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teatro

porque eu não curto suas postagens no facebook

há muito tempo, quando ainda circulavam piadas e ppts por emails, eu tinha uma resposta pronta para quem me mandava essas coisas:

“querida pessoa, tenho interese em TUDO o que você tenha a me dizer e em NADA do que tenha a me encaminhar.”

ou seja, pode me mandar um email de vinte páginas falando dos seus problemas, mas não me repassa piada.

estou no facebook 100% a trabalho, só para divulgar meus textos: não faço posts pessoais, compartilho muito pouco da minha vida.

de fato, não curto posts de ninguém porque tenho o maior cuidado de nunca VER os posts de ninguém.

hoje, eu diria algo assim:

“querida pessoa, tenho interesse em TUDO o que você tenha a me dizer e em NADA do que tenha a compartilhar no facebook.”

meu telefone está no site. estou aberto à visitas. quase todo dia, pessoas que às vezes nem conheço me ligam, aparecem no fim da tarde, me contam suas vidas, choram, riem. e eu ouço, acolho, abraço.

isso é conexão humana.

ficar curtindo as postagens das “personas de facebook” que minhas pessoas amigas criaram, pelo contrário, é só alimentar o monstro que está nos devorando.

facebook ego

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aí, alguém poderia perguntar:

“isso é egoísta e egocêntrico. você compartilha seus textos mas não quer ver as coisas de mais ninguém. por que então eu te curtiria ou compartilharia?”

e eu responderia:

“se você acha que não deve curtir nem compartilhar os meus textos, então, não faça isso.

se tem alguma coisa que você quer que eu veja, por que não manda diretamente para mim? pode mandar por email. pode ligar e me contar. pode aparecer aqui em casa.

TEM que ser pelo facebook?”

se vc nao paga vc é o produto facebook

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para me ligar ou me visitar, confira minha página de contato. o melhor modo de acompanhar meus textos é pela newsletter, que estabelece um canal direto entre nós.

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leituras

leituras, julho 2015

meus livros lidos no último mês.

sempre com a ressalva que ler livros é um hobby como outro qualquer.

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livros

novas dedicatórias apócrifas

o saldão dos meus livros foi um sucesso. onde perdemos tudo e lll estão esgotados, e sobraram só nove cópias do mulher de um homem só.

(cometi o erro de folhear o lll e quase devolvi o dinheiro de quem comprou, mas vá lá. saibam que o livro é horrível e que eu discordo de 80% do que está lá!)

os livros serão todos enviados ainda hoje.

para comprar meu novo livro outrofobia, ou uma das últimas nove cópias de mulher de um homem só, e também receber sua dedicatória apócrifa, visite minha página de livros.

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passei as últimas semanas escrevendo mais de duzentas dedicatórias.

abaixo, algumas das melhores.

muito obrigada a todas as pessoas que mandaram sugestões de dedicatórias.

de brinde, algumas fotos da capitu (tosada!) interagindo com os livros.

alfabetização

arruma emprego para filho do amigo

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copacabana

tudo o que você precisa saber sobre o capitalismo, em uma livraria

moro entre dois bairros cheios de livrarias, inclusive algumas muito badaladas e gigantescas, como a livraria da travessa de ipanema.

como não tenho internet em casa, quando quero um livro, eu ligo pra uma meia dúzia de livrarias e pergunto.

e, apesar de todas essas livrarias, é sempre uma pequena livraria na esquina da minha rua que tem tudo o que eu quero.

com um problema.

chego lá e o jardim das aflições, magnus opum do vilósofo olavo de carvalho, lançado quinze anos atrás, está permanentemente exposto em lugar de honra, como se tivesse sido lançado ontem por uma editora que pagou caro pelo espaço na vitrine.

além disso, a obra está sempre ladeada de escudeiros: o novo livro do constantino, a biografia do lobão, o último lançamento da três estrelas, todos exibidos com destaque.

mas aí, outro dia eu estava buscando por uns livros obscuros do paulo freire, sabe quem é?, aquele comunista que as pessoas do leblon fazem passeata contra?, e eles tinham uma estante inteira com dezenas de obras do paulo freire, obras que não tinham em nenhuma das outras livrarias pra-frentex do bairro.

(não em destaque como as obras do olavão, claaaaro, mas estavam lá.)

aí, semana passada, decidi reler foucault, que eu tinha lido em xerox, e, de novo, a única livraria do bairro que tinha todas as obras do foucault que eu estava procurando, sabe quem é?, o filósofo careca pervertido gay que a igreja impediu de virar cátedra na puc?, foi essa livraria olavete.

(ok, de novo, não em destaque, mas estavam todos lá – e são muitos.)

essa pequena livraria olavete em copacabana simboliza tudo o que o capitalismo tem de melhor e de pior:

ele é o único sistema cuja ganância é tamanha que incorpora, aceita e coopta até mesmo o discurso que prega a sua própria destruição – desde que possa lucrar com isso – tudo sob o manto de uma democracia de fachada – que sempre vai só até certo ponto, e olhe lá.

enfim, virei freguês.

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livros

marcadores de página

quem compra os meus livros na minha mão, seja aqui pelo site ou em algum evento, ganha marcadores de página exclusivos.

marcador de página código de barras

marcador de página outrofobia

mulher de um homem só marcador GRANDE

meus livros à venda estão aqui.

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autobiografia do poeta-escravo

a autobiografia do poeta-escravo

Juan Francisco Manzano, poeta na ilha de Cuba, foi a única pessoa escravizada latino-americana a escrever uma autobiografia sobre sua experiência no cativeiro.

manzano hedra capa

A autobiografia do poeta-escravo, de Juan Francisco Manzano. Edição, tradução, introdução e notas de Alex Castro. (Editora Hedra, 2015.)

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Compra direta com Alex Castro

Comprando A autobiografia do poeta-escravo diretamente comigo, você paga um pouco mais caro (R$80) mas tem a satisfação de estar ajudando diretamente um autor que você aprecia e acompanha. E eu te agradeço. :)

De brinde: um marcador de página exclusivo e uma dedicatória apócrifa única.

Compre com PagSeguro. (ESGOTADO)

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Comprando pela internet

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ÁudiolivroTocalivros

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manzano ediciones matanzas capa

Autobiografía, de Juan Francisco Manzano. Edição, introdução e notas de Alex Castro. (Ediciones Matanzas, Cuba, 2016.) 

A edição cubana da Autobiografia do Poeta-Escravo não será comercializada no Brasil e tenho apenas 40 examplares. Por isso, estou vendendo mais caro, só para pessoas leitoras que queiram a satisfação fetichista de possuir um objeto-livro raro e exclusivo. Se você quer só ler o conteúdo do livro, está aqui. A compra dá direito a uma dedicatória exclusiva e individual, marcadores de página também exclusivos e, mais importante, a satisfação de estar ajudando diretamente o autor dos textos que você curte. Compre aqui, pelo PagSeguro, e eu te agradeço. :)

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A autobiografia de Juan Francisco Manzano

“Em 1835, sob encomenda de um grupo de literatos, o poeta cubano Juan Francisco Manzano redigiu um testemunho de suas experiências enquanto escravo, um empreendimento repleto de dificuldades práticas e políticas. O quanto falar? O quanto silenciar? O quanto aqueles homens brancos e ricos, aparentemente tão tolerantes, eram capazes de ouvir e aceitar? Como denunciar a escravidão sem ofender seus patronos escravocratas? Após consideráveis revisões e reescrituras, o manuscrito foi traduzido para o inglês e publicado por abolicionistas em Londres.

A autobiografia do poeta-escravo é pela primeira vez publicada no Brasil, um dos países que mais tarde aboliu o horror narrado com tamanha vivacidade por estas páginas. É diante de tal delicadeza histórica que o tradutor e organizador Alex Castro nos apresenta o resultado de uma tarefa também árdua, a de transladar o texto de Manzano mantendo seu vigor e respeitando suas idiossincrasias, marcas tão reais e concretas como lanhos de chicote na carne do escravo. O livro inclui duas versões da Autobiografia, uma tradução para a norma culta do português e uma transcriação criativa, acompanhadas por mais de 300 notas explicativas e um conjunto de textos que torna a presente edição um marco na memória da escravidão e da luta pela liberdade.”

Da orelha da edição brasileira, publicada pela Editora Hedra em 2015.

O livro também foi publicado em Cuba, pela primeira vez em quarenta anos, em edição fac-símile da Ediciones Matanzas, com minha introdução e notas.

Para saber mais, confira o site dedicado ao autor, Juan Francisco Manzano.

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Trechos

Tradução à norma culta do português:

Uma tarde, saímos ao jardim e, durante muito tempo, fiquei ajudando minha ama a colher flores ou transplantar alguns matinhos como passatempo, enquanto o jardineiro andava por toda a largura do jardim, cumprindo sua obrigação. Ao nos retirarmos, sem consciência realmente do que fazia, peguei uma folhinha, uma folhinha qualquer de botão de gerânio. Essa malva extremamente cheirosa ia em minha mão, junto com sei lá mais o que eu levava. Distraído com meus versos de memória, seguia minha sinhá à distância de dois ou três passos e caminhava tão alheio a tudo que ia despedaçando a folha, do que resultava maior fragrância. Ao entrar em uma antessala, não sei com que motivo minha sinhá retrocedeu. Eu lhe dei passagem mas, ao passar por mim, lhe chamou atenção o cheiro. Imediatamente colérica, com uma voz fortíssima e alterada, me perguntou:

“O que tens nas mãos?”

Fiquei morto. Meu corpo gelou-se em um instante e, sem poder quase ficar de pé pelo tremor que me deu em ambas as pernas, deixei cair a porção de pedacinhos no chão.

Ela me tomou as mãos e as cheirou. Pegando os pedacinhos, eles pareciam um montão, um matagal, um atrevimento.

Quebraram meu nariz.

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Transcriação:

huma tarde sahimos ao jardim durante muinto tempo fiquei ajudando minha ama á colher flores ou transplantar alguns matinhos como pasatempo enquanto o jardineiro andava pr. toda a largura do jardim cumprindo sua obrigaçaõ ao nos retirarmos sem consiensia realmente do qe. fazia peguei huma folhinha, huma folhinha coalquer de botaõ de geranio esta malva estremamente odoroza ia em minha maõ junto com sei la mais o que eu levava distraido com meus versos de memoria seguia minha sinhá á distansia de dois ou trez pasos e caminhava taõ alheio á tudo qe. ia dispedaçando a folha do qe. rezultava maior fragansia ao entrar numa antesala naõ sei com qe. motivo a sinhá retrocedeu, le dei pasagem mas ao pasar por mim le chamou atensaõ o cheiro imediatamente colerica com huma voz fortisima e alterada me perguntou qe. tens nas maõs; eu fiquei morto meu corpo gelou-se num instante e sem poder quasi sustentar-me pelo tremor qe. me deu em ambas pernas, deixei cahir a porsaõ de pedaçinhos no chaõ me tomou as maõs e as cheirou e pegando os pedaçinhos paresiaõ hum montaõ hum matagal e hum atrevimento de nota quebraraõ meu nariz

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Original em espanhol:

una tarde salimos al jardin largo tiempo alludaba a mi ama a cojer flores o trasplantar algunas maticas como engenero de diversion inter el jardinero andaba pr. todo lo ancho del jardin cumpliendo su obligasion al retirarnos sin saber materialmente lo qe. asia cojí una ojita, una ojita no mas de geranio donato esta malva sumamente olorosa iva en mi mano mas ni yo sabia lo qe. llebaba distraido con mis versos de memoria seguia a mi señora a distansia de dos o tres pasos e iva tan ageno de mi qe. iva asiendo añiscos la oja de lo qe. resultaba mallor fragansia al entrar en una ante sala nosé con qe. motivo retrosedió, ise paso pero al enfrentar conmigo llamole la atension el olor colerica de proto con una voz vivisima y alterada me preguntó qe. traes en las manos; yo me quedé muerto mi cuerpo se eló de improviso y sin poder apenas tenerme del temblor qe. me dió en ambas piernas, dejé caer la porsión de pedasitos en el suelo tomóseme las manos se me olio y tomandose los pedasitos fue un monton una mata y un atrevimiento de marca mis narises se rompieron

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As capas, abertas

(Clique para ver em tamanho maior.)

manzano capa hedra 2a versao

Autobiografía Manzano, cubierta

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O manuscrito

A primeira página do manuscrito original, na caligrafia de Manzano, disponível na Biblioteca Nacional José Martí, em Havana:
(Clique para ver em tamanho maior.)

2

A edição cubana será fac-símile e vai contar com fotos de todas as páginas do manuscrito.

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As fotos

Em abril de 2014, estive em Cuba para buscar os vestígios da passagem do poeta-escravo pela ilha. Ambas as edições cubana e brasileira são ilustradas com essas belíssimas fotos.

Ruínas da antiga casa-grande do Engenho Los Molinos, em Matanzas 7

Ruínas da antiga casa-grande do Engenho Los Molinos, em Matanzas 3

Ruínas da antiga casa-grande do Engenho Los Molinos, em Matanzas 7

Ruínas da antiga casa-grande do Engenho Los Molinos, em Matanzas 7

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Compre agora A Autobiografia de Juan Francisco Manzano, editada por Alex Castro, traduzida ao português (ESGOTADO), ou no original em espanhol.

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outrofobia

outrofobia, textos militantes

Outrofobia. s.f. Rejeição, medo ou aversão ao outro. Termo genérico utilizado para abarcar diversos tipos de preconceito ao outro, como machismo, racismo, homofobia, elitismo, transfobia, classismo, gordofobia, capacitismo, intolerância religiosa etc.

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outrofobia Capa

Outrofobia, textos militantes. (Editora Publisher Brasil, 2015.)

Esgotado: tente na Amazon Brasil.

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Uma coletânea dos meus melhores textos políticos, sobre racismo, feminismo, transfobia, privilégio.

Textos de luta. Feitos para incomodar, despertar, cutucar.

Não são textos acadêmicos. Não trazem fatos novos, formulações originais, pesquisa primária, questões aprofundadas.

Eu jamais presumiria “ensinar” racismo para pessoas negras, feminismo para mulheres, transfobia para pessoas trans*.

O objetivo desse livro é tentar abrir os olhos das pessoas privilegiadas.

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Conteúdo

Prefácio, por Aline Valek

Sobre um uso da língua menos sexista e mais humano

Pra começar

Uma história de quatro pessoas

Racismo

Senzalas & campos de concentração

O peso da história: a escravidão e as cotas

Imigrantes sim, mas de que cor?

Racismo, miscigenação e casamentos interraciais no Brasil

Feminismo

Feminismo para homens, um curso rápido

A fácil paternidade

Cavalheirismo é machismo

O papel dos homens no feminismo

O segredo de beleza dos homens

Conversando sobre transfobia com uma criança

Faixa-bônus:

Como se sente uma mulher, por Claudia Regina

Privilégio

Carta aberta às pessoas privilegiadas

O assunto não é você

Ação de graças pelos privilégios recebidos

Carta aberta às humoristas do Brasil

Pra encerrar

O desabafo da moça do crachá

O baralho viciado

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Capa, contracapa, orelhas

Clique na imagem para ver em tamanho maior.

Outrofobia capa isabel final 19nov14.pdf

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Prefácio, de Aline Valek

Não gostar do Alex Castro foi a minha primeira reação. Foi até natural: quando descobri seus textos, descobri também que eles me provocavam certo mal-estar. Era comigo que eles falavam. Era pelo meu braço que eles me agarravam, sacudiam e ainda tentavam me arrastar para fora das linhas que delimitavam a minha zona de conforto.

Não encontro outra forma de começar a não ser com todo esse narcisismo: o que esses textos ME causaram, como eles pareciam ser escritos para MIM, como EU me senti. Eu. Eu. Eu. Porque, de certa forma, esses textos foram o aríete a derrubar meu ego para que eu pudesse enxergar a mensagem: o mundo não é sobre você.

Quão péssimo pode ser encarar essa verdade?

As páginas a seguir podem trazer o mesmo desconforto. Não é fácil digerir a possibilidade de ser um outrofóbico, alguém incapaz de perceber as outras pessoas e de se solidarizar com qualquer drama que vá além das paredes do seu mundo pessoal. Mas ninguém disse que se tornar uma pessoa melhor, mais empática e menos babaca, seria um passeio no parque.

A escrita de Alex Castro está aí para facilitar um pouco esse trabalho. Em ficção ou temas sérios, Alex consegue prender a atenção com uma linguagem constrangedoramente direta e não tem medo de te conduzir às mais profundas questões humanas, mesmo até aquelas das quais você talvez preferisse manter distância. É uma leitura que exige alguma coragem; Alex escreve como quem busca uma conversa franca. Aliás, Alex escreve como fala em seus encontros sobre As Prisões, dos quais já participei uma vez: enquanto fala dos costumes, tradições e preconceitos que arrastamos pela vida como bolas de ferro mentais, ele conta histórias e traz questionamentos provocadores, sem se importar se isso vai perturbar ou destruir todas as certezas de quem ouve. Tudo isso falando com muita calma, sentado bem à vontade sobre as pernas cruzadas e ainda preparando um cachimbo.

Tendo em mente esse cara zen e despreocupado, que ouve com tanta atenção, fica difícil se manter na defensiva contra um suposto escritor malvado apontador-de-dedos que quer um conflito com você. Porque o assunto aqui não é você, mas tampouco Alex. Se não é sobre leitor nem autor, é sobre quem?

No seriado Lost, sobreviventes de um trágico acidente de avião se veem perdidos em uma ilha misteriosa. Os protagonistas estão vulneráveis, desesperados e confusos; quando percebem que eles não são os únicos habitantes da ilha, bate um terror. Em vários episódios, quando nossos heróis e heroínas estão andando na selva, ouvem vozes por todos os lados. Ouvem passos. Quando se escondem, são capazes de ver pernas de homens, mulheres e crianças passarem por eles. Começam a chamá-los de Os Outros. Pessoas que eles não sabem quem são, o que fazem, onde vivem e o que querem com eles – e, por isso mesmo, só podem ser uma ameaça.

Somos, em alguma medida, esses protagonistas nesse exato momento da história. Sabemos que não estamos sozinhos, mas não conhecemos aqueles que dividem o mundo, essa ilha misteriosa, com a gente. Os Outros são apenas sombras que passam por nós na floresta e vozes que ouvimos ao longe, mas não conseguimos distinguir o que dizem. Temos medo d’Os Outros. Passamos a desenvolver mecanismos de defesa para nos proteger dessa ameaça que Os Outros possam representar e fechamos a escotilha de nós mesmos para não precisar entrar em contato com eles.

É no sentido de desconstruir essas muralhas invisíveis e de nos abrir para o conhecimento do Outro que Alex escreve. O assunto aqui são Os Outros: justamente esses que fomos ensinados a ignorar, a não ouvir, a tratar como inimigos.

É isso que torna a leitura de Outrofobia tão difícil e, ao mesmo tempo, tão necessária. Se você for capaz de se abrir para essa proposta, já terá dado o primeiro passo para se abrir também a uma visão mais humana do mundo. Garanto que pode não ser agradável, mas o mundo sem empatia já não é um lugar muito suportável.

Aline Valek, escritora e feminista, publica seus textos na Carta Capital e no site alinevalek.com.br, e é co-criadora do projeto de ficção científica feminista “Universo Desconstruído”.

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outrofobia Capa

Outrofobia, textos militantes. (Editora Publisher Brasil, 2015.)

Compre no site da editora, da Livraria Cultura, da Livraria da Travessa.

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livros

dedicatórias apócrifas

todos os meus livros que vendo, seja pessoalmente ou pelo meu site, vêm sempre com uma dedicatória única e exclusiva, apócrifa e 100% falsa.

algumas vezes, escrevo como um pai dedicando um livro à filha. noutras, como um filho dedicando o livro ao pai. amante rejeitando, ou amante rejeitado. etc etc.

as dedicatórias fazem parte da própria ficcionalidade das obras e ajudam a borrar um pouco mais a relação autora-leitora.

além disso, cada edição de cada um dos meus livros de ficção tem sempre uma biografia do autor apócrifa e diferente.

todas essas iniciativas, que parecem brincadeira mas não são, fazem parte do mesmo projeto artístico de apagamento do autor, de demonstrar que o autor não importa, só o texto importa.

ocasionalmente, as dedicatórias causam problemas, crises de ciúmes, revoltas paternas. hoje, soube de uma moça que pegou antipatia de mim por ter pensado que a dedicatória era algum tipo de indireta sarcástica contra ela.

quando isso acontece, apesar de eu saber que a possibilidade sempre existe, fico bem chateado e peço desculpas.

só pessoas lindas e incríveis compram livros independentes direto da mão do autor — ao invés de simplesmente comprarem o novo best seller genérico na fnac mais próxima. a última coisa que quero é chatear minhas leitoras fiéis.

então, mais uma vez, perdão. as dedicatórias são minicontos ficcionais: quaisquer correspondências com a realidade serão sempre mera coincidência.

se você tem uma dedicatória apócrifa que gostou, compartilhe uma imagem dela nos comentários.

e eu te agradeço.

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abaixo, alguns exemplos.

dedicatoria apocrifa (1)

dedicatoria apocrifa (2)

dedicatoria apocrifa (3)

dedicatoria apocrifa (4)

dedicatoria apocrifa (5)

dedicatoria apocrifa (6)

dedicatoria apocrifa (7)

dedicatoria apocrifa (8)

dedicatoria apocrifa (9)

dedicatoria apocrifa (10)

dedicatoria apocrifa (11)

dedicatoria apocrifa (12)

dedicatoria apocrifa (13)

dedicatoria apocrifa (14)

dedicatoria apocrifa (15)

dedicatoria apocrifa (16)

dedicatoria apocrifa (17)

dedicatoria apocrifa (18)

dedicatoria apocrifa (19)

dedicatoria apocrifa (20)

dedicatoria apocrifa (21)

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para comprar meus livros e receber a sua, clique aqui.

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bio

alex castro, aberto à visitação

Todas nós, mesmo as mais tranquilas e bem-resolvidas, estamos sempre travando batalhas internas, carregando problemas pesados, buscando conexões significativas.

Por isso, todos os dias, sempre das 17h às 19h, faço questão de estar disponível para receber quaisquer visitantes que precisem de ombros amigos, ouvidos atentos, abraços apertados.

Não é necessário ter intimidade, ser interessante. Basta vir.

Poucas coisas têm me trazido tanta satisfação quanto poder acolher as pessoas que me trazem suas histórias e seus traumas, suas dores e seus medos, suas esperanças e seus sonhos.

Quando estou com outras pessoas e ouço suas histórias com atenção plena, é como se minhas próprias preocupações mesquinhas não existissem.

De repente, percebo que se passaram várias horas, horas em que não mastiguei rejeições, não remoí desfeitas, não remendei vaidades; horas em que estive livre da ditadura do meu Eu.

Só consigo me libertar do fascismo de mim mesmo quando estou me doando.

* * *

Em casa, minha rotina é simples: trabalhar do nascer ao pôr do sol, com intervalos para meditar, cozinhar, ler. Lá pelas cinco da tarde, cansado, meu ritmo de produção começa a diminuir.

Essa é a hora perfeita para me visitar.

Aí, quem sabe, podemos beber um chá aqui no meu apartamento, tomar um açaí na casa de suco da esquina, ver o pôr-do-sol no Arpoador.

Minhas informações de contato atualizadas estão sempre na minha página de contato.

* * *

Quase todo dia tem aparecido pessoas diferentes, trazendo novas histórias de vida.

Sou um privilegiado de passar o dia inteiro fazendo aquilo que amo e ainda conhecer pessoas incríveis todos os dias.

Obrigado.

* * *

Um comentário que escuto com alguma frequência:

“Ai, Alex, não é muito carente implorar assim pra receber visitas?”

As visitas não são pra suprir as minhas carências: essas eu resolvo com minha esposa, com minhas cachorras, com minhas amigas.

As visitas são um serviço que eu presto, tanto como artista ao público que me consome (uma artista deve estar disponível ao seu público), como quanto irmão ordenado no zen-budismo a qualquer pessoa que precise de ajuda ou de acolhimento, de ouvidos carinhosos ou de abraços apertados.

* * *

Uma outra dúvida que surge:

“Alex, como você aguenta receber visitas de pessoas desconhecidas? E se elas forem chatas, tediosas, pentelhas?”

A chatice que enxergamos na outra pessoa é a nossa própria.

Nenhuma pessoa pode ser mais desinteressante do que aquela que não está interessada nas outras à sua volta.

* * *

Filmes e livros podem ser interessantes ou desinteressantes.

Já uma pessoa é um universo de questões e entranhas, traumas e braços, sonhos e pêlos.

Ela não é nem interessante nem desinteressante, pois não está lá para me entreter, me divertir, me empolgar.

(Ou seja, não é uma relação de consumo, onde ela é o produto e eu sou o consumidor.)

A outra pessoa só é.

Ela está ali, em busca de conexão humana significativa (como todas nós), e a única questão realmente importante é se vou me fechar ou interagir, bloqueá-la ou acolhê-la.

* * *

Vivi 48 anos cercado por pessoas e ainda não encontrei essa tal mítica pessoa chata, desinteressante, tediosa.

Existem várias pessoas que, por questões de compatibilidade, eu não gostaria de conviver por longos períodos, mas nunca encontrei ninguém cujo convívio fosse insuportável, desagradável ou mesmo tedioso por curtos intervalos — digamos, duas, três horas.

Como alguém pode ser desinteressante por três horas?

Ao final das três horas, a pessoa ainda é um mistério quase tão grande quanto no começo: um universo ainda praticamente inexplorado e desconhecido de planos e ressentimentos, alegrias e ciúmes; uma fonte ainda inesgotada, talvez inesgotável, de histórias e amores, fofocas e ódios.

Há tanta coisa a ser descoberta, a ser dita, a ser ouvida, que me parece inconcebível eu me sentir entediada.

Se estou entediada, isso revela não que a outra pessoa é desinteressante, mas sim a minha falta de interesse por ela.

E o que pode ser tedioso, chato, pentelho do que uma pessoa como essa, interessada apenas em si mesma?

* * *

O primeiro Exercício de Atenção é praticar um olhar generoso.

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menos

minhas contas mensais

como eu vivo da generosidade das minhas mecenas, acho importante que minhas contas sejam abertas e públicas.

minha casa.
minha casa.

no momento, minha única renda fixa são r$800 que ganho por textos que publico na internet.

todas as outras entradas possíveis são irregulares, incertas e imprevisíveis: vendas de livros ou de encontros, contribuições das mecenas, alguma turista querer ficar no meu apartamento. em qualquer dado mês, elas podem facilmente não render nem um único real.

já as despesas fixas mensais são aproximadamente: r$350 de condomínio, r$150 de gás/luz/internet/telefone fixo, r$400 de mercado, r$100 de transporte.

tenho um plano de internet popular de r$29, mas só para hóspedes: quando não tem hóspede, uma amiga fica com o modem, para eu poder trabalhar sem distrações. o plano de telefone fixo também é popular, só r$22. no gás, pago o mínimo, r$29.

algumas pessoas não acreditam que minha conta de luz seja tão barata, mas meus únicos aparelhos elétricos de uso contínuo são um frigobar e um laptop. além disso, tenho uma lâmpada fria no teto e outra em uma luminária de leitura, que nunca ficam acesas por mais de duas, três horas por noite. sobram apenas o chuveiro elétrico e o ar condicionado, dois aparelhos sazonais utilizados poucos meses por ano.

o que mais encarecia minhas compras de mercado eram bebidas, carnes e artigos industrializados, três coisas que não compro mais. sem isso, é impressionante o quanto rendem compras de grãos, frutas, legumes, ovos.

os gastos de transporte são baixos, pois faço tudo a pé, pelo bairro.

troco de computador nos anos pares, cerca de r$1.500, e de óculos nos ímpares, cerca de r$1.000, as únicas duas compras que programo e parcelo no cartão de crédito.

anualmente, pago cerca de r$100 de iptu.

não pago aluguel pois tenho a felicidade de ter recebido um apartamento, de forma completamente inesperada, em 2011. mas eu não estaria pagando aluguel de qualquer jeito. se esse apartamento não tivesse caído do céu, eu estaria morando, em definitivo e de favor, com a minha leitora e quase-irmã sônia, que cuidava do oliver durante minhas viagens, que me hospeda quando aparecem turistas para passar uns dias no meu apartamento, que agora hospeda até a minha companheira, que largou o aluguel e foi morar com ela.

(segundo a sônia, a primeira versão da prisão dinheiro, publicada em 2008, mudou sua vida e ela se sente em dívida comigo. eu sempre digo que ela não me deve nada, claro, mas aceito graciosamente o mecenato.)

minhas despesas fixas são essas. o que preciso pra viver é isso.

todo o resto ou é luxo (“olha que linda essa nova edição de moby dick“) ou é emergência — recentemente, minha geladeira pifou e precisei comprar uma nova (r$700, à vista).

ou seja, com cerca de mil reais por mês, eu vivo e vivo bem, com todas as minhas necessidades básicas preenchidas. usando laptop, consumindo cultura, comendo orgânicos. morando sozinho. na inflacionada zona sul do rio de janeiro.

se morasse com a família ou com uma companheira, em uma cidade ou bairro mais barato, poderia me bastar por muito menos.

em uma emergência, ainda dá pra apertar mais o cinto e abaixar esse número: comer mais frugalmente, andar mais a pé, usar menos eletricidade.

mas e o resto?, você poderia perguntar. viver não é apenas sobreviver. e os prazeres da vida?

sexo é de graça. passear em um parque, nadar no oceano, ver o pôr do sol no arpoador, tudo de graça. livros, eu pego na biblioteca, leio os que já tenho, baixo em pdf. exercícios, faço em casa ou na praia. internet, uso em qualquer café, quiosque, shopping center. filmes, baixo pela internet. saúde, o estado fornece de graça, inclusive meus remédios de pressão e diabetes. arte, sempre tem peça, show, exposições gratuitas, ou quase.

(na verdade, sem ser explorador demais, dá até para comer todas as refeições na casa das pessoas amigas. henry miller, em sua fase mais pobre de autor marginal, fazia uma escala de almoço com dezenas de pessoas conhecidas. com um mínimo de quinze, que nem é tanta gente assim, já dá pra marcar de aparecer na casa de cada uma em, digamos, terças-feiras alternadas e, assim, manter o papo sempre em dia e não explorar demais nenhuma única pessoa. em troca, henry se comportava como o artista marginal divertido e interessante que esperavam que fosse. devia ser um excelente negócio para todas as pessoas envolvidas: eu com certeza alimentaria henry miller duas vezes por mês. aliás, quem quiser me convidar para jantar regularmente, eu aceito.)

não estou dizendo que essa vida é desejável ou detestável, bonita ou feia, digna ou indigna, nenhum adjetivo positivo ou negativo.

estou dizendo que é possível.

para mim, é uma grande tranquilidade saber que me sustento com mil reais.

então, se vivo e me mantenho com mil reais, sem me faltar nada de necessário, isso quer dizer que viveria muito bem (luxuosamente até) com dois mil.

na prática, esse é o número que uso. considero que minha despesa mensal é de dois mil reais e meu atual objetivo financeiro é nunca gastar mais que isso por mês.

sendo bem sincero, me sinto até rico. afinal, é o dobro dos meus gastos fixos. mil reais de lambuja.

dá pra comprar uma geladeira novinha, o imprevisto dos imprevistos, e ainda ficar dentro do orçamento. dá pra comprar aquele livro que não resisti. dá pra pegar um táxi no dia em que estou carregando peso e está chovendo. dá pra assistir peças em teatros da prefeitura, onde o ingresso nunca passa de vinte reais. dá pra sair com as amigas pra jantar no mexicano da esquina.

em suma, dá pra ser flexível na frugalidade.

o que sobra eu economizo.

porque artista mambembe de vida incerta precisa economizar cada centavo. porque ter dinheiro economizado no banco é uma das formas mais concretas de liberdade.

* * *

abaixo, um trechinho da já citada prisão dinheiro, pré-respondendo uma objeção comum que esse texto suscita.

* * *

“ah, alex, viver assim é muito fácil! na minha vida, não daria!”

ao ler um texto como esse, muitas pessoas leitoras sentem uma ânsia irrefreável de ou apontar que a vida delas é diferente da minha (“para quem trabalha fora de casa não dá pra só gastar cem reais de transporte”, etc) ou interpelar a minha vida pessoal (“sendo dono de imóvel é fácil!”, “duvido que gaste só cem reais de luz, água, telefone!”, etc).

mas esse texto não é sobre a minha vida. a minha vida está apenas sendo utilizada como exemplo porque é a vida de quem escreveu o texto. naturalmente, os exemplos específicos da minha vida não vão se aplicar às vidas das pessoas leitoras.

hoje, em 2015, sou dono de imóvel. mas não era quando esse texto foi originalmente publicado em 2008, e muito menos nas duas vezes em que quebrei antes disso. em 2004, por exemplo, eu e minha esposa pagávamos r$600 por um quarto e sala em jacarepaguá, subúrbio do rio. em 2008, já sozinho, pagava trezentos e cinquenta dólares por um quarto em uma república de estudantes em nova orleans. o fato de eu ser dono ou não de um imóvel, hoje ou ontem, faz muito pouca diferença para a mensagem geral do texto.

o objetivo desse texto não é demonstrar que só dá para viver assim quem tem uma vida idêntica à minha ou que a minha vida é o máximo e todas devem me imitar. (que texto idiota seria esse!)

o objetivo desse texto é, através dos exemplos da minha vida, tão única e singular quanto a de qualquer pessoa, transmitir um novo jeito de pensar nossas despesas e nosso consumo, nossas necessidades e nossos prazeres, para que então cada um de nós possa decidir por conta própria o que quer fazer de nossas vidas tão únicas e tão singulares.

* * *

o texto acima faz parte da prisão dinheiro, onde esses temas são explorados mais à fundo.

eu sobrevivo graças à generosidade de cerca de 350 mecenas, que fazem contribuições em dinheiro para apoiar minha produção. se meus textos são importantes para você, por favor, considere a possibilidade de contribuir também.

para saber como, visite minha página de mecenato.

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textos

conselho

hoje, uma jovem me pediu conselho de carreira.

só tenho um, dividido em três partes:

evite ao máximo trabalhar, para não ser tentada a consumir.

evite ao máximo consumir, para não precisar trabalhar.

evite ao máximo procriar, para não usar a prole como desculpa para vender sua alma ao mercado de trabalho e ao mundo de consumo, fazendo concessões que jamais faria por si mesma.

evitando essas três armadilhas, o mundo vai se abrir para você em infinitas possibilidades.

ou não.

na pior das hipóteses, sua vida vai ser muito mais simples.

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bio textos

aviso de ficcionalidade

Sou um autor de ficção, escrevo textos de ficção.

Toda e qualquer anedota aparentemente autobiográfica em meus textos foi inventada por mim, para fortalecer ou ilustrar um argumento, e não possui relação alguma com a realidade.

borges e espelhos

A verdade raramente é verossímil: quanto mais verdadeiras parecerem as histórias, mais mentirosas serão. Na verdade, quase todas são reais, mas nenhuma é verdadeira. Algumas que digo que aconteceram comigo na verdade aconteceram com outras pessoas. Algumas que digo que aconteceram com outras pessoas na verdade aconteceram comigo.

Para evitar que meus textos se tornassem relatos egocêntricos da minha vida, todas as anedotas autobiográficas são consistentemente contraditórias, apenas acessórios a serviço de algum argumento sendo desenvolvido.

uma biografia em vídeo, do alex castro.

O que importa são as ideias sendo expostas, não a pessoa que as está expondo. Você, a pessoa destinatária, é muito mais importante do que eu, a remetente. É você que decifra, interpreta e contextualiza a mensagem. Meus textos vão dizer o que você disser que eles disseram.

Mas a ficção serve, entre outras coisas, para mostrar às pessoas leitoras que tudo é ficção. A verdade não existe. Tem coisa mais ficcional do que o Jornal Nacional, do que um livro de História do Brasil, do que uma biografia de celebridade? É tudo mentira. Tudo. O tempo todo. Especialmente as coisas que batem no peito pra se afirmar verdades verdadeiras.

Qualquer informação que você obtenha nos meus textos deve ser conferida em uma fonte independente antes de ser passada adiante. Então, quando aprender a fazer isso comigo, passe a fazer isso com todas as informações que receber de qualquer pessoa. Porque, no fundo, na prática, estamos todas imersas em nossas pequenas realidades, inventando que somos aquilo que nunca seremos, criando narrativas com base em nossas esperanças e preconceitos.

Somos todas autoras de ficção.

* * *

Para saber a verdade sobre como fiquei assim, leia a minha Bio.

Para ler mais sobre como a verdade pode ser uma prisão, leia a Prisão Verdade.

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textos

porque não debato

duty_calls

debater é uma atividade intrinsecamente narcisista, arrogante, competitiva.

minhas opiniões não são melhores que as das outras pessoas – uma premissa básica do debate, senão não tentaríamos convencer essas pessoas de que nossas idéias estão certas e as delas, erradas.

não cabe a mim a tarefa de corrigir, iluminar, convencer as pessoas que têm opiniões diferentes das minhas – pois, como minhas opiniões são as melhores, quaisquer opiniões diferentes são por definição piores.

evito atividades competitivas como argumentar e contraargumentar, pegar a outra pessoa em contradições, demonstrar as falácias de seus argumentos – na minha vida, prefiro atividades que não tenham vencedoras e perdedoras.

* * *

escrevo textos que expõem algumas das minhas ideias.

leio com atenção todo o feedback que recebo sobre esses textos.

e pronto.

outras pessoas usam meus textos, minhas ideias, meus argumentos para debater. não tenho controle sobre isso e respeito a decisão de quem faz.

mas eu prefiro só escrever os textos e, depois, ficar na minha.

* * *

algumas pessoas discordam veementemente de minhas ideias e me escrevem comentários apaixonados, cheios de argumentos, querendo me provocar ao debate.

mas não vou debater com essas pessoas, contraargumentar seus argumentos, convencê-las das minhas idéias, mostrar seus erros.

nada disso cabe a mim.

eu respeito suas opiniões e agradeço seu feedback.

* * *

de vez em quando, algumas pessoas ficam meio chocadas com essa minha posição, e perguntam:

“mas alex, se você não debate… como você aprende?!

nunca aprendi nada em nenhum debate, esse ambiente hipercompetivivo onde duas ou mais pessoas debatem os prós e contras de uma questão, tentando convencer umas às outras.

em debates, as pessoas só aprendem técnicas de oratória e narcissismo avançado.

eu aprendo lendo, vivendo, experimentando. em livros, em museus, nas ruas.

mais do que tudo, eu aprendo… ouvindo!

nada me ensinou mais do que simplesmente sentar com alguém e lhe oferecer o maior presente que posso dar:

minha atenção plena.

* * *

escrevi esse texto há muitos anos. ele é bastante citado e linkado pela internet – quase sempre por pessoas que também não querem debater.

incrivelmente, toda semana alguém me escreve querendo debater esse texto, ou seja, querendo debater comigo a minha posição de não debater.

minha resposta é sempre a mesma:

“respeito sua opinião. obrigado por me escrever.”

* * *

se esse assunto lhe interessa, leia os exercícios de empatia.

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textos

para quem serve o brasil?

hoje, economistas admitem que o salário mínimo é desumano e indigno, mas argumentam, com resignação, que o país iria à falência se pagasse um salário mínimo humano e digno.

ontem, cafeicultores admitiam que a escravidão era desumana e indigna, mas argumentavam, com resignação, que o país iria à falência se as lavouras fossem plantadas por pessoas assalariadas.

seja na época colonial ou no governo lula, o consenso entre as pessoas brasileiras que vivem em condições humanas e dignas é sempre o mesmo: o brasil só pode existir enquanto entidade política viável se mantiver grande parte das outras pessoas brasileiras em condições desumanas e indignas.

mas é viável uma entidade política que não consegue nem mesmo garantir condições humanas e dignas para a maioria de sua população?

nesse caso, existir para quê? existir para quem?

* * *

esse trecho faz parte do meu texto prisão patriotismo. (leia o texto inteiro aqui.)

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atenção. textos

Atenção., um livro de Alex Castro

Nenhum ato pode ser mais político e mais transformador do que enxergarmos e cuidarmos umas das outras.

"Atenção."

Compre

Atenção. está esgotado na editora e não há expectativa de nova tiragem. Recomendo o ebook e o audiolivro, esse último narrado por mim.

Do autor: R$245 no pix eu@alexcastro.com.br ou R$260 no PagSeguro, frete incluso (esgotado)

Impresso (usado): Amazon BR, Estante Virtual

EbookAmazon BR.

Áudiolivro: Tocalivros.

A capa é da artista plástica Isabel Löfgren.

Esse livro não teria sido possível sem a generosidade das mecenas, que me apoiam com suas contribuições em dinheiro. Todas as 810 mecenas estão citadas nos agradecimentos de Atenção. Muito, muito obrigado.

* * *

Compra direta com o autor

Comprando diretamente comigo, você paga um pouco mais, mas tem a satisfação de estar ajudando diretamente um autor que você aprecia e acompanha. E eu te agradeço. :) De brinde: dois marcadores de página exclusivo e uma dedicatória apócrifa única.

Compre:

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* * *

Extras do e-book

O ebook tem três extras exclusivos que não estão disponíveis em nenhum outro lugar:

  1. Uma entrevista comigo, falando mais sobre os bastidores do livro, sobre As Prisões, sobre budismo;
  2. Um making of, contando como o Projeto As Prisões se transformou no Atenção. (Isso mesmo: Atenção. é parte integrante do Livro das Prisões!)
  3. As duas primeiras Práticas de atenção, publicadas no meu blog pessoal LLL há mais de dez anos, e nunca republicadas.

Atenção, capa aberta.

Clique para ver em tamanho maior.* * *

Redes sociais

Site: alexcastro.com.br
FB: /alexcastroescritor
Twitter: @outrofobia
Insta: @outrofobia
Goodreads: /outrofobia

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Práticas de Atenção, a série completa

Abaixo, as Práticas de Atenção como foram publicadas no PapodeHomem entre 2014 e 2017. No livro Atenção., todas essas 16 práticas estão reescritas, expandidas e retrabalhadas, além de contar com mais 4 práticas inéditas e uma Introdução.

malvados, por andré dahmer
(malvados, por andré dahmer)

1. Praticar um olhar generoso

2. Dar-se conta das pessoas

3. Ver na sua totalidade

4. Ouvir com atenção plena

5. Cultivar o não-conhecimento

6. Exercer a não-opinião

7. Não ser a constante

8. Colocar-se em outra pessoa

9. Escolher agir com cuidado

10. Visualizar o privilégio

11. Praticar uma gratidão sustentada

12. Ser um espaço seguro

13. Falar somente o necessário

14. Abdicar do debate

15. Abraçar a não-certeza

16. Dar um passo

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copacabana

o que o faxineiro disse ao porteiro

entreouvida em copacabana:

“hoje, dona míriam, do 802, veio me dar bom-dia, perguntou meu nome, disse que era a primeira vez que me via ali… rá! primeira vez que ela repara em mim, né? porque ela me vê todo dia aqui varrendo a portaria.”

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textos

as virtudes do medo, de gavin de becker: minha mais urgente recomendação de leitura

as virtudes do medo” de gavin de becker, sobre como se prevenir contra violência, é o livro que mais presenteei na vida. já salvou minha vida e pode ser que salve a sua.

se você só aceitar uma recomendação de leitura minha, aceite essa.

vale em dobro para as mulheres, sempre expostas a violências adicionais que nós homens muitas vezes nem imaginamos.

(leia também esses dois posts da lola sobre o livro: sinais que você deve temer & medo e intuição podem salvar nos salvar de perigos.)

como a edição nacional já está esgotada faz tempo, minha querida amiga maffalda (que também teve sua vida salva por “as virtudes do medo“) escaneou o livro e converteu para vários formatos de ebook (azw, epub, mobi), tornando-o assim disponível para todas as pessoas brasileiras.

que seja então um presente e um pedido, de mim para vocês, homens e mulheres, leitoras e leitores:

por favor, leiam “as virtudes do medo“.

(ou leiam o original em inglês, “the gift of fear“.)

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bio

agradecimento público às mecenas

queridas mecenas,

esse texto é só para agradecer. mais uma vez. sempre.

vocês não imaginam o quanto eu valorizo, prezo, respeito o mecenato de vocês.

não acho trivial, não acho comum, não acho ordinário, que pessoas que eu nem conheço me contribuam dinheiro em troca…

bem, de nada, de textos que eu já dei e que já leram de graça.

não quero nunca me acostumar. não quero nunca ser a pessoa que acha normal receber esse tipo de contribuição.

penso no mecenato de vocês como um privilégio e como uma obrigação.

saber que vocês estão aí me faz ser uma pessoa melhor, um artista mais produtivo, um homem menos gastador.

eu penso:

não, não posso chutar o balde, não posso passar o mês só lendo game of thrones, não posso fazer aquela extravagância financeira.

não é para isso que essas 280 mecenas me sustentam.

eu tenho obrigação de ser essa pessoa que elas acham que eu sou.

e, talvez, quem sabe, na prática diária, um dia eu venha a ser.

vocês me ajudam muito, muito mais do que imaginam. (a ajuda financeira é a menor delas.)

e sou grato, muito grato.

* * *

você daria uma esmola para ele?

para também contribuir: alexcastro.com.br/mecenato

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copacabana menos

distópicas e luditas

de repente, na rua, alguém fala comigo.

abro a boca para responder…

e a pessoa passa por mim como se eu fosse um fantasma:

estava apenas falando em seu fone bluetooth, totalmente imersa em seus próprios problemas, tratando a rua pública como se fosse uma esteira rolante por onde desliza fantasmagoricamente, sem estar realmente presente, enquanto resolve suas questões virtuais com pessoas virtuais através de uma tecnologia virtual.

errado sou eu de achar que a rua é um espaço público para interação concreta entre pessoas de carne e osso.

* * *

infelizmente, não aprendo. meus instintos ainda são totalmente antiquados, completamente século XIX:

sempre levanto os olhos otimista, achando que estão falando comigo, achando que estou prestes a embarcar em mais uma interação humana…

sempre abaixo os olhos cabisbaixo, sem conseguir reprimir uma inexplicável pontada de desamor e solidão.

* * *

outro dia, em copacabana, aconteceu de novo.

levantei os olhos para o moço, mas ele não estava falando comigo.

entretanto, pasmem!, conferi uma orelha, verifiquei a outra: nenhum fone!

era um maluco à moda antiga, falando sozinho pelas esquinas do bairro.

ninguém entende, mas aquilo me trouxe tanta esperança.

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textos

elogio aos cães

os cães foram criados pela humanidade, à nossa imagem e semelhança, tão variados entre si como são variadas as pessoas humanas e suas sociedades.

e são talvez nossa melhor, mais nobre criação.

se algum dia a humanidade desaparecer, que seja julgada não por suas bombas atômicas ou obras de arte, mas por essa criação magnífica e transcendental, coletiva e cumulativa, generosa mas interessada, verdadeiramente atemporal e transcultural: o cachorro.

se sumíssemos todas as pessoas, os cachorros seriam a melhor coisa que deixaríamos pra trás.

só que não aceitariam ser deixados para trás: viram junto conosco até o fim, se preciso.

trilhos do trem em nova orleans

oliver nos trilhos do trem, em nova orleans.

* * *

“eu sou a lenda“, com will smith, é um filme ruim baseado em um livro bom, mas vale pelo cachorro.

sozinhos em um mundo pós-apocalíptico, temos uma relação homem-cachorro paradigmática: acordam juntos, caçam juntos, dormem juntos – como tem de ser, em perfeita sintonia.

é a própria essência do companheirismo, uma relação tão primordial que chega a ser atemporal e transcultural: há 10 mil anos, um aborígine africano e seu cão, o que haveria de diferente?

resgata pós-katrina (2)

resgate do oliver, depois do furacão katrina, em nova orleans.

* * *

algumas pessoas gostam de se perguntar: “o que jesus faria numa hora dessas?”

eu sempre me pergunto: “o que meu cachorro faria numa hora dessas?”

meu cão, oliver, foi encontrado na favela de rio das pedras em março de 2003. estamos juntos há quase doze anos. enfrentamos o furacão katrina. atravessamos os eua fugindo do furacão gustav. Viajamos o mundo, de carro e barco, trem e avião. vivemos aventuras mais inacreditáveis que tintim e milu. ao longo desses doze anos de vida pública na internet, esse cachorro sem-vergonha amealhou uma legião de fãs.

tantos cachorros se traumatizaram com o katrina, mas oliver continuou tranquilo. adora crianças e tem infinita paciência com tapas na cara e puxadas de bigode. anda pela rua olhando pra cima, fazendo contato visual com todas as pessoas. Éé amigo de todos os cachorros que encontra. não possui objetos que defende com rosnados possessivos. recebe bem todas os muitos invasores em potencial que aparecem na minha casa.

é um cachorro do bem.

oliver & alex na rede

ler na rede com o oliver, minha coisa preferida da  vida.

* * *

sempre que a vida fica pesada, confusa, complicada, eu tento me colocar no lugar do oliver. ver o mundo através das suas prioridades.

o oliver não liga pra dinheiro, prestígio, fama, respeito, vaidade. não tem medo da morte. não fica se admirando no espelho. não deixa seus fãs lhe subirem à cabeça. não tem apego a nenhum objeto. não faz ego search no twitter.

o oliver gosta de comer e de beber. de transar e de lamber pé. de correr e de brincar. de ficar imóvel ao sol por horas a fio. de entrar pulando no mar. de deitar juntinho de quem ele gosta. de seduzir as pessoas com seu olhar doce e sacana.

não é um cachorro perfeito, claro. tem medo de fogos de artifício, não gosta de motoqueiros e, mais do que tudo, não suporta não ser o centro das atenções.

na televisão

estrela da televisão.

* * *

pratico zen.

todo dia, no templo ou em casa, sento em uma almofada redonda e fico voltado para a parede, imóvel, por muitos minutos.

em nova orleans, em uma casa de vários quartos, eu me fechava em um dos aposentos vazios. agora, em copacabana, moro em um quitinete de um só ambiente.

medito junto com o oliver. e ele não tolera. como assim eu não vou dar atenção para ele? nada disso.

oliver rosna. oliver grita. oliver puxa a minha camisa. oliver lambe a minha cara.

e fico lá, imóvel, não coçando a coceira, lembrando as últimas palavras do mestre hakuin:

“meditar no meio da ação é milhões de vezes superior a meditar em meio à placidez.”

obrigado, oliver.

aturando crianças

aturando uma criancinha com toda a paciência do mundo. :)

* * *

perdi minhas maiores batalhas. tentei ser empresário e quebrei. tentei salvar meu casamento e falhei. ainda tento ter uma carreira literária e nada.

e, ainda assim, a pior noite da minha vida foi passada no aeroporto de detroit, véspera do katrina, dormindo sozinho no chão e chorando convulsivamente pelo amigo e companheiro que trouxera comigo do brasil e não conseguira salvar do pior furacão de todos os tempos.

nada nunca chegou perto do que senti essa noite.

na neve em nova orleans

na neve, em nova orleans.

* * *

oliver se recusa a revelar a idade, mas já está velhinho. está comigo há 12 anos e já era adulto quando nos conhecemos.

na semana passada, ele chegou na veterinária com uma leve anemia e uma pequena infecção, mas foi tratado por uma semana inteira… para dor nas costas. e sempre piorando! resultado: uma semana depois, a anemia e a infecção estavam descontroladas!

quarta de manhã, quando o levei em outro veterinário, não conseguia nem ficar de pé.

estava com uma infecção, forte anemia, plaquetas baixíssimas, um terço do volume de sangue.

na quinta, teve quase todo o seu sangue trocado pelo de uma rotweiler fêmea de três anos chamada bones.

depois da dose maciça de sangue de rotweiler, ele já está querendo enfrentar um novo furacão.

agora, vai se recuperando mas ainda está internado.

internado (2)

internado, dezembro de 2014.

* * *

não quero que o oliver viva pra sempre, nem vou tentar estender a existência dele além da sua qualidade de vida. só o que quero mesmo é poder passar 2015 grudado nele, me despedindo, curtindo, e compensando as muitas viagens que fiz em 2013 e 2014.

e ainda existem outras questões. em um mundo tão desigual, com tantas crianças passando fome, o quão ético é gastar fortunas para salvar a vida de um cachorro idoso, especialmente um que já viveu mais aventuras e já viu mais do mundo do que a maioria dos cachorros?

não tenho uma resposta para essa questão, mas estou com ela sempre em mente.

a conta das últimas duas semanas está em quatro mil reais e, se não fossem as pessoas que estão me ajudando financeiramente, não sei onde eu estaria.

mas… qual é o limite?

(aliás, muito, muito obrigado mesmo a todo mundo que ajudou. para ajudar também, clique aqui.)

internado (1)

internado, dezembro de 2014.

* * *

ter um cão significa não apenas uma lição diária sobre os verdadeiros prazeres da existência (afinal, o que são dinheiro e prestígio perto de correr ao sol e lamber quem se ama?), mas também sobre o inevitável ciclo da vida.

ter cachorro é aprender que a nossa juventude acaba mais rápido do que imaginamos e que logo atrás vem a velhice, a decadência física e a morte.

e ter cachorro também, por outro lado, é aprender que a morte pode e deve ser encarada com naturalidade e tranquilidade, com força e com estoicismo.

nessa minha vida cinófila, já perdi três grandes amigos: dolly, 1977-1989, júnior, 1990-1992, átila, 1993-2002. oliver, companheiro atual, de idade desconhecida, está comigo desde março de 2003, quando já era adulto. apareceu em minha vida no mesmo mês em que criei o lll, o blog que mudou minha vida. simbólico?

átila morreu depois de uma semana de esforços frenéticos para salvá-lo. não o deixamos sozinho nem por um instante. quando finalmente morreu, minha irmã e eu dormimos abraçados ao seu corpo. sentimos o rigor mortis progressivamente ir e vir. no dia seguinte, o enterramos debaixo das flores que ele gostava de cheirar toda manhã. entre as flores, minha mãe colocou uma plaquinha: “canto do átila”.

nenhum herói de filme teve morte mais digna, nenhum guerreiro valente foi mais bravo do que esses três animais ao encararem a própria morte. quem me dera ter essa força, essa tranquilidade, essa segurança.

quem me dera ter um cachorro pra me lamber a mão enquanto morro.

quem me dera ter uma pessoa querida para cuidar dele com amor e carinho depois disso.

internado (3)

internado, dezembro de 2014

* * *

odeio textos piegas. escrevo muitos. quase sempre, tenho a sabedoria de não mostrá-los a ninguém. com uma exceção: textos piegas sobre cachorros. quando falo de cachorros, eu viro uma manteiga derretida sem vergonha alguma.

* * *

mais fotos

resgata pós-katrina (4)

resgata pós-katrina (3)

resgata pós-katrina (1)

resgate do oliver, depois do furacão katrina, em nova orleans.

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rapper

rapper.

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pronto para a viagem

embarcando.

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por do sol

pôr-do-sol.

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papo reto

papo reto.

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oliver & co em são francisco

oliver & co, em são francisco.

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observando as ruas de nova orleans

observando as ruas de nova orleans.

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no seu puff

no seu puff preferido, na casa da sônia.

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no metrô do rio de janeiro

no metrô do rio de janeiro.

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natalino

ho-ho-ho!

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lendo mulher de um homem só

no lançamento de mulher de um homem só.

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lagoas da barra da tijuca

lagoas da barra da tijuca.

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grafitti pós-katrina em nova orleans

grafitti pós-katrina em nova orleans.

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enxerido

enxerido.

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em ubatuba

em ubatuba.

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em paraty

em paraty.

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close up

tímido.

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chegando em nova iorque durante furacão gustav

em newark, new jersey, chegando em nova iorque, fugindo do furacão gustav.

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caminha bang & olufsen

ninguém acredita quando digo que o oliver já teve uma cama bang & olufsen.

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remando com o oliver na baía de guanabara

remando na baía de guanabara.

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oliver faleceu no dia 17 de dezembro de 2014.