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O privilégio de ouvir histórias de horror

OUVIR histórias de horror — ao invés de VIVÊ-LAS — é um baita privilégio.

Ouvir histórias de horror — ao invés de vivê-las — é um baita privilégio.

Não passa um dia sem que eu escute não uma, não duas, mas várias mulheres pedindo ajuda, chorando dores, compartilhando agressões: violências sempre cometidas por homens.

E tem muito, muito pouco que eu possa fazer além de ouvir, abraçar, acolher.

Com o tempo, as histórias de horror vão pesando na minha alma.

Sempre que tenho vontade de puxar a tomada, desligar tudo, sair do Facebook, parar de ler os emails desesperados, penso que o simples fato de eu poder fazer tudo isso é um baita privilégio masculino.

As mulheres que sofrem essas violências que me pesam na alma não têm como desligar o mundo que as oprime.

Então, engulo o meu desespero e vou ver o que posso fazer pra ajudar.

* * *

Meu texto sobre feminismo para homens:
papodehomem.com.br/feminismo

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Tradução do cartaz acima, por Gabriela Franco:

“Eu quero que meus amigos entendam que ‘ficar fora da política’ ou ‘estar de saco cheio de política’ é colocar seu privilégio em ação.

Seu privilégio permite que você viva uma existência apolítica. Sua riqueza, sua raça, suas habilidades ou seu gênero lhe permitem viver uma vida na qual você provavelmente não será um alvo de racismo, ataques, deportação ou genocídio. Você não quer se envolver em política, você não quer lutar porque sua vida e segurança não estão em jogo.

É difícil e exaustivo levantar assuntos de opressão (ou seja, falar de política, ser politizado) A luta é cansativa. Eu entendo. Cuidar de si próprio é essencial.

Mas se você acha política irritante e você só quer que todo mundo seja legal, por favor, saiba que as pessoas estão literalmente lutando por suas vidas e segurança. Você pode não perceber essas coisas, mas é isso que o privilégio faz.”

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Esse texto foi em resposta a esse belo e terrível desabafo da Renata Correa:

 

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