alguns encontros “as prisões” são realmente especiais.
ontem, em bh, começamos às nove da manhã, almoçamos no bolão e deveríamos ter acabado às seis da tarde.
deveríamos.
quando nos expulsaram do teatro onde estávamos realizando o evento, às sete da noite, depois de uma hora de atraso, ainda faltavam cinco das vinte e três pessoas participantes de apresentarem.
então, fomos para a praça santa tereza, ali do lado, e continuamos conversando, ouvindo, conhecendo umas às outras até às dez.
finalmente, depois de eu ter encerrado o evento com a prisão felicidade e prisão narcissismo, fechamos a noite comendo pizzas na parada do cardoso.
parecia que não queríamos nos separar. tínhamos ouvido histórias inesquecíveis, conhecido pessoas sensacionais. tínhamos nos dado, nos compartilhado.
poucas coisas aproximam tanto as pessoas quanto simplesmente ouvi-las com todo nosso carinho, com toda nossa atenção.
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foi o terceiro encontro “as prisões” em bh.
as pessoas participantes dos dois primeiros ficaram amigas, companheiras, amantes. saem para piqueniques, botecagens, passeios. que eu saiba, dois casais já se formaram, talvez mais.
fico muito, muito feliz.
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nos novos encontros “as prisões”, eu cada vez falo menos e as pessoas participantes, cada vez mais.
o objetivo do encontro não é “passar o conteúdo” das “minhas ideias”. não é aula. não é palestra. nada disso.
tudo o que tenho a dizer pode ser lido nos meus textos, disponíveis gratuitamente pela internet. ninguém precisa sair de casa pra saber o que eu penso.
os encontros “as prisões” são para aprendermos a ser melhores ovelhas negras.
para que aquelas pessoas, tão acostumadas a serem sempre as “esquisitas” da família e as “maluquinhas” do escritório, finalmente estejam em meio às suas iguais.
para encontrarmos nossas interlocutoras.
e é minha honra, minha alegria, meu privilégio poder ser o catalizador desse encontro.
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ninguém precisa pagar para vir nesses encontros.
seria um absurdo impensável negar uma pessoa só porque ela não tem dinheiro. seria dar importância demais à essa convenção arbitrária que chamamos dinheiro.
quem pode pagar, paga. e eu agradeço. vivo disso e não tenho outra renda.
quem não pode pagar, não paga. e eu agradeço pela oportunidade de ajudar.
na prática, as-pessoas-que-podem-pagar pagam pelas pessoas-que-não-podem-pagar e nada poderia ser mais lindo e mais justo e mais solidário do que isso.
quanto a mim, se sobrar o suficiente para eu cobrir a passagem, o aluguel do espaço e as comidinhas, já está bom demais.
se eu quisesse ganhar dinheiro e ficar rico, com certeza não estaria aqui escrevendo sobre as prisões, essas bolas de ferro mentais e emocionais que arrastamos pela vida, essas ideias pré-concebidas, essas tradições mal-explicadas, esses costumes sem-sentido.
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esse ano, vou levar as prisões para todo o brasil. o calendário completo está aqui. veja também a política de gratuidades e os depoimentos de quem já foi.