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fetichizar a vida

O momento feliz não está no objeto. Se jogarmos fora o objeto, o momento feliz não vai junto. Podem experimentar.

Todos guardamos objetos relacionados a momentos felizes do nosso passado.

Mas o objeto é só um objeto.

O momento feliz existe (ou não) em nossas memórias. Se o momento feliz está vivo dentro de nós, então o objeto é redundante. Se não está, então o objeto é inútil.

De um modo ou de outro, não há motivo para fetichizar nossas próprias vidas, projetando-a em objetos inanimados.

O momento feliz não está no objeto. Se jogarmos fora o objeto, o momento feliz não vai junto.

Podem experimentar.

14 respostas em “fetichizar a vida”

“Momentos felizes são tão concretos que podem até ser visitados”

Guardar algum objeto com essa finalidade,e como confessar que seria capaz de esquecer se assim não fosse.

Concordo, mas achei exagerado. Qual o problema de ver uma fotografia ou algum outro objeto e relembrar um momento feliz? O momento feliz está dentro de nós, mas a vida segue e ele fica lá, guardadinho no amplo armário das memórias. Usar um objeto como gatilho para relembrar esse momento bom não tem nada de errado. A não ser que, sei lá, o sujeito resolva guardar um elefante pra lembrar sua viagem à Africa, não vejo mal nenhum em guardar objetos.

Olá Alex,

Acho importante compartilhar essas coisas, então vamos lá: seus textos sobre seu desapego aos livros e outros objetos me fizeram mudar minha relação com os meus objetos. Antes sem perceber, eu comprava livros compulsivamente. Devido a minha tarefa principal ser a pesquisa acadêmica e a um defeito – não conseguir devolver livros na biblioteca no prazo (e minha preguiça em trabalhar esse defeito), ainda tenho um conjunto de livros básicos importantes para o meu trabalho, mas me livrei de tudo o que não leio/não lerei agora. Uso sua regra para comprar – vou ler agora? e considero também se será útil a longo prazo e se não há outro meio de acessar menos entulhante.

A cada 2 meses mais ou menos tenho feito faxinas para me livrar dos papéis, livros e objetos que não estou usando. Ainda não estou no ponto ideal, mas já sinto uma melhora gigantesca.

Tem um tempinho que tenho praticamente o básico.
Só tenho 1 tipo de sapato para cada ocasião,assim,1 bota,1 sandália de salto alto para ocasiões especiais(?)1 tênis…ao todo tenho 6 sapatos.Só compro quando rasga,acaba.
Quando viemos de Manaus Morar aqui em BH (1 ano) trouxemos praticamente a roupa do corpo.
E foi engraçado pq queríamos alugar apto mobiliado(básico né? fogão,geladeira e tal…e qual não foi a surpresa! tem até livros,remédios,TODA a louça,cama,mesa e banho,tinha até shampoo,parecia que a dona tinha saído correndo pra se livrar de tudo e começar vida nova.
Não tenho ‘enfeite’ de casa,souvenir,lembrancinhas de casamentos e etc..não gosto,só se for algo realmente útil.
Sou uma mulher que tem 1 batom,1 perfume,2 esmaltes…eu acho básico pq as pessoas que conheço precisam de 1 cômodo da casa para guardar objetos pessoais..
Mas isso agora né?Houve um tempo que pensava beeeem diferente.Se rica fosse nem casa pra chamar de minha ia querer…ia ficar perambulando por aí.

Eu tive minhas fases em que guardava tudo. Já colecionei canecas. Já colecionei selos. Já comprei 20 livros, li metade e deixei o resto mofando no meu quarto. Mas estou mudando isso. Atualmente quero só guardar o essencial. Depois que termino um livro, tento doar para alguém que está querendo ler, eu até venderia em algum sebo, mas tenho o costume de escrever nos meus livros, então acho que eles não aceitariam.

Com essas mudanças estou me sentindo mais livre. O único problema é que isso acaba afetando um pouco os relacionamentos. Eu me sinto um pouco mal quando recebo um presente. Meu primeiro pensamento é “eu vou precisar disso?”. Presentes são a forma padrão da sociedade de uma pessoa mostrar afeto por outra pessoa. Gestos não são suficientes. Palavras não são suficientes. É preciso gastar dinheiro em certas data impostas pelo comércio.

Nunca vou entender quem guarda apetrechos da infância. Talvez por minha infância ter sido basicamente brincando na rua e jogando videogame, não tive muitos brinquedos pra guardar. Usava minha imaginação jogando RPG. Ainda tenho alguns livros de RPG, mas é numa tentativa de talvez um dia voltar a jogar. Preciso me livrar disso também. Alias, sou o único que acha patético essas FESTAS DOS ANOS 80?

Meu objetivo nos próximos anos é reduzir ao minimo o número de COISAS que possuo. Só quero o essencial. Talvez não seja o ideal para todo mundo. Provavelmente vou ter dificuldades em largar algo. Mas vou tentar.

Isso vale para tudo, inclusive (é óbvio e redundante, mas… vá lá!) livros: não adianta sublinhar passagens, guardá-las em arquivos no computador, o diabo; nossa memória é um tanto aleatória, e preserva coisas “desimportantes” enquanto manda pras cucuias as coisas “importantes”.

Agora, tem troço que dá ódio. A fotografia digital pôs uma câmera na mão de cada um que tem telefone; com isso, qualquer lugar que se vá tem uma multidão fotografando coisas para “guardar”, “documentar”, etc.

O negócio mesmo é o refrão babaca do samba: deixa a vida me levar, vida leva eu; é irritante mas assim mais ou menos que funciona a coisa: fragmentária, efêmera, aleatória. Chega o último dia, nós morremos, e blau.

Se o momento é feliz mesmo, não vamos precisar de um objeto para nos lembrar disso.

A maioria dos objetos que guardo não é por conter alguma lembrança, mas por imaginar “ainda vou precisar disso um dia”. Então eu guardo. Mas acaba que, na próxima faxina, eu encontro e me pergunto: “por que eu ainda tenho isso?” E aí jogo fora.

Aliás, algo que me incomoda na casa dos meus pais, do meu sogro ou das minhas tias é quanta coisa inútil eles acumularam, como se fosse um tesouro, como se fosse riqueza. A idade parece ser sempre proporcional à quantidade de entulho que a pessoa guarda.

Olha… não sei se é por eu ser jovem, mas eu penso da seguinte forma.

Não guardo lembranças para o futuro, só minhas memórias. Se algum dia esquecer,vou ter que ter outros momentos de felicidade, e não ficar relembrando.

Acho tão bom esquecer. Se esquecermos que aquele dia, tomando cafezinho num bar de esquina foi bom, teremos outros tantos momentos no mesmo bar, que serão únicos, pois não temos mais o comparativo.

Até.

Mais um ponto para praticar o desapego. E tentar tbm praticar o olhar pra frente, o hoje e o daqui em diante. Tenho um amigo que acha um absurdo que eu não guarde fotos (exceto umas “de papel” de quando eu era criança). Mas há alguns anos me desinteressei de tirar fotos pra mim – depois de uma vez que eu percebi a perda de bons momentos por causa da preocupação de tirar fotos, nunca mais. Peguei uma certa aversão de guardar coisas cuja única função é ficar guardada.

Alex,

Objetos são uma ferramenta muito eficiente para projetar coisas, eles conseguem materializar o que são “apenas” impulsos elétricos chicoteando na sua cabeça. Embora você tenha algo dentro dela fica muito mais fácil lidar quando há uma representação material.
Ex.: você tem uma rota na sua cabeça, ela está lá, mas fica muito mais fácil seguir se ela estiver desenhada num papel. Você jogando o mapa fora não tira a rota da cabeça, mas fica mais difícil ver o contexto geral.

Isto se aplica principalmente quando se fala de sentimentos. Eh muito mais fácil dizer como se eh feliz do que o que eh ser feliz. Muito mais fácil lidar com uma foto que mostra como você foi feliz naquela viagem, do que dizer porque se eh feliz quando viaja.

Então o apego está em como eh fácil entender, lembrar como se foi feliz usando aquele objeto, do que atribuir a ele a capacidade de te fazer feliz.

Não acha?

é bem interessante. Mas continuo guardando-os, porque momentos felizes as vezes continuam sendo felizes mas acabam sendo esquecidos, e eu gosto muito da sensação de relembrar o momento feliz que eu tinha esquecido. =D

Acho que o ponto mais importante, é que não devemos nos prender a eles, mas guardar enquanto vc não precisa jogá-lo fora é ok

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