Não por acaso, o primeiro ano da grande pandemia também foi o ano em que mais li. Abaixo, alguns comentários sobre as minhas leituras em 2020. Antes, alguns avisos. Para quem tiver pressa, a lista está no fim do texto.
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Disclaimers
Todo ano, desde 1996, faço uma lista das minhas leituras.
Leio porque é bom, porque é gostoso, porque é divertido. Leio sem obrigação, sem ordem, sem pressa. Leio com a liberdade de começar e de largar, de ler rápido ou de ler depressa, de pular de assunto em assunto, de autora em autora. Leio porque é o meu maior prazer na vida.
Faço a lista todo ano, mas nem sempre compartilho.
Em primeiro lugar, porque imagino que não interesse a quase ninguém. (Se te interessa, me conta?)
Em segundo, mais importante, porque fazer listas de livros reforça uma ideia que considero problemática: que “ler é bom”, que todas deveríamos “ler mais”, que ler é uma atividade intrinsecamente melhor do que correr na praia ou montar quebra-cabeças, etc.
Mas ler um livro não é mérito, não é vantagem alguma, não é algo para se gabar. Mais importante, simplesmente ter lido um livro não significa que a pessoa leitora o entendeu, que tirou dele qualquer coisa de relevante, bela, prazeirosa ou útil.
Listar os livros que li faz tanto sentido quando listar os vagões de metrô que viajei. (Aliás, quase sempre, o 1022 e o 1026, que operam na linha um e são os últimos vagões de suas composições.) E daí, não?
Apesar disso, incrivelmente, como sou escritor e trabalho com livros, as pessoas pedem e perguntam.
Na verdade, as listas também me ajudam: me pego frequentemente consultando listas antigas para saber qual livro estava lendo em qual época, qual leitura fiz antes da outra, o que achei, etc.
Então, apesar do efeito negativo de divulgar listas assim, aqui vão os livros que li em 2020.
Último aviso: todos os links abaixo direcionam para a Amazon BR. Se você clicar nos links e comprar qualquer coisa por lá (não precisa ser necessariamente o livro em que clicou), eu ganho uma comissão e você ajuda a me recompensar por esse e outros textos que curtiu. E te agradeço.
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2020 em leituras
Tive muita sorte. A pandemia me pegou recém-casado, em uma casa nova e reformada. Aproveitei para ler e escrever muito. Foi o ano em que mais li em uma vida inteira de leituras.
Em linhas gerais, as leituras podem ser divididas nos seguintes grupos:
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Poesia e literatura inglesa
No começo do ano, uma fase de poesia romântica inglesa (Blake, Coleridge e, especialmente, Shelley e Byron) acabou se extendendo para um poeta posterior (Kipling) e vários anteriores (Milton, Shakespeare, Chaucer, Spenser), além de alguns prosistas (Conrad e James). No total, foram 59 livros lidos dessa turminha boa.
Dos citados acima, Coleridge é o único que eu considero apenas “muito bom”. (Como não amar A Balada do Velho Marinheiro?) Por todos os outros, sou absolutamente apaixonado.
Paraíso Perdido, de Milton, certamente é um dos maiores livros jamais escritos em todos os tempos e entrou no meu Top5 com certeza.
The Faerie Queene, de Spenser, que infelizmente quase ninguém mais lê, nem no mundo anglófono, também está fazendo força para entrar nesse grupo: é um dos maiores tour-de-forces imaginativos que li, simplesmente delicioso. (Mais sobre ambos abaixo.)
Byron e Shelley, tão geniais e tão imaturos, são como se fossem velhos amigos de farra. Blake é aquele tio louco, genial e brilhante, que não fala coisa com coisa, mas hipnotiza a sala com suas histórias. Conrad, o tio que trabalha embarcado, raramente aparece e que conta umas histórias de pescador que ninguém acredita. James, o tio pedante e meio afastado que parece sempre querer dizer mais do que aquilo que está efetivamente dizendo. Turma boa os ingleses.
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Pré-História
Continuo lendo e pesquisando para um romance que estou escrevendo sobre a pré-história. Além de um sem número de artigos, li 18 livros sobre esse assunto, inclusive duas enciclopédias. Destaques:
— Grooming, Gossip, and the Evolution of Language especula que, na verdade, o ser humano desenvolveu a linguagem… para poder fazer fofoca de grupo, para conseguir lembrar melhor quem é amigo de quem, quem está transando com quem.
— A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia traz os maravilhosos ensaios de Viveiros de Castro sobre perspectivismo indígena, uma teoria que eu juro que não tenho como resumir nesse espaço, mas que vale a pena. (Mais sobre ele abaixo.)
— Sociedade contra o Estado defende que não é que as sociedades indígenas ainda não desenvolveram o conceito de Estado, mas que elas foram formadas explicitamente contra a ideia de Estado.
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Poesia medieval espanhola
Em 2020, me apaixonei por El Cid, poema épico fundador da literatura espanhola, e decidi traduzi-lo ao português. Li o poema várias vezes, em várias traduções, além de vários livros e artigos sobre ele, e também vários outros épicos semelhantes e contemporâneos, mas de outras tradições. Nessa brincadeira, lá se foram 9 livros e dezenas de artigos lidos. (Mais sobre ele abaixo.)
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Introdução à Grande Conversa
Por fim, em maio, eu inventei a maior e mais deliciosa sarna pra me coçar, que dominou completamente o resto do ano: um curso sobre o cânone ocidental chamado Introdução à Grande Conversa. Quase todas as leituras do ano foram dominadas por ele: 83!
Difícil até dizer quais foram os melhores, pois todas as leituras do curso estão entre os livros favoritos da minha vida: alexcastro.com.br/curso
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Livro do ano: Paraíso Perdido
Estava há anos tentando ler. Nunca dava liga. Aí, começou a pandemia e a Audible liberou vários áudiolivros gratuitos. Um deles, de Paraíso Perdido. Comecei a ouvir. No áudio, bem narrado, o livro destravou. Mergulhei nele. Foi lindo. Não quis mais nada.
No mês seguinte, quando houve a oportunidade de ensinar um curso online de literatura, a primeira coisa que eu quis ensinar foi Paraíso Perdido – todo o resto acabou sendo uma desculpa, porque pensei que ninguém faria um curso só de Paraíso Perdido. Ao longo do ano, reli e reouvi o poema diversas vezes, além de ler uma biografia do Milton, e vários, vários livros e artigos sobre ele e sua obra.
Durante décadas, meus livros preferidos foram os mesmos três: Bíblia (entrou na lista em 1999), Declínio e queda do Império Romano (2004) e a Ilíada (2012). Em 2020, uma nova adição: Paraíso Perdido.
Minha aula sobre Paraíso Perdido aconteceu no dia 17 de dezembro e está no ar, disponível para ser assistida indefinidamente pelas pessoas alunas do meu curso Introdução à Grande Conversa. Para fazer parte do curso, clica aqui: alexcastro.com.br/curso
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Livros do ano, menções honrosas
— Geórgicas, de Virgílio
— Faerie Queene, de Spenser
Também poderia ser “poemas do ano”, pois calhou de serem três poemas longos: um didático, um épico-cavaleiresco, um épico-alegórico. Três livros pelos quais não daria nada e pelos quais me apaixonei loucamente. Em qualquer ano da minha vida, teriam sido o livro do ano. Mas não no ano de Milton.
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As geórgicas, de Virgílio
Nada me preparou para o quanto gostei de As geórgicas, de Virgílio.
Nenhum poema sobre a desordem poderia ser tão bem ordenado. Nenhum poema tão pouco heróico poderia ser tão heróico. Cada agricultor e cada enxada, cada cabra e cada abelha, são herois de sua própria luta pela existência diária.
Se Da natureza, de Lucrécio, tem como objetivo explicar o funcionamento do universo, As geórgicas é bem mais restrito: pretende ensinar a cultivar o campo, cuidar do solo, plantar árvores, criar animais, gerenciar abelhas. (“Geórgicas” significa “coisas agrícolas” em latim.)
Mas ainda bem que As geórgicas não tratam (somente) de cultivar o campo, cuidar do solo, plantar árvores, criar animais, gerenciar abelhas, pois seria chato demais.
As geórgicas também falam sobre a peste e sobre a guerra, o trabalho duro e os azares da vida, o amor e a morte. Na verdade, grande parte da energia do poema vem de sua indecisão entre o otimismo e o pessimismo, entre cantar as delícias do campo e também suas durezas.
Essa fratura interna é o que dá poder e energia Às geórgicas, é o que faz o poema transcender as limitações tanto do gênero pastoral quanto didático.
(Um textinho sobre o poema, desenvolvendo esses pontos.)
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Poema de Mio Cid
O Poema do Meu Cid é um dos documentos fundacionais da lingua e da literatura espanhola, e um excelente representante da literatura de cavalaria. Gostei tanto, aliás, que fui ler outros épicos medievais, como a Canção de Rolando, Bewoulf, as sagas islandensas, etc, e o Poema do Meu Cid me pareceu superior a todos.
Debate-se até hoje se o poema foi originalmente escrito ou se a versão escrita de um poema originalmente oral. Apesar de termos muitas evidências de sua enorme popularidade por muitos séculos, por pouco não chega até nós: temos somente um manuscrito, bem pobre e mal-cuidado, sem a primeira folha e com duas grandes lacunas em seu conteúdo, claramente produzido não para a preservação do texto mas para apoio de performances orais — no final, a última marcação é um pedido por mais vinho.
Um dos grandes méritos, e um dos maiores espantos do Poema do Meu Cid, enquanto obra literária, é simbolizar perfeitamente o momento histórico único onde estavam em tensão as forças mais representativas da cultura medieval: o protagonista, Cid, é Santo (está praticamente em uma cruzada cristã contra os mouros); é Amante (se comporta de forma perfeitamente cortesã com sua esposa); naturalmente é Herói (pois vence diversas batalhas, sempre fiel ao seu rei); mas, talvez mais espantoso, é um dos homens mais práticos, comedidos, cabeça-fria, racionais de toda literatura medieval. Nunca houve um Amante-Santo-Herói tão eminentemente prático, tão preocupado com dinheiro e empréstimos, juramentos e minúcias da lei. No Decameron, escrito cerca de cem anos depois, tudo que é tensão no Poema do Meu Cid já está em larga medida resolvido. Santos e Heróis aparecem apenas para serem satirizados e todos os Amantes já são eminentemente burgueses práticos.
Enquanto a maioria dos poemas de cavalaria são alegóricos e fantasiosos, O Poema do Meu Cid é fortemente ancorado no mundo real: o Cid não está preocupado com feitiços e dragões, mas com os juros do empréstimo que teve que pegar para alimentar as tropas. Por isso, de certa maneira, apesar de tão tradicional, tão fundador, tão emblemático, tão épico, também nos parece um poema surpreendentemente pé no chão.
Gostei tanto que meti na cabeça de traduzir.
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Faerie Queene, de Spenser
Milton se referia a Spenser como “my original” (“meu original”) e existem mil pontos de contato entre Paraíso Perdido e a obra prima de Spenser, The Faerie Queene, publicada em 1590 e nunca traduzida ao português.
Foi publicada vinte anos depois de Os Lusíadas e dialoga com ele de muitas maneiras: também é um poema épico nacionalista, mas vai por outra pegada, mais medieval e alegórica: enquanto Camões era cientificista e buscou uma narrativa real como enredo de sua épica, Spenser narra uma história renascentista mas num contexto medieval, de castelos e princesas e dragões.
Como parte desse projeto, para dar ao texto uma atmosfera propositalmente antiquada, Spenser escreve num inglês que já era considerado arcaico em 1590 – grafia essa mantida nas edições contemporâneas.
Ou seja, sim, acaba se tornando um livro difícil de ler, o que fez de Spenser o menos lido dos quatro “pais” da poesia inglesa – Chaucer, Spenser, Shakespeare e Milton. Spenser já foi muito popular mas começou a perder favor ao longo do século XX. Amo de paixão os quatro, com Milton, na liderança, Spenser logo atrás, Shakespeare em terceiro (!) e Chaucer – que também amo, mas a competição é ferrenha – na rabeira.
Para destravar a leitura de The Faerie Queene, precisei não só de uma boa edição com notas, mas também de ouvir um audiobook profissional.
Como toda grande poesia, The Faerie Queene foi feito para ser ouvido. Lendo, o texto parece um mistério; ouvindo, o áudio soa totalmente compreensivel.
Depois que pega no tranco, The Faerie Queene é um livro maravilhoso, delicioso, infinito, sedutor. Poucos autores têm a imaginação tão borbulhante e irreprimível quanto Spenser: a cada estrofe e a cada canto, somos apresentados a novas terras e novos reinos, novos cavaleiros e novas bruxas, novas mocinhas e novos dragões, sempre narrado com uma poesia belíssima e cheia de sentido, sonora e sacana.
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Pensador do ano: Erich Auerbach
— A Novela no Início no Renascimento — Itália e França, 1921.
— Time, history and literature, 1920-1957.
— Introdução aos estudos literários, 1943.
— Ensaios de literatura ocidental, 1940.
— Mimesis — A representação da realidade na literatura ocidental, 1946.
Já faz mais de vinte anos que Erich Auerbach mudou a minha vida. Quem diria que seria o intelectual do ano de 2020!
Em 1999, em preparação para um teste de ingresso em mestrado que nunca nem prestei, eu li o primeiro capítulo de seu livro Mimesis, comparando a Bíblia Hebraica e a Odisseia. Fiquei tão impressionado que, na sequência, li a Bíblia de cabo a rabo e, logo depois, reli a Ilíada com novos olhos. Hoje, são dois dos meus livros preferidos. Minha dívida com Auerbach é impagável.
Mas não só isso. Sem Mimesis, não haveria nem esse curso. Só esse ano, agora, em 2020, ensinando a Introdução à Grande Conversa, que eu percebi que todo o meu modo de ler, pensar, falar a literatura ocidental é eminentemente auerbachiano. Então, aproveitei para ler todos os livros dele que me faltavam e, de fato, é um mais brilhante do que o outro.
Para quem quer aprender como se faz crítica literária da melhor qualidade, recomendo Mimesis.
Para quem quer aprender como se faz história literária da melhor qualidade, recomendo Introdução aos estudos literários.
Obrigado, Erich.
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Romance do ano: A porta
Chega a ser covardia falar em “romance do ano” em um ano em que reli Os Miseráveis, de Victor Hugo, que considero o melhor romance de todos os tempos.
Mesmo se tirarmos Os Miseráveis, por óbvio hors-concurs, sobra Ressurreição, de Tolstoi, que muitos consideram uma obra menor do autor e, de fato, não é tão perfeito quanto Guerra e Paz, mas só porque Guerra e Paz é segundo romance mais perfeito de todos os tempos. (Meus outros romances perfeitos: Moby Dick e Cem anos de solidão.)
Ressurreição é belíssimo, fortíssimo, e deveria ser leitura obrigatória para toda pessoa burguês-odara que deseja “ajudar os pobres” e não sabe como. Mais do que tudo, é uma aula de compaixão e antipunitivismo.
(Recomendo esse artigo do tradutor Rubens Figueiredo, um dos melhores tradutores do russo que temos, comparando os três grandes romances de Tolstoi.)
Apesar desses dois pesos-pesado, o romance do ano, que mais me abalou, derrubou, me fez chorar e pensar, foi o magnífico A porta, publicado em 1987 pela húngara Magda Szabo, que nunca saiu no Brasil, mas que foi publicado em Portugal e pode ser lido em boas traduções inglesas e espanholas.
É a história de uma escritora e sua empregada doméstica. Sobre os sacríficios que as mulheres humildes precisam fazer para que as mulheres brancas de elite possam exercer sua liberdade. Tudo a ver com o Brasil e com as questões do feminismo atual.
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“Leia Mulheres”
Acredito que devemos fazer força para ler mais mulheres. Em 2020, li 22 livros escritos por mulheres. Além do melhor romance do ano, acima, destaco também:
— Sexual personae, art and decadence from Nefertiti to Emily Dickinson, publicado por Camile Paglia em 1990, é tudo que um livro de crítica literária tem que ser. Simplesmente brilhante. A autora parece que leu tudo e, mais importante, tem opiniões fortes e originais sobre tudo, faz conexões brilhantes e surpreendentes pelas obras mais díspares, nos pega pela mão e nos leva a um belíssimo passeio por toda a tradição cultural do Ocidente. Brilhante, brilhante, brilhante. Um dos ensaios intelectuais de mais fôlego, mais abrangentes, que já li. Não poderia recomendar com mais ênfase. Foi publicado no Brasil na época que saiu. (Em tempo: a Paglia desse livro, que é sua tese de doutorado, não é a Paglia atual, que virou uma provocadora meio vazia.)
— Paglia gosta de se dizer antifeminista e, em geral, as feministas retribuem a gentileza odiando-a. Por acaso, também li em 2020 outro livro de crítica literária escrito por mulheres, mas esse geralmente considerado o maior livro de crítica literária feminista de todos os tempos: The madwoman in the attic, the woman writer and the nineteenth-century literary imagination, de Sandra M. Gilbert e Susan Gubar. É realmente sensacional, mas com outro foco: enquanto Paglia está falando da cultura ocidental como um todo, Gilbert e Gubar falam especialmente das dificuldades e restrições da condição das escritoras no século XIX. (Eu iria ler só o capítulo da influência do Milton nas escritoras mulheres, mas o livro é tão bom que acabei lendo quase tudo.)
— A sátira social de Fernão Mendes Pinto, de Rebecca Catz, é simplesmente o melhor ensaio sobre a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, um livro apaixonado, engraçado, gostoso de ler.
— The life of John Milton, a critical biography, de Barbara Lewalski, é uma excelente introdução a Milton, pois Lewalski faz não somente uma chata biografia (confesso: odeio biografia) mas também uma crítica literária brilhante de toda sua produção literária.
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Melhor livro de crítica literária: Surprised by Sin
Escrevi que Sexual personae, da Paglia, era um livro de crítica literária, e é verdade, tecnicamente, mas, na prática, o livro vai muito mais além e é uma verdadeira história cultural do Ocidente. Em termos estritos de crítica literária, ou seja, de um livro que é basicamente sobre outro livro, o melhor livro do ano, e talvez da minha vida, foi Surprised by Sin, publicado em 1967 por Stanley Fish, sobre Paraíso Perdido.
A crítica literária de Paraíso Perdido é um campo de batalha, entre as pessoas que levam o poema literalmente (ou seja, ele é feito para glorificar a Deus) e as que consideram que o poema é irônico (ou seja, que o verdadeiro heroi é Satã, que seria porta-voz verdadeiro das opiniões de Milton).
Esse livro brilhante de Fish é sua tentativa de conciliar ambas as posições, de modo que todos estejam um pouco certos: Milton, de fato, era o homem religioso que sabemos que era. O objetivo do poema seria demonstrar, na prática, o quão fácil era se deixar levar pela sedução do mal. Por isso, Satã seria tão sedutor, tão eloqüente, justamente para nos seduzir, nos levar, nos convencer. E, logo depois, a voz narrativa nos acordaria, em um movimento múltiplas vezes repetido: primeiro, o poema nos seduz; depois, nos humilha por termos nos deixado seduzir; e, por fim, nos mostra o que considera a sua verdade.
Para comprovar essa tese, Fish realiza uma das leituras mais brilhantes que já vi de qualquer livro. Um tour-de-force.
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Melhor livro contemporâneo: Inconstância da alma selvagem
De fato, tenho uma tendência a ler livros mais antigos: dos 190 livros lidos em 2020, apenas 45 foram publicados pela primeira vez no século XXI. (Desses, 12 foram da coleção dos presidentes da Folha de São Paulo!)
A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia, publicado em 2002 por Eduardo Viveiros de Castro, foi o único livro contemporâneo que realmente me impressionou positivamente – vários impressionaram negativamente.
Nos ensaios desse livro, Viveiros de Castro elabora o que chama de “perspectivismo ameríndio”, que é algo que não conseguir explicar, mas vou tentar citar da Wikipédia:
“O mundo é povoado de muitas espécies de seres (inclusive não-humanos) dotados de consciência e de cultura. … Cada uma dessas espécies vê a si mesma e as outras espécies de modo bastante peculiar: cada uma se vê como humana, vendo todas as demais como não-humanas, isto é, como espécies de animais ou de espíritos. … Enquanto a sociedade ocidental considera que todos os povos possuem uma mesma natureza (ou biologia) e se diferenciam em suas culturas (ou essências), a maioria das sociedades indígenas da América possui uma concepção contrária: suas sociedades são compostas por seres que partilham uma espiritualidade (cultura/essência), mas que se diferenciam em seus corpos (natureza/biologia).”
O exemplo que mais gosto é o seguinte:
“Alguém é um pai apenas porque existe outrem de quem ele é o pai: a paternidade é uma relação, ao passo que a peixidade ou a serpentitude é uma propriedade intrínseca dos peixes e cobras. O que sucede no perspectivismo, entretanto, é que alguém também só é peixe porque existe alguem de quem este alguém é o peixe.”
Sim, não é fácil de entender. Eu demorei e não tenho certeza de ter entendido. Mas virou meu mundo e meu pensamento de cabeça pra baixo, e me forneceu um novo instrumental para apreender a realidade.
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Alguns números aleatórios
Foi um ano de ler pouquíssimos livros brasileiros (desses, de novo, 12 foram da coleção dos presidentes da Folha de São Paulo!): 23
Foi um ano devastadoramente anglófono:
— Livros por língua original em que foram escritos:
Inglês 99
Português 32
Francês 12
Alemão 9
Espanhol 7
— Livros por língua na qual fiz as leituras:
Inglês 116
Português 73
Espanhol 10
E foi um dos anos onde mais li ficção e poesia:
Ficção: 87
Poesia: 56
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A lista completa das leituras de 2020
Dezembro
1.186 Milton’s God, de William Empson, 1961, inglês.
2.187 Spoon river anthology, de Edgar Lee Masters, 1915, inglês.
3.188 Os Miseráveis, de Victor Hugo, 1862, francês. [Trad: Julie Rose, 2008; Frederico Ozanam Pessoa de Barros, 1957.] https://amzn.to/2KMuHKn
4.189 A sociedade contra o Estado, de Pierre Clastres, 1974, francês. [Trad: Theo Santiago, 2017.]
5.190 The Cambridge Encyclopedia of Hunters and Gatherers, org. Richard B. Lee e Richard Daly, 1999, inglês.
6.191 The Spenser Encyclopedia, org. A. C. Hamilton, 1990, inglês.
Novembro
1.172 Ressurreição, de Liev Tolstoi, 1899, russo. [Rubens Figueiredo, 2010.]
2.173 The tempest, de William Shakespeare, 1611, inglês.
3.174 Paraíso Perdido, de John Milton, 1667, inglês.
4.175 Surprised by sin, the reader in Paradise Lost, de Stanley Fish, 1967, inglês.
5.176 Paradise Lost and its critics, de A. J. A. Waldock, 1966, inglês.
6.177 The madwoman in the attic, the woman writer and the nineteenth-century literary imagination, de Sandra M. Gilbert e Susan Gubar, 1979, inglês.
7.178 Milton, de William Blake, 1804, inglês.
8.179 The marriage of heaven and hell, de William Blake, 1790, inglês.
9.180 The life of John Milton, a critical biography, de Barbara Lewalski, 2000, inglês.
10.181 The great poets: John Milton, de John Milton, c.1630-70, inglês. (Naxos)
11.182 The poetry of Edmund Spenser, c.1570-1600, inglês.
12.183 Nascimento e afirmação da Reforma, de Jean Delumeau, 1965, francês. [João Pedro Mendes, 1989.]
13.184 Milton and the English Revolution, de Christopher Hill, 1977, inglês.
14.185 A reader’s guide to John Milton, de Marjorie Hope Nicolson, 1964, inglês.
Outubro
1.144 Segredos, de Domenico Starnone, 2019, italiano. [Trad: Mauricio Santana Dias, 2020.]
2.145 A doença, de Domingos Caldas Barbosa, 1777, português.
3.146 Introducción a la España Medieval [The making of Medieval Spain], de Gabriel Jackson, inglês, 1974.
4.147 Os Lusíadas, de Luis de Camões, 1572, português.
5.148 Para uma leitura de Os Lusíadas, de Luis de Camões, de Silvério Benedito, 1997, português.
6.149 Sid, un relato de frontera, de Arturo Perez-Reverte, 2019, espanhol.
7.150 Estudios cidianos, de Colin Smith, 1977, inglês.
8.151 Historia y bibliografía de la crítica sobre el Poema de Mio Cid (1750-1971), de Miguel Magnotta, 1976, espanhol.
9.152 El arte juglaresco en el Cantar de mio Cid, de Edmund de Chasca, 1967, espanhol.
10.153 Auto da Índia, de Gil Vicente, 1509, português.
11.154 Romagem dos agravados, de Gil Vicente, 1533, português.
12.155 Velho da horta, de Gil Vicente, 1512, português.
13.156 Song of Roland, c.1100, francês. [Trad: John DuVal, 2012.]
14.157 Exortação da Guerra, de Gil Vicente, 1513, português.
15.158 Auto de Sibila Cassandra, de Gil Vicente, 1511, espanhol.
16.159 Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, 1517, português.
17.160 Gil Vicente, de José Augusto Cardoso Bernardes, 2008, português.
18.161 Saga dos Volsungos, sec.XIII, islandês. [Trad: Theo de Borba Moosburger, Hedra, 2009; Jackson Crawford, Hackett, 2017.]
19.162 Auto da Alma, de Gil Vicente, 1518, português.
20.163 Para uma leitura da Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto, de António Moniz, 1999, português.
21.164 A sátira social de Fernão Mendes Pinto, de Rebecca Catz, 1972, inglês.
22.165 The discovery of mankind: Atlantic encounters in the age of Columbus, de David Abulafia, 2008, inglês.
23.166 Travel and discovery in the Renaissance, 1420-1620, de Bois Penrose, 1952, inglês.
24.167 História moderna, de Paulo Miceli, 2013, português.
25.168 História sociopolítica da língua portuguesa, de Carlos Alberto Faraco, 2017, português.
26.169 The hole, de Hye-Young Pyun, 2018, coreano. [Trad: Sora Kim-Russell, 2018.]
27.170 Fathers and Sons, de Ivan Turgeniev, 1862, russo. [Trad: Constance Garnett.]
28.171 Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, 1523, português.
Setembro
1.126 História da sexualidade: 4. As confissões da carne, de Michel Foucault, 1982, francês. [Trad: Heliana de Barros Conde Rodrigues; Vera Maria Portocarrero, 2020.]
2.127 The Gospel of Saint Mark, The Pelican New Testament Commentary, de D. E. Nineham, 1963, inglês.
3.128 Humans, from the beginning: From the first apes to the first cities, de Christopher Seddon, 2014, inglês.
4.129 Evangelhos perdidos, as batalhas pela Escritura e os Cristianismos que não chegamos a conhecer, de Bart D. Ehrman, 2003, inglês.
5.130 Um amor incômodo, de Elena Ferrante, 1991, italiano. [Trad: Marcello Lino, 2017.]
6.131 A divina comédia, de Dante Alighieri, c.1320, italiano. [Trad: Allen Mandelbaum, 1980-4; Ítalo Eugênio Mauro, 1998.)
7.132 História medieval, de Marcelo Cândido da Silva, 2019, português.
8.133 The door, de Magda Szabo, 1987, húngaro. [Trad: Len Rix, 2015.]
9.134 Poema de Mio Cid, de Anônimo, c.XII, espanhol.
10.135 A Novela no Início no Renascimento — Itália e França, de Erich Auerbach, 1921, alemão.
11.136 Berenice, de Racine, 1670, francês.
12.137 Time, history and literature, de Erich Auerbach, 1920-1957, alemão.
13.138 História concisa da língua portuguesa, de Rodrigo Tadeu Gonçalves e Renato Miguel Basso, 2014, português.
14.139 Introdução aos estudos literários, de Erich Auerbach, 1943, alemão.
15.140 The Cambridge Companion to Boccaccio, org. Guyda Armstrong et al, 2015, inglês.
16.141 Decameron, de Giovanni Boccaccio, 1353, italiano. [Trad: Ivonne Benedetti, 2013.]
17.142 Beowulf, de anônimo, traduzido por Seamus Heaney, c.IX, inglês antigo. [Trad: 2000.]
18.143 The Canterbury Tales, de Geoffrey Chaucer, c.XII, inglês. [Trad: José Francisco Botelho, 2013; Neville Coghill, 1951; Theodore Morrison, 1949.]
Agosto
1.117 As geórgicas, de Virgílio, 30aEC, latim. [Trad: C. Day Lewis, 1940; Janet Lembke, 2005; Smith Palmer Bovie, áudio, 1956.]
2.118 Dias de abandono, de Elena Ferrante, 2002, italiano.
3.119 O Anticristo, de Friedrich Nietszche, 1888, alemão. [Trad: Paulo César de Souza, 2008.]
4.120 Ensaios de literatura ocidental, de Erich Auerbach, c.1940, alemão.
5.121 The essential Augustine, de Agostinho de Hipona, c.400, latim.
6.122 Confessions, de Agostinho de Hipona, c.400, latim. [Trad: Henry Chadwick, 1991.]
7.123 Augustine of Hippo, a biography, de Peter Brown, 1967, inglês.
8.124 The Creation of Inequality: How Our Prehistoric Ancestors Set the Stage for Monarchy, Slavery, and Empire, de Kent Flannery, 2014, inglês.
9.125 Mimesis, the representation of reality in Western literature, de Erich Auerbach, 1946, alemão. [Trad: Willard R. Trask, 1953.]
Julho
1.108 Agamemnon, de Ésquilo, c.V aEC, grego. [Trad: Mario Gama Kury; Ted Hughes, 1999.]
2.109 Coéforas, de Ésquilo, c.V aEC, grego. [Trad: Mario Gama Kury; Ted Hughes, 1999.]
3.110 Eumênides, de Ésquilo, c.V aEC, grego. [Trad: Mario Gama Kury; Ted Hughes, 1999.]
4.111 As bacantes, de Eurípides, c.V aEC, grego. [Trad: Mario Gama Kury; Paul Woodruff, 1998.]
5.112 The decline and fall of the Roman Empire, de Edward Gibbon, 1776, inglês.
6.113 Transformation of Decline and Fall, de David P. Womersley, 1988, inglês.
7.114 The Cambridge Companion to Edward Gibbon, org Karen O’Brien, 2018, inglês.
8.115 Memoirs of My Life, de Edward Gibbon, 1794, inglês.
9.116 The Case of the Dangerous Dowager, A Perry Mason mystery, de Erle Stanley Gardner, 1937, inglês.
Junho
1.90 Gênesis, c.VIIaEC, hebráico. [Trad: KJV: King James Version, 1611.]
2.91 1 Samuel, c.VIIaEC, hebráico. [Trad: KJV: King James Version, 1611.]
3.92 2 Samuel, c.VIIaEC, hebráico. [Trad: KJV: King James Version, 1611.]
4.93 Eclesiastes, c.VIIaEC, hebráico. [Trad: KJV: King James Version, 1611.]
5.94 Jó, c.VIIaEC, hebráico. [Trad: KJV: King James Version, 1611.]
6.95 Jeremias, c.VIIaEC, hebráico. [Trad: KJV: King James Version, 1611.]
7.96 Human acts, de Han Kang, coreano, 2014. [Trad: Deborah Smith, 2017.]
8.97 The white book, de Han Kang, coreano, 2016. [Trad: Deborah Smith, 2019.]
9.98 The Hebrew Bible in literary criticism, de Alex Preminger e Edward Greenstein, inglês, 1986.
10.99 The Bible after Babel, Historical criticism in a postmodern age, de John J. Collins, inglês, 2005.
11.100 A Bíblia pós-moderna, Bíblia e cultura coletiva, de David Jobling et al, inglês, 1995.
12.101 The book of J, de Harold Bloom, inglês, 1991.
13.102 Bíblia, Verdade e Ficção, de Robin Lane Fox, 1991, inglês.
14.103 A Bíblia como literatura, de John B. Gabel e Charles B. Wheeler, 1986, inglês.
15.104 Sexo e Judaísmo, de Jayme Landmann, 1999, português.
16.105 Wide as the waters, the story of the English Bible and the Revolution it inspired, de Benson Bobrick, 2001, inglês.
17.106 The art of biblical narrative, de Robert Alter, 1981, inglês.
18.107 The art of biblical poetry, revised and updated, de Robert Alter, 1985, inglês.
Maio
1.77 The Jungle Book, de Rudyard Kipling, 1894, inglês.
2.78 Como se escreve a História, de Paul Veyne, 1971, francês. [Trad: Alba Baltar e Maria Auxiliadora Kneipp, 1982.]
3.79 The Greeks and the irrational, de E. R. Dodds, 1950, inglês.
4.80 Shakespeare, o teatro da inveja, de René Girard, 1990, francês. [Trad: Pedro Sette-Câmara, 2010.]
5.81 Homero, introdução aos poemas homéricos, de Jacqueline de Romilly, 1985, francês.
6.82 The Iliad of Homer, translated by Alexander Pope, de Homero e Alexander Pope, c.IX aEC, 1720, grego/inglês.
7.83 A Ilíada de Homero, traduzida por Haroldo de Campos, de Homero e Haroldo de Campos, c.IX aEC, 1990, grego/português.
8.84 A companion to the Iliad, de Malcolm M. Willcock, 1976, inglês.
9.85 Paradise regained, de John Milton, 1671, inglês.
10.86 Samson agonistes, de John Milton, 1671, inglês.
11.87 Kipling: Great Poets, de Rudyard Kipling, c.1880-1930, inglês.
12.88 Blake: Great Poets, de William Blake, c.1790-1820, inglês.
13.89 Juízes, c.500 aEc, hebraico. [Trad: KJV: King James Version, 1611.]
Abril
1.62 Sambaqui, arqueologia do litoral brasileiro, de Madu Gaspar, 2000, português.
2.63 Os índios antes do Brasil, de Carlos Fausto, 2000, português.
3.64 How Language Began, The Story of Humanity’s Greatest Invention, de Daniel L. Everett, 2017, inglês.
4.65 Grooming, Gossip, and the Evolution of Language, de Robin I.M. Dunbar, 1996, inglês.
5.66 The language instinct, the new science of language and mind, de Steve Pinker, 1994, inglês.
6.67 1499, o Brasil antes de Cabral, de Reinaldo José Lopes, 2017, português.
7.68 Primitive man as philosopher, de Paul Radin, 1927, inglês.
8.69 A mentalidade primitiva, de Lucien Lévy-Bruhl, 1922, francês. [Trad: Ivo Storniolo, 2008.]
9.70 Numbers and the making of us, Counting and the course of human cultures, de Caleb Everett, 2017, inglês.
10.71 Por que almocei meu pai, de Roy Lewis, 1960, inglês. [Trad: Celso Nogueira, 1995.]
11.72 Cosmological perspectivism in Amazonia and elsewhere, Four lectures given in the Department of Social Anthropology, Cambridge University, February–March 1998, de Eduardo Viveiros de Castro, 1998, português.
12.73 A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia, de Eduardo Viveiros de Castro, 2002, francês.
13.74 Contra la Civilizacion, de John Zerzan, 2011, inglês.
14.75 Origins, a John Zerzan reader, de John Zerzan, 2010, inglês.
15.76 The Oxford Handbook of the Archaeology and Anthropology of Hunter-Gatherers, org. Vicki Cummings and Peter Jordan, 2014, inglês.
Março
1.35 Luiz Inácio Lula da Silva, um sindicalista no poder, de Lucas Ferraz, 2020, português.
2.36 Dilma Rousseff, a primeira presidente de República, de Lucas Ferraz, 2020, português.
3.37 Michel Temer e Jair Bolsonaro, Um vice contestado, de Lucas Ferraz, 2020, português.
4.38 The Faerie Queene, a reader’s guide, de Elizabeth Heale, 1987, inglês.
5.39 The Aspern papers, por Henry James, 1888, inglês
6.40 Complete stories, 1884-1891, de Henry James, inglês.
7.41 The Pelican Guide to English Literature: From Blake to Byron: Volume 5, (org) Boris Ford, 1957-1982, inglês.
8.42 Young romantics, the tangled lives of English poetry’s greatest generation, de Daisy Hay, 2010, inglês.
9.43 Percy Bysshe Shelley: Poet and Revolutionary (Revolutionary Lives), de Jacqueline Mulhallen, 2015, inglês.
10.44 Ariel, ou a vida de Shelley, de André Maurois, 1923, francês. [Trad: Manuel Bandeira.]
11.45 The witch of Atlas, de Percy Bysshe Shelley, 1820, inglês.
12.46 Epipsychidion, verses addressed to the noble and unfortunate Lady Emilia V—, now imprisoned in the convent of —., de Percy Bysshe Shelley, 1821, inglês.
13.47 Selected prose, de Lord Byron, c.1809-24, inglês.
14.48 Cain, a mystery, de Lord Byron, 1819, inglês.
15.49 The Giaour, a fragment of a Turkish tale, de Lord Byron, 1813, inglês.
16.50 The prisoner of Chillon, de Lord Byron, 1816, inglês.
17.51 The bride of Abydos, de Lord Byron, 1813, inglês.
18.52 Beppo, a Venetian story, de Lord Byron, 1817, inglês.
19.53 Don Juan, ou a fascinante vida de Lord Byron, de André Maurois, 1930. [Trad: Tereza Bulhões de Carvalho da Fonseca, 1966.]
20.54 Don Juan (narrado por ele mesmo), de Peter Handke, 2004, alemão. [Trad: Simone Homem de Mello, 2007.]
21.55 O medo do goleiro diante do pênalti, de Peter Handke, 1972, alemão. [Trad: Zé Pedro Antunes, 1988.]
22.56 A mulher canhota, de Peter Handke, 1976, alemão. [Trad: Lya Luft, 1985.]
23.57 Bem-aventurada infelicidade, de Peter Handke, 1972, alemão. [Trad: Zé Pedro Antunes, 1988.]
24.58 Paradise lost, de John Milton, 1667, inglês.
25.59 Romeo and Juliet, de William Shakespeare, c.1600, inglês.
26.60 Shakespeare: the invention of the human, de Harold Bloom, 1999, inglês.
27.61 Genius, a mosaic of one hundred exemplary creative minds, por Harold Bloom, 2001, inglês.
Fevereiro
1.18 José Sarney e Tancredo Neves, a redemocratização e a constituição de 1988, de Fernando Figueira de Mello, 2020, português.
2.19 Fernando Collor, o primeiro impeachment, de Fernando Figueira de Mello, 2020, português.
3.20 Complete verse, de Rudyard Kipling, c.1880-1936, inglês.
4.21 The Cenci, A Tragedy, in Five Acts, de Percy Bysshe Shelley, 1819, inglês.
5.22 The major works, de Samuel Taylor Coleridge, 1800-34, inglês.
6.23 Hellas, a lyrical drama, de Percy Bysshe Shelley, 1821, inglês.
7.24 Itamar Franco, a república do pão de queijo, de Dirceu Franco Ferreira, 2020, português.
8.25 Troilus and Criseyde, de Geoffrey Chaucer, 1387, inglês.
9.26 Don Juan, de Lord Byron, 1819-24, inglês.
10.27 Songs of innocence and of experience, de William Blake, 1790, inglês.
11.28 Selected poetry, de William Blake, c.1790-1820, inglês. [Org: Michael Mason, 1994.]
12.29 The complete poetry and prose of William Blake, de William Blake, c.1790-1820, inglês.
13.30 The complete illuminated books, de William Blake, c.1790-1820, inglês.
14.31 The faerie queene, de Edmund Spenser, 1590, inglês.
15.32 Fernando Henrique Cardoso, o Plano Real e o fim da inflação, de Dirceu Franco Ferreira, 2020, português.
16.33 Sexual personae, art and decadence from Nefertiti to Emily Dickinson, de Camile Paglia, 1990, inglês.
17.34 Break, Blow, Burn, Camile Paglia reads forty-three of the world’s best poems, de Camile Paglia, 2005, inglês.
Janeiro
1. Castello Branco, os militares no poder, de Eliane Lobato, 2019, português.
2. Costa e Silva e Junta Militar, a ascensão da linha dura e o AI-5, de Piero Sant’Anna, 2020, português.
3. Emilio Garrastazu Medici, os anos de chumbo e o “milagre econômico”, de Dirceu Franco Ferreira, 2020, português.
4. Ernesto Geisel, distensão e abertura política, de Dirceu Franco Ferreira, 2020, português.
5. João Figueiredo, o fim da ditadura militar, de Piero Sant’Ana, 2020, português.
6. Time Travel: A History, de James Gleick, 2016, inglês.
7. Buda, de Karen Armstrong, 2001, inglês. [Trad: Marcos Santarrita, 2001.]
8. A vida dos outros, ética e teologia da libertação animal, de Luiz Carlos Susin e Gilmar Zampieri, 2015, português.
9. Prólogo con un prólogo de prólogos, de Jorge Luis Borges, 1975, espanhol.
10. Biblioteca personal. Prólogos, de Jorge Luis Borges, 1988, espanhol.
11. Collected short stories, Volume 2, de Henry James, 1910, inglês.
12. The lesson of the master, de Henry James, 1888, inglês.
13. Collected stories, de Rudyard Kipling, c.1900, inglês.
14. Tales of unrest, de Joseph Conrad, 1898, inglês.
15. Youth: a narrative, and two other stories, de Joseph Conrad, 1902, inglês.
16. Set of six, de Joseph Conrad, 1908, inglês.
17. Tales of hearsay, de Joseph Conrad, 1925, inglês.
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Convenções da lista
Posição no mês. Posição no ano. Título, autor, data da escritura, idioma original. [Organizador/tradutor, data da organização e/ou tradução.]
Quando são dadas várias traduções de uma mesma obra, a primeira foi a principal e as demais usadas para cotejo.
Considero um livro “lido” e acrescento nessa lista quando li o suficiente sobre ele para sentir que posso escrever sobre ele sem estar blefando: o critério é subjetivo e varia de obra a obra.
Esse ano, por exemplo, existem muitas seletas e obras completas de poesia, assim como umas duas enciclopédias. Naturalmente, nenhum deles foi lido de cabo a rabo, mas incluo na lista quando li não apenas o aparato crítico mas também uma quantidade que considero suficiente das principais poesias, textos, verbetes.
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Leituras 2020, comentadas é um texto no site do Alex Castro, publicado no dia 31 de dezembro de 2020, disponível na URL: alexcastro.com.br/leituras-2020 // Sempre quero saber a opinião de vocês: para falar comigo, deixe um comentário, me escreva ou responda esse email. Se gostou, repasse para as pessoas amigas ou me siga nas redes sociais: Newsletter, Instagram, Facebook, Twitter, Goodreads. // Todos os links de livros levam para Amazon Brasil. Clicando aqui e comprando lá, você apoia meu trabalho e me ajuda a escrever futuros textos. // Tudo o que produzo é sempre graças à generosidade das pessoas mecenas. Se gostou, considere contribuir: alexcastro.com.br/mecenato