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cú tem que ter acento. cú combina com acento. cú sem assento é um acinte.

a melhor coisa de escrever cú com acento é descobrir quem são os malas que vão te corrigir.

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arte

se eu fosse forte

de vez em quando, acho importante reler essa crônica. todo artista deveria, pelo menos uma vez. mestre albano martins, vulgo branco leone, em sua melhor forma. talvez seja minha crônica favorita.

* * *

Estava lá nas Livrarias Curitiba (em uma só, é claro!), autografando um livro. A certa altura, a fila diminuiu, e aproveitei para abandonar os amigos e meu posto na mesa, para dar uma espiada na livraria. Andava por trás de alguma gôndola, folheando alguma coisa, quando percebi, ao meu lado, um moleque: alto, loiro despenteado e olhos muito sérios grudados num rosto que, à primeira vista, não pertencia aos olhos. Não tinha nem vinte anos, e olhava ao redor, desconfiado, como se estivesse a ponto de me assaltar. Tento aqui reproduzir o diálogo que se seguiu, usando o sotaque dele:

– Foi tu que escreveu aquele livro vermelho?

– Eu e mais nove. – respondi.

– E o SESC nisso?

– Pagou parte da edição, dividiu com a editora. – expliquei.

Pausa.

– Tu é de São Paulo, não é?

– Sou.

– O SESC de São Paulo é foda, né?

– Põe foda.

– Legal.

E voltou a olhar para os lados. Agora vinha o bote, era de se ver.

– Eu também escrevo. – ele disse.

– Ah, é? – simulei algum interesse para não decepcioná-lo, porque não vejo muita graça nesse assunto.

– É. – confirmou ele.

Outra pausa incômoda.

– E o que tu escreve? – perguntei, aproveitando para usar a gramática local.

– Poesia.

– Ah, é?

– É.

Mais uma pausa. Ou ele dava uma mãozinha, ou a coisa desandava: minha dificuldade com poesia é notória.

– Eu canto numa banda de punk-rock. – confessou, usando todos os erres do sotaque curitibano: “panquerrróque”.

– Letras tuas? – perguntei.

– Só.

– Então, é assim que tu publica?

– Não só.

Mais pausa. Eu estava curioso, mas quase desistindo. Era pausa demais, mesmo para quem tem paciência!

– Tu tem um blog? – investi.

– Não. Não tenho Internet. – disse cabisbaixo, como se alguém no mundo a tivesse. – Eu grudo é nos orelhão.

– Hein? – gaguejei.

– Eu escrevo, xeroco e grudo dentro dos orelhão. – me disse, quase sorrindo.

– Você gruda seus poemas dentro dos telefones públicos, e vai embora? – com o susto, perdi o sotaque e a gramática.

– Ué! Tu queria que eu ficasse lá pra quê?

– Besteira minha… Eu quis perguntar se você deixa algum meio de contato junto com os poemas? Um e-mail?

– Não tenho.

– Telefone?

– Não deixo. – parou um instante, e completou: – Eu nem assino.

Fez-se outra pausa, esta provocada pela minha boca aberta.

– Caralho… – consegui murmurar algum tempo depois.

– É… – respondeu ele.

Fiquei olhando aquele alienígena: na minha frente, estava um escritor, coisa rara, um dos poucos que conheço. Um cara que escreve. E só. Na verdade, ele escreve, xeroca e gruda “nos orelhão”. E acabou-se. Opinião alheia? Pra quê? Reconhecimento? Pfff… Sucesso? Não o faça rir. Editora, distribuidora, dez por cento do preço de capa, resenha nos cadernos literários? Ora, nada disso tem nenhuma importância para ele. Ele escreve e sabe que nunca vai chegar a lugar nenhum com isso. É quase como se tivesse vergonha do que faz. Cá pra nós, todos os que fazem isso também deviam ter. E eu lá na livraria, lançando um livro! Pateta…

Foi só depois que ele sumiu pelo meio das pessoas, que me ocorreu de lhe agradecer. Quis lhe dar um livro, sei lá, pagá-lo de alguma forma. Mas ele já tinha ido.

Depois desse encontro, continuei escrevendo. Mas desde então, nunca mais fiz isso com a mesma intenção, com os mesmos princípios. O curitibano vocalista de uma banda de panquerrróque quebrou alguma coisa em mim. Mas tudo bem, era uma coisa que estava estragada.

* * *

eu, se fosse forte, seria esse piá. mas sou fraco.

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gentileza

se alguém te ajudou, você sempre pode pagar a dívida ajudando outra pessoa.

* * *

um dia, nove anos atrás, no fim de uma madrugada histórica, cometi um ato de mesquinharia e pequenez: neguei um favor simples a uma pessoa que eu não conhecia. a toa. não havia nenhum impedimento prático. não me custaria nada. eu só não quis.

não foi uma distração: uma amiga me puxou para o lado e me pediu, enfaticamente, para fazer isso por essa outra pessoa. insistiu bastante. neguei.

fiquei anos com isso na cabeça. com o tempo, a pessoa a quem neguei o favor se tornou uma amiga, alguém que admiro imensamente.

só ontem consegui pedir desculpas a ela. esse pedido de desculpas era das coisas que estava na minha garganta há quase uma década. daquelas coisas que, na hora da morte, a gente se arrepende de não ter dito.

então, ontem, eu disse.

* * *

nem sempre podemos retribuir diretamente quem nos ajudou, mas podemos repassar a gentileza para outras pessoas.

se você fez mal a alguém e quer expiar o seu pecado, não precisa ser necessariamente com sua vítima.

de forma consciente, para reparar minha falta, comecei a fazer por outras pessoas o favor que neguei naquela noite.

assim, conheci a Outra Significativa.

se eu não tivesse cometido aquela mesquinharia e se não estivesse ativamente tentando compensá-la, não teria conhecido minha atual companheira.

deve ter alguma moral aí.

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arte

as mentiras dos artistas

improvisação teatral, outubro passado.

minha amiga atriz revela: soube naquela manhã que estava grávida.

hoje, nos esbarramos na rua e está quase explodindo, vai parir a qualquer momento.

vida de artista: mentimos na hora de falar a verdade, falamos a verdade na hora de mentir, chamamos isso de arte e ainda cobramos entrada.

* * *

leia também: somos todos fingidores

* * *

vida de artista

a vaidade do artista
quando começa a carreira de um artista?
vida de artista
paradoxo de narciso
o sonho dos meus doze anos

* * *

gostou? compre meus livros, vá nas minhas palestras ou faça uma doação.

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doze anos

doze anos atrás, vivi um dos melhores fins-de-semana da minha vida, nas areias brancas e águas quentes de alter-do-chão, uma das praias mais lindas do brasil, no meio da amazônia, apaixonado, feliz, transando feito um louco com a mulher com quem passaria o resto da minha vida. e enquanto arrumava minha mala pra voltar pro rio, feliz, com todo meu futuro pela frente, herbert vianna sofreu um acidente de ultraleve que matou sua mulher e o deixou sequelado para sempre. e foi um momento agridoce tapa-na-cara pé-no-chão, porque herbert é da minha terra, usa óculos e adora ska como eu, acompanhei sua carreira, fui testemunha do seu enorme amor pela lucy e, agora, assim, de repente, enquanto eu transava apaixonado nas águas do tapajós, puff. acabou-se herbert&lucy. e fiquei tristíssimo mas ainda mais decidido a viver a minha vida, correr atrás da minha felicidade, vencer a distância, ser feliz com a mulher que eu acabara de escolher e que acabara de me escolher de volta. porque o tempo passa. e, enfim, inevitavelmente, como ele sempre faz, o tempo passou. nunca mais vou ser tão feliz como naquele fim-de-semana, porque o primeiro amor, de quando a gente ainda não foi ferido pela vida, de quando ainda não temos dúvidas nem traumas, não tem igual, não se repete. a vida guarda outras infinitas felicidades, e também é uma delícia o amor maduro entre dois veteranos sem-ilusões calejados nas guerras do coração, mas o primeiro amor, esse só acontece uma vez. eu fui feliz. aproveitei até o talo. casei, amei, me separei. herbert vianna, antes desenganado, hoje já voltou até a cantar. e eu, continuei sempre amigo da ex-mulher. na verdade, irmãos. ela sempre será a família-que-escolhi. faz três anos, cruzei o mundo para passar o mês com ela no timor-leste. há poucos dias, fui encontrá-la de novo em alter-do-chão e, depois, subimos o amazonas de barco até manaus – acompanhados de minha atual companheira e de seu atual companheiro. enquanto isso, como se fechando um ciclo, herbert vianna ganhou na justiça uma indenização do fabricante do ultraleve, contrariando os boatos de que tinha matado sua mulher por imperícia e incompetência, por estar fazendo malabarismos imaturos em seu brinquedinho de roqueiro rico. mas não, era o ultraleve que derretia no calor forte, e herbert agora vai mostrar aos filhos a prova de que não foi ele o culpado pela morte de mãe. e assim doze anos se passaram. e, por incrível que pareça, estamos quase todos aqui, um pouco mais velhos e barrigudos. até que, um dia desses, quando se passarem outros doze anos, teremos ficado em algum ponto do caminho, mas pessoas continuarão amando e se encontrando, e no dia em que eu morrer, de susto, bala ou vício, quem sabe na casa ao lado ou no quarto em frente, algum casal de tolinhos também vai estar se amando e também vão achar que é pra sempre, e, sabe qual é?, vai ser mesmo, até acabar. e então, vai ser pra sempre de novo. e de novo. e são pensamentos assim que me possibilitam a vida. porque hoje eu já chorei muito, pela morte de uma criança que nem conheço num bairro onde nunca nem fui. a única coisa que vence a morte é a vida: se não estou feliz, é importante que alguém, em algum lugar, esteja.

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política de boatos

Parágrafo único:

Todo e qualquer boato sobre mim será sempre pronta e enfaticamente confirmado. – a não ser caso a confirmação me exponha a possível processo cível e/ou criminal.

(Exemplo: Esse negócio que você foi rico é tudo mentira, né? Tudo mentira. Você é casado? Sou. Você chupa pau? Chupo. Você é pedófilo? Não.)

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política de comentários

na internet de hoje, comentários perderam a razão de ser e se transformaram em um festival dos horrores. não vale mais a pena.

aqui no meu site, encerrei. nos meus textos do papodehomem, faço questão de não ler. no facebook, encerraria, se pudesse, mas tenho apagado qualquer comentário agressivo e banido o autor já na primeira infração.

tenho uma página de contato, com meu email e telefone. quem quer entrar em contato comigo, travar um diálogo, fazer uma crítica construtiva, sabe como.

www.alexcastro.com.br/contato

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regra de gramática para a vida

falar “mas” zera a oração anterior.

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livre

se você quiser sair, não vou te segurar. se você quiser ficar, não vou te expulsar.

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textos

a outra sala

hoje, uma moça disse que sou a pessoa mais interessante que ela conhece.

mas ela é que deve andar com pessoas pouco interessantes.

* * *

depois de me hospedar em sua casa por alguns meses e conhecer meus amigos, meus familiares, minhas namoradas, eis que sônia se deu conta:

“alex, vc é a pessoa menos interessante de todo mundo que você conhece!”

* * *

do novo livro inédito da escritora paula abreu

“A dica de sucesso do ator e diretor Harold Ramis é: “Encontre a pessoa mais talentosa na sala, e se não for você, vá ficar do lado dela. Passe um tempo com ela. Tente ser útil.”

O escritor Austin Kleon completa essa ideia dizendo que “Se você descobrir que você é a pessoa mais talentosa da sala, você precisa encontrar outra sala”.

* * *

meu objetivo de vida é ser sempre a pessoa menos interessante do recinto.

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gentileza é abrir a porta pro toninho bombadão

eu e a outra significativa temos um acordo: só faço por ela as gentilezas que faria igualmente pelo meu hipotético amigo toninho bombadão.

então, quando viajamos, não carrego sua mala, pois não carregaria a mala do toninho bombadão e porque acho que cabe a cada pessoa adulta só fazer uma mala que possa ela mesma carregar confortavelmente. e assim por diante.

mas, hoje, ela foi pegar um ônibus na praia às seis da manhã. quando comecei a me vestir pra ir junto, ela me olhou desconfiada:

“vc iria até a praia com o toninho bombadão esperar o ônibus com ele?”

e respondi, na lata:

“sim, mas só porque quero ver o sol nascer em niterói.”

“hmm, então tá.”

e foi realmente uma alvorada linda. se não fosse o toninho bombadão, teria perdido.

bendito toninho.

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talvez sejam as mesmas pessoas

o mundo se divide entre as pessoas que voltariam no tempo pra estapear seus eus passados e as pessoas cujos eus passados viajariam no tempo pra estapear seus eus atuais.

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monumento ao mendigo desconhecido

em homenagem aos 195 mártires que morreram para que tivéssemos uma copa do mundo que não nos envergonhasse perante os gringos.

vocês não serão lembrados, mas essa é a ideia mesmo.

(leia: histórias das ruas)

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textos

eventualmente, dou uma dentro

eventually, em inglês, quer dizer por fim ou finalmente.

he used to call once in a while. eventually, he gave up.

eventualmente, em português, quer dizer de vez em quando.

reparem como a frase acima, em uma má tradução bastante comum, não faz nenhum sentido:

ele ligava de vez em quando. eventualmente, desistiu.

uma tradução mais correta seria:

ele ligava eventualmente. por fim, desistiu.

apesar disso, os cool-americanófilos cometem tanto esse falso cognato que, daqui a pouco, ele vira regra.

mas agora está surgindo uma nova língua, chamada de eu english, ou seja, o inglês da comunidade européia, usado por europeus continentais não falantes nativos.

uma das tantas novidades do eu english é, por influência do francês, eventually significando de vez em quando.

fecha o círculo.

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raça

ideia para adesivo de parachoque

“seu amigo negro não prova nada.”

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zen

neodarwinismo

um dia alguém vai ter que me explicar porque é tão importante que a espécie humana não se extingua.

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medo

acordo na hora que meu corpo deseja.

me alimento quando tenho fome.

meus pais são vivos e meu cachorro também.

ganho meu sustento escrevendo.

raramente tenho compromissos ou preciso estar em qualquer lugar.

só convivo com quem quero.

na maioria das noites, embalo o sono da minha companheira beijando seus pés até ela dormir.

se eu tivesse medo, teria medo de as coisas só poderem piorar.

mas não tenho medo.

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um vestido estampado

um belo dia, você conhece uma mulher e ela está usando um vestido colorido estampado, ao mesmo tempo longilíneo e esvoaçante, sedutor e inesquecível, e você se apaixona por ela, naquele vestido e em muitos outros vestidos.

outro belo dia, seis meses depois, ao deixar um saco de roupa suja na lavanderia, enquanto a atendente vai separando as peças uma a uma, você percebe o vestido colorido, amarrotado e embolado, entre as suas próprias cuecas e meias, ainda lindo e fascinante, e relembra todas as delícias compartilhadas e decisões acertadas que fizeram com que o vestido sedutor de ontem estivesse na sua roupa suja de hoje.

e, então, você fica sorrindo que nem um bobo, no balcão da lavanderia, enquanto uma moça entediada conta camisetas.

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menos

O senhorio do desapego

Para ajudar nas finanças, estou alugando meu apartamento pelo site Airbnb.

minha casa. foto por claudia regina.
minha casa. foto por claudia regina.

O ato de sair de casa de um dia pro outro, deixando tudo pra trás, levando só uma sacola, confiando seus objetos a desconhecidos, é um exercício em desapego.

Desapego por tudo aquilo que você deixa pra trás. Desapego por seu próprio lar. Pelos livros que você caçou nos sebos de Buenos Aires. Pelas caríssimas panelas de aço inox. Pelo elegante e ascético fouton japonês. Por objetos.

Hoje, tenho roupas & cuecas, canecas & cumbucas, livros & cadernos espalhados por quatro casas, três no Rio e uma em São Paulo. Nenhuma de membros da minha família, todas de pessoas que amo como se fossem. Acordo todo dia e nunca sei em qual casa dormirei à noite.

Para facilitar minhas idas e vindas, pensei em já deixar ao pé da porta uma bolsa com os pertences que levo comigo, mas é impossível: os pertences que levo comigo já são todas as coisas que uso diariamente e, portanto, não podem ficar pré-embalados.

Meu laptop, uma pequena necessaire. É só isso que levo comigo.

O Oliver, meu cachorro, tem mais bagagem que eu: bolsa de transporte, cama, cobertor, remédios, comida, ossinhos. Somos dois ciganos que já rodaram o mundo juntos: de trem & carro, navio & avião. Agora, ele está velhinho e fica em uma das casas onde me hospedo, sob os cuidados de uma amiga querida.

Pessoas estranhas naturalmente não podem ter acesso nem à minha pasta de documentos – passaportes, diplomas, etc – e nem ao meu HD pessoal – fotos comprometedoras, etc – mas também não fazia sentido ficar levando e trazendo esse peso a cada novo hóspede. Foram deixados em definitivo na casa de uma amiga. Quando precisar deles, o que hoje acontece com cada vez menos frequência, vou lá.

Alguns amigos ficam com receio, me aconselham ter cuidado, acham que é um risco.

Mas estou arriscando o quê?

Arrisco objetos. Arrisco um futon manchado, uma panela quebrada, um livro furtado.

Mas com o dinheiro dos aluguéis, ganho… tempo.

Um casal de australianos ficou no meu apartamento por seis dias durante o carnaval e foi menos um livro chato a traduzir, menos um frila de revisão a aceitar, menos um cliente exigente a aturar.

É um mês livre que ganho para trabalhar na minha própria arte, pra escrever meu romance, pra viver, pra transar.

Arriscar objetos para ganhar tempo livre: posso imaginar poucas trocas mais sensatas.

* * *

Leia também meu texto Menos. Para alugar meu apartamento, clique aqui e confira o anúncio.

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textos

minha memória mais antiga

sentado em casa. em frente a tv. queria ver os flintstones. estava esperando pelos flintstones. mas o desenho não passou. ao invés disso, havia um urso. um enorme urso chorando. eu não entendia nada do que estava acontecendo. nada da política mundial, boicote, guerra fria. mas me lembro bem. me lembro daquela frustração bem infantil de não conseguir o que eu queria por um motivo que eu ignorava. e me lembro bem daquele urso chorando. um dia, quando eu ficar velho, se eu ficar velho, quando as sinapses forem enfraquecendo, quando eu não conseguir mais reter novas informações, quando a ligação elétrica entre meus neurônios ficar cada vez mais fraca, quando eu for progressivamente esquecendo os eventos mais recentes, a impressão que tenho é que essa vai ser a última coisa que vou esquecer. a última informação. a última imagem. nessa minha mente que já tanto sonhou, pensou, chorou, sofreu, amou, invejou, vai restar somente a lágrima daquele urso.