Millôr dizia: “Às vezes, você está discutindo com um idiota… e ele também!”
Sempre que alguém vem me falar mal de ex-cônjuge, penso uma variação disso:
“Às vezes, você casou com uma pessoa horrível… e ela também!”
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Todas as pessoas, mesmo as melhores, mesmo as mais fofas, têm seus momentos de raiva, mesquinharia, egoísmo, pequenez, canalhice. Qualquer pessoa que conviva intensamente com outra por vários anos terá testemunhado vários desses momentos.
Uma pessoa que, em seis anos de casamento, ao longo de 72 meses, por dois mil dias um atrás do outro, tenha tido somente três momentos de canalhice e egoísmo, pode ser considerada uma verdadeira santa.
Entretanto, se eu escrever um texto no Facebook contando esses três episódios, sem dar o contexto, sem citar os atenuantes, eu consigo facilmente fazê-la parecer uma monstra sem precisar nem mentir nem exagerar uma única vez.
Quem não conseguiria escrever um texto desses sobre sua mãe, seu irmão, sua ex-namorada?
Por isso, nos parece tão feio, tão rude, tão desleal, quando ex-cônjuges lavam roupa suja em público ao final de um relacionamento.
Tirando casos extremos de crimes realmente sérios, como abuso e violência doméstica, que devem ser denunciados e expostos…
Falar mal da pessoa com quem terminamos um relacionamento revela muito mais sobre nós mesmas, nossa consciência moral e nosso conceito de lealdade, do que sobre a outra pessoa.
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O encontro
“As Prisões: Exercícios de Atenção”
É uma instalação artística, indefinível e improvisada, onde exploramos os limites e as possibilidades de nossa atenção, de nossa generosidade, de nosso cuidado. Um espaço de prática, sempre imprevisível, onde pessoas se juntam e se chacoalham, compartilham vivências e trocam histórias e, no processo, criam novos tipos de interação. Um evento que só pode ser presencial pois foi criado para só poder ser presencial, justamente para fazermos aquilo que é impossível de ser feito através de textos.
Foi nesses encontros, realizados desde 2013 nas cinco regiões do Brasil, no contato energizante e polifônico com milhares de pessoas, que os Exercícios de Atenção foram sendo lentamente criados e aprimorados e são, até hoje, praticados.
Tudo o que faço é sempre fundamentalmente gratuito, e os encontros não seriam a exceção. Existe um preço sugerido mas paga quem quer, o quanto quiser.
Hoje, eu literalmente vivo da generosidade alheia: graças às pessoas mecenas, que me sustentam com suas contribuições, não preciso ganhar a vida. Então, o mínimo que posso fazer com essa vida que me foi dada ganha é passar adiante a generosidade: promovo esses encontros como um serviço para as pessoas que precisam dele.
As próximas imersões “As Prisões: Exercícios de Atenção” (que duram um fim de semana inteiro, sempre longe dos grandes centros) vão acontecer nos estados de São Paulo e no Rio Grande do Sul:
— Sudeste, 20 a 22 de outubro de 2017
— Sul, 19 a 21 de janeiro de 2018
Você vem?
Abaixo, a belíssima pousada Fazenda Sítio Velho, onde acontece a Imersão do Sudeste.