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quem eu era e quem eu sou

há dez anos, em julho de 2002, quando ainda assinava outro nome, criei um site de escritor. seu objetivo era divulgar meu romance mulher de um homem só e meu livro de contos onde perdemos tudo, ambos oferecidos para download gratuito. para falar um pouco de mim, escrevi um “quem sou eu”.

em uma enorme ironia, esse texto sobre arte e originalidade foi copiado e plagiado justamente pelas pessoas que mais gostaram dele e que menos entenderam sua mensagem.

a busca por algumas frases esparsas revela milhares de resultados: “aprendi a não mais atrelar meu ego ao meu trabalho” (9.840), “assunto tende a brochar por aí” (1.870), “não sou o que eu faço, eu sou o que eu sou” (61.800), “Ser artista independe de fazer arte” (2.430), “Quando me dei conta disso, chutei o balde” (1.230), “Antes não tinha tempo pra nada, agora tenho tempo pra tudo” (1.100), “Dia a dia, componho minha obra-prima: minha vida” (3.460), etc. (escrevi sobre isso aqui e aqui.)

o texto foi se modificando ligeiramente ao longo dos dez anos de uso. abaixo, algumas versões:

Quem eu era em 2003

Meu nome é Alexandre Cruz Almeida e tenho 29 anos.

Poderia dizer aqui tudo o que eu já fiz e deixei de fazer profissionalmente, mas aprendi a não mais atrelar meu ego ao meu trabalho. Eu não sou o que eu faço, eu sou o que eu sou.

Hoje, sou só Alexandre. E olhe lá. E quando me perguntam o que eu faço, adoro quando perguntam o que eu faço, eu respondo que como, durmo e transo. O assunto tende a brochar por aí.

Na verdade, também sou artista, escritor. Ser artista independe de fazer arte, assim como ser romancista independe de escrever romances. Ser artista é uma vocação dos sentidos, uma inclinação à contemplação. Artista não é menos artista se nunca tiver composto uma canção ou escrito um ensaio. A primeira obra de arte do artista é a sua vida. Eu costumava escrever pra ser feliz, mas se já sou feliz sem precisar escrever, vou escrever pra quê?

Quando me dei conta disso, chutei o balde. Larguei minha empresa, à qual me dedicara exclusivamente por três anos, e fui dar aulinhas de inglês em cursinhos vagabundos. Antes não tinha tempo pra nada, agora tenho tempo pra tudo. Leio, escrevo e passeio, exploro, transo e experimento.

Dia a dia, componho minha obra-prima: minha vida. Quando sobra tempo, escrevo. E escrevo melhor do que jamais escrevi.

Recomendo a todos ler meu romance, Mulher de um Homem Só, disponível pra download abaixo. Ele é curtinho, tem 50 páginas, e eu adoraria saber sua opinião. Se tiver tempo e gostar muito do romance, leia também os contos de Onde Perdemos Tudo, mas comece pelo romance.

Esse blog é sobre liberdade e literatura e sobre o processo de libertação pelo qual venho passando desde que chutei meu balde e abracei um estilo de vida diferente. Tudo regado a muito humor e literatura.

Espero que esteja gostando da visita, e que volte ainda muitas outras vezes.

Um grande abraço,

Alexandre Cruz Almeida

Quem eu era em 2006

Meu nome é Alex Castro e tenho 32 anos.

Poderia dizer aqui tudo o que eu já fiz e deixei de fazer profissionalmente, mas aprendi a não mais atrelar meu ego ao meu trabalho. Eu não sou o que eu faço, eu sou o que eu sou.

Hoje, sou só Alex. E olhe lá. E quando me perguntam o que eu faço, adoro quando perguntam o que eu faço, eu respondo que como, durmo e transo. O assunto tende a brochar por aí.

Na verdade, também sou artista, escritor. Ser artista independe de fazer arte, assim como ser romancista independe de escrever romances. Ser artista é uma vocação dos sentidos, uma inclinação à contemplação. Artista não é menos artista se nunca tiver composto uma canção ou escrito um ensaio. A primeira obra de arte do artista é a sua vida. Eu costumava escrever pra ser feliz, mas se já sou feliz sem precisar escrever, vou escrever pra quê?

Quando me dei conta disso, chutei o balde. Larguei minha empresa e fui dar aulinhas de inglês. Casei e separei. Escrevi e rasguei. Chupei e lambi.

Antes não tinha tempo pra nada, agora tenho tempo pra tudo. Faço pão e fumo cachimbo. Beijo pezinhos e brinco com o cachorro. Leio, escrevo e passeio. Exploro, transo e experimento.

Dia a dia, componho minha obra-prima: minha vida. Quando sobra tempo, escrevo. E escrevo melhor do que jamais escrevi.

Hoje, tenho uma bolsa de estudos no exterior e morro de saudades dos amores que deixei no Brasil. Sou feliz.

O meu blog, Liberal, Libertário e Libertino, é sobre o processo de libertação pelo qual venho passando desde que chutei meu balde e abracei um estilo de vida diferente. Atualizado todo dia, com muito humor e literatura.

O site onde você está agora funciona como o arquivo dos meus melhores textos, sobre diversos assuntos. A maioria dos leitores prefere as prisões. Dê uma passeada e veja o que acha. Depois, me conte.

Por fim, se quiser ler mais, considere comprar meu livro de contos Onde Perdemos Tudo. É baratinho e você vai estar retribuindo um autor batalhador por todas as suas horas prazeirosas (espero!) de leitura aqui no site.

Um grande abraço,

Alex Castro
Nova Orleans, Novembro de 2006

Quem eu era em 2011

Meu nome é Alex Castro e tenho 37 anos.

Poderia dizer aqui tudo o que eu já fiz e deixei de fazer profissionalmente, mas aprendi a não mais atrelar meu ego ao meu trabalho. Eu não sou o que eu faço, eu sou o que eu sou.

Hoje, sou só Alex. E olhe lá. E quando me perguntam o que eu faço, adoro quando perguntam o que eu faço, eu respondo que como, durmo e transo. O assunto tende a brochar por aí.

Na verdade, também sou artista, escritor. Ser artista independe de fazer arte, assim como ser romancista independe de escrever romances. Ser artista é uma vocação dos sentidos, uma inclinação à contemplação. Artista não é menos artista se nunca tiver composto uma canção ou escrito um ensaio. A primeira obra de arte do artista é a sua vida. Eu costumava escrever pra ser feliz, mas se já sou feliz sem precisar escrever, vou escrever pra quê?

Quando me dei conta disso, chutei o balde. Larguei minha empresa e fui dar aulinhas de inglês. Casei e separei. Escrevi e rasguei. Chupei e lambi.

Antes não tinha tempo pra nada, agora tenho tempo pra tudo. Faço pão e fumo cachimbo. Beijo pezinhos e brinco com o cachorro. Leio, escrevo e passeio. Exploro, transo e experimento.

Dia a dia, componho minha obra-prima: minha vida. Quando sobra tempo, escrevo. E escrevo melhor do que jamais escrevi.

Sou feliz.

Aqui, você pode comprar os livros, ler algumas das resenhas que receberam, conferir as entrevistas que dei e até ler uma palhinha dos contos. Qualquer dúvida, grite.

Um grande abraço,

Alex Castro

Nova Orleans, junho de 2011

* * *

hoje, esse texto já não me não serve. discordo de seus pontos mais fundamentais.

por isso, faço a doação em vida: que passe a pertencer a quem dele se apropriar e que viva eternamente em perfis de sites de namoro e em quem-sou-eus de blogs teens.

abaixo, minha nova biografia. talvez não poética, mas madura.

Quem sou eu em 2012

sou alex castro. por enquanto. em breve, nem isso.

estudei em boas universidades que não menciono para não ser pedante. vivi coisas lindas que não conto pois não vêm ao caso. passei por aventuras perigosas que não revelo para proteger os envolvidos. amei mulheres incríveis que não nomeio pois seria deselegante.

cheguei aos 38 e descobri que minha vida, apesar de vivida em público há tantos anos, tem mais entrelinhas que linhas.

e com razão. proteger quem dividiu comigo sua intimidade é mais importante do que toda a literatura do mundo. que diferença podem fazer meus diplomas? esse site é para divulgar a minha obra, mas pouco importa quem a escreveu.

escrevo. e esses são meus livros.

alex castro

copacabana, março de 2012

17 respostas em “quem eu era e quem eu sou”

Gostaria, mesmo que em poucas palavras, descrever “Quem sou eu”, mas desconheço essa pessoa. Sei somente que de todas que fui nunca me reconheci em nenhuma.
Parabéns por quem foi, por quem é e por quem certamente será. Estou a cada leitura mais envolvida por suas opiniões.

não sei quem sou eu. Talvez muitas pessoas não saibam. Mas parece que a imperativa da sociedade é que todos saibam dizer o que são. Acho que me perdi, pois já não consigo falar o que sou. Mas acho legal alguém realmente saber quem é.

Os textos anteriores falam muito de uma “essência” do Alexandre que é impermeável e sólida. “Sou artista” e isso não depende de nada que eu faça ou deixe de fazer. Isso mesmo que você já tivesse livros escritos, que pudessem comprovar seu status de artista.

A grande obra do Alexandre, sua “própria vida” tem sido divulgada e discutida pela blogosfera há anos, tem efeito palpável na vida de muita gente, como aspira ter muita obra de arte por aí.

O mais novo é mais mais centrado na obra do Alex, que além dos seus livros é ainda sua própria vida – mas parece aí dizer que foi-se o tempo de transcrever tudo em literatura, já que o LLL está em vias dê.

Com menos “eu sou” e mais “eu faço” (ou eu fiz).

Não?

fiz o que você fez, dei uma buscada no google e encontrei seu texto copiado quase 100% nos lugares mais bizarros – de fotolog de adolescentes a blog erótico.

ressoou, hein. hehe

uso a desculpa da idade para me sentir bem com o fato de que me sentiria puto se o texto fosse meu. mimimi.

muy bueno.

Ou acometido de walterhugomãezismo.

“proteger quem dividiu comigo sua intimidade é mais importante do que toda a literatura do mundo”

Que elegância de mestre sala!

Não que eu me incomode, mas por que tudo em minúsculas? Vc foi acometido por uma espécie de maryw-ismo?

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