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Agostinho de Hipona

Mestre em retórica clássica e imerso na atmosfera intelectual do mundo greco-romano, mas também um dos primeiros Doutores do Cristianismo, dotado de uma fé intensa e atormentada, Agostinho de Hipona encarna, em si mesmo, como nenhum outro, a ponte que liga a Antiguidade ao mundo medieval. É um dos autores mais importantes da minha vida.

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“Heresias” cristãs

As ditas “heresias cristãs” só são heresias do ponto de vista do cristianismo hegemônico ortodoxo que as derrotou. Durante séculos, porém, foram religiões viçosas e vigorosas, tão reais quanto quaisquer outras.

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Misticismo: o que é, como praticar

O misticismo é uma comunhão direta com a totalidade da vida, um acesso direto à transcendência cósmica sem a mediação de textos, palavras, ensinamentos. Por isso, justamente por não depender da mediação de palavras, a experiência mística não é transmissível por palavras: ela só pode ser vivenciada, nunca explicada.

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O conceito cristão de família

No dia de Natal, celebra-se o nascimento convencionado de Jesus: é um dia de as pessoas aturarem famílias abusivas e violentas das quais, provavelmente, já teriam se libertado há muito tempo se não fosse o doentio fetiche pró-família de nossa cultura.

Ironicamente, dos grandes pensadores e líderes espirituais da Humanidade, poucos atacaram o conceito de família tão ferozmente quanto o próprio Jesus.

Pois, na verdade, ele defendia um novo conceito de família, mais amplo e mais belo.

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Paulo versus Jesus

De todos os autores do Novo Testamento, Paulo é o único que conhecemos com certeza. Algumas das cartas atribuídas a ele são apócrifas, mas existe um cerne que seguramente foi escrito por ele, o apóstolo Paulo de Tarso, ali, no meio da ação, no calor do momento, na vida prática das primeiras comunidades cristãs.

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O Apocalipse como gênero literário

O Apocalipse não é apenas um livro, ele é todo um gênero literário.

O livro que fecha a Bíblia cristã, o Apocalipse de João de Patmos, é um apocalipse entre centenas de outros: sua distinção maior é a de ter sido canonizado.

O gênero apocalíptico floresceu no Oriente Médio, nos séculos I e II AEC, e aparece nas literaturas judaica, cristã, gnóstica, grega, persa e latina. A palavra “apocalipse” quer dizer “revelação” em grego, e essa é a essência de um apocalipse: não o fim do mundo, como geralmente se pensa, mas uma revelação do futuro glorioso que aguarda os escolhidos do Senhor.

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As geórgicas, de Virgílio

Nenhum poema sobre a desordem poderia ser tão bem ordenado. Nenhum poema tão pouco heróico poderia ser tão heróico. Cada agricultor e cada enxada, cada cabra e cada abelha, são herois de sua própria luta pela existência diária.

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Declínio e queda do Império Romano, de Edward Gibbon

São raros os livros de História das décadas passadas, ou mesmo dos séculos passados, que ainda se lêem como livros de História: Declínio e queda do Império Romano, de Edward Gibbon é um dos poucos e, sem dúvida, o melhor. Nunca mais ninguém teve a temeridade de empreender uma análise histórica com tamanha envergadura tanto no tempo quanto no espaço: do reinado de Marco Aurélio, no ano 100, até a queda de Constantinopla, em 1453, cobrindo toda a gigantesca área do Império Romano. A força literária de Declínio e queda está na união entre a história mais interessante de todos os tempos (como pôde a instituição humana mais sólida que jamais existiu se esfacelar tão completamente?) e um dos melhores e mais talentosos narradores também de todos os tempos. Poucas leituras são mais instrutivas, mais deleitosas, mais polêmicas: sua tese central, de que foi o Cristianismo que apodreceu o Império Romano por dentro, ainda gera controvérsias exaltadas até hoje. Como escreveu Jorge Luis Borges, antes líamos Declínio e queda para nos informar sobre Roma. Hoje, além disso, lemos para conhecer as opiniões de um fascinante cavalheiro inglês do século XVIII, mestre contador de histórias, sobre Roma.

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Rápida história do Cristianismo

Depois da morte de Jesus, sua mensagem radical começa a se espalhar como fogo na palha nas comunidades pobres da Palestina e do Oriente Médio. Os primeiros cristãos acreditavam piamente que veriam o fim dos tempos ainda em suas vidas, então, não havia preocupação de escrever nada, de construir nada. A prioridade era viver bem, reformar os costumes, deixar de pecar, garantir lugar no céu. Eram comunidades apocalípticas e milenaristas.

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Brevíssima história de Roma

Roma é fundada provavelmente no século VIII aEC. A cidade fazia parte da civilização etrusca, que era uma rede de cidades-estado conectadas que falavam uma língua só, compartilhavam a mesma cultura, mas tinham identidades políticas diferentes.

Os etruscos somente conheciam duas classes: mestres, de um lado, e servos, escravos, clientes, agregados, de outros. A primeira novidade de Roma é a criação da plebe, uma classe intermediária, de pessoas livres e pobres.

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Ler História como Literatura

Pergunta de uma participante do meu curso Introdução à Grande Conversa:

“O que significa ler Declínio e queda do Império Romano como literatura e não como história?”

A pergunta tem duas respostas que estranhamente tanto se anulam quanto se complementam:

Em primeiro lugar: história é literatura, oras!

Em segundo, história são os fatos expostos e a tese defendida, e literatura, o estilo criado e a narrativa desenvolvida.

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Como ler Declínio e Queda do Império Romano, de Edward Gibbon

O que é, como ler, qual edição usar, como melhor aproveitar Declínio e queda do Império Romano, de Edward Gibbon.

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A Orestéia e As bacantes, entre o apolíneo e o dionisíaco

A Grécia Clássica oscilava entre dois polos: o apolíneo, mais racional, e o dionisíaco, mais instintivo. Duas peças, nos dois extremos cronológicos da Grécia Clássica, a Orestéia, no seu começo, e As bacantes, no seu fim, ilustram esse movimento, que continua marcando a arte ocidental até hoje.

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Ilíada, de Homero

A Ilíada é um poema em ponto de fuga, cada linha apontando para um final cataclísmico além da obra.

A tensão nunca relaxa, mesmo nos momentos de distensão: os ventos da batalha sopram para cá ou para lá; Aquiles é birrento ou Heitor, razoável; a vantagem oscila de um lado a outro; mas, ainda assim, todas sabemos: no final, inevitável e intransponível, inexorável e intolerável, Tróia será arrasada; os troianos, mortos; as troianas, escravizadas.

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A Orestéia e o apogeu da Grécia Clássica

A Orestéia simboliza o apogeu da Grécia Clássica e de sua ênfase nas infinitas possibilidades da racionalidade humana, e celebra a vitória das instituições democráticas sobre o infindável e sangrento código de vingança ancestral.

A última cena da série Game of Thrones, com todos os personagens sobreviventes, em uma reunião burocrática, começando a fazer as contas para reconstruir o país, deve muito ao espírito esperançoso (e institucionalizador) da Orestéia.

As tragédias do teatro grego eram sempre escritas e encenadas na forma de trilogias, onde cada peça comentava e complementava as outras. A Orestéia é a única trilogia que sobreviveu, o que só nos faz lamentar a perdas das outras. As peças que acompanhavam Édipo Rei ou Antígona, As bacantes ou Medeia, o que mais teriam nos revelado sobre essas obras-primas? Jamais saberemos.

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Qual Ilíada ler?

Uma boa tradução pode ser a diferença entre uma leitura empolgante e uma experiência tediosa.

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As bacantes e o fim da Grécia Clássica

As bacantes é a última, talvez a maior das tragédias gregas clássicas. A mais bela e mais complexa, a mais aterrorizante e mais incompreensível.

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Como sobreviveram as tragédias gregas

É difícil exagerar por quão pouco não perdemos todas as tragédias gregas.

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Tragédia grega: rápida introdução

A experiência de ir ao teatro na Grécia Antiga era tão diferente da nossa que é difícil até nos colocarmos nesse lugar.

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Tersites, um criador de caso da Ilíada a Shakespeare

Tersites é tudo que os herois homéricos não são, que ninguém mais é, que até então não existia. Tersites é uma figura que acaba de surgir na história humana: agitador popular e revolucionário marxista, um revoltado e um silenciado, o primeiro anarquista e o primeiro protestante. Um criador de caso que não sabe o seu lugar, um homem do povo que diz que o rei está nu. Um teórico da conspiração, um herói da classe trabalhadora. Tersites é aquilo que somente então se torna concebível.