O objetivo de qualquer processo filosófico é sempre des-naturalizar o que nos parecia mais natural.
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Duas citações:
“A tarefa do historiador é dar à sociedade em que vive o sentimento da relatividade de seus valores … Se descrevemos corretamente o passado, se analisamos bem, sempre demonstramos que as pessoas, mesmo nos comportamentos mais banais, expressavam ideias, regras, princípios, que não são os atuais.” (Paul Veyne, aqui)
“O passado é um país estrangeiro, eles fazem as coisas de forma diferente por lá.” (L.P. Hartley, primeira frase do romance O Mensageiro)
Todas nós temos a tendência de não só naturalizar o mundo que recebemos mas também o mundo que veio antes de nós. De certo modo, todas achamos que as pessoas do passado eram essencialmente iguais a nós, com apenas roupas e penteados diferentes.
Juntando Veyne e Hartley, eu diria que a tarefa do historiador, enquanto artista (que Veyne também afirma que ele é) consiste em:
Fazer as pessoas se darem conta de o quão verdadeiramente estrangeiro é o passado.
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Os gregos acreditavam em seus mitos?, de Paul Veyne, foi uma das minhas leituras mais impressionantes do ano passado. Escrevi mais sobre esse livro nas minhas Leituras comentadas de 2019.
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Para quê serve a História? é um texto no site do Alex Castro, publicado no dia 19 de maio de 2020, disponível na URL: alexcastro.com.br/para-que-serve-a-historia // Se gostou, repasse para as pessoas amigas ou me siga nas redes sociais: Newsletter, Instagram, Facebook, Twitter, Goodreads. Esse, e todos os meus textos, só foram escritos graças à generosidade das pessoas mecenas. Se gostou muito, considere contribuir: alexcastro.com.br/mecenato