quando stalin morreu, as próprias pessoas que ele tiranizou durante décadas, que tiveram entes queridos mortos pelo ditador, foram às ruas, trincando os cabelos e arrancando os dentes, numa dor intensa, num luto desesperado.
muita gente do lado de cá da cortina de ferro não entendeu, acharam que elas talvez estivessem sendo vigiadas, que fingiam o luto para não serem perseguidas pela kgb, etc.
mas a questão não é de afeto, é de grandeza:
se até uma figura tão sobre-humana pode morrer…
então, que chance EU tenho?
* * *
assim como todas as pessoas, não consigo acreditar que EU vá realmente morrer.
no meu caso, é uma consequência lógica de não conseguir acreditar que uma pessoa capaz de escrever o hino à vida que é a canção de mim mesmo pudesse simplesmente, puff!, deixar de existir.
mas, se por acaso for verdade, se walt whitman tiver mesmo morrido, se até david bowie pode ter um câncer e morrer…
então, é porque todas nós vamos morrer também.
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fotos: funeral de kim jong-il, ditador nortecoreano, 2011.