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Agostinho e Auerbach: da Antiguidade ao Medieval

O Cristianismo surge em uma província do Império Romano, entre judeus helenizados, e seus textos fundacionais são escritos em grego: praticamente um amálgama do mundo antigo sobre o qual, em breve, passará como um trator. Nada preparou a elite intelectual da Antiguidade para os Evangelhos.

Nas palavras de Erich Auerbach, eles eram muito sérios para ser Comédia, muito contemporâneos e cotidianos para ser Tragédia, muito politicamente insignificantes para ser História, mas pulsavam com um imediatismo arrebatador para o qual não havia nem paralelo nem precedente: o que está em jogo, sempre, em cada Evangelho, é simplesmente tudo, a imortalidade da alma individual da leitora e a eternidade do Reino de Deus. Incapazes de se encaixarem na literatura da Antiguidade, os Evangelhos a implodiram.

Agostinho de Hipona, professor de retórica, a princípio desprezava os Evangelhos justamente por sua “baixeza estilística”: a conversão religiosa que narra nas Confissões também é uma conversão estilística, uma descoberta do “sublime na baixeza”. Inventor da autobiografia e primeiro indivíduo da história cujo retrato completo chega até nós, Agostinho afirmava não haver sentido em “abandonar as armas da eloquência aos representantes da mentira”. Assim, combinando seu arsenal retórico grego-romano com os novos valores e prioridades cristãs, ele efetivamente enterra o mundo pagão e inaugura a civilização ocidental como a conhecemos.

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Agostinho de Hipona

Mestre em retórica clássica e imerso na atmosfera intelectual do mundo greco-romano, mas também um dos primeiros Doutores do Cristianismo, dotado de uma fé intensa e atormentada, Agostinho de Hipona encarna, em si mesmo, como nenhum outro, a ponte que liga a Antiguidade ao mundo medieval. É um dos autores mais importantes da minha vida.

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As geórgicas, de Virgílio

Nenhum poema sobre a desordem poderia ser tão bem ordenado. Nenhum poema tão pouco heróico poderia ser tão heróico. Cada agricultor e cada enxada, cada cabra e cada abelha, são herois de sua própria luta pela existência diária.

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Declínio e queda do Império Romano, de Edward Gibbon

São raros os livros de História das décadas passadas, ou mesmo dos séculos passados, que ainda se lêem como livros de História: Declínio e queda do Império Romano, de Edward Gibbon é um dos poucos e, sem dúvida, o melhor. Nunca mais ninguém teve a temeridade de empreender uma análise histórica com tamanha envergadura tanto no tempo quanto no espaço: do reinado de Marco Aurélio, no ano 100, até a queda de Constantinopla, em 1453, cobrindo toda a gigantesca área do Império Romano. A força literária de Declínio e queda está na união entre a história mais interessante de todos os tempos (como pôde a instituição humana mais sólida que jamais existiu se esfacelar tão completamente?) e um dos melhores e mais talentosos narradores também de todos os tempos. Poucas leituras são mais instrutivas, mais deleitosas, mais polêmicas: sua tese central, de que foi o Cristianismo que apodreceu o Império Romano por dentro, ainda gera controvérsias exaltadas até hoje. Como escreveu Jorge Luis Borges, antes líamos Declínio e queda para nos informar sobre Roma. Hoje, além disso, lemos para conhecer as opiniões de um fascinante cavalheiro inglês do século XVIII, mestre contador de histórias, sobre Roma.

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Rápida história do Cristianismo

Depois da morte de Jesus, sua mensagem radical começa a se espalhar como fogo na palha nas comunidades pobres da Palestina e do Oriente Médio. Os primeiros cristãos acreditavam piamente que veriam o fim dos tempos ainda em suas vidas, então, não havia preocupação de escrever nada, de construir nada. A prioridade era viver bem, reformar os costumes, deixar de pecar, garantir lugar no céu. Eram comunidades apocalípticas e milenaristas.

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Brevíssima história de Roma

Roma é fundada provavelmente no século VIII aEC. A cidade fazia parte da civilização etrusca, que era uma rede de cidades-estado conectadas que falavam uma língua só, compartilhavam a mesma cultura, mas tinham identidades políticas diferentes.

Os etruscos somente conheciam duas classes: mestres, de um lado, e servos, escravos, clientes, agregados, de outros. A primeira novidade de Roma é a criação da plebe, uma classe intermediária, de pessoas livres e pobres.

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Ler História como Literatura

Pergunta de uma participante do meu curso Introdução à Grande Conversa:

“O que significa ler Declínio e queda do Império Romano como literatura e não como história?”

A pergunta tem duas respostas que estranhamente tanto se anulam quanto se complementam:

Em primeiro lugar: história é literatura, oras!

Em segundo, história são os fatos expostos e a tese defendida, e literatura, o estilo criado e a narrativa desenvolvida.

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Como ler Declínio e Queda do Império Romano, de Edward Gibbon

O que é, como ler, qual edição usar, como melhor aproveitar Declínio e queda do Império Romano, de Edward Gibbon.

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Israel, Grécia, Roma

Um pouco sobre o contexto histórico das leituras de nossas três primeiras aulas.