusões a que cheguei foram surpreendentes.

num bate-papo mais que informal, descobri que o ser humano tem mais ou menos os mesmos dramas familiares, as mesmas questões existenciais, os mesmos segredos quase inconfessáveis, o mesmo medo do futuro, e que nossos problemas são mais comuns – e mais possíveis de serem resolvidos – do que se possa imaginar.

poderia definir o encontro “as prisões” e a oficina “prisão dinheiro” como uma oportunidade de conhecer pessoas diferentes e incríveis. como eu, como o alex e até como você, que em algum aspecto nessa vida é diferente da maioria. que pensa fora da caixa. que vai de encontro ao modelo ideal socialmente estabelecido de uma porra qualquer. que muitas vezes tentou agradar as pessoas próximas – como amigos e família – em vão. que questiona tudo o tempo todo – não por mera chatice ou teimosia, mas por não ser mais um boi ou vaquinha de presépio, por não seguir o fluxo, por não ser simplesmente mais algum peso morto no mundo.

como mero articulador e mediador, o alex é nada mais, nada menos que uma pessoa humana. assim como nós. no mesmo patamar que nós. e se uma pessoa como ele foi capaz de descobrir tantas coisas e de levantar tantos pontos sobre coisas que não fazem sentido nenhum na sociedade em que vivemos, por que eu também não poderia começar a refletir acerca do mundo em que vivo?

no discorrer das conversas, percebi que as respostas não estão em lugar algum a não ser dentro da gente. mas que para encontrá-las, é preciso aprender a fazer as perguntas certas.

concluí também que podemos ter a vida que quisermos, desde que tenhamos a capacidade e a coragem de bancar as nossas decisões. a vida é nossa, as experiências são nossas, a escolha é nossa, os benefícios e as consequências das ações tomadas são nossos, caralho! pode soar muito simples, mas levei algumas horas para amadurecer o que em muitos anos de trabalho, estudo e convívio social eu não fui capaz de crescer.

aprendi que, no fundo, ninguém sabe de porra nenhuma. ninguém tem a solução para os problemas da humanidade, ninguém é mais pica das galáxias em função da quantidade de estudo adquirida durante a vida, ninguém é mais merda nenhuma do que ninguém.

e o que dizer das pessoas? lindas ovelhas negras que amei conhecer, que disseram o que eu precisava ouvir – e não o que eu, necessariamente, desejava. gente com quem eu pretendo encontrar e conviver por muito tempo. gente que, acima de tudo, me entende.

alex chacoalhou todas as minhas certezas, aquilo que eu acreditava ser, mas que nada verdade, construí e alimentei, dia após dia. e há poucas outras coisas pelas quais eu, hoje, seja tão grata.

aline xavier

prisões, bh, 18mai. pç st tereza. foto: claudia regina.
prisões, bh, 18mai. pç st tereza. foto: claudia regina.

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realmente o que vivi naquelas mais de 12 horas juntos vai me acompanhar pra vida toda. é difícil, no entanto, chamar aquilo de palestra. sei lá, me parece meio pouco. nenhuma palestra que eu já tenha ido se assemelha com o que vivemos naquele dia. tentei formular a frase usando “evento” que é mais genérico e abrangente… mas daí ficou superficial demais, parecendo uma festa ou algo do tipo. também não rolou. curso? nahh… não era aula… não tinha quele ar professoral de forma alguma. dinâmica? vivência? também não… não quero lembrar disso como algo de auto ajuda ou pior, uma entrevista de emprego. encontro? não rola por que a revista mais cochinha de bh tem esse nome.

enfim. acho que às vezes é bom não ter nome. às vezes é bom não conseguir definir. é bom manter essa sensação (tão rara hoje em dia) de participar de algo que realmente… bom, você entendeu.

muito obrigado, anyway.

lucas de lima goulart

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[no encontro “as prisões” em bh no dia 18 de maio] conheci uma louca que quer que se namorado paquere a colega de trabalho, um doido que saiu de casa com 10 anos, ficou um mês fora e depois voltou, uma pirada que pensava que namorados deveria ir na mesma festa de familia, mesmo se faltassem outra festa de familia (para não desgrudar!), um maluco beleza que que ser ceo do bem, levei um sem juízo que aos 30 anos não tem carteira de trabalho (ó procê vê!), uma sem-mãe que não depila o sovaco, uma sonhadora que abriu uma empresa de bolsas que era tão perfeccionista que não conseguia deixar ninguém fazer bolsas além dela, um motoquero-roquero, uma solteirona, uma pós adolescente libertária, um casal de mariconas sorridentes, uma surtada que não pode pronunciar mal uma palavra em inglês, um japa músico ex-formiguinha-operária da fiat, um pai de 3 filhos em todas as diferentes modalidades de pai……. um hospício!

mas principalmente conheci mais outra pessoa, mais maluca, mais surtada, mais libertária, mais maricona que é ……………..o alex castro!

(poderia concluir essa sequência dizendo que conheci pricipalmente mais de mim mesma, mas melhor deixar eu de lado…. porque esse foi o objetivo final do encontro)

flávia leite

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participar da conversa com o alex e com todas as outras é uma experiência que leva um tempo pra ser assimilada. queremos que o aprendizado e, principalmente, o desaprendizado passado ressoe nas nossas atitudes cotidianas; porém, num mundo insano, ser divergente não é algo muito confortável. então, aprendemos a ser a pessoa para a qual isso não é um problema, aprendemos a escutar sem julgar, reconhecemos a nossa insignificância e o quão isso pode colocar uma lupa no significado do nosso trabalho, da nossa vida. despir-se de preconceitos e ouvir o outro como pessoa. e mil outras quebras de paradigmas que nos permeiam durante essa existência. recomendo para todos aqueles que sabem, ou desconfiam, que não somos tão livres quanto querem nos fazer acreditar. obrigada, alex, pelas tuas explanações, pelos teus questionamentos e por tornar esse nosso caminho mais belo com essas ideias. participem desse encontro sem precedentes, o cara é um misto de sócrates com comediante stand-up.

ana carolina fernandes

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acho que é normal, quando a gente conhece alguém à distância que fala abertamente sobre nossos ideais mais profundos, aquilo que passamos a vida perseguindo, conferir a essa pessoa uma certa figura de autoridade. junto com isso, criamos uma série de expectativas sobre ela, sobre como ela deve ser sensacional, como sua presença deve ser marcante, como a mera possibilidade de ouvi-la ou tocá-la deve ser como uma pequena bênção…

inevitavelmente, levei essas expectativas comigo quando conheci o alex na apresentação da palestra as prisões, em curitiba, no último agosto. mas a pessoa que eu conheci não correspondia em nada à imagem que eu inventei dela. ele não tinha nada daquilo que estamos acostumados a imaginar numa pessoa que julgamos ser especial. ele não mostrou um sorriso hipnotizante, ele não usou de uma retórica refinada, ele não portou trajes de conotação hierárquica, ele não vendeu uma fórmula mágica. ele não era um super-homem, um profeta, um ser que irradiava qualquer tipo de energia transformadora. ele era um cara comum.

mas foi aí que eu me senti realmente tocado. se um cara comum como o alex pode ser uma pessoa tão sensível, tão empática, tão aberta, por que eu, outro cara comum, não posso? se ele não é melhor do que eu, o que me impede, se não minha própria preguiça, de buscar ser uma pessoa mais amiga, mais acolhedora, mais humana?

obrigado, alex, por ter me motivado – mais do que isso, me desafiado – através de sua mais absoluta normalidade.

denny seccon

prisões, recife, 23ago14, coletivo lugar comum. foto claudia regina
prisões, recife, 23ago14, coletivo lugar comum. foto claudia regina

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você só sente a correnteza quando nada contra ela”, foi uma das pérolas do dia. soltada pelo alex? não. mesmo sendo tão foda e incrível, não é alex que reina nas prisões. ele abre espaço pra tudo o que você sinta vontade de contar, e vai guiando a “palestra” (veja os outros depoimentos, todos concordam que é muito mais pra um debate), sobrepondo seu ponto de vista sobre cada prisão em cima das histórias de quem foi lá. cheguei meio incerta, sem saber o que esperar. mas é assim mesmo. você chega devagarinho e em meia hora já se sente, de alguma forma, em casa. não pelo lugar onde está, mas pelas pessoas que te cercam. que falam, ouvem (ouvem mesmo), respondem. o alex merece tudo por proporcionar esse encontro. mas não tem como eu te fazer entender como é. você precisa ver, falar e ouvir por si próprio.

gabriela peres

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foi dia de alimentar discretas esperanças de que existe muita gente boa, muitas histórias de resistência, e um longo caminho a ser percorrido para tornarmo-nos pessoas mais legais, simples e libertas. pode não ser fácil, mas também não é impossível.

adriano lourenço

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dizer palestra dá a impressão de que se fica lá 7 horas sentado ouvindo alguém falar ininterruptamente. não é isso o que acontece nas prisões. é um dia inteiro de conversa, troca de experiência, quebra de valores, sacudida nas certezas, risadas etc. sem contar que tem várias paradas pra lanche durante a palestra e dá pra conhecer todo mundo um pouco melhor. rs uma das coisas que eu achei mais fantásticas na experiência das prisões é que no fim, todo mundo que está ali se sente, de uma forma ou de outra, a ovelha negra, o diferente, o do contra… e acaba sendo uma experiência totalmente acolhedora encontrar tanta gente parecida. você percebe que não é estranho. ou pelo menos que não é o único estranho. não é um life coaching. não se descobre a verdade absoluta sobre a vida e o mundo. mas mexe com a gente. tive a oportunidade de participar de duas e posso dizer que cada palestra é única. a experiência põe seu mundo de cabeça para baixo, mas abre portas e te mostra caminhos. voltarei sempre que tiver a chance. recomendo para todos. é lindo.

amanda parra

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o encontro foi sobre os conceitos e pré-conceitos que nos “impedem” de manifestar a versão “melhorada” de nós mesmos. as amarras conceituais que, de forma bem prática, nos impedem de agir, trabalhar, respirar, amar da forma como queremos, desejamos e acreditamos. a forma como a gente pensa sobre verdade, gênero, monogamia, dinheiro, tempo, etc etc… até que ponto estamos sendo guiados por algo escrito não sei onde não sei por quem, até que ponto direcionamos a nossa vida para onde a gente quer? o alex, em algum processo de desconstrução que vem seguindo por sua vida, é um exemplo vivo (com histórias bem interessantes) de como é possível viver através de perspectivas diferentes. … a troca com os demais participantes é um dos processos mais ricos do encontro, pois é na história do outro que você percebe seus próprios reflexos. recomendo!

nina taboada

prisoes sao paulo 16dez13 foto por flavia totoli 2

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já fui duas vezes. muda nossa vida. por isso, é pros fortes, pra quem quer mexer em tudo que sente e pensa. MARAVILHOSO.

halina medina

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alex é uma pessoa muito instigante, provocadora e, sobretudo, muito sensível. le conduz a palestra, ou melhor, o encontro, de forma muito habilidosa, tornando a experiência muito rica e inspiradora. eu diria que, também, de muitas formas, reconfortante, embora muitas questões difíceis tenham sido expostas e debatidas. foi muito interessante encontrar pessoas tão diferentes, mas, ao mesmo tempo, tão parecidas nas suas dúvidas e questionamentos. eu pude ver um pouco dos meus conflitos e da minha busca pessoal em vários dos participantes, o que foi incrível, porque é muito gostoso encontrar os semelhantes. recomendo a experiência a todos que tiverem a curiosidade e a oportunidade de participar dessa palestra/conversa/confronto/encontro. O nome não importa.

irene caminada

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me lembrei dos retiros espirituais que eu participava quando era católica. recordo-me das pessoas saindo emocionadas, com sede de mudar de vida (phn – por hoje não – não vou mais pecar, hahahahahah). a verdade é que nunca havia sentido essa sensação e não compreendia bem a convicção dessas pessoas. consequência: sentia-me péssima, insensível e culpada (ah, a boa e velha culpa cristã…). disse tudo isso só para destacar que, finalmente (!) compreendi a experiência daquelas pessoas quando sai da palestra do alex no domingo. e foi uma delícia, aquele desejo de libertação das tantas prisões, um alívio, como se tivesse finalmente descarregado boa parte da mochila pesada que carrego nas costas. adorei conhecer as pessoas, ouvir e ser ouvida. foi lindo. obrigada!!”

jussara lopes

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se você sente que está quase sozinho com esses novos pensamentos, ainda mal estruturados, e desejos de se libertar, é muito provável que essa não-bem-palestra seja exatamente o que você precisa. uma oportunidade quase única de dar forma às suas ideias, de encontrar pessoas com anseios parecidos, e de ouvir um cara que, convenhamos, é foda. foi um dia fantástico, cheio de histórias, aprendizagens e amadurecimento.

felipe gurgel tiso

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na minha vida tenho me reconhecido incomodada com muitos fatos. quando olhava para o outro, o outro não parecia está-lo ou pelo menos eu não conseguia enxergar seus incômodos. às vezes porque mesmo ele ou ela no sentia o que eu sentia, a vezes por meu machucado olhar. deixava meus incômodos para lá e me submetia ao mundo achando-me doida ou paranoica – ou qualquer outro juízo disso que desmobilizam-. com o tempo fui percebendo que minha incomodidade tinha sentido e que não posso estar incomoda na minha própria vida. também percebi que a incomodidade dos outros tinha sentido. estou aprendendo a falar. quando alguma coisa me incomoda, para rever comigo mesma e com os outros essa incomodidade. estou aprendendo a escutar a incomodidade dos outros, dar um espaço e tempo nesta fugaz vida para o outro se criar a vontade. existem incomodidades compartilhadas outras talvez não. mas existem. o alex na sua conversa compartilha sua vida em processo, sua vida em construção, mostra o que tem – e às vezes continua- aprisoando ele e com um desenvolvido sentido do olhar consegue perceber que ainda que é sua vida, o problema não é só individual senão social. quer dizer que aquelas coisas que tinham aprisoado ele, também estão aprisionando-me (e aprisoando a vc). vale a pena assistir. é um espaço onde você pode se sentir a vontade e onde talvez se pergunte: o que faz eu não me sentir assim a vida toda? gratidão, alex. gratidão.

ana corina salas correa

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alex tem uma presença pessoal típica de quem se empodeirou de sua mutação constante. seu bom humor agridoce unido à sua capacidade de destrinchar temas difíceis me transportaram para dentro de minhas culpas e vergonhas com muita serenidade. … pude revisitar muitas crenças ultrapassadas e certezas empoeiradas. … tive a chance de me reencenar e descobrir novos agentes de minha personalidade. … saí horrorizado com minha condição humana, mas profundamente conectado com cada pessoa humana. meu coração respirou mais leve e mais comprometido com coisas que eu tinha deixado de canto. para quem se acha dono da verdade ou se pensa muito livre recomendo esse encontro com alex, qualquer um dos dois sairá com as respostas que veio ou não veio encontrar.

frederico mattos

prisões, bh, 18mai. pç santa tereza. foto: claudia regina.
prisões, bh, 18mai. pç santa tereza. foto: claudia regina.

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as horas passaram voando, tanto que quis encompridar mais a sensação que estava tendo de pertencimento à minha vida. … foi interessante ter alguns paradigmas modificados e discutir questões que normalmente não discutimos por ser incômodas ou por preguiça de começar a pensar no assunto. penso logo existo foi o que me sobrou. me senti mais livre, em meu momento atual, por certificar que existem mais opções dos que as que a sociedade me apresenta como únicas e corretas e só depende de mim a escolha do que quero para minha vida.

laura pimenta

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em curitiba foram quase sete horas de palestra. e não vi as horas passarem. interessante como ele simplifica as coisas. alex de fato parece ser extremamente racional, todas as suas colocações são muito bem embasadas e fundamentadas… a palestra é uma ótima oportunidade pra quem procura contato com pessoas também abertas a opiniões adversas.

thiago michel

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quando eu soube da palestra do alex em bh fiquei meio ressabiada por serem 6 horas, “um quarto do dia!”, eu pensei, mas resolvi encarar mesmo assim. e ainda bem que encarei! o tempo passou super rápido mas os efeitos da palestra ficaram. ainda que eu já conhecesse bem o conteúdo, a troca com as outras pessoas é muito boa e um tapa na cara aqui e outro acolá acontecem pelo caminho. quando acabou eu não queria falar nada, nem queria que o momento acabasse. e não acabou porque acabei conhecendo pessoas com pensamento alinhado com o meu.

fernanda

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a palestra foi uma viagem dentro de mim mesmo, várias das prisões eu já havia identificado e lutava pra desconstruir, e na conversa com o alex eu encontrei novos argumentos e novos caminhos pra experimentar. por mais que as histórias pessoais sejam sempre tão diferentes e, por isso, a reconquista de nossa autonomia passe por etapas diferentes, é compensador estar num ambiente com pessoas que buscam as mesmas coisas, que objetivam o mesmo final. foi um dia bem atípico na minha rotina, mas a sensação no final foi de um profundo bem-estar!

denny

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sabe tudo aquilo que você sempre acreditou ser o correto e normal simplesmente por que são coisas que parecem ser indiscutíveis e perfeitamente moldadas a você? a palestra “as prisões” vai desconstruir estas certezas, sem piedade e sem nem te dar chance de argumento que não o faça recorrer a outra prisão tão inútil quanto. depois da palestra, o que nos sobra é remontar o quebra-cabeça da nossa vida desde o início. mas dessa vez usando criteriosamente e cuidadosamente cada peça do jeito que queremos. olha, dá trabalho…

jorge buratti

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não só te faz perceber a jaula que você está preso, mas também mostra todas as possibilidades de escapar dela. quebrando, abrindo com as chaves, socando ponta de pedra. tomara que você já esteja vivendo a sua vida de forma autônoma e convivendo com as consequências de suas escolhas, mas se não, como eu, a palestra é uma mão estendida. pra você e o mundo ao seu redor. pra você fazer as suas escolhas, e quebrar as prisões que te impossibilitam.

henrique barbosa justini

prisoes sp 23mar14 por flavia totoli

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algumas pessoas, sentadas na sala em cadeiras e almofadas, num (quase) circulo, todos iguais, descontraídos, conversando e compartilhando experiencias da vida. Uma tarde de domingo ótima. “as prisões” faz a gente refletir muito sobre nossas escolhas, nossos motivos, nossos objetivos. muito boa a palestra! alex está de parabéns! obrigada.

livia cecilia

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a palestra foi ótima, os temas abordados são extremamente pertinentes… alex nos faz pensar… pensar sobre nós, sobre os outros, sobre o mundo… mas é um pensar diferente, é antes de tudo um pensar crítico, instigante e questionador : ) super recomendo : )

daiane cristina guerra

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o argumento para alguém como eu, leitor antigo do alex e familiarizado com a maior parte das estórias, é ver a narrativa se desenrolar de uma prisão para a outra naturalmente de assuntos que ele escreve há anos: autoconhecimento, questionamento das instituições (estado, família, poder, etc) e outros tantos assuntos mais recentes como: privilégio, sexismo, racismo, zen de uma forma natural e que direciona o esforço da transformação não só para ser um indivíduo mais completo mas também o mundo em um lugar um pouco menos desigual, uma ação de cada vez.

ótima chance também de entrar em contato com pessoas que estão em fases diferentes dessa jornada, alguns estão ‘livres’ há anos, encontraram a vida plena e podem relembrar as forças que colocaram a suas vidas em movimento novamente. outras estão nos primeiros passos tímidos da libertação ainda juntando o impeto para começar, e todos os semi-tons desse intervalo.

é difícil dizer se essa mistura de diálogo, contação de estórias e espaço de troca de experiências funciona para qualquer pessoa, mas, sem dúvida, se você está com uma inquietação e vontade de chutar o balde metafórico, nesse espaço encontrará outros como você.

eduardo gomes

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pra mim foi jóia. pude ir conhecer em pessoa um dos caras mais admiráveis que eu tenho notícia. não por sua excepcionalidade, mas justamente porque fez escolhas que eu achava não ter coragem pra fazer, e mostrou que quem faz o que quer, quem segue o próprio caminho, sobrevive pra contar a história.

vinícius souza maia

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achei excepcional. me clareou a mente, me tirou de algumas prisões que vivia, me fez/faz lutar pra sair de outras, entender melhor ideias e conceitos impostos pela sociedade desde que nascemos e desconstruí-los pra podermos adquirir novos com absoluta personalidade.

lucas petraglia

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fodástica a palestra. crescendo em 6h o que, muitas vezes, levamos anos para amadurecer. vale a pena!

amanda medeiros

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a noite realmente foi mágica, inspiradora e instigante. a abordagem sobre cada prisão foi uma oportunidade de troca e reflexão sobre conceitos, sociedade, e até sobre mim mesma. o louco é que cada tema, por si só, já renderia uma palestra. acho que a espontaneidade como tudo se construiu também foi bastante rica. muito bom, havendo possibilidade, vou aos próximos, com certeza!

juliana

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obrigada alex mais uma vez. você é bem interessante, assim como seus textos. uma tarde muito enriquecedora. acho incrível a possibilidade de conhecer pessoas que tem os mesmos interesses, a mesma vontade de evoluir como ser humano, apesar de todo o bombardeio de preconceitos e valores distorcidos. bem melhor poder ler suas escritas tendo te conhecido pessoalmente. um grande abraço!

fernanda luiz

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você me levou numa noite de quinta para a praia. estavam la: a lua, o oliver, … a sua coragem e sensibilidade e inteligência. tem magia! obrigada.

cristiani elias