Em qual momento você percebeu que o Brasil tinha enlouquecido?
Para mim, foi 16 de março de 2016.
Eu estava em Matanzas, Cuba, lançando um livro na Feira Internacional do Livro, e o Moro liberou os áudios de gravações ilegais entre um ex-presidente e a atual presidente.
Já havia uma crise política em andamento, naturalmente. Mas era uma crise política feijão com arroz, parecia a velha crise politica de sempre.
Então, isso!
(Naturalmente, o fato político relevante não foi o ato individual do Moro — juiz doido sempre existiu — mas metade do Brasil aplaudir e ele não ter sido imediatamente preso e execrado.)
Talvez, pra mim, tenha sido mais impactante por estar sozinho no exterior, único brasileiro entre centenas de editores, escritores, intelectuais, que vinham todos me perguntar:
“¿Que pasa en Brasil, Alejandro?”
E respondi que não sabia.
Que claramente tudo tinha mudado.
Que as regras antigas não se aplicavam mais.
Que, de agora em diante, tudo era possível.
Desde então, confesso, nada mais realmente me surpreendeu.
Enterrei ali meu estoque de surpresas.
E você? Quando foi?