Rio de Janeiro, 1878. O preto Ciríaco, acusado de assassinato e julgado como escravo, é condenado a cinquenta açoites e a “conduzir ao pescoço um ferro por espaço de um mês”.
Entretanto, até o final do julgamento, seu “dono” ainda não conseguira produzir a papelada necessária para comprovar seu status de cativo, e a magnânima lei brasileira tinha por princípio sempre errar em prol da liberdade. Ou seja, na ausência de prova da escravidão, Ciríaco foi considerado livre.
Como homem livre, a pena para assassinato era de vinte anos de trabalhos forçados nas galés.
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Fonte: o excelente Visões da Liberdade: Uma História das Últimas Décadas da Escravidão na Corte, de Sidney Chalhoub. Recomendo tudo do Chalhoub. Um de nossos maiores historiadores vivos.
Uma resposta em “O lado em que a corda arrebenta”
Oi Alex, boa tarde.
Uma obra muito boa e que segue essa linha é “O espetáculo das raças” da autora Lilia Schwarcz.
No livro, Lilia fala sobre o período de 1870 a 1930 no Brasil, onde as instituições de ensino e pesquisa utilizavam a ciência para provar que a população negra e indígena era inferior e menos evoluída que a população branca. Foram produzidos artigos, livros, leis e vários outros mecanismos para divulgar os resultados obtidos pelas faculdades de direito, de medicina, museus e etc.
Li a obra recentemente e recomendo bastante.
Abraço,