Das muitas obras literárias estreladas pelo heroi medieval El Cid, as poesias de cordel talvez seja as mais tradicionais e as mais belas.
Categoria: aula 01 épica
O Poema do meu Cid talvez seja a primeira obra-prima das línguas românicas. Quando foi composto, Dante ainda não era nascido e só começavam a surgir as primeiras canções provençais, no sul da França, seguidas pelas cantigas galego-portuguesas, no noroeste da Península Ibérica. Por tudo isso, o Poema está em um castelhano antigo, diferente daquele que é falado hoje, mas ainda compreensível.
(Para pessoas fluentes em espanhol contemporâneo, é um como ler Grande Sertão: Veredas para nós: é a mesma língua, mas em outro registro. Demora um pouco pra se acostumar mas, quem insiste, pega no tranco.)
O Poema do Cid é, antes de mais nada, uma belíssima obra de arte que pode e deve ser apreciada por qualquer pessoa. (O que a gente estuda é matéria pra escola: literatura a gente curte.)
Para nós, brasileiras, a primeira questão é: como ler? Não existe tradução brasileira em verso, o que é triste. Eu estou tentando escrever uma. Aqui vai, abaixo, uma primeira tentativa de tradução das quatro primeiras estrofes, rascunhada ainda, só para dar uma ideia da força do poema:
O Poema do meu Cid, no século XIII, é a primeira grande obra-prima espanhola, talvez a primeira verdadeira obra-prima literária em qualquer língua românica (ainda faltavam cem anos para A Divina Comédia) e um exemplo do melhor que a poesia medieval tinha a oferecer. É a canção medieval perfeita, protagonizada pelo cavaleiro paradigmático, bem-sucedido e em total sintonia com seu mundo.
Será nossa leitura na primeira aula do curso Grande Conversa Espanhola: do El Cid ao Dom Quixote, a invenção da literatura moderna.