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deixados pelo caminho

ontem, recebi uma amiga que não me visitava desde 2002.

nessa época, eu ainda não tinha conhecido o oliver, era casado e morava com a esposa em um quarto e sala em jacarepaguá. uma casa montadinha. cozinha completa. lavadora e secadora. armários. arquivo suspenso. quadros na parede. presentes de casamento.

hoje, os livros na estante e um sobretudo na arara são os únicos objetos remanescentes dessa minha outra vida.

11 respostas em “deixados pelo caminho”

Triste? Sério? Eu acho que não é bom medir a felicidade e satisfação dos outros por nós mesmos. O que me faz contente talvez não faça o Alex contente. E estar sozinho não é solidão. Nem muito menos objetos materiais conseguem preencher uma vida.

Eu não vi tristeza, vi orgulho. Tipo: olha como eu evoluí!

Outra coisa, esse texto não me passou nem uma ponta de solidão! A idéia é que ele preencheu a vida dele tanto, que não sobrou espaço para coisas e pessoas que ele considera superfluas.

Eu nunca tinha pensado por essa perspectiva Pri, e é exatamente isso, essa nossa mania de achar que relembrar é lamentar… ^^

Engraçado, a pouco, antes de ler este texto, tive uma conversa com uma amiga e ela entendeu que eu estava triste e começou a me dar conselhos e a me consolar, na verdade eu só estava observando a paisagem da minha vida, com um certo prazer até, mas determinados temas quando tocamos neles as pessoas logo pensam que estamos desabafando e tristes, quando li seu texto me senti tentada a fazer a mesma coisa que minha amiga mas me detive e pensei: “e se ele estiver apenas percorrendo os olhos sobre a paisagem da sua vida, sem tristezas?

Aqui, e em onde perdemos tudo, antes de haver tristeza, há vida. E o leitor pode ler vendo nessa ordem – é o leitor, afinal -, bem como tem todo o direito de ler a tristeza primeiro; o leitor pode chorar em A morte do meu cachorro ou olhar para aquilo e dizer é, é assim mesmo, puta conto bom.

As coisas são deixadas pelo caminho, mas o caminho é em nós mesmos. Se há tristeza na perda, é porque há medo da transformação, do desconhecido, do Outro, do abismo.

Só que nada se cria, nada se destrói, tudo se transforma. A morte é um boato.

Triste… Mas so o que penso eh no Oliver… ???? Pq por algum estranho motivo e pre conceito imagino escritores sempre sozinhos de outros humanos em seus lares.

Para quem lê não parece renovação, mas que ficou pouco depois do processo, e a economia verbal deixa – mais uma vez, para o leitor – um travo de dor, de tempo desperdiçado, de recomeço sob perspectiva de perda, de alguma amargura, esse tipo de coisa. Embora não tenha sido esta a sua intenção, o leitor pode interpretar dessa maneira, ainda porque a literatura não usa o critério da exatidão e trabalha justo com a ambiguidade das palavras para produzir efeitos que costumam diferir de pessoa para pessoa. Tanto que eu nem achei o anterior tão triste e vim a achar justo este aqui.

“Talvez o post mais triste já escrito pelo Alex Castro”, escreveu alguém sobre outro texto. Não deve ter lido este ainda. Não gosto nem de pensar nisso. Não quero me imaginar sozinho, depois de 30 anos de casamento, fazendo tudo para, sobretudo, não enlouquecer, e perdendo a parada. Fora que talvez já esteja perdendo esta parada desde já. Quem tem medo de Virginia Woolf?

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