A liberdade de não revidar

Liberdade é receber o tapa e poder escolher, friamente, se quero responder na mesma moeda ou não.

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Passo boa parte do meu tempo ouvindo pessoas contarem histórias de suas vidas.

A principal fonte de sofrimento dessas pessoas é não receber coisas que achavam que mereciam: seja dinheiro no bolso ou promoção no trabalho, carinho da mãe ou sexo do companheiro, convite para festa ou prêmio pela obra.

O primeiro ensinamento do Buda é que todo o nosso sofrimento vem do nosso apego ao Eu: entre outras coisas, por acharmos que esse Eu merece ser apreciado, bem tratado, recompensado, amado. Quando o universo não nos entrega o que esperamos, como fatalmente acontecerá, sofremos.

Em minha vida, tenho feito um esforço concentrado para desapegar do meu Eu e não esperar nada de ninguém, do mundo ou das pessoas. Hoje, ninguém me deve nada, eu não mereço nada, sou tranquilo.

Ultimamente, tenho reparado como é fácil desarmar situações tensas interpessoais se eu simplesmente não me preocupo comigo, com meu Eu, com o que as pessoas vão pensar de mim.

Se alguém me dá um tapa, eu posso e tenho o direito de dar um tapa de volta, continuando assim a sequência de tapas.

Por outro lado, também posso encampar o tapa e não passá-lo adiante. Dar a outra face, como diria Jesus.

E não me sentir humilhado por isso, como talvez me sentisse em outras épocas, mas vitorioso, por ter conseguido me ver livre do impulso de retribuir na mesma moeda.

Liberdade é receber o tapa e poder escolher, friamente, se quero responder na mesma moeda ou não.

Não acho que ninguém deva fazer isso. Não tenho opinião sobre o que outras pessoas devam fazer de suas vidas.

Mas é o que tenho tentado fazer na minha vida, e me trouxe muita paz.

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Leia também: meus textos sobre Zen.

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Pós-escrito

As próximas Imersões “As Prisões” vão acontecer entre 18 e 20 de janeiro em Areias, SP (a meio caminho entre RJ e SP) e entre 1º e 3 de fevereiro em Taíba, CE (a 70km de Fortaleza).

Ambas estão saindo com desconto só até 15 de dezembro e já estão quase lotadas. Não sei quando serão as próximas.

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