Café da manhã de pousada em Paraty. Mãe, filha, avó:
A filha trazia a proverbial cara-de-cú da adolescente forçada a viajar com a família.
A mãe, profissional liberada e empoderada, ocupada e sem tempo a perder, parecia ansiosa para sair dali e ticar boxes no seu roteiro já pré-planificado de Paraty: Praça da Matriz e Praia do Pontal, Igreja de Santa Rita e Cais do Porto, etc e etc.
Mas a avó estava simplesmente maravilhada demais com aquele simples café-da-manhã. Tudo era lindo, incrível, delicioso:
“Tem omelete! Feita na hora! Quentinha!”
“Mãe, a senhora ainda nem começou a comer. Desse jeito a gente vai ficar aqui até o meio-dia, vamos perder Paraty!”
Em resposta, a avó pegou um pote da mesa, leu o rótulo e riu sozinha, feliz como uma menina:
“Olha só, geléia de jabuticaba caseira. Que incrível! Quanto tempo que não vejo isso.”
Entre a filha impaciente e a neta entediada, me senti na obrigação de tomar partido.
Fiz contato visual com a senhorinha e disse:
“Tá tudo tão lindo, né?”
* * *
Esse texto é dedicado à minha mãe, que faz aniversário amanhã e que também anda pela vida se maravilhando com cada pote de geléia. Obrigado, mãe.
* * *
O próximo encontro As Prisões: Exercícios de Atenção será o meu CENTÉSIMO evento, e acontece no fim-de-semana de 21 a 23 de setembro. Saiba mais.
Uma resposta em “Geléia de Jabuticaba”
Amei! É assim mesmo!