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alex castro, aberto à visitação

Todos os dias, sempre das 17h às 19h, estou aberto à visitação por qualquer pessoa que queira me encontrar.

Todas nós, mesmo as mais tranquilas e bem-resolvidas, estamos sempre travando batalhas internas, carregando problemas pesados, buscando conexões significativas.

Por isso, todos os dias, sempre das 17h às 19h, faço questão de estar disponível para receber quaisquer visitantes que precisem de ombros amigos, ouvidos atentos, abraços apertados.

Não é necessário ter intimidade, ser interessante. Basta vir.

Poucas coisas têm me trazido tanta satisfação quanto poder acolher as pessoas que me trazem suas histórias e seus traumas, suas dores e seus medos, suas esperanças e seus sonhos.

Quando estou com outras pessoas e ouço suas histórias com atenção plena, é como se minhas próprias preocupações mesquinhas não existissem.

De repente, percebo que se passaram várias horas, horas em que não mastiguei rejeições, não remoí desfeitas, não remendei vaidades; horas em que estive livre da ditadura do meu Eu.

Só consigo me libertar do fascismo de mim mesmo quando estou me doando.

* * *

Em casa, minha rotina é simples: trabalhar do nascer ao pôr do sol, com intervalos para meditar, cozinhar, ler. Lá pelas cinco da tarde, cansado, meu ritmo de produção começa a diminuir.

Essa é a hora perfeita para me visitar.

Aí, quem sabe, podemos beber um chá aqui no meu apartamento, tomar um açaí na casa de suco da esquina, ver o pôr-do-sol no Arpoador.

Minhas informações de contato atualizadas estão sempre na minha página de contato.

* * *

Quase todo dia tem aparecido pessoas diferentes, trazendo novas histórias de vida.

Sou um privilegiado de passar o dia inteiro fazendo aquilo que amo e ainda conhecer pessoas incríveis todos os dias.

Obrigado.

* * *

Um comentário que escuto com alguma frequência:

“Ai, Alex, não é muito carente implorar assim pra receber visitas?”

As visitas não são pra suprir as minhas carências: essas eu resolvo com minha esposa, com minhas cachorras, com minhas amigas.

As visitas são um serviço que eu presto, tanto como artista ao público que me consome (uma artista deve estar disponível ao seu público), como quanto irmão ordenado no zen-budismo a qualquer pessoa que precise de ajuda ou de acolhimento, de ouvidos carinhosos ou de abraços apertados.

* * *

Uma outra dúvida que surge:

“Alex, como você aguenta receber visitas de pessoas desconhecidas? E se elas forem chatas, tediosas, pentelhas?”

A chatice que enxergamos na outra pessoa é a nossa própria.

Nenhuma pessoa pode ser mais desinteressante do que aquela que não está interessada nas outras à sua volta.

* * *

Filmes e livros podem ser interessantes ou desinteressantes.

Já uma pessoa é um universo de questões e entranhas, traumas e braços, sonhos e pêlos.

Ela não é nem interessante nem desinteressante, pois não está lá para me entreter, me divertir, me empolgar.

(Ou seja, não é uma relação de consumo, onde ela é o produto e eu sou o consumidor.)

A outra pessoa só é.

Ela está ali, em busca de conexão humana significativa (como todas nós), e a única questão realmente importante é se vou me fechar ou interagir, bloqueá-la ou acolhê-la.

* * *

Vivi 48 anos cercado por pessoas e ainda não encontrei essa tal mítica pessoa chata, desinteressante, tediosa.

Existem várias pessoas que, por questões de compatibilidade, eu não gostaria de conviver por longos períodos, mas nunca encontrei ninguém cujo convívio fosse insuportável, desagradável ou mesmo tedioso por curtos intervalos — digamos, duas, três horas.

Como alguém pode ser desinteressante por três horas?

Ao final das três horas, a pessoa ainda é um mistério quase tão grande quanto no começo: um universo ainda praticamente inexplorado e desconhecido de planos e ressentimentos, alegrias e ciúmes; uma fonte ainda inesgotada, talvez inesgotável, de histórias e amores, fofocas e ódios.

Há tanta coisa a ser descoberta, a ser dita, a ser ouvida, que me parece inconcebível eu me sentir entediada.

Se estou entediada, isso revela não que a outra pessoa é desinteressante, mas sim a minha falta de interesse por ela.

E o que pode ser tedioso, chato, pentelho do que uma pessoa como essa, interessada apenas em si mesma?

* * *

O primeiro Exercício de Atenção é praticar um olhar generoso.

14 respostas em “alex castro, aberto à visitação”

Ei Alex! Tudo bem?
Venho sugerir, para um(s) de seus encontros, conhecer a Lapinha da Serra – Serra do Cipó – MG.
Um vilarejo rural bem próximo de BH (135 Km), com cenário bucólico e paisagens belíssimas ao pé da Serra do Espinhaço, rica em fauna e Flora do cerrado.
Um lugar que propicia as melhores reflexões sobre o que é ser.
Tenho uma Pousada: http://www.opicodocipo.com.br.
Caso tenha essa oportunidade, venha nos conhecer!
Obrigada,
Chris.

olá Alex!

Acompanho seu trabalho ha bastante tempo, desde seus ensaios fotográficos, e ja atendi vc e o Oliver , profissionalmente, para fazer radiografias. Fiquei timido de comentar que ja o conhecia a distancia. Vendo essa oportunidade de conhece-lo formalmente, gostaria muito de aproveita-la.

Oi sou a Sirleide de BH curti seu texto fiquei aqui me lembrando de tudo que passei, sou esquizofrênica mas até chegar a este diagnóstico e ao tratamento que faço hoje foi uma longa caminhada e não foi fácil nem pra mim é para minha familia.

Alex,
Adorei os depoimentos…conheço seu movimento há anos, sempre que faço meus mergulhos internos, lembro de sua construção.Muito tempo que não visito seu link…hoje vejo que é possível para tímidos, ter contato preliminar sem ter que “encarar-se” diante dos outros.

Embora acredite que deve ser uma sensação incrível seus encontro….propícios para o exercício de libertações de nossas “Prisões”…

Pretendo de verdade me aproximar disso que acredito…e seu olhar sobre a vida me faz comungar…não é de hoje, e por ter contato com seu projeto hoje, depois de muito tempo sem procurar, sentir-me confortável até para apresentar para um amigo, antes de efetivamente me aproximar.

Não pare, não pare nunca, pois já bebi muito em sua fonte…sempre q tive sede…

Visitar sua obra me fez exercitar minha generosidade e com isso fez esse movimento involuntário e inconsciente de indicar sua ” bela obra”….

Hoje, desejo fundamentalmente contribuir com sua obra, financeiramente , pois só eu sei o quanto fui confortado com seu projeto, de verdade.
Vou contribuir sempre…em breve…é a retribuição verdadeira pelo bem que sua obra já me fez…
Só vou entender melhor depois o formato e farei com prazer.

Certamente farei contato, só não sei ainda como será esta comunicação…na verdade já estou fazendo,né?

Muita paz!

hmmm… ora, gostaria muito de beber do teu silêncio,
mas moro um pouco longe (Porto Alegre),
quem sabe um dia possa experimentar fazer nada em tua presença no Rio.
Adoro tuas letrinhas.
beijos,
Rejane

Alex… em fevereiro, eu vou sair aqui do ES e vou aí te ver. Vinho não! Nem açaí. Vivo de dieta. Mas quem sabe uma salada!? rsrsrs…Um beijo!

Oi, Alex! Faz pouco tempo q venho acompanhando aqui e estou gostando bastante e me sentindo inspirada por vc. Ontem mesmo eu e meu namorado estávamos conversando sobre vc e sua ‘prisões’… Ele quer ir, mas tá fazendo TCC agora, tá meio ferrado de tempo. Tive que comentar aqui, pois achei essa ideia da visitação muito genial… Também trabalho em casa e tenho sentido a falta de colegas… Eu moro em Jacarepaguá, mas se um dia estiver por perto, vou ver se crio coragem e ligo pra vc. Vou tentar aplicar a sua ideia aqui tb mas n tenho certeza se alguém vai se interessar de me ver. As vezes acho os cariocas (msmo os amigos) resistentes a visitar… mas quem sabe nesse esquema de ir no açaí da esquina dá certo. Abraço grande. Lili Ps. Mostrei aqui pro meu namorado e ele disse ‘vamos lá conhecer ele? :)’. Quem sabe?!

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