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aula 02: gregos grande conversa ilíada

Ilíada, de Homero

Algumas notas rascunhadas sobre a Ilíada, de Homero. (Guia de leitura para a 2ª aula do curso “Introdução à Grande Conversa”.)

A Ilíada é um poema em ponto de fuga, cada linha apontando para um final cataclísmico além da obra.

A tensão nunca relaxa, mesmo nos momentos de distensão: os ventos da batalha sopram para cá ou para lá; Aquiles é birrento ou Heitor, razoável; a vantagem oscila de um lado a outro; mas, ainda assim, todas sabemos: no final, inevitável e intransponível, inexorável e intolerável, Tróia será arrasada; os troianos, mortos; as troianas, escravizadas.

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Um livro que não foi escrito

Estava eu aqui, na minha sala, nesse Rio de Janeiro da pandemia, relendo a Ilíada, dessa vez na tradução inglesa de Alexander Pope (1720), acompanhada do áudiolivro narrado por Michael Page, enquanto fumava um charuto baiano, e pensei:

“Quando esse livro foi escrito, as pessoas europeias nem conheciam o fumo!”

Logo depois, ri de mim mesmo:

“Também não tinham áudiolivros tocando em aplicativos de iPhone.”

Mas não é só isso: a Ilíada é tão antiga que, quando foi escrita, ainda não existia nem papel e nem mesmo o objeto livro.

Na verdade, a Ilíada não foi nem mesmo “escrita”: provável criação de bardos analfabetos, ela já circulava oralmente há séculos antes de ter sido finalmente colocada por escrito (em rolos de papiro) por volta do século VII antes da Era Comum.

Mais ainda, não só as pessoas autoras em si da Ilíada, mas a própria cultura onde ela surgiu, o próprio contexto onde foi desenvolvida e preservada, era quase certamente o de uma sociedade sem escrita.

Na Ilíada inteira, não existe nenhuma menção à palavra escrita. Não há cartas, bilhetes, cartazes. Nem mesmo se menciona a escrita como ferramenta logística ou comercial. Nada.

Por fim, não era nem mesmo uma cultura onde a escrita era bem vista.

Três séculos depois da data mais provável de escritura da Ilíada, ainda era possível um filósofo do calibre de Platão colocar na boca de Sócrates (por escrito, naturalmente) o seguinte ataque à escrita:

“Essa descoberta [a escrita] provocará nas almas o esquecimento de quanto se aprende, devido à falta de exercício da memória, porque, confiados na escrita, recordar-se-ão de fora, graças a sinais estranhos, e não de dentro, espontaneamente, pelos seus próprios sinais. Por conseguinte, não descobriste um remédio para a memória, mas para a recordação. Aos estudiosos oferece a aparência da sabedoria e não a verdade, já que, recebendo, graças a ti, grande quantidade de conhecimentos, sem necessidade de instrução, considerar-se-ão muito sabedores, quando são, na sua maior parte ignorantes; são ainda de trato difícil, por terem a aparência de sábios e não o serem verdadeiramente. … Portanto, quem julgasse transmitir na escrita uma arte e quem, por sua vez, a recebesse, como se dessas letras escritas pudesse derivar algo de certo e de seguro, mostraria muita ingenuidade … se crêem que os discursos escritos são algo mais do que um meio de fazer recordar a quem as sabe já as matérias tratadas nesses escritos. … É isso precisamente … o que a escrita tem de estranho, que a torna muito semelhante à pintura. Na verdade, os produtos desta permanecem como seres vivos, mas, se lhes perguntares alguma coisa, respondem-te com um silêncio cheio de gravidade. O mesmo sucede também com os discursos escritos. Poderá parecer-te que o pensamento como que anima o que dizem; no entanto, se, movido pelo de aprender, os interrogares sobre o que acabam de dizer, revelam-te uma única coisa e sempre a mesma.E, se uma vez escrito, todo o discurso rola por todos os lugares, apresentando-se sempre do mesmo modo, tanto a quem o deseja ouvir como ainda a quem não mostra interesse algum, e não sabe a quem deve falar e a quem não deve. Além disso, maltratado e insultado injustamente, necessita sempre da ajuda do seu autor, uma vez que não é capaz de se defender e socorrer a si mesmo.” (Fedro, c. 370 aEC.)

E, ainda assim, apesar de todo esse processo caótico e coletivo, longo e precário, talvez quem sabe por causa dele, que obra literária simplesmente perfeita.

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Quem escreveu a Ilíada?

A Ilíada e a Odisséia, dois poemas épicos gregos, são atribuídos ao mesmo autor, Homero. Ambos trazem marcas tanto de oralidade quanto de extensas adições e retrabalhos. Homero terá sido o poeta oral que deu início a elas? Ou terá sido o escriba que primeiro as colocou no papel? Não sabemos nem se existiu. De qualquer modo, ambos os poemas, como chegaram a nós hoje, são a culminação de séculos de trabalho por uma multidão de artistas anônimos.

A Ilíada é a história de alguns poucos dias durante a Guerra de Troia. A Odisséia é a história da volta de um dos heróis da Guerra para casa, Odisseu (ou Ulisses). Ao longo dessa última, acontecem muitos flashbacks sobre a Guerra da Troia.

Nenhuma informação da Ilíada é repetida na Odisséia. Ou seja, quando Odisseu rememora a Guerra de Troia, ele só menciona, sem exceção, fatos e eventos que não estão na Ilíada. Para muitas pessoas estudiosas, esse seria o mais forte indicador de uma autoria conjunta de ambas as obras. Mas pode igualmente ter sido trabalho de alguma copista diligente dos séculos posteriores.

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Um poema estranho

Para nós, a Ilíada é um poema estranho, originário de uma época antiga e misteriosa. Mas é importante ter em mente que ele sempre foi um poema estranho, originário de uma época antiga e misteriosa, até mesmo para seus primeiros ouvintes. O grego da Ilíada nunca foi o grego falado de ninguém: é um grego ao mesmo tempo poderoso e arcaico, potente e antiquado. Seria um grego que soaria estranho a todas as pessoas. Um grego que só existiu na Ilíada.

Além disso, vários elementos na Ilíada servem para distanciar ainda mais o poema de seus ouvintes. Estimamos que a Ilíada começou a circular como poema oral por volta do século VIII aEC, sendo escrita pela primeira vez no século VI aEC. Eis aqui algumas coisas que já não existiam na Grécia desde o colapso da civilização micênica, por volta de 1200 aEC, ou seja, 400 anos antes: palácios de reis, banheiras de prata, carros de combate, armaduras exóticas, o ferro como metal precioso, sacrifícios humanos. Tudo isso serviria para marcar o poema, aos ouvidos de seu público, como algo originário de uma época perdida, distante, misteriosa. Exatamente como para nós.

(“Homer’s society”, de Robin Osborne, em The Cambridge Companion to Homer.)

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Um poema sobre a Guerra

A Ilíada (ao lado da Bíblia) é o texto literário fundacional, o template básico das estruturas narrativas de nossa civilização greco-romana-cristã. Todas as narrativas sobre violência, de Shakespeare até os thrillers de Hollywood, lhe são caudatárias, e ainda buscam, em vão, superá-la. Mais especificamente, as escolhas dramáticas de cada artista posterior são sempre, em larga medida, um comentário a Homero: só fazemos reescrevê-lo e retrabalhá-lo, polvilhando mais da Ilíada aqui, mais da Odisséia acolá.

(Os autores da Ilíada e do Gênese não tem nada em comum, a não ser seu gênio: há milênios, ambos competem pela alma do ocidente. Por isso, somos assim tão divididos, fraturados, indecisos, nosso emocional pra cá, nosso racional pra lá. Não temos outra maneira de pensar que não a grega, e não temos outra moralidade que não a judaico-cristã.)

Então, sim, como tantos filmes policiais, a Ilíada glorifica a violência.

Mas, se Pulp Fiction é obra de um nerdzinho civilizado que assistia filmes demais e nunca entrou em combate, a Ilíada foi criada por pessoas que viviam a violência na pele, para pessoas que também viviam a violência na pele.

Antes de cada batalha, os heróis preparam cada objeto, afivelam cada cinto, afiam cada espada: dois mil anos atrás, em alguma ilha pedregosa do Mediterrâneo, uma platéia de gregos rudes e exaustos, sentados em volta do fogo entre uma batalha e outra, provavelmente daria uma bela surra em algum bardo que tentasse lhes empurrar uma versão idealizada da violência que conheciam tão bem.

Uma pessoa autora que hoje escreve um romance de guerra, mesmo que seja veterana de guerra, mesmo que escreva primordialmente para colegas veteranas veteranas de guerra, sabe que a maioria das suas pessoas leitoras jamais experimentou ou experimentará combate. Já a Ilíada presume ouvintes que sabem: é um poema de guerra, criado provavelmente por guerreiros para um público certamente de guerreiros.

Nenhuma obra de arte jamais foi tão dura, tão implacável.

Nós, pessoas leitoras, somos todas como os pobres troianos, agarrados aos joelhos de Aquiles, implorando um perdão e uma piedade, um alento e um alívio, que sabemos que jamais virá. Aquiles tem a mesma pena dos troianos que a Ilíada tem de nós.

(Homer, Modern Critical Views, “Introduction”, de Harold Bloom.)

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Um poema (anacrônico) sobre a guerra

Na Ilíada, a guerra está no espírito, não nos detalhes. Existe uma sensação verdadeira, profunda, da dura realidade do combate e do custo humano que ele exige, apesar de os detalhes serem em larga medida truncados.

Aliás, uma das indicações de que o poema foi sendo composto organicamente, coletivamente, ao longo de séculos, é que suas táticas, estratégias, tecnologia, materiais militares simplesmente não poderiam coexistir. (Imaginem uma cena de batalha onde legiões romanas desembarcam de um porta aviões disparando phasers.)

Por exemplo, carros de combate tinham sido usados, séculos antes, em batalhas no Egito ou na Mesopotâmia, mas nunca na Grécia – que nem tinha terreno propício para isso. Parecem só estar no poema para contribuir à atmosfera de um tipo de guerra ancestral, distante, exótica, mas não existe uma real compreensão de como funcionavam na prática durante o combate. Na Ilíada, não passam de táxis de luxo, levando e trazendo os herois até o front. (O que não faz nenhum sentido, imaginem o caos!)

Nas batalhas da Ilíada, ninguém comanda, ninguém decide, não há tática, não há estratégia: acompanhamos somente combates individuais quase aleatórios. Se paramos para pensar nos detalhes militares da ação em si, nada faz sentido. Os troianos estavam cercados? Tinham acesso ao campo? Os gregos estavam acampados na praia? Dormiam em seus navios? Passaram nove anos acampados na praia? É dificil conceber exatamente o que teria acontecido progressivamente nesses nove anos. A cena sempre parece estática, não há um sentido de progressão. (O mundo de Ulisses, de Moses Finley, 43, 71)

T. E. Lawrence, ou Lawrence da Arábia, um dos mais famosos aventureiros do século XX, gostava da Ilíada apesar de ser, segundo ele, claramente produto de um autor “caseiro e livresco”. Para Lawrence, o que faltava na Ilíada era justamente a experiência vivida da guerra. (“Homer in English translation”, de George Steiner, em The Cambridge Companion to Homer.)

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O custo da violência

Na Ilíada, existe a realidade urgente e imediata da guerra, mas também existe a paz. Talvez por ser produto de uma cultura onde a guerra dava sentido à vida, justamente por não ser obra de um ex-balconista de videolocadora de Los Angeles, a Ilíada entende o custo da violência melhor do que qualquer outra obra sobre violência que conheço.

A Ilíada é um catálogo de mortes. Personagens que jamais tínhamos ouvido falar morrem em nossa frente e, de algum modo, por um milagre da narrativa, nos emocionamos em cada morte.

(Não é à toa que a poetisa inglesa Alice Oswald escreveu uma longa poesia somente memoriando todas as mortes da Ilíada: Memorial, an Excavation of the Iliad.)

Nem uma única morte na Ilíada é gratuita: às vezes com uma única linha, Homero consegue arremessar contra nós toda aquela carga de potencial humano perdido, de planos e sonhos destruídos, de um enorme, gigantesco, desesperador desperdício.

Há muitas obras que glorificam a violência. Há muitas obras que exploram o custo da violência. Nenhuma obra consegue realizar ambas tarefas tão bem quanto a Ilíada.

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A beleza da guerra e a beleza da paz

A guerra, durante milênios, para multidões de homens, foio momento em que a vida acontecia em sua maior beleza, realidade, intensidade; praticamente a única oportunidade de transcender seu destino, vencer suas amarras, conhecer outras terras, amealhar alguma riqueza. Não é um mundo tão antigo assim: exatos cem anos atrás, não foram poucos os grandes artistas e pensadores europeus que se jogaram empolgadamente no moedor de carne da Primeira Guerra Mundial, achando que ali, na experiência militar, encontrariam algo que não seria possível viver em suas vidas civis: Gadda, Tolkien, C.S.Lewis, Saki, Appollinaire, etc. A Ilíada, ao cantar a beleza da guerra, ensina uma lição que o nosso pacifismo contemporâneo não deve esquecer: se quisermos viver num mundo pacífico, é preciso construirmos uma ideia de paz, um conceito de paz, que seja tão belo, tão atraente quanto a guerra.

(Homero, Ilíada, de Alessandro Baricco, 183-187)

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Um poema sobre a paz

A Ilíada é um poema de guerra, naturalmente, mas com momentos de paz em número suficiente, com belíssimas símiles sobre a natureza e sobre a vida doméstica, para nos fazer lamentar tudo aquilo que a guerra matou e matará. Tudo que a Ilíada toca ela transforma em poesia, menos a guerra em si. A própria realidade da guerra nunca é poetizada, embelezada, estetizada, disfarçada. (Ilíada, o poema da força, de Simone Weil)

Na Ilíada, em larga medida, são sempre as mulheres a defender a paz. Mas o discurso mais forte em defesa da paz vem, surpreendentemente, de Aquiles, no magistral Canto IX. Na boca do sumo-sacerdote da guerra, da máquina de matar capaz de enfrentar um rio, essa defesa da paz soa ainda mais forte, ainda mais comovente. A primeira resposta de Aquiles, à Odisseu, é o centro nervoso de toda a Ilíada, o momento chave onde tudo poderia ter acontecido de forma diferente. A grandeza da Ilíada é deixar entrever, por pouquíssimo tempo, uma outra Grécia que os gregos não foram capazes de criar, mas que intuíam, sonhavam que era, talvez, quem sabe, quase possível. (Homero, Ilíada, de Alessandro Baricco, 181-3)

No clímax absoluto do poema, enquanto Aquiles está perseguindo Heitor implacavelmente ao redor de Troia, a narrativa faz questão de parar, respirar fundo, relembrar os velhos tempos, memoriar as lavadeiras:

“Tal como o falcão das montanhas, mais célere das aves voadoras,

facilmente se abate sobre uma pávida pomba que foge à sua frente,

mas o falcão cada vez mais perto, com gritos agudos, sem desistir

se lança contra ela, pois ordena-lhe o ânimo que a apanhe —

assim Aquiles voava furioso em frente e Heitor fugia

sob as muralhas dos Troianos, fletindo célere os joelhos.

Passaram a atalaia e a figueira selvagem sacudida pelo vento,

sempre para longe da muralha pelo caminho batido,

e chegaram às fontes de belo fluir, onde estavam as nascentes

duplas que alimentavam o redemoinhante Escamandro.

Uma delas fluía com água quente e à volta dela se formava

vapor como fumaça que surge de fogo ardente;

mas a outra até no verão fluía com água fria como granizo,

ou como gélida neve ou como o cristal de gelo na água.

E perto dessas nascentes estavam os amplos lavadouros,

belos e feitos de pedra, onde as vestes resplandecentes

vinham lavar as mulheres e belas filhas dos Troianos;

mas isso fora antes, em tempo de paz, antes da chegada dos Aqueus.

Por aí correram, um deles fugindo, o outro perseguindo.

À frente fugia um homem valente, mas outro muito melhor

o perseguia depressa: pois não era por animal sacrificial

160 ou pela pele de um boi que competiam, prêmios nas corridas

de homens, mas pela vida de Heitor domador de cavalos.”

(XXII, 140-160)

(Fica a dúvida: a quem pertence essa lembrança das lavadoras? Ao poeta? Aos heróis? A alguém observando a cena?)

A Ilíada é o poema da força e da guerra, mas duas de suas cenas mais importantes fazem justamente o contradiscurso desses valores. O centro da Ilíada, com certeza, é o discurso de Aquiles no Canto IX, onde ele faz uma defesa da vida e questiona os valores guerreiros.

Mas talvez a cena mais emotiva e mais visual, mais memorável e mais dolorosa, seja o encontro doméstico de Heitor e Andrômaca, no Canto VI. Para começar, o poema enfatiza o extraordinário da cena, ao mostrá-la quase não acontecendo diversas vezes: é um verdadeiro jogo de esconde-esconde até que Heitor e Andrômaca se encontrem.

(Por que tantas idas e vindas se não para ressaltar o inusitado da encontro? Muita gente trata essa cena como a despedida de Heitor e Andrômaca. Com certeza, ela passa esse sentimento. Talvez até tenha sido, em alguma versão do poema, mas, na Ilíada que temos hoje, Heitor volta novamente para Tróia no Canto VII.)

Nessa pequena, belíssima cena, Heitor e Andrômaca revelam todo um outro mundo que poderia ter sido, todo um mundo de outros valores e outras ideias, de outros gestos e outros cotidianos, um mundo de relações familiares maduras e adultas, um mundo de continuidade humana e política, todo um mundo que a guerra impediu que existisse, mas que a Ilíada — com delicadeza impiedosa — nos permite rapidamente vislumbrar.

(“Gender and Homeric Epic”, de Nancy Felson & Laura Slatkin, em The Cambridge Companion to Homer.)

De certo modo, a Odisséia é uma busca por esse mundo, uma volta a essa casa que ainda precisaria ser criada, construída.

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Um poema compassivo

Ao mesmo tempo em que é um poema sobre a guerra, que retrata impiedosamente uma quantidade impressionante de mortes, nada me chama mais atenção na Ilíada do que a sua compaixão narrativa. Simone Weil chama a Ilíada de “poema da força”. Sim. Mas também pode ser chamado de o “poema da compaixão”. Quantas outras obras retratam com tanta compaixão as razões dos vencidos?

Por uma escolha narrativa consciente, todos os personagens (com uma exceção) são retratados compassivamente, de maneira carinhosa, empática, respeitosa. Sabemos que é uma escolha, pois as mesmas personagens serão retratadas de maneira bem mais negativa pela tradição posterior: Agamenon é um tirano vaidoso; Menelau, um corno desprezado; Odisseu, um mentiroso canalha; Helena, uma provocadora destruidora de lares, etc etc. Mas jamais na Ilíada: vemos Odisseu mentir, por astúcia, para ganhar a guerra, etc, mas nunca, como em muitas outras histórias da tradição, por ganância, por maldade, para atingir objetivos escusos. Agamenon comanda a guerra sob a sombra do pecado original de ter sacrificado a própria filha em Áulis — mas não é pela Ilíada que sabemos disso.

(O único personagem que a Ilíada não retrata de forma compassiva é o soldado grego Tersites, sobre quem escrevi esse texto.)

Talvez a palavra-chave seja respeito. A Ilíada mata e tortura suas personagens — lanças entram por bocas e espetam línguas, horrores sem fim são descritos nas mais desagradáveis minúcias — mas nunca as desrespeita. Nunca faz pouco, nunca caçoa. Cada uma delas é uma pessoa plena, digna de respeito e de compaixão. Mesmo quando morre abraçada às suas vísceras. Especialmente quando cai para trás e é atropelada por uma carruagem.

A Ilíada é repleta de excessos e crueldades, mas todos censurados pela própria narrativa – admiramos Aquiles não por sua fúria assassina, mas apesar dela. A Ilíada é brutal, inacreditavelmente brutal, mas toda ela caminha em direção a um clímax de apaziguamento e respeito mútuo entre indivíduos antes irreconciliáveis.

Para realmente entendermos uma obra literária, é sempre fundamental registrar onde sua autora escolhe começar a narrativa e onde escolhe terminá-la. A Ilíada, como nos diz seu primeiro verso, canta a fúria de Aquiles, mas ela não termina quando essa fúria é satisfeita – na morte de Heitor – mas quando é superada – na refeição que Aquiles compartilha com Príamo, pai de Heitor.

(Homero, de Jacqueline de Romilly.)

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Um poema sobre reconciliação

A Ilíada se organiza em cenas de súplica: no começo, o sacerdote pela filha; no meio, os gregos por Aquiles; no final, Príamo, pelo corpo do filho. O jantar de Aquiles e Príamo é o ponto alto da Ilíada, e um dos pontos altos da literatura.

Tendo perdido o próprio filho (na verdade, mais um entre tantos filhos perdidos), Príamo se investe de uma calma santa, de uma resignação heróica, e vai implorar a Aquiles pelo corpo de Heitor. É a primeira vez, em toda a Ilíada, que uma súplica, em vez de enraivecer quem a recebe, o amolece. Era como se fosse exatamente isso, esse auge do patético e da humilhação, que Aquiles precisasse para quebrar o encanto de sua ira. Aquiles parece se dar conta de que ele mesmo é tão vítima da ira de Aquiles quanto todos aqueles que ele trucidou.

Diante de Príamo, Aquiles sente compaixão mas não remorso. Levanta o ancião, conforta-o, elogia sua coragem, mas jamais se arrepende do mal que lhe fez e continuará fazendo.

No final da Ilíada, Aquiles tem todos os prêmios e glórias e honras possíveis e imaginárias: ninguém “ganhou” tanto quanto ele, mas ele também perdeu mais do que qualquer pessoa. Nem a morte de Heitor, nem todas as ofertas de Agamemnon, nada pode consolar sua dor. Mas as súplicas de Príamo conseguem o impossível, elas acessam uma parte de Aquiles mais profunda que a guerra: filhos e pais, saudade do lar e reconhecimento da mortalidade.

Para Aquiles, o futuro é a flecha de Páris. Para Príamo, a destruição de sua cidade e uma morte humilhante aos pés do filho de Aquiles. Jó, através da fé, pelo menos recupera os bens perdidos, mas Príamo recupera somente o corpo do filho. Mas, nesse momento, nesse encontro sublime, parece haver uma reconciliação maior do que somente de dois velhos inimigos, uma união de elementos transcendentais, um certo renascer de esperança na paz como conceito.

(“On the Iliad”, de Rachel Bespaloff, “The Iliad, an unpredictable classic”, de Donald Lateiner, em The Cambridge Companion to Homer.)

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Aquiles, o herói da Ilíada

A Ilíada é a tragédia de Aquiles, sempre o protagonista, nunca conseguindo superar seu ressentimento por sua mortalidade. Tétis criou seu filho cuidadosamente, mas não conseguiu fazê-lo imortal. O fracasso de Tétis é o que torna Aquiles acessível a nós. Fadado a um destino é cruel e injusto (talvez mais do que qualquer pessoa na Ilíada), Aquiles não hesita em inflingir um destino ainda mais cruel e injusto aos troianos que lhe caem nas mãos. Seu frenesi orgiástico de morte é como um protesto contra a própria ideia da mortalidade. (Homer, Modern Critical Views, “Introduction”, de Harold Bloom; Gênio, de Harold Bloom.)

Os deuses não precisam se comportar bem porque vão viver pra sempre. Mas os mortais, como vão morrer, precisam da fama para perpetuar sua glória além da morte. A fama, a glória, são substitutos da morte. (“Manhood and heroism”, de Michael Clarke, em The Cambridge Companion to Homer)

A Guerra de Tróia é uma gangorra: canto após canto, gregos e troianos se alternam em uma quase vitória e quase derrota, mas sempre em direção ao final inevitável. O público da Ilíada sabia que a morte de Heitor seria uma felicidade fugaz para Aquiles; que a morte de Aquiles seria uma felicidade fugaz para os troianos; e que a morte dos troianos seria uma felicidade fugaz para os gregos. (Ilíada, o poema da força, de Simone Weil, 16-20)

De todos os personagens, somente Aquiles está só. Mesmo quando ao lado de Pátroclo, figura mais apagada e menos expressiva, e também mais doce e mais humana da Ilíada, Aquiles está sempre só. Os gregos lutam por sua honra, os troianos defendem sua cidade, Aquiles luta (solitariamente) por si mesmo. De certo modo, como todo solitário, ele também é livre, o personagem mais livre do poema: Aquiles é o único que tem a liberdade de parar de lutar, de ir embora, de negar a guerra. Não apenas isso: mesmo se outros fossem livres, somente Aquiles tem reputação guerreira o suficiente para abdicar da guerra e não perder a honra. (Gênio, Harold Bloom.)

Autores modernos, que acusam Aquiles de antipatriotico, não entendem que essa palavra não faria nenhum sentido para Aquiles ou para nenhum dos guerreiros. Aquiles estava ali por vontade própria: quando os outros guerreiros permitem que Agamemnon rompa a lei sagrada e tome Briseida de Aquiles sem fazerem nada, sem falarem nada, Aquiles se sente completamente liberado da obrigação, ou mesmo da expectativa de lutar por eles. Nada o prende ali. (“The Iliad, an unpredictable classic”, de Donald Lateiner, em The Cambridge Companion to Homer.)

Hamlet consegue articular a tragédia de seu próprio distanciamento de tudo e de todos, em longos e maravilhosos solilóquios, mas Aquiles, igualmente isolado, não. De certo modo, sua fúria inumana é como a fúria de uma criança de três anos que ainda não consegue falar, não consegue exprimir tudo aquilo que sente, tudo aquilo que vê os outros sentindo, e, assim descarrega no mundo toda a sua frustração. A genialidade da Ilíada, entre muitas, está em nunca fornecer a Aquiles os meios pra articular apropriadamente o horror de sua condição. Só lhe resta a violência. (Gênio, Harold Bloom.)

Em Aquiles, a crueldade não é nem método nem técnica, mas um reflexo quase físico, uma manifestação concreta da ira que lhe consome diante da injustiça de seu destino. Ele nasceu uma máquina de matar e, ao ceder ao seu destino de máquina de matar (para, na sequência, ser morto) Aquiles acaba sendo, na prática, a pessoa menos livre da Ilíada. Mas esse consolo, essa ilusão de onipotência, ao menos lhe permite aceitar a injustiça de seu destino. (“On the Iliad”, de Rachel Bespaloff, 81)

Sua violência é tão selvagem e não-premeditada que é quase um ato da natureza. Por isso, em um poema tão livre de mágica e de magias, a cena de sua luta com o rio é tão inesperada, tão bela, tão central, tão climática. Aquiles é o único personagem da Ilíada, talvez de toda a literatura, que poderia lutar com um rio, e isso não ser um espetáculo ridículo ou infantil, mas grandioso. Sua sede de matar, de destruir é tão elemental que é quase pura: Aquiles não engana, não humilha. Mata mas não esculacha. (“On the Iliad”, de Rachel Bespaloff, 54)

Aquiles gritava, e doze homens morriam:

Três vezes por cima da vala gritou bem alto o divino Aquiles;

três vezes ficaram aturdidos os Troianos e seus famosos aliados.

E logo ali morreram doze dos melhores homens, no meio

das suas próprias lanças e dos seus carros. (XVIII, 230)

No futuro prometido por Deus, dizia o Profeta Isaías, “lobo e cordeiro deitarão juntos” (Is 11,1-10) Na Ilíada de Aquiles, entretanto, não há acordo possível entre eles:

“Heitor, não me fales, ó louco!, de acordos.

Tal como entre leões e homens não há fiéis juramentos,

nem entre lobos e ovelhas existe concordância,

mas sempre estão mal uns com os outros —

assim entre ti e mim não há amor, nem para ambos

haverá juramentos, até que um ou outro tombe morto,

para fartar com seu sangue Ares, portador de escudo de touro.” (XXII, 261)

O que pode ser mais enlouquecido do que Aquiles no trecho abaixo?

“Mas é ao feroz Aquiles, ó deuses, que quereis favorecer:

ele a quem faltam pensamentos sensatos e um espírito

moldável no peito. Como um leão, só quer saber de selvagerias:

um leão que encorajado pela sua estatura e força e altivo

coração se atira aos rebanhos dos homens, para arrebatar a refeição.

Do mesmo modo Aquiles perdeu toda a compaixão e não tem

a vergonha que tanto prejudica como ajuda os homens.” (XXIV, 39)

Fica a dúvida: a excelência heroica de Aquiles é confirmada ou negada, realizada ou desfeita, por tamanha loucura? (“Manhood and heroism”, de Michael Clarke, em The Cambridge Companion to Homer)

Em seu paroxismo de dor e morte, enquanto mata cruelmente todos que lhe pedem piedade, Aquiles está na verdade aceitando a própria morte, se preparando para flecha de Páris:

“Não, querido amigo: morre tu também. Por que choras para nada?

Também morreu Pátroclo, que era muito melhor que tu.

E não olhas para mim e não vês como sou alto e belo?

Homem nobre é meu pai e deusa é a mãe que me gerou.

110 Mas também para mim virá a morte e o fado inelutável.

Chegará a aurora, a tarde ou então o meio-dia

em que em combate alguém me privará da vida,

quer atirando a lança ou disparando uma flecha.” (XXI, 106-113)

Mais tarde, na Odisséia, quando Odisseu encontra Aquiles no Hades, ele, pateticamente, parece ecoar o Eclesiastes. Coelet dizia que ser melhor um cachorro vivo que um leão morto; já Aquiles afirma que trocaria uma vida de escravo na terra por sua glória de morto.

“Não tentes reconciliar-me com a morte, ó glorioso Ulisses.

Eu preferiria estar na terra, como servo de outro,

até de homem sem terra e sem grande sustento,

do que reinar aqui sobre todos os mortos.” (XI, 487)

Ter sido o maior de todos os herois, ter conquistado glória eterna, ter vencido todas as batalhas, nada disso oferece consolo a Aquiles. Ele trocaria tudo para ser o escravo de outro homem, sob o sol. (Gênio, de Harold Bloom.)

A palavra acima traduzida como “servo” é “thes”, a criatura mais terrível e deserdada que poderia existir. Um thes não era um escravo, que tinha dono e pertencia ao uma casa patriarcal. Thes era aquele que não tinha nenhum vínculo, nenhuma pertença. Era um sozinho. É isso que Aquiles prefere ser a estar morto e cheio de glória. (O mundo de Ulisses, de Moses Finley, 55)

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E também Heitor

Aquiles e Heitor são os dois grandes herois da Ilíada. Ambos enxergam mais longe que seus compatriotas, têm uma habilidade impressionante de lutar por eles (por quem estão presos em redes de obrigações e afetos), estão condenados a morrer cedo graças a um código de honra que é mais importante do que a vida e, por fim, aceitam a própria morte. (“The Iliad, an unpredictable classic”, de Donald Lateiner, em The Cambridge Companion to Homer.)

Como diz Andrômaca a Heitor:

Homem maravilhoso, é a tua coragem que te matará! (VI, 407)

Heitor, assim como Aquiles, também é um heroi ensandecido e animalesco, ocasionalmente fora de controle:

Heitor desvairava como Ares, o lanceiro, ou como o fogo assassino

que desvaira nas montanhas, nos bosques de uma floresta profunda.

Começou a espumar da boca e os seus olhos lampejavam

sob as sobrancelhas terríveis e de volta das suas têmporas

chocalhou o elmo, medonho, de Heitor enquanto combatia. (XV, 605)

Nós sabemos que todos os seus momentos de glória serão temporários, que sua vida e sua autoconfiança são brinquedos de Zeus em seus joguinhos com Tétis. Apesar disso, se Heitor é menos glorioso que Aquiles, também é menos remoto, menos inacessível. Conseguimos entendê-lo melhor que Aquiles, conseguimos nos colocar no lugar dele. Ele tem medo, ele erra, ele hesita, ele busca a proteção das muralhas da cidade, ele falha. No fim, o que lhe dá grandeza heróica (assim como a Aquiles) é sua coragem resoluta em aceitar a morte. (“Manhood and heroism”, de Michael Clarke, em The Cambridge Companion to Homer)

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Gênero na Ilíada

Na Ilíada, a casa patriarcal e o casamento aristocrático, as alianças militares e as lideranças políticas, são sempre instáveis. A luta por Criseida acaba causando a luta por Briseida, ambas causadas pela luta por Helena. Se o casamento é o tráfico legal de mulheres, a guerra é sua contrapartida mais violenta.

Em uma de suas primeiras falas na Ilíada, Agamemnon se recusa a abrir mão de sua escrava sexual, Criseida, e a compara positivamente em relação a sua própria esposa, Clitemnestra. Diante disso, o quão segura pode ser considerada a posição matrimonial de Clitemnestra como esposa de Agamemnon? Na mesma linha, o quão segura é a posição de Agamemnon como primus inter pares dos gregos?

Aquiles, no Canto IX, desafia: se o sequestro de Helena por Páris foi tão horrível assim, por que o sequestro de Briseida por Agamemnon foi aprovado por todo exército? Se o amor dos Atridas por suas esposas justificava uma guerra para recuperá-las, e se Agamemnon prefere sua escrava sexual e presa de guerra à sua esposa, e se Aquiles ama a sua escrava sexual e presa de guerra… não estaria Aquiles justificado em fazer a guerra para recuperá-la?

Perceptivo e articulado como nunca, Aquiles faz uma denúncia não só do sistema de trocas subjacente à guerra antiga, mas também ao elemento fundamental desse sistema: o tráfico de mulheres como atividade lícita entre homens honrados. Afinal, o que estava sendo protegido ou defendido na Guerra de Troia? A instituição do casamento? A honra aristocrática? O comportamento civilizado? Com certeza, não a mulher (esse conceito ideológico), não as mulheres (essas pessoas do sexo feminino), mas sim a instituição que garante a perpetuação do patriarcado: o casamento.

Se os gregos estavam em Troia para defender e perpetuar as instituições patriarcais, parece dizer Aquiles, não estavam também, pela própria natureza da guerra, questionando e destruindo essas mesmas instituições?

(“Gender and Homeric Epic”, de Nancy Felson & Laura Slatkin, em The Cambridge Companion to Homer.)

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Pedagogia, ética e estética

Durante séculos e séculos, a Ilíada foi uma das principais, talvez a principal, ferramenta pedagógica da Grécia. Todos os grandes gregos, esses homens maravilhosos que nos legaram a Democracia e a História, a Medicina e a Tragédia, a Geometria e a Geografia, foram formados pela Ilíada.

No capítulo “Homero, o educador” de Paidéia, a formação do homem grego (1933), Werner Jaeger nos ensina que, para os gregos arcaicos (ou seja, para os gregos que criaram a Ilíada, centenas de anos antes da Atenas clássica de Péricles e Platão), a poesia abarcava mais do que a filosofia, mais do que a própria vida. Na verdade, diz ele, a Ilíada já contém o cerne de toda a filosofia grega.

No Canto IX, Odisseu e Ájax fazem uma última tentativa de convencer Aquiles de voltar para a batalha e, em resposta, ele faz uma das mais apaixonadas celebrações da vida da literatura:

“Pois extorquíveis são bois e robustas ovelhas

e adquiríveis são trípodes e flavos cavalos; mas que a vida

de um homem volte de novo, depois de lhe passar a barreira

dos dentes, isso não é possível por extorsão ou aquisição.

Na verdade me disse minha mãe, Tétis dos pés prateados,

Que um dual destino me leva até ao termo da morte:

Se eu aqui ficar a combater em torno da cidade de Troia,

Perece o meu regresso, mas terei um renome imorredouro;

Porém, se eu regressar a casa, para a amada terra pátria,

Perece o meu renome glorioso, mas terei uma vida longa,

E o termo da morte não virá depressa ao meu encontro.

Para Jaeger, o que colocaria Aquiles acima dos heróis ingênuos e primitivos do passado é que ele sabe que, ao voltar para a luta, está se condenando à morte. E completa: o fato central da Ilíada, seu desenho, seu objetivo, é fundamentalmente ético.

Platão, entretanto, discorda, e dedica três livros de A República (II, III, X) para construir o argumento oposto: a poesia épica, com seus deuses falsos e fúteis e seus heróis descontrolados e mesquinhos, não seria uma fonte ideal de modelos de conduta para os jovens. Mais ainda, a ficção estimularia nossos piores instintos:

Quando vemos Homero ou qualquer outro poeta trágico imitar um herói na dor, que, no meio dos seus lamentos, se estende numa longa tirada ou canta ou bate no peito, sentimos, como sabes, prazer. Acompanhamos tudo isso com a nossa simpatia e, no nosso entusiasmo, louvamos como um bom poeta aquele que, no mais alto grau possível, provocou em nós tais disposições. Mas, quando uma desgraça doméstica nos fere, já percebeste que fazemos força por manter a atitude contrária, por ficarmos calmos e mostrar coragem? É belo elogiar um homem com o qual não gostaríamos de nos parecer, que por sua atitude nos faria corar, e, em vez de sentir repugnância, comprazermo-nos com esse espetáculo e louvá-lo? (República, X)

Toda a obra de Platão, de certo modo, pode ser vista como uma longa (e vã) polêmica contra o lugar central de Homero na pedagogia grega. (O cânone ocidental, de Harold Bloom, 6)

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Esse texto faz parte dos guias de leitura para a segunda aula, Gregos, do meu curso Introdução à Grande Conversa: um passeio pela história do ocidente através da literatura. Esses guias são escritos especialmente para as pessoas alunas, para responder suas dúvidas e ajudar em suas leituras. Entretanto, como acredito que o conhecimento deve ser sempre aberto e que esses textos podem ajudar outras pessoas, também faço questão de também publicá-los aqui no site. Todos os guias de leitura da primeira aula estão aqui. O curso começou no dia 2 de julho de 2020 — quem se inscrever depois dessa data terá acesso aos vídeos das aulas anteriores.

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Ilíada, de Homero é um texto no site do Alex Castro, publicado no dia 23 de julho de 2020, disponível na URL: alexcastro.com.br/iliada-de-homero // Se gostou, repasse para as pessoas amigas ou me siga nas redes sociais: Newsletter, Instagram, Facebook, Twitter, Goodreads. Esse, e todos os meus textos, só foram escritos graças à generosidade das pessoas mecenas. Se gostou muito, considere contribuir: alexcastro.com.br/mecenato

Uma resposta em “Ilíada, de Homero”

A Iliada, obra atribuida a Homero, conta a historia da Guerra de Troia, que teve como figuras importantes os apaixonados Paris e Helena e o guerreiro Aquiles.

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