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Leituras comentadas, maio de 2017

Um mês de leituras religiosas, cristãs e budistas. A maior parte das leituras foi relacionada a alguma atividade que desenvolvo em nosso templo.

Um mês de leituras religiosas, cristãs e budistas. A maior parte das leituras foi relacionada a alguma atividade que desenvolvo em nosso templo.

1. (38) Noite escura, de João da Cruz, c.1580, espanhol.
2. (39) Manual de limpeza de um monge budista, de Matsumoto, 2011, japonês.
3. (40) Mimesis, de Auerbach, 1946, alemão.
4. (41) Embodied Attention, de Davelaar, 2014, inglês.
5. (42) Carta a um religioso, de Weil, 1942, francês.
6. (43) A pessoa e o sagrado, de Weil, 1942, francês.
7. (44) Espera de Deus, de Weil, 1942, francês.
8. (45) An Anthology, de Weil, 1940-1943, francês.
9. (46) Having once paused, de Iquiú, séc.XV, japonês.
10. (47) Leaves of grass, de Whitman, 1855, inglês.
11. (48) A cabana, de Young, 2007, inglês.
12. (49) Guia do estilo de vida do Bodhisattva, de Shantideva, c. séc. VIII, sânscrito.

* * *

A noite escura da alma

1. (38) Noite escura, de João da Cruz, c.1580, espanhol. [Trad:?]

Lido para o meu curso de Formação de Instrutor de Meditação, A noite escura da alma é um poema do frade carmelita João da Cruz, um dos maiores poetas quinhentistas espanhois. O livro, na verdade, é uma explicação em prosa dos primeiros versos do poema.

Para os fins do nosso curso, e da prática zen, os primeiros capítulos do livro apresentam os principais problemas enfrentados pelas pessoas no começo de suas trajetórias religiosas e espirituais.

Tudo se aplica a um recém ordenado como eu.

Abaixo, o poema completo, em tradução para o português:

noite escura da alma joao da cruz

Em uma noite escura,
De amor em vivas ânsias inflamada
Oh! ditosa ventura!
Saí sem ser notada,
Já minha casa estando sossegada.

Na escuridão, segura,
Pela secreta escada, disfarçada,
Oh! ditosa ventura!
Na escuridão, velada,
Já minha casa estando sossegada.

Em noite tão ditosa,
E num segredo em que ninguém me via,
Nem eu olhava coisa, Sem outra luz nem guia
Além da que no coração me ardia.

Essa luz me guiava,
Com mais clareza que a do meio-dia
Aonde me esperava
Quem eu bem conhecia,
Em sítio onde ninguém aparecia.

Oh! noite que me guiaste,
Oh! noite mais amável que a alvorada
Oh! noite que juntaste
Amado com amada,
Amada já no Amado transformada!

Em meu peito florido
Que, inteiro, para Ele só guardava
Quedou-se adormecido,
E eu, terna, O regalava,
E dos cedros o leque O refrescava.

Da ameia a brisa amena,
Quando eu os seus cabelos afagava
Com sua mão serena
Em meu colo soprava,
E meus sentidos todos transportava.

Esquecida, quedei-me,
O rosto reclinado sobre o Amado;
Tudo cessou. Deixei-me,
Largando meu cuidado
Por entre as açucenas olvidado.

O poema foi lindamente musicado pela cantora Loreena McKennitt:

Lorenna McKennitt, Dark night of the soul

* * *

Em maio, li dois livros da mesma coleção: esse e, mais abaixo, Cartas a um religioso, ambos da Clássicos da Espiritualidade, da Vozes. Queria só dizer que a coleção tem um projeto gráfico lindo e que essa capa é uma buceta.

noite escura, joão da cruz, editora vozes.

* * *

Limpando como um monge zen

2. (39) Manual de limpeza de um monge budista, de Keisuke Matsumoto, 2011, japonês. [Trad: Diogo Kaupatez, 2011.]

Manual de um monge budista

A partir de maio, comecei a dormir três noites por semana em nosso templo zen e a ajudar mais por lá.

Alguns budistas meditam para conseguir se iluminar.  No soto zen de Doguen Zenji, meditamos porque a própria meditação já é o iluminamento. Por isso, em um templo zen, todo o trabalho doméstico é ritualizado: meditamos trabalhando, meditamos limpando, meditamos andando.

Esse Manual de limpeza nos ajuda com várias ideias para converter nossos trabalhos domésticos em prática zen.

O zen, afinal, fundamentalmente, nada mais é do que uma religião baseada em TOC.

* * *

Gratidão eterna a Erich Auerbach

3. (40) Mimesis, the representation of reality in Western literature, de Erich Auerbach, 1946, alemão. [Trad: Willard R. Trask, 1953.]

4. (41) Embodied Attention: Learning from the Wisdom of the Desert and Saint Augustine in an Age of Distraction, de Kathryn Ann Davelaar, 2014, inglês.

auerbach

Reli dois capítulos de Mimesis sobre Agostinho e, em paralelo, essa tese sobre atenção em Agostinho, bem fraquinha. (Sobre minha relação com Agostinho.)

Mimesis, de Erich Auerbach, é um dos livros mais importantes da minha vida.

Graças a esse livro (na verdade, graças somente ao seu primeiro capítulo!), eu li a Ilíada e a Bíblia, que são dois dos meus três livros prediletos, que me enriqueceram a vida de maneiras que eu nem saberia expressar.

Em minha longa vida de leitor, mesmo sem Mimesis, eu seguramente teria chegado em ambos os livros e, com certeza, teria adorado a Ilíada mesmo sem sua influência.

(Na verdade, Auerbach fala quase que só da Odisséia, mas foram seus comentários sobre a Odisséia que me fizeram ler a Ilíada.)

Mas devo a Bíblia a Auerbach.

Li Mimesis em 1999 e passei o resto do ano inteiro lendo a Bíblia de cabo a rabo, hipnotizado, fascinado.

Sem o olhar literário de Auerbach, eu teria chegado à Bíblia com os mesmos preconceitos das pessoas que fazem careta quando digo que a Bíblia é meu livro preferido:

“A Bíííííblia? Esse livro horrível de carola chato? O que pode ter de legal na Bíííííblia???”

(Minha única resposta é: “Colega, você já leu Gênesis? Samuel? Reis? Eclesiastes? ? Jonas? Atos dos Apóstolos? Apocalipse?” A resposta, sempre, claro, é não.)

Enfim, obrigado, Erich.

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Simone Weil e a Atenção

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5. (42) Carta a um religioso, de Simone Weil, 1942, francês. [Trad: Monica Stahel, 2016.]

6. (43) La personne et le sacré, de Simone Weil, 1942, francês.

a. Human personality. [Trad: Richard Rees, 1962.]
b. A pessoa e o sagrado. [Trad: Lucas Neves, 2016.]

7. (44) Attente de Dieu, de Simone Weil, 1942, francês.

a. Waiting for God. [Trad: Emma Crawfurd, 1951.]
a. Espera de Deus. [Trad: Manuel Maria Barreiros, 2005.]

8. (45) An Anthology, de Simone Weil, 1940-1943, francês. [Ed: Sian Miles, 1986.]

No mês de maio, pesquisando para os Exercícios de Atenção, li e reli os textos de Simone Weil sobre atenção.

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A pessoa e o sagrado

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A edição brasileira de Pela supressão dos partidos políticos (mais sobre esse livro aqui) também inclui outro ensaio, na minha opinião ainda mais importante, “A pessoa e o sagrado”. Abaixo, alguns trechos:

O impessoal é o sagrado

“Desde a tenra infância até a morte, existe no fundo do coração de todo ser humano algo que, não obstante toda a experiência relativa a crimes cometidos, sofridos ou testemunhados, espera invariavelmente a bondade alheia, e não o mal. É isso, antes de tudo, que é sagrado em todo ser humano. … O sagrado, bem longe de ser a pessoa, é o que, em um ser humano, é impessoal. Tudo o que é impessoal no homem é sagrado, e só isso. …

O canto gregoriano, as igrejas romanas, a Ilíada, a invenção da geometria não foram, nos seres por quem essas coisas passaram para chegar a nós, instâncias de realização. A ciência, a arte, a literatura e a filosofia, que são apenas formas de realização da pessoa, constituem um campo em que se produzem sucessos vistosos, gloriosos, os quais fazem nomes ecoar por milhares de anos. Mas acima dessa seara, bem acima, separado dela por um abismo, há outro patamar, em que se situam as coisas de primeiríssima ordem. Essas são essencialmente anônimas.

Se o nome dos que acederam a esse patamar é lembrado ou não, trata-se de puro acaso. Mesmo que tenha sido guardado, eles entraram no anonimato. A pessoa deles desapareceu. A verdade e a beleza habitam esse domínio das coisas impessoais e anônimas. É ele que é sagrado. O outro não o é, ou, se o é, é somente como o poderia ser uma mancha de cor que, num quadro, representasse uma hóstia.

O que é sagrado na ciência é a verdade. O que é sagrado na arte é a beleza. A verdade e a beleza são impessoais. Isso tudo é patente. Se uma criança se engana ao realizar uma soma, o erro leva a marca de sua pessoa. Se ela procede de maneira perfeitamente correta, sua pessoa está ausente da operação.

A perfeição é impessoal. A pessoa em nós reside no que temos de equívoco e de pecado. Todo o esforço dos místicos foi sempre no sentido de que não houvesse mais em sua alma parte alguma que dissesse “eu”.”

* * *

Por quanto vendemos nossa alma? (Prisão Trabalho)

“Aviltar o trabalho [manual] é um sacrilégio, exatamente como pisar numa hóstia configura um sacrilégio.

Se os que têm um trabalho sentissem que, ao surgirem como vítimas deste, também são em certo sentido seus cúmplices, a resistência deles teria um impulso completamente distinto daquele que o pensamento sobre sua pessoa e seu direito pode lhes oferecer. Não se trataria de uma reivindicação; mas sim do motim do ser como um todo, selvagem e desesperado, como a garota que querem instalar à força numa casa de tolerância. E seria, ao mesmo tempo, um grito de esperança oriundo do fundo do coração.

Esse sentimento reside neles, mas tão inarticulado que nem eles mesmos o conseguem identificar. Os profissionais da palavra não logram expressá-lo.

Quando se fala com eles de sua situação, normalmente é pelo viés do salário. Sob o peso do cansaço que transforma em dor qualquer esforço de atenção, eles recebem com alívio a clareza dos números.

Assim, esquecem-se de que o objeto que se mercantiliza, o que eles reclamam se ver forçados a entregar por migalhas, longe do preço justo, não é nada senão sua alma.

Imaginemos que o diabo esteja comprando a alma de um desventurado e que alguém, compadecendo-se do desditoso, intervenha no debate e dirija-se ao diabo: “É vergonhoso de sua parte oferecer esse preço; o objeto vale ao menos o dobro”.”

* * *

A dor é inarticulável; o privilégio, muito fácil de articular

“Pois a pessoa só se realiza quando o prestígio social a envaidece; sua realização é um privilégio social. Não se diz isso às multidões quando se fala a elas do direito das pessoas. … Eis um motivo para que elas rechacem essa palavra de ordem. Em nossa época de inteligência obscurecida, ninguém se opõe a pleitear uma divisão equânime dos privilégios, das coisas que são privilégios em sua essência. Trata-se de uma espécie de reivindicação tão absurda quanto baixa; absurda porque, por definição, o privilégio é desigual; baixa pois este não merece ser almejado.

Mas a categoria dos homens que formulam as reivindicações e todas as coisas, que detêm o monopólio da linguagem, é uma categoria de privilegiados. Não são eles que dirão que o privilégio não merece ser almejado. Eles não pensam assim. Mas, sobretudo, seria indecente da parte deles afirmá-lo.

Muitas verdades indispensáveis e que salvariam os homens não são enunciadas por uma razão como esta: os que poderiam dizê-las não as podem formular, enquanto os que as poderiam formular não conseguem dizê-las. O antídoto a esse mal constituiria uma das pautas urgentes de uma política verdadeira.

Em uma sociedade instável, os privilegiados têm consciência pesada. Alguns a disfarçam adotando um ar desafiador e falando às multidões: “É perfeitamente razoável que vocês não tenham privilégios, mas que eu sim”. Outros lhes dizem com amabilidade: “Reivindico para vocês a mesma parcela de privilégios que detenho”.

A primeira atitude é odiosa. A segunda, destituída de bom senso. Além de fácil demais. …

O infortúnio é por si só inarticulado. Os desditosos suplicam silenciosamente que lhe sejam dadas palavras para se expressar. Há épocas em que eles não são ouvidos. Em outras, os termos lhes são fornecidos, mas são mal escolhidos, pois os que o fazem desconhecem o malogro que interpretam.”

* * *

O mendigo diante do juiz: porque é tão difícil ouvir quem sofre

“Nada é mais atroz, por exemplo, do que ver, num tribunal, um desditado balbuciar diante de um juiz que faz troça dele em linguagem elegante. Com exceção da inteligência, a única faculdade humana realmente interessada pela liberdade pública de expressão é essa parte do coração que grita contra o mal. Mas como ela não sabe se expressar, a liberdade não lhe vale grande coisa. É preciso primeiro que a educação pública seja tal que lhe forneça, o máximo possível, meios de expressão. Em seguida, é necessário um regime para a expressão pública das opiniões que seja definido menos pela liberdade que por uma atmosfera de silêncio e de atenção em que esse grito frágil e desajeitado possa se fazer ouvir. Por fim, é preciso um sistema de instituições que conduza aos postos de comando, tanto quanto possível, os homens capazes e desejosos de ouvir e compreender esse grito. …

Como um mendigo acusado de ter pegado uma cenoura numa plantação se ergue diante do juiz que, sentado confortavelmente, enfileira questões, comentários e gracejos elegantes, enquanto o interlocutor mal consegue articular – assim se posta a verdade diante de uma inteligência preocupada em organizar opiniões graciosamente. …

Um espírito preso à linguagem está encarcerado, quer queira, quer não. Seu limite é a quantidade de relações que as palavras podem ativar nele ao mesmo tempo. Ele ignora os pensamentos que implicam a combinação de um número maior de relações; esses pensamentos estão fora da linguagem, não são formuláveis, ainda que sejam perfeitamente rigorosos e claros – e ainda que cada uma das relações que os compõem seja passível de expressão em vocábulos precisos. Dessa forma, o espírito se move em um espaço fechado de verdade parcial (que pode ser maior ou menor), sem nunca poder espiar o que há fora dali.

Se um espírito cativo desconhece seu próprio cativeiro, vive no erro. Se ele o identificou, ainda que por um décimo de segundo, e se apressou em esquecê-lo para não sofrer, reside na mentira. Homens dotados de inteligência fulgurante podem nascer, viver e morrer no erro e na mentira. Neles, a inteligência não representa um bem, nem mesmo uma vantagem. A diferença entre homens mais ou menos inteligentes é como a entre os criminosos condenados à prisão perpétua cujas celas variam de tamanho. Um homem inteligente e orgulhoso em sê-lo se parece com um condenado orgulhoso de ter uma cela larga. …

Todo espírito preso na linguagem só é capaz de opiniões. … Um bronco de um vilarejo está tão próximo da verdade quanto uma criança-prodígio. Ambos estão separados dela apenas por uma muralha. Não se adentra a verdade sem ter atravessado a destruição de si mesmo, sem ter vivido por muito tempo num estado de humilhação total e extrema. …

A mente humana não pode reconhecer a realidade do malogro. Se alguém o faz, deve dizer a si mesmo: “Uma combinação de circunstâncias que não controlo pode me tirar o que quer que seja, a qualquer hora, incluindo todas as coisas que são tão minhas que considero como sendo eu mesmo. Não há nada em mim que eu não possa perder. Um acaso pode a qualquer momento abolir o que sou e colocar no lugar alguma arbitrariedade vil e desprezível”. Pensar dessa forma com toda sua alma é sentir o vazio, o nada. É o estado de humilhação total e extrema que é também a condição para uma passagem à verdade. É uma morte da alma. Eis aí o porquê de o espetáculo do infortúnio nu causar na alma o mesmo encolhimento que a aproximação da morte ocasiona na carne. …

Ouvir uma pessoa é se colocar em seu lugar enquanto ela fala. Colocar-se no lugar de um ser cuja alma está mutilada pelo malogro ou periga sê-lo em breve é aniquilar sua própria alma. Isso é ainda mais difícil do que seria o suicídio de uma criança feliz. Dessa forma, os desditados não são ouvidos. Eles se encontram em um estado semelhante ao de alguém de quem se tivesse cortado a língua e que esquecesse momentaneamente sua enfermidade. Seus lábios se agitam, e som nenhum vai ao encontro dos ouvidos. Eles próprios são subitamente tomados pela impotência no uso da linguagem, certos de que não serão escutados.

Por isso é que não há esperança para o mendigo em pé diante do magistrado. Se por entre seus balbucios desponta algo dilacerante, que penetra a alma, isso não será ouvido nem pelo juiz, nem pelos espectadores. Será um grito mudo. Também entre eles, os desafortunados são quase sempre surdos uns aos outros. E cada um deles, sob a pressão da indiferença geral, tenta pela mentira ou pela inconsciência se fazer surdo a si próprio.”

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Trechos avulsos

““Você não me interessa.” Eis uma frase que um homem não pode dirigir a outro sem cometer uma crueldade e ferir a justiça.”

“Na Antiguidade, não havia a noção do respeito devido à pessoa. O pensamento da época era claro demais para uma noção tão confusa. O ser humano só escapa ao coletivo elevando-se acima do pessoal para penetrar no impessoal.”

“É necessário, de um lado, que haja em torno de cada pessoa espaço e um grau de liberdade na organização do tempo, possibilidades de passagem a níveis de atenção cada vez mais elevados, solidão, silêncio. Ao mesmo tempo, cumpre que a pessoa esteja aquecida, para que a desorientação não a force a se afogar no coletivo.”

“A justiça consiste em zelar para que não se faça mal aos homens. Isso acontece quando um ser humano grita, interiormente: “Por que é que estão me maltratando?”. Ele com frequência se engana ao tentar perceber que mal lhe é infligido, quem o inflige e por quê. Seu grito, porém, é infalível.”

“Só a luz que cai sem parar do céu fornece a uma árvore a energia para fincar profundamente na terra poderosas raízes. A árvore na verdade está enraizada no céu. Apenas o que emana do céu é capaz de deixar uma marca efetiva sobre a terra.”

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Espera de Deus

Trechos de “Reflexões sobre o bom uso dos estudos escolares em vista do Amor a Deus”, ensaio de Espera de Deus:

“A formação da faculdade da atenção é o verdadeiro fim e quase o único interesse dos estudos. … Jamais, em caso algum, qualquer esforço de atenção verdadeiro se perde. … Sempre que um ser humano realiza um esforço de atenção com o único desejo de se fazer mais apto a apreender a verdade, ele adquire esta aptidão maior, ainda que o seu esforço não tenha produzido qualquer fruto visível. … É necessário … estudar sem qualquer desejo de obter boas notas, de ter sucesso nos exames, de obter qualquer resultado escolar, sem nenhuma consideração por gostos ou aptidões naturais, com idêntica aplicação a todos os exercícios, com o pensamento de que eles servem todos para formar essa atenção. …

A atenção consiste em suspender o pensamento, em deixá-lo disponível, vazio e permeável ao objecto, mantendo em nós mesmos, próximos do pensamento, mas a um nível inferior e sem contacto com ele, os diversos conhecimentos adquiridos que somos forçados a utilizar. O pensamento deve ser, para com todos os pensamentos particulares e já formados, como um homem que sobre uma montanha, ao olhar em frente, percebe debaixo de si, mas sem as mirar, muitas florestas e planícies. E, sobretudo, o pensamento deve estar vazio, à espera, sem nada procurar, mas pronto a receber, na sua verdade nua, o objecto que o vai penetrar. …

Os infelizes não precisam de outra coisa neste mundo que de homens capazes de lhes prestarem atenção. A capacidade de prestar atenção a um infeliz é coisa muito rara, muito difícil; é quase um milagre; é um milagre. Quase todos os que crêem ter esta capacidade não a têm. O calor, o ímpeto do coração, a piedade não são suficientes.

Na primeira lenda do Graal, diz-se que o Graal, pedra miraculosa que por virtude da hóstia consagrada sacia toda a fome, pertence a quem primeiramente disser ao guardião da pedra, rei paralisado em três quartos pela mais dolorosa ferida: «Qual é o teu tormento?»

A plenitude do amor ao próximo é simplesmente ser capaz de lhe perguntar: «Qual é o teu tormento?» É saber que o infeliz existe, não como unidade numa colecção, não como um exemplar da categoria social etiquetada «infelizes», mas enquanto homem exactamente semelhante a nós, que foi um dia atingido e marcado com uma marca inimitável pela infelicidade. Para isso é suficiente, mas indispensável, saber pousar sobre ele um certo olhar.

Este olhar é em primeiro lugar um olhar atento, em que a alma se esvazia de todo o conteúdo próprio para receber nela mesma o ser que olha tal como ele é, em toda a sua verdade. Disto só é capaz aquele que é capaz de atenção.”

* * *

Simone Weil: An Anthology

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Trechos de “Prerequisite to dignity of labor”, ensaio de A condição operária, disponível em Simone Weil: An Anthology:

Beleza é a essência do momento presente

“There is one form of relief and one only. Only one thing makes monotony bearable and that is beauty, the light of the eternal . It is in respect of one thing only that human nature can bear for the soul’s desire to be directed towards not what could be or will be, but towards what exists, and that is in respect of beauty. Everything beautiful is the object of desire but one desires that it be not otherwise, that it be unchanged, that it be exactly what it is. One looks with desire at a clear starry night and one desires exactly the sight before one’s eyes. Since the people are forced to direct all their desires towards what they already possess, beauty is made for them and they for it. For other social classes, poetry is a luxury but the people need poetry as they need bread. Not the poetry closed inside words: by itself that is no use to them. They need poetry to be the very substance of daily life.”

* * *

A plenitude da atenção ao momento presente

“A sower in the act of sowing, however, may, if he wishes, through his own movements and the sight of the seed entering the earth, direct his attention towards that truth without the help of a single word. If he does not reason around it but simply looks, the undiminished attention he pays to the accomplishment of his task reaches the very highest degree of intensity.”

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Treinando a atenção

“The only serious aim of schoolwork is to train the attention. … Pure, intuitive attention is the only source of perfectly beautiful art, truly original and brilliant scientific discovery, of philosophy which really aspires to wisdom and of true, practical love of one’s neighbour. … In order to attain intuitive attention , those with leisure to do so must exercise to their very utmost the discursive faculties which, while they remain , act as an obstacle. For those whose social function requires them to use those faculties there is probably no other method. For those whose faculties are almost completely paralysed by the fatigue of long daily labour, the possible obstacle is much reduced and the necessary wearing-down minimal. For them, the very work which paralyses, provided it be transformed into poetry, will lead to intuitive attention.”

* * *

A atenção das pessoas trabalhadoras

“The worst outrage, however, is violation of the workers’ attention. … The inferior kind of attention required by taylorized (conveyor-belt) work is incompatible with any other kind of attention since it drains the soul of all save a preoccupation with speed. This kind of work cannot be transformed and must be stopped. All technological problems should be viewed within the context of what will bring about the best working conditions. This is the most important standard to establish; the whole of society should be first constituted so that work does not demean those who perform it. It is not sufficient that they avoid suffering. Their joy must be desired also, not bought treats but the natural delights that do not cheapen the spirit of poverty. The supernatural poetry which should permeate all their lives could from time to time be concentrated in dazzling celebrations, as necessary in working life as milestones to the walker. … All should be done so that nothing essential is missing and the best among them may then possess in their daily lives the completeness artists seek to express in their art. If man’s vocation is to achieve pure joy through suffering, workers are better placed than all others to accomplish it in the truest way.”

* * *

Leia mais sobre Simone Weil em meu texto principal sobre ela.

* * *

Alex Iquiú Castro

having once paused iquiu

9. (46) Having once paused: Poems of Zen Master Ikkyu (1394-1481), de Iquiú, séc.XV, japonês. [Ed., Trad.: Sarah Messes e Kidder Jones, 2015.]

No dia 10 de junho, fui ordenado Irmão em Eininji – Templo do Cuidado Amoroso Eterno, em Copacabana.

O “Nome no Darma” que escolhi é Iquiú, um iconoclasta monge zen japonês do século XV.

(Darma = Ensinamento do Buda. Irmão = Tornar-se leigo ordenado no zen-budismo.)

Em uma época em que o Darma estava institucionalizado e corrompido, Iquiú escolheu dar às costas ao poder e viver entre os rejeitados da sociedade, as prostitutas e os mendigos, bebendo alcool e comendo carne.

Em nossa sociedade ocidental contemporânea, onde o Darma corre o sério risco de se tornar um capricho alienante da burguesia e uma técnica corporativa para aumentar a produtividade, é ainda mais essencial articular, praticar, corporificar um Darma voltado às pessoas mais vulneráveis, mais esquecidas, mais sofridas.

Por isso, escolho me chamar “Iquiú”.

* * *

Alguns poemas zen de Iquiú, em tradução livre minha.

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Comemos, cagamos, dormimos, acordamos.
Esse é nosso mundo.
Só o que temos que fazer depois
É morrer.

* * *

Sem começo,
Sem fim,
A mente nasce,
Para lutas e dores,
e então morre.
O vazio é isso.

* * *

Como o orvalho efêmero,
a aparição súbita,
ou o lampejo fugaz do raio
– mal aparece, já sumiu –
assim somos todos nós.

* * *

A lua é uma casa
onde a mente é mestra.
Observe:
Só a impermanência dura.
Esse mundo também vai passar.

iquiu peidando

* * *

Ir só.
Vir só.
Tudo ilusão.
Lhe ensinarei
A não ir nem vir.

* * *

Queria oferecer
Algo pra você.
Mas no zen
Não temos.

* * *

Meu melhor amigo, Walt Whitman

10. (47) Leaves of grass, de Walt Whitman, 1855, inglês.

Em maio, à beira da piscina na pousada da fazenda Sítio Velho, antes de começar a Imersão As Prisões, reli a “Canção de mim mesmo”. Que delícia, que delírio, meu Deus.

* * *

Uma vez, me perguntaram quais eram meus três poetas favoritos. A resposta: Whitman, Whitman, Whitman.

folhas de relva whitman

* * *

Walt Whitman talvez seja meu melhor amigo.

Sei que ele não me conhece, sei que ele morreu há mais de cem anos, sei que apoiou as políticas mais imperialistas de sua época, mas é difícil não imaginar que ele escreveu “Canção de mim mesmo” diretamente pra mim, só pra mim, pra mais ninguém, e que todas as outras pessoas leram de enxeridas.

No momento em que mais precisei, quando a minha vida estava pronta para uma reviravolta, foi Walt Whitman quem me deu o último pontapé na direção desejada.

Ler o velho Walt me energiza. É como se eu enfiasse o dedo na tomasse e sentisse meu corpo se energizando às ondas — eu também canto o corpo elétrico, Walt.

Obrigado.

* * *

 

Em 2011, eu larguei um doutorado, uma carreira, um emprego nos EUA e voltei pro Brasil, com a mão na frente e outra atrás, sem nada por aqui.

Muita gente me perguntou:

“Mas Alex, POR QUE você vai voltar?!”

Minha resposta, escrita na época, foi a seguinte:

Eu vou voltar porque, um dia, um homem que pra mim é como se fosse um deus inalcançável, uma figura mítica e sobre-humana, escreveu assim:

Eu me celebro e eu me canto

E o que presumo você também vai presumir

Porque cada átomo que pertence a mim também pertence a você.

Vagabundeio e convido minha alma,

À vontade, vagabundeio e me inclino para observar uma haste de grama do verão. …

Eu, agora com trinta e sete anos e em perfeita saúde, começo,

Esperando não parar até morrer.

(“I celebrate myself, and sing myself, / And what I assume you shall assume, / For every atom belonging to me as good belongs to you. // I loafe and invite my soul, / I lean and loafe at my ease observing a spear of summer grass. … / I, now thirty-seven years old in perfect health begin, / Hoping to cease not till death.”)

E por mais que eu saiba, com uma certeza religiosa, que esse homem não morreu nunca, nem vai morrer jamais, porque ele está aqui, comigo, hoje, eu também sei que ele sofreu um derrame paralisante dezoito anos depois de escrever essas palavras, e viveu o resto dos seus dias inválido.

E eu, hoje, também com trinta e sete anos, também com a saúde perfeita, também planejando não parar até morrer, sei que vai chegar o dia do meu derrame, infarto, câncer, glaucoma. Pois se até esse homem morreu, que esperança eu posso ter? Ele escreveu essas linhas e teve mais dezoito anos. Eu, quantos anos terei?

A vida é curta. Se, no dia do infarto, eu tiver sido escritor (mesmo que fracassado, medíocre, deslido) mas não doutor, minha vida vai ter valido a pena. Se não tiver sido escritor mas sido doutor renomado, crítico celebrado, professor festejado, autor de diversos e sensacionais estudos sobre a obra dos outros, estudos esses escritos em detrimentos da minha, vou morrer triste, desgraçado, fracassado.

Eu sou escritor. Minha língua é o português. Meus leitores estão no Brasil. Minha casa é o Rio. Cada segundo que passo longe é um segundo desperdiçado.

Tenho trinta e sete anos, em perfeita saúde, e não tenho tempo a perder.”

* * *

Depois de escrever essas palavras, seis anos atrás, eu já desenvolvi hipertensão, diabetes, gota, gastrite.

Mas passei esses seis anos ganhando a vida como escritor e, resultado tangível dos meus esforços, publiquei quatro livros, um deles no exterior.

Esperando não parar até morrer.

* * *

Leia meu texto principal sobre Walt Whitman.

* * *

Um Livro de Jó para os novos tempos

11. (48) A cabana, de William P. Young, 2007, inglês. [Trad: Alves Callado, 2008.]

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Faço parte de um grupo de estudos, em nosso templo, sobre cuidados paliativos com pessoas que estão morrendo. No meio das conversas, falou-se muito sobre esse livro e fiquei curioso para ler.

Me julguem: li e gostei muito, muito, muito.

O livro não diz nada que já não esteja dito (ou sugerido) pelo Livro de Jó, uma das grandes obras da humanidade. Como hoje em dia, ninguém mais lê ou entende o Livro de Jó, é interessante dizer algumas coisas de novo, soletradas, para o entendimento atual.

Para mim, ateu, coisas ruins acontecem com pessoas boas porque elas estavam no lugar errado, na hora errada.

Mas, para quem acredita em Deus, para quem sofreu perdas debilitantes, com certeza não existe história melhor que a de A Cabana para ajudar a fazer sentido das tragédias que sofremos.

Dentro do que se propõe, o livro apresenta uma visão da fé coesa e bem fechadinha. Se todas as pessoas que se dizem ou se consideram cristãs seguissem e incorporassem a mensagem desse livro, o mundo certamente seria um lugar um pouco menos pior.

(O filme achei infinitas vezes inferior, muito mais simplista, sem todas as discussões teóricas interessantes.)

Leia também meu texto principal sobre luto: A desesperança do luto.

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Shantideva, meu guia de conduta moral

Bodhicaryavatara shantideva

12. (49) Bodhicaryavatara, de Shantideva, c. séc. VIII, sânscrito.

a. Guide to the Bodhisattva’s way of life. [Trad: Stephen Batchelor, 1979, da tradução tibetana.]

b. The Bodhicaryavatara. [Kate Crosby & Andrew Skilton, 1995.]

c. Guia do estilo de vida do Bodhisattva. [Trad. em 2015, da versão inglesa de Neil Elliot, da trad. tibetana, 2003.]

d. The way of the Bodhisattva. [Padmakara Translation Group, 1997, da trad. tibetana.]

Em nosso templo, aos sábados, estamos lendo trechos de Shantideva: atualmente, estamos no capítulo 6. Por isso, estou relendo o livro e traduzindo alguns trechos.

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O Guia do caminho do bodisatva (Bodhicaryavatara) é um poema escrito na Índia do século VIII pelo monge Santideva.

De todos os muitos textos budistas, tornou-se o meu preferido, um dos livros mais importantes da minha vida e, seguramente, o que mais se aproxima de ser o meu guia de conduta moral.

O livro descreve tudo que tento ser, tudo que falho em ser, tudo que continuo tentando ser.

guia-do-estilo-de-vida-do-bodhisattva

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Nossos desafetos e como tratá-los

(Uma tradução livre de trechos do capítulo 6, “Paciência”.)

Todos os nossos atos generosos,
construídos ao longo de uma vida,
podem ser demolidos e desfeitos,
por uma única fagulha de fúria.

Não há mal pior que a fúria.
Não há bem maior que a paciência.
Por isso, com esforço, com zelo,
minha paciência desenvolvo.

Não há paz, não há prazer,
não há segurança, não há sono,
enquanto o dardo da fúria
está cravado em meu coração.

Aconteça o que acontecer,
a paz mental vou manter.
Pois o abatimento me impede
de atingir objetivos virtuosos.

Se problema tem solução,
não há porque se abater.
Se problema não tem solução,
de nada adianta se abater.

A mente sábia permanece serena
diante da desgraça e da dor.
Na guerra contra o ódio e a raiva,
há reveses como em toda batalha.

Guerreiros autênticos são os que
desprezam sua desgraça e sua dor
e destroem seu ódio e sua raiva.
Os outros matam inimigos já mortos.

Bodhicaryavatara shantideva_

Se não sinto fúria contra enxaqueca
ou refluxo, férteis fontes de frustração,
por que me enfureceria contra seres
também frutos de suas circunstâncias?

Se tivéssemos o que desejamos
nenhum dos seres sencientes
jamais sentiria dor ou desgraça
pois ninguém as deseja para si.

Na busca por beleza e bens,
sem cuidado e sem consciência,
flagelamos nossos corpos e
torturamos nossas mentes.

Algumas pessoas se enforcam,
outras pessoas se envenenam,
umas se mutilam, outras se endividam,
muitos modos de destruir a si mesmas.

Em sua dor, às vezes até assassinam
o Eu amado ao qual tanto se apegam.
Como então não causariam dor
às outras pessoas a sua volta?

Se não consigo sentir compaixão
por aqueles que se autodestroem
por suas próprias faltas e falhas,
devo pelo menos não sentir raiva.

É da natureza das pessoas imaturas
causar dor e desgraça umas às outras.
De nada adianta nos enfurecer com elas:
é como odiar o fogo por ser quente.

Assim como o cassetete que me bate
está sob controle da pessoa que o ergue,
ela está sob controle do ódio que lhe toma.
Melhor odiar o ódio do que odiar a ela.

Elogios e louvores me atrapalham e me distraem:
aumentam minha segurança e minha complacência.
Ao me sentir menos insatisfeito e menos deslocado,
diminui minha urgência em percorrer o caminho.

Quem me difama e maldiz,
impedindo que receba elogios,
são aliadas que me protegem
de afundar na complacência.

Eu, que almejo paz e liberdade,
não me apego à riqueza e renome.
Como então odiar quem trabalha
para me salvar desses grilhões?

Barram meu caminho rumo à vaidade,
impedem minha queda na complacência.
Como poderia odiar os guardiões
que me salvam de mim mesmo?

Mesmo se me impedem de fazer o bem,
ainda assim me protegem no caminho,
pois me levam à aprimorar a paciência
e ela é a maior de todas as virtudes.

Sem precisar buscá-los nem chamá-los,
eles me guiam na prática do caminho:
são como um tesouro sob meu assoalho,
encontrado sem esforço e sem fadiga.

Mesmo se querem me destruir,
ainda assim lhes devo gratidão,
pois se quisessem me ajudar,
essa paciência eu jamais teria.

Graças a quem me maldiz,
cultivei minha paciência.
Sou grato a eles, pois são
a causa de minha paciência.

Bodhicaryavatara shantideva L

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Uma tradução completa em português.

Meu texto principal sobre Shantideva.

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Convenções da lista

Título, autor, data da escritura, idioma original. (organizador, tradutor, data da organização e/ou tradução) data da leitura.

Quando são dadas várias traduções de uma mesma obra, a primeira foi a principal e as demais usadas para cotejo.

Considero um livro “lido” e acrescento nessa lista quando li o suficiente sobre ele para sentir que posso escrever sobre ele sem estar blefando: o critério é subjetivo e varia de obra a obra.

* * *

A mesma ressalva de sempre

Fazer listas de livros reforça uma ideia que considero muito problemática:

Que “ler é bom”, que todas deveríamos “ler mais”, que ler é uma atividade intrinsecamente melhor do que a maioria das outras, etc.

Mas ler um livro não é mérito, não é vantagem alguma, não é algo para se gabar.

Mais importante, simplesmente ter lido um livro não significa que a pessoa leitora o entendeu, que tirou dele qualquer coisa de relevante, bela, prazeirosa ou útil.

Listar os livros que eu li faz tanto sentido quando listar os vagões de metrô que eu viajei. (Aliás, quase sempre, o 1022 e o 1026, que operam na linha um e são os últimos vagões de suas composições.)

E daí, não?

Apesar disso, incrivelmente, as pessoas pedem e perguntam.

Enfim, a verdade é que trabalho com livros. Para mim, pessoalmente, esse tipo de lista é relevante e me ajuda a sistematizar as leituras.

Então, apesar do efeito negativo de divulgar listas assim, esses foram alguns dos livros que li em maio de 2017.

Uma resposta em “Leituras comentadas, maio de 2017”

Oi Alex, tudo bem?
Obrigado pelas recomendações. Por favor não pare de publicar listas de livros. Foi através de uma delas que conheci o Sempre Zen e que ele mudou a minha vida e da minha parceira.

Eu não entendi o que você quis dizer com essa sentença:
“O zen, afinal, fundamentalmente, nada mais é do que uma religião baseada em TOC.”

Você poderia falar mais a respeito?

Um beijo!

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