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A fácil demonização

Se criticamos o Outro por sua intolerância odiosa e inaceitável, e, por isso, nos recusamos a dialogar com ele, então, quem está amarrando as próprias mãos, quem está limitando o espectro possível de iniciativas que podem ser tomadas, quem está se colocando fora da possibilidade de diálogo, somos nós. Demonizar é fácil. Quem está disposta a ir lá e efetivamente realizar o exorcismo?

Se criticamos o Outro por sua intolerância odiosa e inaceitável, e, por isso, nos recusamos a dialogar com ele, então, quem está amarrando as próprias mãos, quem está limitando o espectro possível de iniciativas que podem ser tomadas, quem está se colocando fora da possibilidade de diálogo, somos nós.

Demonizar é fácil. Quem está disposta a ir lá e efetivamente realizar o exorcismo?

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Demonizar o adversário nas redes sociais é fácil, gostoso, tentador.

Gritamos palavras de ordem, nos aconchegamos no ódio compartilhado, bradamos “morte a eles”, hahaha, tia, olha, como sou militante!

O problema é que isso nos coloca numa situação política e filosófica insustentável

Porque se o Outro é realmente o Mal encarnado, se só quer o Pior para o Brasil, se não tem nenhuma qualidade redentora, então, de fato, não adianta dialogar com ele.

“Dialogar pra quê? Ele não quer melhorar!”

Logo, racionalmente, logicamente, se o Outro não pode ser convencido ou dialogado, a única opção que resta é matá-lo, exterminá-lo, arrancá-lo do corpo social.

E aí, nós aqui, radicalizados pelo Facebook, vamos encarar essa pemba?

Xingar muito no Twitter é fácil. Irmos até lá e matar alguém dá muito mais trabalho, é arriscado, suja as roupas.

Se o adversário é mesmo isso tudo que falamos que é, que outra opção temos, não é verdade? Vamos nos esconder em casa, somente xingar muito na internet e não fazer nada enquanto Mal se alastra pelo país?

É fácil termos opiniões radicais e extremadas quando não damos continuidade à essas opiniões com as ações práticas que elas logicamente exigem.

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Essa conversa está mais desenvolvida aqui: Guia pessoal para conversas políticas

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Semana passada, participei de um bate-papo ao vivo com a Carolina Nalon, uma das melhores professoras de Comunicação Não-Violenta do Brasil.

Conversamos sobre meu livro Atenção. e seus temas: atenção e empatia, privilégio e meritocracia.

Afinal, o que é privilégio?

O que é meritocracia?

Vale a pena “salvar” o conceito de meritocracia ou ele já não serve mais pra nada?

Qual é a diferença entre atenção e empatia?

Por que priorizar um sobre o outro?

Como a atenção pode ser utilizada como ferramenta de transformação política?

Como conversar com o Outro que tem opiniões tão detestáveis para nós?

Enfim, ficamos duas horas e meia conversando com mais de duzentas pessoas, e foi muito, muito legal. Muito obrigado à Carolina, pelo convite, e a todas as pessoas incríveis que participaram.

O vídeo completo, para você assistir quando quiser, está no meu canal do YouTube.

Meu livro Atenção. pode ser comprado nas principais livrarias online do país, em versão impressa, ebook e até mesmo áudiolivro, narrado por mim.

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E eu agradeceria muito, muito mesmo.

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A fácil demonização é um texto no site do Alex Castro, publicado no dia 21 de maio de 2020, disponível na URL: alexcastro.com.br/a-facil-demonizacao // Se gostou, repasse para as pessoas amigas ou me siga nas redes sociais: Newsletter, Instagram, Facebook, Twitter, Goodreads. Esse, e todos os meus textos, só foram escritos graças à generosidade das pessoas mecenas. Se gostou muito, considere contribuir: alexcastro.com.br/mecenato

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