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meu emprego de sonhos

criador de nome de esmalte e de operação da polícia federal.

"o cabo poeta". macanudo, por liniers

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arte

preliminares

pra fazer literatura, não é preciso ser inteligente, articulada, embasada. na literatura, tentamos criar sensações na outra: fazer rir, chorar, sentir medo. é como o sexo, onde você estimula o corpo da parceira, buscando aqui uma cócega, ali uma mordida, quem sabe uma arranhada, talvez uma lambida. é uma atividade quase física que não requer nenhuma inteligência, apenas sensibilidade.

a literatura é uma carícia no clitoris.

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zen

uma caneca

de repente, minha caneca térmica de tomar café começou a sumir. fui procurar e descobri que um dos colegas de casa, o nate, estava usando.

me irrita bastante não ter acesso a minha caneca. afinal, não foi pra isso que eu a comprei? para beber café?

toda vez que procuro minha caneca e não encontro, fico puto. fico puto de verdade. ensaio diálogos mentais de marchar quarto adentro do nate e dizer coisas como:

olha só, vamos fazer um trato? sim, todo mundo pode usar tudo de todo mundo, mas vamos combinar que cada um tenta usar prioritariamente as suas coisas e, se não estiverem disponíveis, as dos outros, ok?

talvez muitas pessoas concordassem com essa minha irritação.

pena que ela está errada. é babaca, pequena, mesquinha, egoísta.

o colega de casa não sabe que a caneca é minha, que me irrito que ele a use, que só bebo café nela: ele sabe apenas que não foi ele que comprou mas que ela está no armário junto com outras dez canecas que ele também não comprou. como ela só some de vez em quando, ele não a usa sempre: deve simplesmente pegar a primeira que aparece e pronto.

não, não uso nada dele. teoricamente, os objetos de cozinha são de uso comum (facas, panelas, potes, canecas, etc), mas eu já tenho as minhas próprias coisas, não preciso usar as de ninguém.

o nate é uma pessoa ótima, linda, aberta, carinhosa, generosa. um cara realmente desapegado. trabalhava em uma financeira, num emprego pacato e seguro, largou tudo pra fazer escola de culinária, e depois, veio pra nova orleans trabalhar no melhor restaurante da cidade, trazendo apenas a bagagem que cabia no seu carro. ele usa minha caneca porque nem tem a dele.

imagino que não haveria nenhum problema em falar sobre isso. tenho certeza absoluta de que ele não teria nenhuma reclamação. ele é norte-americano, respeita a propriedade privada!

olha, sabe como é, eu gosto dessa caneca, só tomo café nela, de vez em quando eu procuro e não encontro, você poderia tentar usar as outras antes de usar essa? na boa?

mas não vou falar nada. porque o problema sou eu.

o problema não é o nate (uma pessoa generosa que outro dia quase deu cinquenta dólares pra uma velha trambiqueira numa cadeira de rodas) abrir o armário e pegar a primeira caneca que vê pela frente. o problema sou eu ter qualquer tipo de apego a um objeto de plástico vagabundo, que custou 6,99 dólares mais impostos, sem qualquer valor intrínseco ou sentimental.

não quero ser a pessoa que regula uma caneca. não quero chegar pro meu colega de casa, com a mão das cadeiras e a voz irritada, e pedir pra ele por favor não usar a minha caneca! eu não quero escrever bilhetinhos “vamos cada um usar nossas próprias canecas?”

eu não quero ser essa pessoa. eu não sou essa pessoa. eu não sou essa pessoa porque eu não quero ser essa pessoa. eu não sou essa pessoa porque 99,99% de tudo o que acontece no universo (provavelmente mais) está fora do meu controle, mas eu pelo menos ainda tenho controle sobre algumas coisas: eu posso até ser uma pessoa que se incomoda do colega de casa usar sua caneca preferida, mas eu decido não ser a pessoa que reclama com o colega de casa de ele estar usando sua caneca preferida.

poucos conselhos são mais canalhas do que o clássico “seja você mesmo”. a maioria dos problemas do mundo veio de gente que estava simplesmente sendo si próprio.

mais importante do que “ser você mesmo” é ser quem você quer ser. todas as forças do universo nos impelem a nos conformarmos, a aceitarmos as regras do mundo, a cedermos, nos moldarmos. ser a pessoa que você quer ser é uma das tarefas mais difíceis do mundo. é uma luta diária, surda, interna, contra seus próprios preconceitos, suas mesquinharias, seus egoísmos.

se quero ser menos invejoso, menos ciumento, menos egoísta, então, basta ser.

ser quem eu quero ser é o mínimo que devo a mim mesmo. se não sou nem isso, então não sou nada.

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textos

para que servem os espelhos e os namorados

antes de um evento social. eu tomando banho, a namorada de então se maquiando. de repente, a pergunta:

– estou bem?

– está ótima. lindíssima. perfeita.

(silêncio)

– alex, você viu como eu estou?

– não, meu amor. estou com xampu no olho e tudo. mas não preciso te ver pra saber que você está sempre linda e ótima. além disso, tenho quase quarenta anos, cresci cercado de mãe, irmã, melhores amigas, ex-esposa, namoradas. fui muito bem treinado pra saber que essa pergunta só tem uma resposta. o fato de eu não conseguir te ver não muda nada.

– então, você sempre vai dizer que estou ótima e linda?

– sempre. tenho amor à vida.

– e se eu não estiver? e se a maquiagem estiver borrada?

– bem, é pra isso que inventaram espelho, não namorado.

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os mesmos olhos

em junho de 2000, minha irmã e eu estávamos procurando uma nova cachorra para nossa casa. então, uma amiga nos ligou: sua labradora dourada acabara de dar cria e ela guardara para nós a filhote mais linda, de olhos verdes. fomos buscá-la, nome já escolhido: esmeralda, como os olhos.

chegando lá, enquanto minha irmã conversava com a amiga e eu me jogava na grama entre os pingos de doce de leite, reparei em uma outra cachorrinha da mesma ninhada, que me encarava com os mais doces e lindos e profundos olhos castanhos que eu já vira. aquele olhar me conquistou.

levei a cachorrinha até minha irmã. ela também se apaixonou.

nossa amiga não entendeu: mas eu guardei pra vocês logo a de olhos verdes! a mais linda! labradora de olhos castanhos é muito comum!

não esses olhos, eu disse.

com certeza, não faltaram bons lares para os olhos verdes da esmeralda. mas quem levamos pra casa foi a sabrina.

os anos se passaram e o pingo de doce de leite logo se transformou em um tonel de doce de leite. sempre linda. sempre com aqueles olhos.

hoje, treze anos depois, sabrina está idosa e doente, como estaremos todas nós, se tivermos a sorte de chegar até lá.

quando soube os detalhes de sua grave condição de saúde, me lembro de ter pensado: meu deus, por que não sacrificam logo essa bichinha? essa é das maiores vantagens de ser cachorra e não humana. por que estender esse sofrimento?

mas, então, fui visitá-la.

mesmo magra e convalescente, mesmo sem conseguir comer pela boca e andando com dificuldade, lá estavam aqueles olhos. aqueles mesmos olhos. vivos, lindos, profundos, doces. olhos de quem ainda não desistiu. olhos de quem está na batalha. olhos de quem quer viver. olhos que não envelheceram. os mesmos olhos daquele pinguinho de doce de leite que me conquistou.

um dia, quando estivermos idosas e entrevadas, incapazes e enrugadas, a única lembrança que vai restar da criança que fomos um dia são nossos olhos. os mesmos olhos.

sabrina.

* * *

para chamar atenção para o sexismo da nossa língua, o texto acima usa o feminino como gênero neutro.

* * *

os olhos da sabrina se fecharam no dia 7 de outubro de 2013, aos 13 anos de idade, pouco menos de um mês depois de eu escrever esse texto.

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textos

“alex, você preferia uma filha gay ou ladra?”

conversando com uma amiga sobre homofobia, ela de repente me sai com essa:

“alex, falar essas coisas que você fala é muito fácil! na prática, na verdade, diz aí: você preferia ter uma filha gay ou uma filha ladra?”

quando finalmente parei de rir, respondi que “gay”, claro, mas por pouco.

afinal, por um lado, não consigo imaginar nenhum problema possível ou imaginário em ter uma filha gay.

e, por outro, como nunca tive nenhum amor pela propriedade privada, não vejo “ser ladra” como algo tão horrível assim. mas faltaria explicar muita coisa: como assim, “ladra”? existe isso de “ser ladra” como categoria ontológica definidora do indivíduo? ela rouba por compulsão? porque precisa pra alimentar as filhas? por diversão? por ideologia anti-capitalista? ela consegue se abster de roubar se for necessário? ela rouba com violência ou somente furta? ela rouba de quem pode absorver o prejuízo ou rouba as poupanças de velhinhas aposentadas?

naturalmente, minha amiga achou que eu estava de sacanagem. pra ela, nenhuma dessas distinções tinha nenhuma importância e, por motivos que sinceramente não consigo conceber, lhe era auto-evidente que ter uma filha gay destruía a felicidade de qualquer pessoa.

aliás, felicidade muito mequetrefe essa que se deixa destruir pela orientação sexual de terceiras.

* * *

talvez ela devesse ter me feito outras perguntas:

“alex, o que você prefere: uma filha homofóbica ou racista? conservadora cristã ou que usa uma camiseta 100% branca? que acha que são paulo leva o país nas costas ou que é membro da opus dei?”

mas o pior é que seriam falsas escolhas. porque a racista quase sempre é a homofóbica. a conservadora cristã quase sempre usaria a camiseta 100% branca. a membro da opus dei quase sempre acha que são paulo sustenta o brasil.

como separar? onde termina a loucura e começa a nojeira? onde termina a falta de empatia e começa a falta de caráter?

é por isso que nunca respondo perguntas hipotéticas.

* * *

talvez o mais interessante tenham sido as escolhas da minha amiga para “pior coisa que se pode querer para uma filha”:

“gay e ladra”.

não assassina e flamenguista. não freira e agressora doméstica. não libriana e corrupta. não anarquista e sonegadora. não pedófila e gamer.

mas sim “gay e ladra”. uma que vai contra a heteronormatividade e outra, contra a propriedade privada.

ou seja, o termo “heterocapitalista” deve ter sido inventado para descrever exatamente minha amiga.

na verdade, a palavra “heterocapitalismo” serve, antes de mais nada, para irritar as heterocapitalistas.

se eu digo que quero destruir o “heterocapitalismo” e você já fica puta, arranca os cabelos, diz que isso não existe… então, é você.

vamos derrubar tudo?

(imagem by juno cremonini)

* * *

para chamar atenção para o sexismo da nossa língua, o texto acima usa o feminino como gênero neutro.

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viagens na terra dos outros

ebook grátis: “viagens na terra dos outros”, de alex castro


(ao clicar em “quero ebook”, você estará voluntariamente entrando no meu mailing list e vai receber avisos periódicos sobre minhas palestras, novos livros, promoções, ebooks gratuitos, etc. depois não diga que não avisei!)

viagens na terra dos outros, ebook de alex castro
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textos

o demônio

hoje de manhã. oliver está empacado e eu chamando, vem, animal, vem.

uma das velhinhas de copacabana faz carinho em seu pelo e diz, ah, não chama ele de animal…

e respondo: ok. vem, demônio, vem!

ela me olha com uma expressão de horror e eu explico: mas esse é o nome dele. demônio. vem, demônio!

a senhorinha pega o rosto do oliver pelo queixo e levanta seus olhos: ah, não acredito!

e eu: minha senhora, olha bem pra cara dele. isso é um demônio.

demônio.
demônio.

* * *

acho que só quem anda comigo regularmente sabe que faço mesmo essas coisas.

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dos medos

amigo: alex, vc não tem medo de falar essas coisas e acharem que vc é gay?

eu: amigo, você não tem medo de falar essas coisas e eu achar que vc é homofóbico?

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zen

a solidão é um egoísmo

narciso.

ninguém reclama “estar sozinho”, sente “vazio existencial”, ou quaisquer outros desses caprichos bem-alimentados, quando está ouvindo, acolhendo, se doando para outra pessoa.

narciso não estava só: ele tinha seu reflexo.

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zen

um pouco sobre bashô

cinco haicais

escritos na juventude de bashô, entre 1666 e 1672.

na festa junina
corações desencontram
chuvorgasmo

* * *

botões de flor
pena que primavera não abre
uma bolsa de poemas

* * *

dentro da igreja
fiéis não têm como saber
cerejeiras em flor

* * *

casal de veados
pêlo no pêlo em consenso
pêlo tão duro

* * *

broto de bambu
gerações também escorrem
pelo orvalho

* * *

algumas notas

no original do primeiro haicai, bashô faz referência a um festival de verão, frequentemente interrompido por chuvas, onde havia o equivalente das nossas simpatias românticas de santo antonio nas festas juninas. a última palavra é um neologismo entre chuva e orgasmo.

no original do terceiro haicai, ao invés de “igreja”, bashô cita o nome de um templo budista. esse haicai é geralmente considerado uma crítica ao egocentrismo das pessoas religiosas que “rezam” muito mas não enxergam o mundo a sua volta.

em suas cartas, bashô revelou desejos homoeróticos que não se sabe se realizou. o quarto haicai é geralmente lido sob essa luz. é interessante a repetição da palavra “pêlo” três vezes. o animal “veado” tem uma conotação homossexual em nossa cultura, mas não, que eu saiba, na japonesa.

* * *

bashô é um dos grandes nomes da literatura mundial e mestre reconhecido em haicai. as versões acima, libérrimas, são minhas, baseadas na tradução inglesa muito bem anotada por jane reichhold, publicada pela kodansha.

* * *

basho

a bananeira

em 1680, um estudante deu a bashô uma muda de bananeira para seu jardim, uma árvore muito rara e exótica no japão. sobre ela, o poeta escreveu:

“suas flores, ao contrário de outras, não têm alegria alguma. seu tronco é intocado pelo machado, pois sua madeira não serve para nada. porém, amo essa árvore por sua própria inutilidade. … sento sob suas folhas e aprecio ver o vento e a chuva soprando contra ela.”

pouco depois, o poeta mudou pela última vez de pseudônimo e passou a assinar “bashô”, nome pelo qual está eternizado.

em japonês, “bashô” quer dizer “bananeira”.

* * *

a libélula

um dos alunos de poesia de bashô veio mostrar a ele, empolgado, um haicai sobre arrancar as asas de uma libélula para deixá-la parecida a uma pimenta vermelha.

bashô, que não tolerava crueldade nem no faz-de-conta, sugeriu trocar a ordem dos fatores: acrescentar asas a uma pimenta vermelha para deixá-la parecida a uma libélula.

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textos

“torne-se indispensável”

acompanhar o noticiário converteu-se em um investimento narcissista.

eu me informo sobre a crise no egito não por empatia e curiosidade, não por realmente me importar com o destino do povo egípcio, mas sim para me gabar de minha cultura, para ter assunto no almoço com as colegas de trabalho, para impressionar a chefa.

ou, como diz a nova campanha de um canal de notícias que sabe EXATAMENTE o que está vendendo:

torne-se indispensável
torne-se indispensável

e eu me pergunto: o que quero? me tornar indispensável? ou me tornar uma pessoa melhor?

existe algo de seriamente errado em uma cultura que vende como fundamental a necessidade de saber o nome do presidente da frança mas não do porteiro do prédio.

 

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textos

respeito

não se muda o mundo respeitando a opinião de quem te oprime.

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encontros livros

encontros do alex castro: depoimentos

alguns depoimentos de pessoas que vieram aos encontros do alex castro. as versões completas estão nos comentários.

* * *

* * *

é uma possibilidade de estar no mundo. e não simplesmente assisti-lo passar através das grades de nossa rotina.

filipe gonçalves

* * *

na cidade maravilhosa, uma maravilhosa experiência. me abrir com estranhos, parece estranho, mas deveria ser a coisa mais comum do mundo. sem conhecer quem senta do teu lado, aquela pessoa também está disposta a se abrir com você. me identifiquei com muitas histórias do grupo e eu só queria abraçar e chorar junto. dizer: “olha, qualquer coisa, estou aqui por vc”. terminou, e percebi que sozinha nesse mundo eu não estou. que meus problemas são problemas de muitas outras pessoas. e que minhas soluções podem estar em um simples aperto de mão. agradeço pela oportunidade e eu espero ter outras. recomendo para quem está precisando de ajuda e companhia. quando a gente não consegue sozinho, o melhor que podemos fazer é sim: pedir ajuda. mas não espere soluções diretas. talvez vcs a encontrem ao simplesmente ficar calado e ouvir o próximo. obrigada mesmo!

sarah carolina

* * *

a experiência … beira ao indescritível. só sabe de fato o que é, quem fez. é lindo, transformador, libertador. nos faz nos reconhecer em completos estranhos e reconhecer nossos privilégios. mudou minha visão sobre os outros. foi sensacional. =)

karen montanholi

* * *

* * *

… eu não sabia o que poderia esperar.

então eu encontrei, de cara, a liberdade de tirar os sapatos e encarar com naturalidade, em silêncio, cada estranho ali na sala. … um a um, os estereótipos vão sendo desconstruídos quando a gente ouve a questão do outro. eu fui ouvida sem interrupções, sem julgamentos, sem que rissem de mim. …

toda roda de conversa em que estive depois me pareceu diferente. virei aquela que retruca, quando se fala de alguém: “não, péra, essa pessoa não é só isso.”. me ponho a ouvir tentando não opinar – ainda é difícil. meu olhar pro outro não é mais o mesmo. isso me causa menos sofrimento, porque eu não preciso mais querer que a outra pessoa seja como eu acho que ela tem que ser. ela é o que é e ponto. é tão simples e tão estranho que não seja natural!

agradeço muito a oportunidade. a cada um dos que participaram comigo e, em sua generosidade, me expuseram suas questões, se despiram emocionalmente sem me conhecer.

karina chamklidjian

* * *

… foi preciso estar na companhia de desconhecidos para me abrir, para me perceber privilegiada, para ceder. ouvirmaisquefalarouvirmaisquefalar. que difícil esse exercício de sair um pouco de si. …

luana

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… devia ser feriado pessoal após a oficina de empatia. acordar hoje às 6h para vir trabalhar depois da experiência de ontem foi duro. estou fora de órbita. fora do eixo. digerindo tudo que foi dito por vocês e por mim também. foi uma experiência impagável. …

alvaro diogo

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… dedicar aquele tempo a ouvir outras pessoas, perceber mais profundamente o que nos conecta e diferencia delas foi sem dúvida uma experiencia muito positiva, que espero carregar no meu comportamento daqui em diante. …

andré lobato

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… me fez refletir e aprender. ouvi histórias bonitas, tristes, complicadas; coloquei minhas próprias questões em perspectiva e acho que a oficina cumpriu 100% o propósito que eu tinha: fazer um exercício de escutar, ter empatia, tirar a mim mesma do centro de tudo pelo menos por algumas horas. … não foi fácil em vários momentos. a tentação de dar conselhos, criticar e julgar é enorme. foi realmente um exercício, e saí de lá com a sensação de que preciso praticar muito mais. … recomendo! vão.

zel

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a maravilhosa oficina de empatia foi o melhor exercício prático de esvaziamento de mim mesma, e de por um momento, me permitir “entrar” em outro ser, outra alma, e sentir as suas dores. e o mais importante: sem hierarquizar sofrimentos e opressões. mais uma vez obrigada … por reunir tanta gente significativa em um só lugar.

aline xavier

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um banho de perspectiva. experiência muito bacana. falar de si mesma e ouvir os outros, te dá duas coisas: 1) a nítida sensação de que pessoas aparentemente diferentes têm problemas bastante similares, 2) a sensação de que “suas questões” são pequenas demais perto de outras “questões”. a caminhada do privilégio deixa muito claro, para quem acredita na meritocracia, que o buraco é bem mais embaixo. você visualiza, literalmente, como a vida é mais “justa” com você e como você é co-responsável por quebrar tradições tão arraigadas na nossa sociedade. e, por fim, você descobre como é difícil ouvir e comentar sem dar um exemplo parecido, sem trazer você próprio para dentro da questão, sem tentar resolver a questão do outro. valeu demais!

daniela

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… é lindo quando você reconhece as outras pessoas como pessoas, se enxergando e se identificando com cada uma! a última frase da boneca de sal: “o mar sou eu” é tatuada na alma ao final da oficina. essa oficina não foi feita para ser explicada e sim para ser sentida. gratidão. …

talita

* * *

… foi muito significativo pra mim.dentro do meu egoísmo, cheguei ali achando que era única, que meus problemas eram “meus”, eram orgânicos.

saí de lá com a certeza de que meus problemas são de todos, e os problemas de todos são meus.

não por demagogia, mas por saber que há sim uma inquietação comum a todos, reflexões sobre a vida, sobre as escolhas conscientes e inconscientes…

não por demagogia, mas por sentir que aquelas dores doíam em mim também.

não é ruim criar um personagem para sobreviver à selva. ruim é quando não se tem consciência nem participação nisso. é escolher não sofrer. é escolher diminuir o ego ao ouvir o outro.

ouvir… o encontro me fez ver o quão difícil é ouvir. ali, aquelas narrativas eram parte de mim porque eu escolhi estar ali. ouvir era fácil. mas, e quando a gente não ouve em casa, no trabalho? culpa de quem? do trabalho estressante, do marido chato? não, culpa minha que não consigo sair do meu eu e atentar, com todo o meu corpo, ao que existe agora.

saí exausta do encontro mais longo acontecido até agora. não pela duração, mas pela intensidade. no dia seguinte, meu corpo somatizou. dormi muito.

finalmente no primeiro dia acordada, pude sair mais vazia de mim. é um exercício minuto a minuto, que ainda terá muitas histórias a ser vividas.

pretendo, se possível, um dia chegar ao amor altruísta. quem sabe ser mais generoso mesmo seja mais factível do que amar?

daniela dantas

* * *

… intenso, complexo e profundo. … propicia um olhar para dentro de si a partir do outro, por meio do exercício da empatia. …

evie santiago

* * *

… algo indescritível.

quando marquei com uma amiga para irmos juntas um pensamento era unânime: mas o dia inteeeeiro? (com a voz de sofrimento) era o dia inteiro, ela teria que deixar a filha e eu o marido. então tá, vamos ver, ver qualé, qualquer coisa a gente vai embora depois do almoço…

acho que não há quem consiga fazer isso!

o encontro é tão envolvente, tão sedutor, ‘abridor’ de mente!

chegamos para o encontro às 9 da manhã e meia-noite não queríamos ir embora!
passei o dia inteiro com aquelas pessoas que não conhecia, nunca tinha visto na vida, gente legal, gente boa, gente amável, gente tão diferente! gente que ficou aberta à se mostrar, pois estávamos todos abertos à ouvir!

depois do encontro, estou todos os dias tentando me tornar uma pessoa que questiona, que quer saber, quer entender, quer se colocar no lugar do outro.

e continuo tentando…

taysa

* * *

pessoas bastante distintas, falando sobre assuntos profundos, intimidades, com outras completamente estranhas. uma espécie de encontro fora do tempo e rotina. propício para descosturar amarras e alinhavar e reforçar alguns pontos em si mesma e em outras, pela simples proposta de escutar, falar e ser escutada. no dia em que foi, o quórum feminino dominou (algo como 2 homens, contando com o alex, e 10 mulheres), talvez coincidência, talvez reflexo de que faltam espaços na vida para se colocar enquanto pessoa essência, e enquanto mulher. foi bonito, uma espécie de empoderamento feminino deu o tom do dia.

thaiza pedroso

* * *

… um sábado extraordinário, um exercício de dar ouvidos e praticar empatia, cultivar novas amizades e sentir que somos todos humanos, que as questões que afetam uns, afetam todos. … uma experiência única.

manuela

* * *

foi a primeira vez que não ouvi falarem em tom irônico: – nossa, mas vc está falando demais (!), pq o exercício era justamente o contrário de encenar um teatro social, de representar em uma conversa casual onde cada um toma a palavra e precisa prender a atenção de todos. ao contrário, no encontro se está livre para falar, ficar calado mas acima de tudo ouvir mais o outro que seus pensamentos. obrigado a todos … que me fizeram sair de mim mesmo, me acolheram, sem julgamentos e conseguiram me fazer ter mais que uma conversa banal, é uma puta experiencia, recomendo.

vinícius

* * *

… lá estávamos em contato com cada ser humano. lindo, complexo, incrível, cheios de dúvidas e certezas, como revela nossa incompletude. por diversos momentos, buscávamos: o que nos une? o que nos divide? o que nos caracteriza!? cada relato tratado e cuidado como uma entrega do mais genuíno do humano, da luz que cada um carrega em sua singularidade! entretanto, tantas marcas, feridas (e cicatrizes, as vezes) do que nos diz o socialmente constituído! olhar, olhar-se, sentir, sentir-se, sempre esse movimento do eu, outro, eu, outro… nós! algumas horas! algumas mesmo, que apenas pareceram minutos! e ainda há tanto, pouco não! tanto pra ser vivido, discutido, realizado e querido!

juliana

* * *

saí do encontro por volta das 23h30, e só consegui dormir (por cansaço) às 2hs da manhã porque “as prisões” se movimentavam o tempo inteiro dentro de mim. não se trata somente de um (des)encontro, mas sim de todo um período que você terá que lidar após ele: rever sua rotina, seu trabalho, as pessoas que passam a maior parte do tempo com você (seja por escolha ou não). é muito difícil; contudo permanecer no automático (e não rever este tempo que temos por aqui) é insuportável. vá.

daniele lacerda

* * *
não vá. há riscos grandes de te fazer começar a viver.

reinaldo ramos da silva

* * *

… foi uma experiência poderosa. nos possibilitou compreender melhor a empatia, nossa relação com o outro e nós mesmos, nosso (sempre presente, ainda que raramente percebido) narcisismo. nos mostrou que existem muitas formas de ser e pensar, todas perfeitamente válidas. e nos deu a oportunidade de rever nossas próprias maneiras de ser e pensar, e perceber que elas podem mudar, não apenas involuntariamente, mas propositalmente. uma oportunidade única de mergulhar dentro de nós mesmos, e de ver no espelho não só nós mesmos, mas também o outro.

alina

* * *

… ao longo do dia, conforme o assunto vai evoluindo, de uma forma única (porque únicas são as histórias e sentimentos compartilhados), vamos tendo a rara oportunidade de perceber na sua essência o humano (e sublime) no outro e, através disso, em nós mesmos. um lembrete, totalmente acachapante, do fato de que cada pessoa que encontramos é um universo a ser percebido, acolhido, compreendido. e que nós mesmos também temos a possibilidade de acessar essa percepção, acolhimento, compreensão. Um espaço raro de troca, de abertura, de muita escuta, de conversas com pés no chão e olhos nos olhos. uma experiência única e indescritível, mesmo, em palavras, por mais que a gente tente. talvez as únicas palavras a serem ditas sejam: se tiver a oportunidade de participar, não deixe passar. será transformador e inesquecível.

joão dal mollin

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assim como não se vive através de leituras sobre a vida, é difícil ter empatia sem praticá-la. penso no encontro como um exercício duro, mas bonito, tanto de empatia, como de confiança, de entrega. sem esses componentes, percebo agora ser bastante improvável que haja uma comunicação autêntica com os demais seres vivos, ainda que machuque, que assuste. saí d’as prisões bem confusa, porém, sem tanto medo do outro, de me ver no outro, de viver. obrigada!

ana pw

* * *

… de repente em um turbilhão de palavras, gestos e sons foram se desnudando em um encontro com seus fantasmas diante de várias testemunhas. um momento único e mágico que as transformaram em cúmplices.

telma silva

* * *

um dia para mexer com emoções e fazer a cabeça girar de tanto pensar sobre você, sobre a vida, sobre os outros… fui achando que 10h era muito tempo para o encontro. saí de lá achando que era pouco. é incrível mergulhar da vida de pessoas que nunca viu antes, saber suas aflições, preocupações formas de viver, sentir, lidar com situações…

eliza oliveira

* * *

o encontro colaborativo do alex, e dos que participam dele, fez uma baita mistura do que estava dentro de mim com o que estava fora. incrível perceber o quanto nos perdemos em conversas superficiais no dia-a-dia e o quanto este mesmo dia-a-dia pode ser muito mais interessante e intenso se nos permitimos falar e escutar sem julgar (e ser julgado), buscando a empatia, a compaixão. espantosa a discrepância entre a aparência (primeira impressão) e a essência das pessoas: como elas são profundas. participar das prisões aumenta nossa potência diante da vida, nos alegra. valeu muito a pena de sair da zona de conforto, que pra mim não foi nada fácil.

alex campos

* * *

é libertador. passamos o dia trabalhando nossa forma de ouvir as pessoas e percebemos não apenas que estamos cercados de pessoas incríveis naquele dia, mas que estamos cercados de pessoas incríveis o tempo todo, só não nos damos conta. o saldo, pra mim, foi mais tranquilidade, serenidade e, principalmente, empatia. terminamos a noite exaustos e com uma vontade grande de sermos pessoas melhores.

duda de oliveira

* * *

um dos dias mais memoráveis da minha vida. foi realmente incrível. um encontro com pessoas desconhecidas, que ao final da noite estavam guardadas em nossos corações. vale muito a pena ir. seja pra conhecer o bando de malucos que vão, seja pra falar em voz alta o que te aflige, seja para ouvir.

maira solá smaniotto

* * *

… foi uma soltura – perceber que existem pessoas tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidas. que questionam, que querem aprender, que não concordam com muita coisa fechada e acorrentadora com as quais vivemos. muito bom. ao contrário do que li algumas pessoas falando, não precisei digerir nada. difícil é digerir o que vemos no dia a dia… pra mim, o que se viveu no encontro foi agradável como um abraço. encontrar “semelhantes” por mais duro que seja o que se fala ou que se vive, é sempre agradável. recomendo.

fabinho vieira

* * *

foi uma imersão. como andar em uma estrada que se transforma em um mar. mergulhamos na lama para tentar achar alguma essência intocada. não achamos nada, mas desabrochamos um pouco. afinal, não se trata de um encontro que traz certezas, pelos contrário. a gente sai com mais perguntas do que entra, e é bom que seja assim. de repente estamos lá, dez pessoas que não se conhecem, compartilhando as profundezas. o que há de belo e o que há de feio. alguns até saem enlameados, levam um tempo para tentar parar de entender. pode ser que levem a vida inteira. mas pelo menos, é um começo. uma busca que acontece sob o olhar de um cara interessante, que nos questiona com sagacidade, e com seus questionamentos nos trouxe até ali, paciente e amorosamente, tecendo os fios do destino. de repente, nós nos descobrimos assim, alguns pela primeira vez, outros mais do que antes: questionando tudo, viajantes do nada. mais abertos graças a isso.

antonella yllana

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… aqueles desconhecidos, tão diferentes entre si em quase tudo, logo se mostraram pessoas não apenas legais e educadas, mas também interessadas em cada palavra trocada, numa intensidade incomum ao nosso cotidiano monossilábico. eles, de repente, sabiam o que nunca contamos a nossas mães e irmãos. traziam ponderações em uma riqueza admirável: o que era um problemão para um, era uma alforria para outro; o que ameaçava alguns, significava uma bem vinda transformação para outros; uns diziam um sinto muito, outros um boa sorte e um sorriso compassivo e esperançoso. foi um sábado muito muito longo, mas muito significativo para mim. hoje, semanas depois do encontro, poucos dos meus amigos ainda acreditam no tempo gasto apenas escutando atentamente, poucos percebem o bem que fez me reconhecer no problema dos outros. e, sobretudo, ninguém me tira a sensação de que ter descoberto um tesouro ao conhecer pessoas interessadas em extrair algo mais significativo da vida e não apenas recreação superficial. hoje digo em voz alta, sem medo: perdidos na vida, uni-vos! vocês são o passarinho voando que vale mais do que aqueles dois na mão das certezas que nos entucham!

alexandre avelino

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é engraçado como a gente tem uma grande facilidade para sentar e discutir por horas e horas a formação tática do barcelona e as vantagens do escanteio curto, mas acha extremamente difícil falar dos grandes problemas da nossa vida. aqueles nos quais a gente pensa o tempo todo. e também nos pequenos. … foi bonito ouvir gente chorando porque botou pra fora uma pressão social ridícula que carregava nas costas por 15, 20 anos. foi bonito ver alguém dizer que teve um monte de problema foda e passou por um monte de confusão e hoje tá bem. foi bonito ver gente dizendo que não tava bem, e as pessoas dizendo que ia ficar. também foi bonito ver que o mundo continua cheio de problemas, cheio de merda, cheio de coisa pra ser consertada. mas é assim mesmo. foi bonito observar que todo mundo tem uma história massa para contar, que todo mundo está lutando e precisando de ajuda e também disposto a ajudar. … vá e escute. vá e fale. vá, escute e fale. faça o que você quiser. é somente uma conversa. pode não servir pra nada. ou pode começar a te dar ideias. pode esclarecer dúvidas ou criá-las.

alex luna

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imagine o avesso: uma prisão que liberta. um encontro que é des-encontro. liberta por dentro e para dentro rumo ao que é fora. encontro que é desencontro porque desestrutura e desarticula conceitos, opiniões, impressões e julgamentos que em essência nem sempre se justificam ou se sustentam. encontro e prisão que abrem os olhos para se abrir caminhos. é assim.

liberta por dentro rumo ao que é fora, mas a certa hora se percebe que o dentro é o fora, que o fora é o dentro, são um só. que a fronteira entre eles é imaginária. tudo uno, tudo único, a inteireza do um.

13 pessoas 14 horas juntas, a dialogarem sobre temas socialmente oblíquos, a reverem seus universos pessoais, à luz ou não do tema do encontro. na busca da essência, que no grupo ironizamos “caminho, verdade e vida”, vale tudo, mas vale mais a verdade. será? mas o que é a essência? o que é a verdade? o que é ser espontâneo e autêntico?, alex firme a certa altura me desafiou. neste encontro, nada é subestimado, menosprezado nem fica impune. tudo se indaga e se confere. é preciso ter coragem e desejo para participar.

mesmo depois de tanto tempo e da carga informativa, emocional, sentimental e existencial que se formou, uma voz continua vibrando por dentro de cada um, ansiosa ainda a virar palavras a se dividir com o grupo. mas já é tarde. o caminho próprio, tem horas, precisa ser construído e trilhado sozinho e em silêncio.

no dia seguinte, muito do que vi nas ruas, antes não tinha visto, pensado nem sentido. mas como, se na véspera o mundo já era deste jeito? a visão é que era romântica para algumas coisas e cega para outras. na descontrução e desestruturação de rígidos conceitos foi-se embora a ingênua inocência. então, chegou a hora de botar a mão na massa. e olha que já estou jogando aos 10 minutos do segundo tempo…

emilio

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… um espelho em que você se vê no outro. acho que é transformador. tem força. tem honestidade.

elisabeth andrade

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uma das coisas que mais se comenta antes e depois de “as prisões” é da dificuldade de tentar definir o encontro.

levei duas semanas pra escrever esse depoimento, justamente tentando “definir” o encontro. devo dizer que falhei miseravelmente. o que não é uma coisa ruim, na verdade. só mostra que o encontro é uma coisa tão fora do comum (o que é bem triste, dado o conteúdo dele) em nossas “vidas corridas”, que quem está envolvido não possui experiências anteriores pra definir. porque não vamos lá pra falar de nós mesmos e sermos ouvidos, como é o comum em nossa sociedade auto-centrada e individualista. lá, nós falamos, mas não é esse nosso objetivo: nós vamos lá para OUVIR. mais que isso: vamos lá para ouvir e NÃO JULGAR as outras pessoas (ou pelo menos, tentar). não julgar suas roupas, cor de pele, história de vida, decisões tomadas. não julgar se tal escolha (alheia) foi a melhor escolha. não julgar as pessoas desconhecidas e também não julgar nossos amigos (e nós sabemos como a intimidade pode nos fazer achar que podemos julgar alguém). não achar que nossa experiência de vida pode ser usada para parametrizar a vida alheia. nós vamos lá para fazer algo que rotineiramente não fazemos, exceto em locais pré-determinados pelos outros: nós vamos conhecer pessoas, e elas não são de nossa família, não estudam no mesmo local em que estudamos, não trabalham onde nós trabalhamos, não moram onde nós moramos. nós vamos lá para lembrar que cada uma daquelas pessoas que nunca iremos conhecer (ou que achamos que nunca iremos, pelo menos), que frequentam aqueles locais que nunca entramos ou não queremos entrar, que têm uma idade que não conseguimos nos imaginar tendo, cada uma delas é uma pessoa tão complexa e com uma vida tão cheia de detalhes quanto a nossa e que nós saberíamos disso no nosso dia-a-dia se parássemos pra conversar e OUVIR, cada uma delas. e apesar disso parecer óbvio, não há como descrever o que sentimos quando, de fato, alguém começa a falar. .. como anfitrião, ele faz o máximo possível pra nos sentirmos à vontade, para “valer a pena” esse “vôo cego” em que nos metemos. pague pra ver. nós pagamos e podemos dizer que vale a pena.

fenrir henrique

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… ouvir histórias de pessoas que, como você, têm angústias, insatisfações, que possuem as suas próprias histórias de vida. algumas mais profundas, outras mais atuais, o que importa é que todos estamos no mesmo barco: todos temos um calo que dói. o encontro teve um efeito inesperado em mim: entrei querendo falar de monogamia, achei por muitos momentos que era tão bom conhecer aquelas pessoas que talvez eu nem devesse falar, acabei falando de traumas de infância, saí de lá querendo botar no colo cada uma das pessoas que eu conheci naquele dia. foi mágico.

franciele bischoff

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… não se trata somente de um (des)encontro, mas sim de todo um período que você terá que lidar após ele: rever sua rotina, seu trabalho, as pessoas que passam a maior parte do tempo com você (seja por escolha ou não). é muito difícil; contudo permanecer no automático (e não rever este tempo que temos por aqui) é insuportável. vá.

daniele lacerda

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…lá estávamos em contato com cada ser humano. lindo, complexo, incrível, cheios de dúvidas e certezas, como revela nossa incompletude. por diversos momentos, buscávamos: o que nos une? o que nos divide? o que nos caracteriza!? cada relato tratado e cuidado como uma entrega do mais genuíno do humano, da luz que cada um carrega em sua singularidade! entretanto, tantas marcas, feridas (e cicatrizes, as vezes) do que nos diz o socialmente constituído! olhar, olhar-se, sentir, sentir-se, sempre esse movimento do eu, outro, eu, outro… nós! algumas horas! algumas mesmo, que apenas pareceram minutos! e ainda há tanto, pouco não! tanto pra ser vivido, discutido, realizado e querido!

juliana

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… no encontro se está livre para falar, ficar calado mas, acima de tudo, ouvir mais o outro que seus pensamentos. obrigado a todos … participantes que me fizeram sair de mim mesmo, me acolheram, sem julgamentos e conseguiram me fazer ter mais que uma conversa banal. é uma puta experiencia, recomendo.

vinícius

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pessoas bastante distintas, falando sobre assuntos profundos, intimidades, com outras completamente estranhas. uma espécie de encontro fora do tempo e rotina. propício para descosturar amarras e alinhavar e reforçar alguns pontos em si mesma e em outras, pela simples proposta de escutar, falar e ser escutada. no dia em que fui, o quórum feminino dominou (algo como 2 homens, contando com o Alex, e 10 mulheres), talvez coincidência, talvez reflexo de que faltam espaços na vida para se colocar enquanto pessoa essência, e enquanto mulher. foi bonito, uma espécie de empoderamento feminino deu o tom do dia.

thaiza pedroso

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eu fui para ouvir. … e exercitar a outridade foi muito bom. pari o silêncio para escutar as vozes. fechei um ciclo. outros começaram. criamos vínculos intensos e verdadeiros com pessoas estranhas em um único encontro. isso nos dá possibilidades de acreditar ainda mais em nossa espécie em nossos sonhos. … agora começa a escuta muito mais atenta e os exercícios de empatia são realmente valiosos. … alex é um belo ouvinte e um fantástico falante também. na oratória e na “escutatória” poética de rubem alves ele vai além do que pude supor.

domingos sávio

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nas primeiras horas do encontro, achei que nunca na minha vida estive cercado de tantas pessoas interessantes com histórias de vida incríveis. no final do encontro, percebi que provavelmente cruzo com pessoas incríveis todos os dias — talvez não tantas de uma vez só — mas raramente me coloco disponível para ouvi-las, conhece-las e apreciar toda a complexidade de um outro ser humano, tão humano quanto eu. … enquanto você não passa por uma experiência dessas, não sabe o quão transformador isso pode ser. provavelmente subestimamos o poder do ato de ouvir justamente por não termos esse hábito.

raphael dourado

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me sinto como uma cobra que comeu algo grande demais, e vai levar um bom tempo digerindo tudo.

lucas maimone

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o grande pano de fundo da conversa é “menos você”, mais generosidade, mais respeito ao outro. o mundo não gira em torno da gente. recomendo fortemente para pessoas adultas de todas as idades, crenças, estilos de vida.

clara machline

prisões, natal, 30ago14. foto: claudia regina.
prisões, natal, 30ago14. foto: claudia regina.

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um encontro de vidas. uma vivência para o espirito. um desenlace de pouco a pouco. na minha condição de estudante de comportamento (das áreas da antropologia e e psicanálise) posso dizer que vive ali uma experiência prática de tudo aquilo que investigo. e isso abrigou no meu corpo todo muitas sensações. a cabeça pensante deixei em casa e vivi! sai dali com o meu corpo todo marcado, ou melhor, entendendo sobre as minhas marcas, pois o meu corpo real, estava todo dolorido, vinham flashes da noite passada, da vida, das repetições e das marcas mesmo, machucados, dores e cortes. foi uma experiência inesquecivel.

maria carmencita job

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o bacana do encontro é que por mais que você leia os depoimentos e os textos, nunca vai conseguir explicar com clareza como é passar o dia realmente ouvindo, se doando e inexplicavelmente se sentindo bem conhecendo os outros mais do que fazendo-os conhecer você.

80% do debate no dia fica realmente a cargo de nós compartilhando sobre nossas vidas, sobre as prisões que encaramos, problemas e situações tão diferentes e ao mesmo tempo que jamais faríamos ideia da similaridade entre todos se não estivéssemos ali, no mesmo barco de narcisismo e ego, de valores que por vezes não podemos entender ou justificar simplesmente nos foram dados prontos e assim os aceitamos.

o encontro é uma ótima oportunidade para encarar esse tipo de situação e ver que mesmo de formas diversas, todos nós queremos questionar, podemos entender e perceber que no fim, grande parte da mudança não depende de uma autoridade sobre nós, apenas de nós mesmos.

allan cutrim

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participar do encontro é um processo que, como toda experiência transformadora, começa com um “sim”. sim, eu vou. sim, posso dispor de um dia para ouvir, aprender e ser transformado. quando falamos um “sim”, abrimos mão instantaneamente de qualquer possibilidade de controle sobre o que vai ou não nos transformar. nos colocamos abertos ao que o momento poderá nos proporcionar. e aí a mágica acontece. você ganha uma alteração permanente na sua capacidade de ser no mundo, de se relacionar, de pensar e também de sentir. você se encontra e se perde nos depoimentos, nas trocas, no contato. e é por isso que o encontro transforma. mas esse “sim” é, por sua vez, resultado de um processo que já se desencadeava. e esse mesmo “sim” é mais um elo nesse amontoado de experiências para as quais você se abriu e continuará se abrindo, porém é também um marcador importante. na verdade, é muito mais simples do que tudo isso. é um momento de encontro entre pessoas que se gostam antes mesmo de se conhecerem. e aí a mágica acontece!

izabela o. bandeira de melo

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não perca nenhuma oportunidade de falar, o q vc fala pode ser decisivo pra quem está ouvindo.

livia sheila

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desde a confirmação do encontro em recife até ele acontecer de fato foram quase 8 meses. nesse meio tempo eu imaginei mil coisas mirabolantes sobre o encontro! mas foi completamente diferente, mais completo e mais simples! as pessoas foram mais abertas, as histórias foram mais intensas e alex, claro, põe as coisas de uma forma que entendemos e, raramente, discordamos.

camila manguinhos

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estou até hoje tendo insights sobre diversas situações ocorridas no dia a dia, é incrível!!! na correria de hoje em dia é tão difícil as pessoas falarem e as outras ouvirem, e o mais importante: ouvirem com interesse e empatia. só por isso já vale a pena participar. o papel do alex nesse processo é muito legal, ele não dita nada, vai só fazendo as intervenções dentro do contexto, é mais um do grupo, que com a sua experiência vai delineando a conversa, para que todos participem, de uma forma muito natural e espontânea.

priscilla martinelli

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prisões, recife, 23ago14, coletivo lugar comum. foto claudia regina
prisões, recife, 23ago14, coletivo lugar comum. foto claudia regina

participar de um encontro como “as prisões” é obrigatório para quem tenta ser uma pessoa melhor. … ninguém jamais será a mesma pessoa, nem olhará para o próximo da mesma maneira. ouvir outras pessoas pode ser libertador e, no mínimo, fará seu mundo deixar de girar ao redor do seu próprio umbigo. tampouco olhará novamente para a sua vida, ou para dentro de você, sem algum estranhamento ou desconforto. afinal, todas essas coisas que me ensinaram até hoje… o que é mesmo que elas estão fazendo aqui? por que as reproduzo sem pensar sobre isso?

eva guimarães

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alex tem um jeito de falar diretamente sobre os pontos cegos e mais difíceis de serem observados por nós mesmos… é isso que nos chacoalha … é um encontro onde realmente somos tocados, seja pelas identificações com aspectos das questões das outras pessoas, seja pela beleza, coragem ou dor reveladas em suas histórias. … uma semana se passou e ainda reflito sobre coisas que ouvi naquele domingo… algumas, com certeza, me acompanharão por muito tempo!

gabriela de paula bicalho

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uma experiência singular. acostumado a diálogos cada vez mais vazios e superficiais, o encontro “as prisões” me fez perceber o quão importante é manter o bom e velho contato “olho-no-olho”, e o quão interessante pode ser as vivências íntimas e angustiantes de um semelhante.

felipe de oliveira

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o encontro das prisões toma forma de acordo com a busca das pessoas que estão lá e o que elas escolhem compartilhar. … é uma experiência bem diferente ouvir histórias de pessoas até então desconhecidas que por vezes passaram por experiências parecidas com a nossa e também ouvir histórias de pessoas com percursos totalmente diferentes do nosso. sentir a dor dos outros como se fosse sua, mesmo por um curto momento faz com que a gente mude nosso olhar.

gustavo thron

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como foi bom ter ido! pessoas tão diferentes umas das outras, e ao mesmo tempo tão iguais. cada um com seus problemas, sua vida, sua verdade… um a um, todos depositaram seus sentimentos ali no meio do grupo. e aí eu olhei para as minhas questões, aquelas que estavam me agoniando e pensei: mas isso não é nada! esqueci de minhas angústias, das minhas feridas, para olhar os meus iguais. saí exausta, o corpo doído. mas a cabeça, ah, a cabeça leve, leve…

vania lacerda

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vi que cada um ali tinha uma parte que tinha a ver comigo … as coisas foram se encaixando na minha cabeça e vi que foi muito proveitoso ouvir os depoimentos e questionamentos e relacioná-los dentro da minha mente borbulhante. … fico pensando em como as pessoas são tão diferentes e ao mesmo tempo tão próximas. todas as relações que eu faço/tenho com as pessoas “automaticamente” começam a fazer parte de mim, me tornando diferente do dia anterior … cheguei no analista pensando: hoje vai render!

livia kodato

prisões, salvador, 3ago14. foto: claudia regina.
prisões, salvador, 3ago14. foto: claudia regina.

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olá, você-que-eu-não-conheço-e-só-posso-supor,

se você caiu aqui significa que tem afinidade com os textos e as ideias do alex, e possivelmente esteja pensando em participar de um dos encontros.

não sei qual seu nome, seu endereço, sua filosofia de vida, se gosta da gema do ovo mole ou dura. talvez você seja uma mulher negra linda que teve que assumir o controle da própria beleza e do sonho de ser cientista. ou quem sabe um cara que foi amante de uma mulher e, pra disfarçar, fez amizade com o marido dela (e esse é só o começo da história!). pode ser uma moça com ascendência japonesa que rejeitou a associação pré-concebida sobre a sua etnia como “monstros das ciências exatas” e, além de professora de arte, toca bateria numa banda de heavy metal.

ou não. essas foram, na verdade, algumas das pessoas incríveis que conheci no encontro das prisões. se pudesse voltar àquela sala e me apresentar, diria que sou uma garota mimada tentando ir contra anos de soluções prontas e coisas que aparecem (ou somem) magicamente, sempre a meu favor.

com essa descrição talvez seja mais fácil se identificar. =p

a verdade é que as prisões funcionam como um exercício prático de empatia. éramos 14 pessoas numa sala com o único objetivo de nos vermos, nos conectarmos, nos conhecermos. nossas próprias histórias, o combustível que nos fazia levantar temas espinhosos – monogamia, narcisismo, trabalho, dinheiro, sexismo, racismo, felicidade… – sempre com a contribuição generosa do alex.

quando fiz jornalismo, eu pensava em sair por aí catando as histórias do mundo. é infinitamente mais fácil do que imaginava, e não existe diploma que me credencie para tanto. cruzamos com centenas, milhares delas, todos os dias na rua. o que nos separa é um simples “olá”.

foi um dia para abalar certezas muito bem decoradas (as nossas prisões). agora continua o treino. (:

você certamente não precisa desse encontro para isso. as ideias do alex estão muito bem expostas nos textos dele, disponibilizados gratuitamente na internet. a diferença aqui é colocar a própria vida na fogueira, compartilhá-la com pessoas que nunca viu na vida, ouvir de verdade, provocar as certezas do outro.

espero voltar numa próxima oportunidade.

melina lima de franca

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foram treze horas chafurdando o que tinha de mais íntimo e vendo em outras pessoas um reflexo do que somos como sociedade. os sentimentos surgem do nada e variam de acordo com o assunto e a pessoa. raiva, amor, amizade, compaixão, admiração e várias outras emoções que na verdade não buscamos e não percebemos em nosso dia a dia.

o alex com seu papo inicial manso nos deixa livres e parece que a intimidade latente vem desde a infância entre aquelas pessoas. nunca nos vimos, temos idades diferentes, nada sabemos da vida de cada um e todos contam detalhes que não diriam para um irmão na mesa do bar. claro que as pessoas ali são as erradas e ovelhas-negras sociais, mas mesmo assim, fica difícil de se gerar uma interação tão boa entre desconhecidos. …

obrigado alex! obrigado por não dizer o que eu queria ouvir. por não mostrar nenhum caminho. por não estabelecer nenhuma regra. aprendi a desaprender.

joão marcelo moreira

prisoes, rj, 29mar14 foto alex castro
prisoes, rj, 29mar14 foto alex castro

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consciência plena. é o que o encontro “as prisões” te faz adquirir. tu sai dele consciente de que a culpa por todo e qualquer sofrimento na tua vida é apenas tua. consciente do quanto tu se contorce pra criar falsas justificativas pras escolhas que tu fez e te fazem, de alguma maneira e com relativa intensidade, sofrer. depois do encontro, tu te torna consciente de que sofre por escolha. mais: te torna consciente de que a qualquer momento pode escolher não sofrer mais por nada.

depois do encontro, tem consciência de que é apenas um mímico fingindo ter paredes à sua volta. consciência de que é um pássaro cantando tristemente por estar preso dentro de uma gaiola que ele mesmo armou. percebe que a qualquer hora pode bater as asas e voar. porque tu é livre. todos somos.

obrigado, alex, por me ajudar a achar a última peça do meu quebra-cabeça. foi o melhor presente de aniversário que eu poderia ter recebido. tudo tá em harmonia. que não te falte saúde. boa sorte.

josé ary da silva júnior

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foi incrível a diversidade de pessoas que tivemos no nosso evento em vitória/vila velha!

só pelas idades, já percebi a quantidade de histórias distintas que cada um já viveu, com pessoas de 19, 20, 30, 40, indo até 60 anos.

o meu destaque vai para um senhor de uns 60 anos, que outrora era um “cabeça fechada”, e deu um belo depoimento demonstrando o quanto queria e já estava mudado.

durante o evento, eu fui me dando conta do quanto minhas ações eram diferentes do que a minha cabeça pensava, não dando para algumas pessoas a liberdade de serem quem elas queriam, cerceando suas liberdades apenas por “ir na onda dos outros”, com brincadeiras que todos faziam, mas sem perceber o mal que eu poderia ter causado para eles (ou nas palavras do alex, a “violência” que eu estava cometendo com eles).

mesmo assim, ao fim do depoimento, eu percebi que eu tinha entendido a teoria, mas a prática não era nada simples. coloquei isso para os demais e vi que eu não era o único a perceber a dificuldade de agir de maneira não narcisista, ainda mais com tantas pessoasl em volta com quem eu me preocupo e quero “ajudar”.

dias após o evento, a prática continua se revelando complicada. é uma vigília própria constante para atentar para meus atos e palavras, e assim espero levar para o resto da minha vida.

joão olavo vasconcelos

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é muito saudável ter um espaço como esse para se despir das máscaras que são usadas no dia-a-dia. um ambiente com pessoas estranhas, que não esperam nada de nós, que não podemos decepcionar. dá uma segurança incrível para se abrir (e há algo de substancialmente errado com uma sociedade em que é mais fácil se abrir com estranhos).

cada um tem a sua própria noção do que seria um mundo melhor e obviamente não existem respostas prontas, então, é um exercício fundamental ouvir o outro falar de seus próprios defeitos e não julgá-lo por isso, mas apenas reconhecer sua humanidade, com respeito e compreensão. e a única forma de termos empatia pelas falhas e problemas do outro é saindo do nosso pedestal de “pessoas-legais-diferenciadas-que-tentam-construir-um-mundo-melhor”. é reconhecendo que temos mil coisas podres dentro da gente, tanto quanto qualquer pessoa. por circunstâncias pessoais, familiares, sociais, culturais, etc, desenvolvemos mais ou menos coisas boas e ruins, como qualquer ser vivo sobre a terra (sem desconsiderar que há pouca unanimidade sobre o que é bom ou ruim).

o encontro nos deixa com a sensação, ao mesmo tempo inquietante e reconfortante, de que, como você, ninguém no mundo sabe o que está fazendo. seria suficientemente legal se parássemos de agir como se soubéssemos.

luiza montenegro

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uma experiência onde você entra com uma concepção de si, e sai com outra – não uma outra concepção totalmente diferente da inicial, mas uma concepção nova, uma que você jamais enxergaria se não se permitisse viver essa experiência.

é tão difícil descrever esse encontro quanto descrever a mim mesma, logo, meu depoimento se resumirá a uma palavra: participe!

dizer o que foi para mim, é narcisista demais (aprendi no encontro), portanto se você quer um experiência fora da sua vida ordinária (no sentido do dicionário, não no sentido cumpadre washington) essa é uma das mais interessantes que você pode ter.

karlena holanda

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desde a primeira leitura, tive uma sensação de acolhimento! e pelas leituras seguintes, também muita desconstrução. encontrar alex pessoalmente não foi diferente; houve papo profundo e descontraído, depoimentos densos, frenesi, tarde aconchegante e marcante. tenho lembrança cheia de ternura e incômodo: saí sem querer ir, com tudo flutuante, extremamente perturbado, ansioso pra viver mais: minhas verdades, queridas e mimadas verdades, construídas com vaidoso cuidado, se soltaram de minhas paredes internas para se saculejarem indefinidamente – e o meu maior medo: permanentemente.

viver essas treze horas (sim, treze horas voadoras!) me fez lembrar mais uma vez que algo especial acontece dentro de mim: eu cresço e posso tornar a existência das outras pessoas mais agradável na medida que me disponho a vê-las como as humanas que são.

conheci gente (alex e todos os outros participantes) rica do coração e de atitude. gente que eu finjo (!) me identificar e, sobretudo, que me dá muita vontade de viver pra ver mais do mundo e da vida, de todas as formas possíveis, e ser cada vez mais rico e vivo pra continuar essa corrente de gente que quer ser melhor (ou menos medíocre) e fazer o mundo melhor…

obrigado, alex, pela tarde, pela presença, pelo carinho, pelas pessoas, pelos pensamentos que continuam latejando! espero sempre por um próximo encontro, em leitura e em voz. sucesso!

henrique bettin

prisões, sp, 25jan14, foto flávia tótoli
prisões, sp, 25jan14, foto flávia tótoli

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… deu para conhecer um pouquinho de cada pedacinho de carne que estava ali e a cada depoimento, foram se transformando em humanos cheios de histórias e com umas mais interessantes que outras, cada uma com sua dor e sua superação.

somos todos prisioneiros narcisistas, mas saímos de lá um tanto mais conscientes disso, o que nos dá mais motivação ainda para mudar.

cada humano ali que desabafava, quase chorava, tocava um pouco o meu coração e transformava muito o meu universo.

e no fim do dia, o que eram antes pedaços de carne, depois humanos, agora eram pessoas que eu queria bem!!! que maluco!!!

todos nos transformamos ali e com certeza, continuaremos essa transformação.

jéssica nicole fialho oliveira

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fui ao encontro com a ideia de desabafar. mas descobri (felizmente) o delicioso exercício de ouvir. coisa que a gente finge que faz quando, na verdade, procura o tempo todo nas histórias e problemas dos outros uma deixa pra falar mais e mais da gente ou o quanto fazemos isso ou aquilo melhor.

também descobri no “prisões” o prazer de notar que não sou tão fundamental quanto sempre acreditei ser. e o “day after” foi a prova disso.

exausta depois de um dia inteiro de encontro, decidi ficar dormindo até tarde. minha mãe, habituada a me ver logo cedo aos domingos, achou estranho e me ligou umas 12 vezes. sem resposta, avisou parentes que “algo tinha acontecido”. eles também me ligaram e mandaram mensagens dizendo “sua mãe quer falar urgente com você”.

acordei leve e tranquila e li as mensagens. percebendo que se tratava de uma preocupação exagerada, voltei pra cama e depois de mais algum tempo, tomei banho bem devagar. liguei muito depois pra mamãe, que só disse “tu és louca por me deixar tão preocupada?”. respondi “não sei o que pode haver de tão grave em dormir e tomar banho”.

e esse é o resultado do “prisões” que percebi assim, de imediato. notei que eu sou mais uma na multidão. que não posso e nem quero ser essencial para o equilíbrio das coisas. e que dormir numa manhã de domingo sempre vai ser mais “produtivo” que alimentar a neura alheia e se deixar contaminar por ela.

malu alcântara

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um encontro prazeroso e desconfortável ao mesmo tempo. é difícil de digerir. você sai dele cansada, exausta, esvaziada… lá você pode se dar conta, dentre uma infinidade de outras coisas, do quão arrogantes somos com as outras pessoas, por mais críticos e sensíveis tentemos ser em nosso cotidiano. sem duvidas é um encontro que, pra mim pelo menos, me influenciará por muito e muito tempo ainda! os “clicks” estão apenas começando.

ágnes bonfá

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duas experiências formidáveis, totalmente diferentes de tudo o que já vivi, na quais os protagonistas, os problemas e as soluções somos nós. o alex é um mediador impecável – se é que assim posso chamá-lo. por mais que ele sempre afirmasse que não traz respostas a ninguém, no fundo sempre esperei uma palavra, um conselho quase que mágico, uma solução pronta ou até mesmo um insight, e o que encontrei e as conclusões a que cheguei foram surpreendentes.

num bate-papo mais que informal, descobri que o ser humano tem mais ou menos os mesmos dramas familiares, as mesmas questões existenciais, os mesmos segredos quase inconfessáveis, o mesmo medo do futuro, e que nossos problemas são mais comuns – e mais possíveis de serem resolvidos – do que se possa imaginar.

poderia definir o encontro “as prisões” e a oficina “prisão dinheiro” como uma oportunidade de conhecer pessoas diferentes e incríveis. como eu, como o alex e até como você, que em algum aspecto nessa vida é diferente da maioria. que pensa fora da caixa. que vai de encontro ao modelo ideal socialmente estabelecido de uma porra qualquer. que muitas vezes tentou agradar as pessoas próximas – como amigos e família – em vão. que questiona tudo o tempo todo – não por mera chatice ou teimosia, mas por não ser mais um boi ou vaquinha de presépio, por não seguir o fluxo, por não ser simplesmente mais algum peso morto no mundo.

como mero articulador e mediador, o alex é nada mais, nada menos que uma pessoa humana. assim como nós. no mesmo patamar que nós. e se uma pessoa como ele foi capaz de descobrir tantas coisas e de levantar tantos pontos sobre coisas que não fazem sentido nenhum na sociedade em que vivemos, por que eu também não poderia começar a refletir acerca do mundo em que vivo?

no discorrer das conversas, percebi que as respostas não estão em lugar algum a não ser dentro da gente. mas que para encontrá-las, é preciso aprender a fazer as perguntas certas.

concluí também que podemos ter a vida que quisermos, desde que tenhamos a capacidade e a coragem de bancar as nossas decisões. a vida é nossa, as experiências são nossas, a escolha é nossa, os benefícios e as consequências das ações tomadas são nossos, caralho! pode soar muito simples, mas levei algumas horas para amadurecer o que em muitos anos de trabalho, estudo e convívio social eu não fui capaz de crescer.

aprendi que, no fundo, ninguém sabe de porra nenhuma. ninguém tem a solução para os problemas da humanidade, ninguém é mais pica das galáxias em função da quantidade de estudo adquirida durante a vida, ninguém é mais merda nenhuma do que ninguém.

e o que dizer das pessoas? lindas ovelhas negras que amei conhecer, que disseram o que eu precisava ouvir – e não o que eu, necessariamente, desejava. gente com quem eu pretendo encontrar e conviver por muito tempo. gente que, acima de tudo, me entende.

alex chacoalhou todas as minhas certezas, aquilo que eu acreditava ser, mas que nada verdade, construí e alimentei, dia após dia. e há poucas outras coisas pelas quais eu, hoje, seja tão grata.

aline xavier

prisões, bh, 18mai. pç st tereza. foto: claudia regina.
prisões, bh, 18mai. pç st tereza. foto: claudia regina.

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realmente o que vivi naquelas mais de 12 horas juntos vai me acompanhar pra vida toda. é difícil, no entanto, chamar aquilo de palestra. sei lá, me parece meio pouco. nenhuma palestra que eu já tenha ido se assemelha com o que vivemos naquele dia. tentei formular a frase usando “evento” que é mais genérico e abrangente… mas daí ficou superficial demais, parecendo uma festa ou algo do tipo. também não rolou. curso? nahh… não era aula… não tinha quele ar professoral de forma alguma. dinâmica? vivência? também não… não quero lembrar disso como algo de auto ajuda ou pior, uma entrevista de emprego. encontro? não rola por que a revista mais cochinha de bh tem esse nome.

enfim. acho que às vezes é bom não ter nome. às vezes é bom não conseguir definir. é bom manter essa sensação (tão rara hoje em dia) de participar de algo que realmente… bom, você entendeu.

muito obrigado, anyway.

lucas de lima goulart

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[no encontro “as prisões” em bh no dia 18 de maio] conheci uma louca que quer que se namorado paquere a colega de trabalho, um doido que saiu de casa com 10 anos, ficou um mês fora e depois voltou, uma pirada que pensava que namorados deveria ir na mesma festa de familia, mesmo se faltassem outra festa de familia (para não desgrudar!), um maluco beleza que que ser ceo do bem, levei um sem juízo que aos 30 anos não tem carteira de trabalho (ó procê vê!), uma sem-mãe que não depila o sovaco, uma sonhadora que abriu uma empresa de bolsas que era tão perfeccionista que não conseguia deixar ninguém fazer bolsas além dela, um motoquero-roquero, uma solteirona, uma pós adolescente libertária, um casal de mariconas sorridentes, uma surtada que não pode pronunciar mal uma palavra em inglês, um japa músico ex-formiguinha-operária da fiat, um pai de 3 filhos em todas as diferentes modalidades de pai……. um hospício!

mas principalmente conheci mais outra pessoa, mais maluca, mais surtada, mais libertária, mais maricona que é ……………..o alex castro!

(poderia concluir essa sequência dizendo que conheci pricipalmente mais de mim mesma, mas melhor deixar eu de lado…. porque esse foi o objetivo final do encontro)

flávia leite

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participar da conversa com o alex e com todas as outras é uma experiência que leva um tempo pra ser assimilada. queremos que o aprendizado e, principalmente, o desaprendizado passado ressoe nas nossas atitudes cotidianas; porém, num mundo insano, ser divergente não é algo muito confortável. então, aprendemos a ser a pessoa para a qual isso não é um problema, aprendemos a escutar sem julgar, reconhecemos a nossa insignificância e o quão isso pode colocar uma lupa no significado do nosso trabalho, da nossa vida. despir-se de preconceitos e ouvir o outro como pessoa. e mil outras quebras de paradigmas que nos permeiam durante essa existência. recomendo para todos aqueles que sabem, ou desconfiam, que não somos tão livres quanto querem nos fazer acreditar. obrigada, alex, pelas tuas explanações, pelos teus questionamentos e por tornar esse nosso caminho mais belo com essas ideias. participem desse encontro sem precedentes, o cara é um misto de sócrates com comediante stand-up.

ana carolina fernandes

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acho que é normal, quando a gente conhece alguém à distância que fala abertamente sobre nossos ideais mais profundos, aquilo que passamos a vida perseguindo, conferir a essa pessoa uma certa figura de autoridade. junto com isso, criamos uma série de expectativas sobre ela, sobre como ela deve ser sensacional, como sua presença deve ser marcante, como a mera possibilidade de ouvi-la ou tocá-la deve ser como uma pequena bênção…

inevitavelmente, levei essas expectativas comigo quando conheci o alex na apresentação da palestra as prisões, em curitiba, no último agosto. mas a pessoa que eu conheci não correspondia em nada à imagem que eu inventei dela. ele não tinha nada daquilo que estamos acostumados a imaginar numa pessoa que julgamos ser especial. ele não mostrou um sorriso hipnotizante, ele não usou de uma retórica refinada, ele não portou trajes de conotação hierárquica, ele não vendeu uma fórmula mágica. ele não era um super-homem, um profeta, um ser que irradiava qualquer tipo de energia transformadora. ele era um cara comum.

mas foi aí que eu me senti realmente tocado. se um cara comum como o alex pode ser uma pessoa tão sensível, tão empática, tão aberta, por que eu, outro cara comum, não posso? se ele não é melhor do que eu, o que me impede, se não minha própria preguiça, de buscar ser uma pessoa mais amiga, mais acolhedora, mais humana?

obrigado, alex, por ter me motivado – mais do que isso, me desafiado – através de sua mais absoluta normalidade.

denny seccon

prisões, recife, 23ago14, coletivo lugar comum. foto claudia regina
prisões, recife, 23ago14, coletivo lugar comum. foto claudia regina

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você só sente a correnteza quando nada contra ela”, foi uma das pérolas do dia. soltada pelo alex? não. mesmo sendo tão foda e incrível, não é alex que reina nas prisões. ele abre espaço pra tudo o que você sinta vontade de contar, e vai guiando a “palestra” (veja os outros depoimentos, todos concordam que é muito mais pra um debate), sobrepondo seu ponto de vista sobre cada prisão em cima das histórias de quem foi lá. cheguei meio incerta, sem saber o que esperar. mas é assim mesmo. você chega devagarinho e em meia hora já se sente, de alguma forma, em casa. não pelo lugar onde está, mas pelas pessoas que te cercam. que falam, ouvem (ouvem mesmo), respondem. o alex merece tudo por proporcionar esse encontro. mas não tem como eu te fazer entender como é. você precisa ver, falar e ouvir por si próprio.

gabriela peres

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foi dia de alimentar discretas esperanças de que existe muita gente boa, muitas histórias de resistência, e um longo caminho a ser percorrido para tornarmo-nos pessoas mais legais, simples e libertas. pode não ser fácil, mas também não é impossível.

adriano lourenço

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dizer palestra dá a impressão de que se fica lá 7 horas sentado ouvindo alguém falar ininterruptamente. não é isso o que acontece nas prisões. é um dia inteiro de conversa, troca de experiência, quebra de valores, sacudida nas certezas, risadas etc. sem contar que tem várias paradas pra lanche durante a palestra e dá pra conhecer todo mundo um pouco melhor. rs uma das coisas que eu achei mais fantásticas na experiência das prisões é que no fim, todo mundo que está ali se sente, de uma forma ou de outra, a ovelha negra, o diferente, o do contra… e acaba sendo uma experiência totalmente acolhedora encontrar tanta gente parecida. você percebe que não é estranho. ou pelo menos que não é o único estranho. não é um life coaching. não se descobre a verdade absoluta sobre a vida e o mundo. mas mexe com a gente. tive a oportunidade de participar de duas e posso dizer que cada palestra é única. a experiência põe seu mundo de cabeça para baixo, mas abre portas e te mostra caminhos. voltarei sempre que tiver a chance. recomendo para todos. é lindo.

amanda parra

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o encontro foi sobre os conceitos e pré-conceitos que nos “impedem” de manifestar a versão “melhorada” de nós mesmos. as amarras conceituais que, de forma bem prática, nos impedem de agir, trabalhar, respirar, amar da forma como queremos, desejamos e acreditamos. a forma como a gente pensa sobre verdade, gênero, monogamia, dinheiro, tempo, etc etc… até que ponto estamos sendo guiados por algo escrito não sei onde não sei por quem, até que ponto direcionamos a nossa vida para onde a gente quer? o alex, em algum processo de desconstrução que vem seguindo por sua vida, é um exemplo vivo (com histórias bem interessantes) de como é possível viver através de perspectivas diferentes. … a troca com os demais participantes é um dos processos mais ricos do encontro, pois é na história do outro que você percebe seus próprios reflexos. recomendo!

nina taboada

prisoes sao paulo 16dez13 foto por flavia totoli 2

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já fui duas vezes. muda nossa vida. por isso, é pros fortes, pra quem quer mexer em tudo que sente e pensa. MARAVILHOSO.

halina medina

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alex é uma pessoa muito instigante, provocadora e, sobretudo, muito sensível. le conduz a palestra, ou melhor, o encontro, de forma muito habilidosa, tornando a experiência muito rica e inspiradora. eu diria que, também, de muitas formas, reconfortante, embora muitas questões difíceis tenham sido expostas e debatidas. foi muito interessante encontrar pessoas tão diferentes, mas, ao mesmo tempo, tão parecidas nas suas dúvidas e questionamentos. eu pude ver um pouco dos meus conflitos e da minha busca pessoal em vários dos participantes, o que foi incrível, porque é muito gostoso encontrar os semelhantes. recomendo a experiência a todos que tiverem a curiosidade e a oportunidade de participar dessa palestra/conversa/confronto/encontro. O nome não importa.

irene caminada

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me lembrei dos retiros espirituais que eu participava quando era católica. recordo-me das pessoas saindo emocionadas, com sede de mudar de vida (phn – por hoje não – não vou mais pecar, hahahahahah). a verdade é que nunca havia sentido essa sensação e não compreendia bem a convicção dessas pessoas. consequência: sentia-me péssima, insensível e culpada (ah, a boa e velha culpa cristã…). disse tudo isso só para destacar que, finalmente (!) compreendi a experiência daquelas pessoas quando sai da palestra do alex no domingo. e foi uma delícia, aquele desejo de libertação das tantas prisões, um alívio, como se tivesse finalmente descarregado boa parte da mochila pesada que carrego nas costas. adorei conhecer as pessoas, ouvir e ser ouvida. foi lindo. obrigada!!”

jussara lopes

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se você sente que está quase sozinho com esses novos pensamentos, ainda mal estruturados, e desejos de se libertar, é muito provável que essa não-bem-palestra seja exatamente o que você precisa. uma oportunidade quase única de dar forma às suas ideias, de encontrar pessoas com anseios parecidos, e de ouvir um cara que, convenhamos, é foda. foi um dia fantástico, cheio de histórias, aprendizagens e amadurecimento.

felipe gurgel tiso

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na minha vida tenho me reconhecido incomodada com muitos fatos. quando olhava para o outro, o outro não parecia está-lo ou pelo menos eu não conseguia enxergar seus incômodos. às vezes porque mesmo ele ou ela no sentia o que eu sentia, a vezes por meu machucado olhar. deixava meus incômodos para lá e me submetia ao mundo achando-me doida ou paranoica – ou qualquer outro juízo disso que desmobilizam-. com o tempo fui percebendo que minha incomodidade tinha sentido e que não posso estar incomoda na minha própria vida. também percebi que a incomodidade dos outros tinha sentido. estou aprendendo a falar. quando alguma coisa me incomoda, para rever comigo mesma e com os outros essa incomodidade. estou aprendendo a escutar a incomodidade dos outros, dar um espaço e tempo nesta fugaz vida para o outro se criar a vontade. existem incomodidades compartilhadas outras talvez não. mas existem. o alex na sua conversa compartilha sua vida em processo, sua vida em construção, mostra o que tem – e às vezes continua- aprisoando ele e com um desenvolvido sentido do olhar consegue perceber que ainda que é sua vida, o problema não é só individual senão social. quer dizer que aquelas coisas que tinham aprisoado ele, também estão aprisionando-me (e aprisoando a vc). vale a pena assistir. é um espaço onde você pode se sentir a vontade e onde talvez se pergunte: o que faz eu não me sentir assim a vida toda? gratidão, alex. gratidão.

ana corina salas correa

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alex tem uma presença pessoal típica de quem se empodeirou de sua mutação constante. seu bom humor agridoce unido à sua capacidade de destrinchar temas difíceis me transportaram para dentro de minhas culpas e vergonhas com muita serenidade. … pude revisitar muitas crenças ultrapassadas e certezas empoeiradas. … tive a chance de me reencenar e descobrir novos agentes de minha personalidade. … saí horrorizado com minha condição humana, mas profundamente conectado com cada pessoa humana. meu coração respirou mais leve e mais comprometido com coisas que eu tinha deixado de canto. para quem se acha dono da verdade ou se pensa muito livre recomendo esse encontro com alex, qualquer um dos dois sairá com as respostas que veio ou não veio encontrar.

frederico mattos

prisões, bh, 18mai. pç santa tereza. foto: claudia regina.
prisões, bh, 18mai. pç santa tereza. foto: claudia regina.

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as horas passaram voando, tanto que quis encompridar mais a sensação que estava tendo de pertencimento à minha vida. … foi interessante ter alguns paradigmas modificados e discutir questões que normalmente não discutimos por ser incômodas ou por preguiça de começar a pensar no assunto. penso logo existo foi o que me sobrou. me senti mais livre, em meu momento atual, por certificar que existem mais opções dos que as que a sociedade me apresenta como únicas e corretas e só depende de mim a escolha do que quero para minha vida.

laura pimenta

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em curitiba foram quase sete horas de palestra. e não vi as horas passarem. interessante como ele simplifica as coisas. alex de fato parece ser extremamente racional, todas as suas colocações são muito bem embasadas e fundamentadas… a palestra é uma ótima oportunidade pra quem procura contato com pessoas também abertas a opiniões adversas.

thiago michel

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quando eu soube da palestra do alex em bh fiquei meio ressabiada por serem 6 horas, “um quarto do dia!”, eu pensei, mas resolvi encarar mesmo assim. e ainda bem que encarei! o tempo passou super rápido mas os efeitos da palestra ficaram. ainda que eu já conhecesse bem o conteúdo, a troca com as outras pessoas é muito boa e um tapa na cara aqui e outro acolá acontecem pelo caminho. quando acabou eu não queria falar nada, nem queria que o momento acabasse. e não acabou porque acabei conhecendo pessoas com pensamento alinhado com o meu.

fernanda

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a palestra foi uma viagem dentro de mim mesmo, várias das prisões eu já havia identificado e lutava pra desconstruir, e na conversa com o alex eu encontrei novos argumentos e novos caminhos pra experimentar. por mais que as histórias pessoais sejam sempre tão diferentes e, por isso, a reconquista de nossa autonomia passe por etapas diferentes, é compensador estar num ambiente com pessoas que buscam as mesmas coisas, que objetivam o mesmo final. foi um dia bem atípico na minha rotina, mas a sensação no final foi de um profundo bem-estar!

denny

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sabe tudo aquilo que você sempre acreditou ser o correto e normal simplesmente por que são coisas que parecem ser indiscutíveis e perfeitamente moldadas a você? a palestra “as prisões” vai desconstruir estas certezas, sem piedade e sem nem te dar chance de argumento que não o faça recorrer a outra prisão tão inútil quanto. depois da palestra, o que nos sobra é remontar o quebra-cabeça da nossa vida desde o início. mas dessa vez usando criteriosamente e cuidadosamente cada peça do jeito que queremos. olha, dá trabalho…

jorge buratti

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não só te faz perceber a jaula que você está preso, mas também mostra todas as possibilidades de escapar dela. quebrando, abrindo com as chaves, socando ponta de pedra. tomara que você já esteja vivendo a sua vida de forma autônoma e convivendo com as consequências de suas escolhas, mas se não, como eu, a palestra é uma mão estendida. pra você e o mundo ao seu redor. pra você fazer as suas escolhas, e quebrar as prisões que te impossibilitam.

henrique barbosa justini

prisoes sp 23mar14 por flavia totoli

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algumas pessoas, sentadas na sala em cadeiras e almofadas, num (quase) circulo, todos iguais, descontraídos, conversando e compartilhando experiencias da vida. Uma tarde de domingo ótima. “as prisões” faz a gente refletir muito sobre nossas escolhas, nossos motivos, nossos objetivos. muito boa a palestra! alex está de parabéns! obrigada.

livia cecilia

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a palestra foi ótima, os temas abordados são extremamente pertinentes… alex nos faz pensar… pensar sobre nós, sobre os outros, sobre o mundo… mas é um pensar diferente, é antes de tudo um pensar crítico, instigante e questionador : ) super recomendo : )

daiane cristina guerra

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o argumento para alguém como eu, leitor antigo do alex e familiarizado com a maior parte das estórias, é ver a narrativa se desenrolar de uma prisão para a outra naturalmente de assuntos que ele escreve há anos: autoconhecimento, questionamento das instituições (estado, família, poder, etc) e outros tantos assuntos mais recentes como: privilégio, sexismo, racismo, zen de uma forma natural e que direciona o esforço da transformação não só para ser um indivíduo mais completo mas também o mundo em um lugar um pouco menos desigual, uma ação de cada vez.

ótima chance também de entrar em contato com pessoas que estão em fases diferentes dessa jornada, alguns estão ‘livres’ há anos, encontraram a vida plena e podem relembrar as forças que colocaram a suas vidas em movimento novamente. outras estão nos primeiros passos tímidos da libertação ainda juntando o impeto para começar, e todos os semi-tons desse intervalo.

é difícil dizer se essa mistura de diálogo, contação de estórias e espaço de troca de experiências funciona para qualquer pessoa, mas, sem dúvida, se você está com uma inquietação e vontade de chutar o balde metafórico, nesse espaço encontrará outros como você.

eduardo gomes

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pra mim foi jóia. pude ir conhecer em pessoa um dos caras mais admiráveis que eu tenho notícia. não por sua excepcionalidade, mas justamente porque fez escolhas que eu achava não ter coragem pra fazer, e mostrou que quem faz o que quer, quem segue o próprio caminho, sobrevive pra contar a história.

vinícius souza maia

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achei excepcional. me clareou a mente, me tirou de algumas prisões que vivia, me fez/faz lutar pra sair de outras, entender melhor ideias e conceitos impostos pela sociedade desde que nascemos e desconstruí-los pra podermos adquirir novos com absoluta personalidade.

lucas petraglia

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fodástica a palestra. crescendo em 6h o que, muitas vezes, levamos anos para amadurecer. vale a pena!

amanda medeiros

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a noite realmente foi mágica, inspiradora e instigante. a abordagem sobre cada prisão foi uma oportunidade de troca e reflexão sobre conceitos, sociedade, e até sobre mim mesma. o louco é que cada tema, por si só, já renderia uma palestra. acho que a espontaneidade como tudo se construiu também foi bastante rica. muito bom, havendo possibilidade, vou aos próximos, com certeza!

juliana

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obrigada alex mais uma vez. você é bem interessante, assim como seus textos. uma tarde muito enriquecedora. acho incrível a possibilidade de conhecer pessoas que tem os mesmos interesses, a mesma vontade de evoluir como ser humano, apesar de todo o bombardeio de preconceitos e valores distorcidos. bem melhor poder ler suas escritas tendo te conhecido pessoalmente. um grande abraço!

fernanda luiz

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você me levou numa noite de quinta para a praia. estavam la: a lua, o oliver, … a sua coragem e sensibilidade e inteligência. tem magia! obrigada.

cristiani elias

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até jesus dava patada na mãe

uma das coisas mais úteis do facebook é acabar com essa ideia de que existem pessoas brilhantes, geniais.

existem pessoas com lampejos de brilhantismo e momentos de gênio.

mas basta segui-las para testemunhar também seus momentos de raiva e mesquinhez, descontrole e depressão.

e, se aquela pessoa tão aberta, que escreveu aquele texto tão humano, que publica as reflexões mais lindas, também pode, num momento de fraqueza, xingar muito o taxista, bem, então talvez o nosso primo, nosso cônjuge, nossa mãe mereçam a mesma tolerância.

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cría expectativas y te sacarán los ojos

se o seu pai só vai ser feliz se você fizer odontologia, não é o caso de você mudar sua vida para satisfazer essas expectativas, mas é sim o caso dele aprender a não vincular sua felicidade às decisões de outra pessoa.

cría cuervos y te sacarán los ojos

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todo o poder

Gay power black power women power student power all power to the people

manifestação por direitos gays. weinstein hall, new york university, 1970. foto por diana davies. parte da exposição “1969: the year of gay liberation”, realizada em 2009 na biblioteca pública de nova iorque.

mais detalhesminha contribuição.

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“Cecília Valdés”, de Cirilo Villaverde

O romance cubano Cecília Valdés (1882), de Cirilo Villaverde. Ao lado de Moby Dick, penso que é o melhor romance das Américas no século XIX. Ele simplesmente estica ao máximo as possibilidades estilísticas e políticas do romanção-século-XIX ao abordar a escravidão: para ir mais longe, teríamos que ler Um Defeito de Cor (2006), da Ana Maria Gonçalves.

Os curiosos podem baixar gratuitamente a belíssima edição da Biblioteca Ayacucho de Cecília Valdés.

Abaixo, duas breves introduções à Cecília Valdés, escritas por mim, uma em inglês (para minha qualificação) e outra em espanhol (para meu exame de doutorado). Aliás, perdão pelo meu péssimo espanhol.

* * *

La trayectoria de Cecília Valdés no puede ser comprendida fuera del contexto del “boom literario” de los años 1830, tan bien analizado y estudiado por Ambrosio Fornet en su El Libro en Cuba y en diversos otros artículos. Al final de esa década, en diversas revistas y periódicos, se publican y se escriben lo que se considerará “la primera imagen coherente de lo que hoy conocemos como la literatura cubana” (Fornet, Libro, 110). La distinción entre “publica” y “escribe” no es accidental, pues ni todo de lo que se escribe se publica y mucho de lo que se publica es mal escrito – o, por lo menos, esa es la opinión de críticos como Fornet. Por esa época, se publican novelas, cuentos y obras de teatro como Una Pascua en San Marcos (1838) de Ramon de Palma, Antonelli (1839), de José Antonio Echeverría, El Conde Alarcos (1838), de José Jacinto Milanés, y varias obras de Cirilo Villaverde, como El Espetón de Oro (1838), Excursión a Vueltabajo (1838-1841) y las dos primeras versiones de Cecília Valdés (ambas de 1839). Y se escriben, pero no se publican en la isla, Francisco, o Las Delicias del Campo (1839), de Anselmo Suárez Romero, la Autobiografía de Manzano (c.1836), Petronia y Rosalia (1839), de Felix Tanco y El Ranchador (c.1838), de Pedro José Morilla.

Muchas de las obras publicadas se encuentran en revistas o periódicos que se financiaban por el sistema de suscripción. Esas publicaciones permitían a los autores acceder a más lectores que por medio de libros: en 1838, por ejemplo, la revista El Plantel tenía mil suscriptores. Pero no tuvieron vida larga: aun según los datos de Fornet, en principios de 1839, habían cinco: El Album, La Mariposa, El Plantel, Cartera Cubana y La Siempreviva. En 1841, no quedaba una siquiera. Fue un escándalo ontológico, dice Fornet: la literatura cubana vivió en menos de cinco años un ciclo de ascensión, desarrollo y caída que habría de tomarle por lo menos quince. Y concluye: la narrativa cubana se quedó sin lectores ni suscriptores el preciso momento que sus escritores más escribían y (algunos) publicaban. Por un lado, las nuevas revistas que surgen en mediados de los años 1840 sustituyen la producción literaria nacional por folletines, crónicas amenas y columnas extranjeras, en un esfuerzo para adaptarse a las exigencias mercantiles. Y, por otro lado, la censura asfixiaba y desestimulaba a los autores cubanos. En 1843, Domingo del Monte sale de Cuba para no más volver y la represión a la conspiración de Escalera mata a Plácido y calla a Manzano. Cuando Cirilo Villaverde finalmente deja de escribir para El Faro, en 1847, “la narrativa cubana entró, como la Bella Durmiente, en un letargo del que sólo la sacaría el propio Villaverde treinta y cinco años después.” (Fornet, Libro, 124) Posteriormente, Villaverde confesó: “Comprendí yo desde luego que aquel género de novelas [sobre esclavos] era inútil emprenderlo en Cuba, porque seria lo mismo que conservarlas manuscritas por mucho tiempo. No me faltaba tema para escribirlas.”

Fue en el comienzo del boom, aun en 1839, que el joven Cirilo Villaverde, ya autor de diversas novelas publicadas, entusiasmado con literatura y participante activo de las tertulias de Domingo del Monte, publica en La Siempreviva un pequeño cuento llamado “Cecília Valdés”, la historia de una bella mulata que vive con su abuela negra y ama a un rapaz blanco, Leocadio (el Leonardo de las futuras versiones). Casi todo el cuento consiste de la abuela contándole a Cecília una fábula para inculcarle obediencia: la historia de Narcisa, que no obedeció a su abuela y el diablo la llevó. Pero Cecilia no hace caso: en el final del cuento, pocas líneas nos informan que Cecília desapareció después de asistir a un baile (presumiblemente huyó con Leocadio) y que su abuela murió de sufrimientos. No hay contenido polémico, político o denunciador: es solamente más un cuento romántico, como tantos que se publicaban. En que pese su final brusco, el cuento parecería completo, si no fuera por una nota editorial que aclaraba ser solamente un boceto de una obra más extensa que se haría publicar pronto.

En el mismo año de 1839, Villaverde publica en libro la novela Cecília Valdés, o La Loma del Angel, de 246 páginas, cuyos dos primeros capítulos corresponden al cuento publicado en La Siempreviva – con excepción de las últimas líneas, sobre el desaparecimiento de Cecilia y la muerte de su abuela, que antes cerraban a historia. Para poder continuar su novela, Villaverde saca del cuento el final brusco. Según el autor, su intención en escribir la novela fuera solamente, a pedidos de un amigo, escribir “un artículo de costumbres” sobre las “ferias del anjel”, “una diversión que ya no existe pero que fue bastante popular entre nosotros.” El resultado final es más que simplemente un artículo de costumbres, pero menos que la versión final: la Cecília Valdés de 1839 era una novela romántica como tantas otras que escribió Villaverde, sin nada especial que la distinguiera. El censor quiso crear problemas por cuenta de algunas pocas palabras, pero un amigo de Villaverde le convenció a permitir la publicación integral: de hecho, no había contenido polémico o crítico en la obra, ni nada que pudiera preocupar la censura. En la única escena en que negros esclavos aparecen en primer plan, una madre blanca cae “como una caraira” sobre una infeliz esclava que tarda en abrirle la puerta a la vuelta de un baile, mientras sus dos hijas “hablaban, reían, dábanse broma y zelos y citábanse para comer las tortillas de S. Rafael en el próximo dia.” En el mejor estilo costumbrista, Villaverde narra el suceso sin indignación: todos parecen estar acostumbrados a escenas como esa, desde los lectores hasta las dos hermanas, y nadie le da importancia. En que pese esa escena específica haber sido eliminada, muchas situaciones de la novela de 1839 son las mismas que aparecen en las primeras partes de la versión final, de 1882, pero vaciadas de toda su carga contestataria o peligrosa, y con una importante diferencia: la Cecília Valdés de 1839 era una novela inconclusa, con continuación prometida para breve. Probablemente por no tener conclusión, no fue una de las obras más populares del joven Villaverde y nunca fue reeditada: cuando se reedita la Cecília Valdés, es siempre la versión final, de 1882.

La novela continuó inconclusa por muchos años: como vimos, luego Villaverde renunció a la literatura. Metiose en política, intentó una revolución, fue preso y condenado a muerte, escapó, trasladose a los Estados Unidos, se casó, abrió una escuela. Exiliado de su patria, acompaña de lejos el fracaso de la guerra de independencia y, por fin, decide empezar a reescribir aquella novela que había dejado inconclusa, quizás para curar su nostalgia de casa, creando para si “un fiel retrato” del país al cual no podía volver. Pero la Cecília Valdés que Villaverde publica en 1882 ya es mucho más que solamente la continuación de una novela romántica, mucho más que un “retrato fiel” y realista de la Habana de los años 1830. No por casualidad, a la tercera Cecília Valdés, en oposición a las dos inofensivas primeras versiones, no se le permite publicar ni vender en Cuba. Desde el principio, fue leída como una fuerte crítica a la situación colonial de la isla y como una afirmación de que Cuba tenía cultura fuerte y propia, obteniendo incluso la aprobación del más canónico autor peninsular, Galdós. En un momento de crisis del sistema colonial y de un estado latente de guerra contra España, Cecília Valdés se transformó en poderosa arma de propaganda. Desde la independencia, ha sido siempre una de las más, si no la más, canónica novela cubana, recibiendo incluso una importante edición crítica en 1953, confirmando su canonicidad.

En su libro Foundational Fictions, Doris Sommer analiza las novelas fundacionales de América Latina, que unían la pasión romántica y el patriotismo nacional para crear y sostener un proyecto nacional criollo y conservador, pero Cecilia Valdés, una novela donde “el romance y la conveniencia” no se coincidían, seria una de las excepciones. Los protagonistas blancos, criollos y burgueses no son, como en tantas otras novelas decimonónicas latinoamericanas, héroes puros e íntegros construyendo una nueva nación en el Nuevo Mundo. Hasta los esclavos, tan dulces y obedientes en Francisco o Petronia y Rosalia, en Cecilia Valdés son maquiavélicos, vengativos y ambiciosos. Los blancos, ajenos del ideal burgués de la Razón, no saben casi nada: Don Cándido no sabe (apenas presiente) la relación entre Leonardo y Cecilia; y Leonardo no sabe que Cecilia es su hermana. Son los negros esclavos, como Dionisio y Maria de la Reglan, que poseen el conocimiento verdadero de los hechos, pero ni siquiera eso es suficiente para detener las tragedias que acometen los personajes, blancos y negros: destierro, incesto, muerte. La Habana de Cecília Valdés no es el centro de una nueva nación basada en los ideales burgueses de la razón y del trabajo, pero una ciudad violenta, injusta y desigual. Angel Rama, en su “La Formación de la Novela Latinoamericana” (1974), también pone a Cecília Valdés fuera de su clasificación general: mientras el universo cultural del XIX en América Latina no permitiera a la novela alcanzar la misma forma de las novelas europeas, careciendo así nuestro continente de novelas en ese siglo, Cecilia Valdés sería una de las excepciones, pues Villaverde quizás logró crear una obra con una cosmovisión y un proyecto cultural opuestos a los valores establecidos.

Que pese su carácter anti-fundacional (según la definición de Sommer), Cecília Valdés ha sido leída por más de un siglo como la “gran novela nacional cubana”, “texto fundador de la literatura nacional”, “la história social de Cuba” (Varona), “el memorial de los abismos cubanos, el vitral de una llaga” (Friol), etc. Una lectura nacionalista común en el siglo XX identifica la protagonista con la isla misma, y su triste destino en las manos de los blancos, con la sumisión de Cuba frente a España. Otra lectura bastante común es leer Cecilia Valdés como una novela realista, aceptándose sin cuestionar la afirmación de Villaverde, en su prólogo a la versión de 1882, de que escribió el libro como un “fiel retrato de la sociedad cubana”. Incluso muchos críticos, aún sin negar la enorme importancia histórica, cultural y nacional de la novela, destacan sus muchos errores e imperfecciones: “novela folletinesca de burla trama” (Anderson Imbert), “su máximo valor es histórico” (Bueno), “el argumento no rebasa el melodramatismo” (Leante), etc. Según Álvarez-Amell, esa análisis también es fruto de una lectura ideológica de la novela: al leer Cecilia Valdés como una novela realista y definir como errores todos los elementos que no se adecuan a esa estética, esos críticos parecen olvidar que la Cecilia Valdés nace como una novela romántica, escrita de acuerdo con los patrones estéticos de los años 1830, y cuando Villaverde la reescribe en los años setenta, de acuerdo con la estética realista de entonces, muchos elementos románticos de las versiones anteriores se mantienen. Leer esos trazos románticos sobrevivientes como errores es ignorar la rica y larga historia de la composición de la novela.

Después de la Revolución, se hizo un esfuerzo revisionista oficial para encontrar (o crear) una tradición revolucionaria que fuera como un hilo conductor de la historia y de la literatura cubanas, desde el siglo XIX hasta el triunfo de la Revolución. La película Cecília (1981), de Humberto Solás, se insiere en ese proyecto revisionista y busca añadir un contenido político y revolucionario a la trama de la novela. Las manifestaciones de la cultura afrocubana, ausentes de la novela de Villaverde, son ahora parte importante de la historia. Isabel, quizás el personaje más problemático de la novela (la blanca que a pesar de esclavista, es buena, sugiriendo así que es posible una esclavatura “buena” en oposición a la “mala” denunciada por la novela), es ahora una mujer nerviosa y ambiciosa – naturalmente, la ideología revolucionaria no hubiera permitido la posibilidad de una esclavatura “buena”. Las motivaciones de los personajes, antes individuales, ahora son políticas: Pimienta (lejos del patético enamorado despreciado, casi un esclavo de Cecília hasta su rebelión final, cuando mata a Leonardo y no a Isabel) es ahora un verdadero revolucionario negro, de la misma estirpe de Dessalines, Aponte y Maceo.

Gran parte del suceso de Cecilia Valdés se debe a que esa novela puede tener diferentes significados para diferentes personas, grupos y partidos. Mientras la Revolución se apoderaba de ella y amplificaba su potencial político y revolucionario, desde Miami un enemigo (o por lo menos desafecto) de la Revolución también se apropiaba de Cecilia Valdés. En el caso del escritor homosexual y exiliado Reinaldo Arenas, el proyecto transgresor (pero no menos político que el revisionismo oficial) de su novela La Loma del Angel (1989) era amplificar el fuerte potencial sexual de la novela, haciendo explotar en la página todo lo que Villaverde, en 1882, solo había podido sugerir.

En el teatro, Cecília Valdés fué transformada en una zarzuela muy popular por Gonzalo Roig en 1932, que hasta hoy mantiene su popularidad, en Cuba y afuera: por ejemplo, fue producida recientemente (2003) en el Toronto Operetta Theatre. Otras versiones más recientes incluyen una adaptación grotesca para el teatro de títeres, La Virgencita de Bronce (2004), por Norge Espinosa Mendoza, que hace inteligente uso de las posibilidades de ese medio: por ejemplo, en el almuerzo de Rosa y Don Cándido, mientras él reclama de la persecución de los ingleses a sus pobres navíos negreros, su cuerpo engorda visiblemente a cada tragada de comida. Por fín, en la reciente y transgresora adaptación de Abelardo Estorino, Parece Blanca (1994), Leonardo y Cecilia saben que son hermanos, pero aun así consuman su amor sexualmente. Los ejemplos podrían multiplicarse e incluyen el ballet, el cine y la televisión.

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The life and works of Cirilo Villaverde, also a member of the Delmonte circle, perfectly illustrate the difficult choice imposed on Cuban authors: throughout the 1840s, while other writers silenced one by one, defeated by censorship and political difficulties, Villaverde remained most prolific, publishing several stories, novels and novellas, both romantic and costumbristas. In 1839, he published Cecília Valdés, an incomplete novel whose continuation Villaverde promised for soon. Before that could happen, however, in 1847, Villaverde finally quit writing fiction as well, “putting Cuban literature to sleep, only to be reawakened by Villaverde himself thirty-five years later”. (Fornet, Libro, 124) In Villaverde’s own words: “Comprendí yo desde luego que aquel género de novelas [about slaves] era inútil emprenderlo en Cuba, porque seria lo mismo que conservarlas manuscritas por mucho tiempo. No me faltaba tema para escribirlas.” Several years later, old and living in exile in New York, Villaverde decided to resume writing the novel he had left unfinished. The 1882 Cecília Valdés, as opposed to the 1839 version, was not published in Cuba, but in the United States: far from being a harmless costumbrista novel Spanish colonial censors would approve, it was a monumental indictment of Cuban slavery that soon became a propaganda weapon in the hands of the Cuban independence movement and, subsequently, the new nation’s foremost canonical novel.

Doris Sommer (1993) defined “foundational fictions” as novels that fuse together romantic passion and patriotism in order to create and maintain a conservative criollo national project: according to her, however, Cecília Valdes, a novel where “romance and convenience” do not coincide, would be one of the exceptions. Its bourgeois criollo protagonists are not, as in most other Latin American foundational novels, pure and honest heroes seeking to build a new nation on the Americas. Even the slaves, sweet and obedient on other Cuban novels, here are ambitious, cruel and vindictive. Cecília Valdes’ Havana is not the capital of a new nation based on the bourgeois ideals of reason and hard work, but a cruel, violent and unequal city. Angel Rama, in his “La Formación de la Novela Latinoamericana” (1974), also placed the novel outside his general classification: while the nineteenth-century Latin American cultural universe did not allow the novel as a genre to reach the same heights as in Europe, Cecília Valdés would be a noteworthy exception, since Villaverde was able to create a “cosmovisión” and cultural project opposed to the established values. For more than a century, Cecilia Valdes has been read as “the greatest novel of nineteenth-century Cuba” (Arias, in Portuondo, 2002), “the Cuban social history” (Enrique José Varona, en El Figaro, 1894), “el memorial de los abismos cubanos, el vitral de una llaga” (Roberto Friol, 1968), “la más valiosa novela cubana del siglo” (Bueno, 1985), “our most representative literary myth” (Elías Entralgo, in Luis, 1990), etc. Some critics, while not denying the novel’s immense cultural, historical and national importance, emphasized its many flaws: “novela folletinesca de burla trama” (Anderson Imbert), “su máximo valor es histórico” (Bueno, 1985), “el argumento no rebasa el melodramatismo” (Leante, 1975), etc. Despite the wealth of criticism on Cecilia Valdes, few critics have written about the never reprinted 1839 version: some seem unaware of it or never mention its existence and others do just that and nothing else. So far as it could be ascertained, the only authors who analyze the 1839 version are Lucila Farinas (in an unpublished doctoral dissertation from 1979) and William Luis, in his Literary Bondage (1990).

However, the 1882 Cecília Valdés is not merely a continuation of the 1839 version but a complete rewrite, with significant structural and plot changes. Most importantly, Villaverde was a practical author who always wrote with the censors in mind: his main priority had always been to get published; otherwise he would not even write. Therefore, while the 1839 version is a novel Villaverde wrote in order to be published, cautiously avoiding controversial or dangerous subjects, the 1882 version is written in exile, possibly the only novel he wrote without the censor in mind. The thematic and structural differences between both versions, therefore, may illuminate the discursive strategies and self-imposed limits of contemporary Cuban writers.

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um sonho de consumidor

estou andando pelo super-mercado e colocando minhas compras no carrinho. o iogurte que sempre comi (novo peso: de 100g para 90g, 10% a menos), o requeijão da minha infância (novo peso: de 250g para 230g, 12% a menos), os biscoitos mais tradicionais (novo peso: de 200g para 160g, 20% a menos).

no caixa, pago tudo com uma nota de R$10. no cantinho da nota, quase invísivel, o carimbo: “novo valor: de R$10 para R$8,50, 15% a menos”.

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“você aí salvando vira-lata e tanta criança passando fome!”

poucos discursos mais canalhas. pode apostar. quem diz isso nunca ajudou nem um vira-lata nem uma criança passando fome. gente que ajuda os outros não fala essas coisas. nem passa pela cabeça.