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Leituras comentadas, agosto de 2017

Um mês de leituras sobre questões centrais da humanidade: quem somos? como pensamos? o que sabemos?

Um mês de diferentes leituras por diferentes motivos: um livro lido a trabalho, para escrever a orelha; um lido no grupo de estudos sobre Cuidados Contemplativos; três lidos como follow-up de leituras para meu curso de Formação de Instrutor de Meditação; quatro como parte dos meus estudos para um romance em planejamento; uma coletânea de artigos do Gandhi que têm tudo a ver com As Prisões; e, por fim, dois estudos sobre a Ilíada, por puro prazer estético, porque ninguém é de ferro.

1. (71) Santos fortes, Karnal e Fernandes, 2017, português.
2. (72) Being with dying, Halifax, 2009, inglês.
3. (73) João da Cruz, Leloup, 2007, francês.
4. (74) Esperando Foucault, ainda, Sahlins, 1993, inglês.
5. (75) The Western illusion of human nature, Sahlins, 2008, inglês.
6. (76) The knowledge illusion, Sloman e Fernbach, 2017, inglês.
7. (77) The enigma of reason, Mercier e Sperber, 2017, inglês.
8. (78) The desert fathers, c.III-IV, copta. [Trad, org: Waddell, 1936.]
9. (79) The desert fathers, c.III-IV, copta. [Trad,org: Ward, 2003.]
10. (80) Trusteeship, Gandhi, c.1930-1940, inglês.
11. (81) The Iliad, or the poem of force, Weil, 1940, francês.
12. (82) On the Iliad, Bespaloff, 1945, francês.

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Os Santos do Brasil

1. (71) Santos fortes: raízes do sagrado no Brasil, de Leandro Karnal e Luiz Estevam de Oliveira Fernandes, 2017, português.

Fiquei muito honrado pelo convite de escrever a orelha do novo livro do Karnal, especialmente uma coleção de biografias de santos. O lançamento deve ser em outubro, pela Editora Rocco, minha nova casa.

Abaixo, o texto que escrevi.

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Até pouco tempo atrás, as “Vidas de Santos” (ou hagiografias) eram um gênero literário consolidado e popular.

Em nossa sociedade contemporânea, aparentemente secularizada, esse tipo de livro saiu de moda. Hoje, olhamos com um pouco de desconfiança, alguma estranheza e até descaso às pessoas que dedicam suas vidas à Religião, que fazem votos de castidade ou de pobreza, de obediência ou de silêncio. Ao mesmo tempo, entretanto, continuamos religiosamente entregando nossas vidas em holocausto aos deuses que idolatramos. Quem não conhece fiéis do Deus-Consumo, beatas da Deusa-Fama, pastores do Divino-Mercado?

Nesse contexto, essa nova coleção de “Vidas de Santos” é um livro iconoclasta, justamente por não ser uma hagiografia católica tradicional, mas sim um livro leve e divertido, ecumênico e sincrético, escrito especificamente para o público leitor brasileiro do século XXI, sobre o fenômeno social da nossa religião popular. Os Santos Fortes não são necessariamente os mais famosos, os mais devotos, os mais inspiradores, e sim os mais brasileiros. São os nossos Santos de várzea, nossos Santos de raiz, nossos Santos moleques. São os Santos da nossa vida, os Santos das nossas ruas, os Santos da nossa cultura.

São os Santos de todas as nossas religiões. Porque aqui descobriremos que:

— Para o Espiritismo, São João Batista era a reencarnação do Profeta Elias, que depois reencarnou como Alan Kardec;

— Que Iansã é Santa Bárbara, que São Jorge é Ogum e que Oxóssi é São Sebastião (ou vice-versa!);

— Que Santo Antônio é militar de carreira no Exército e que sua última promoção, a Tenente-Coronel de Infantaria, foi assinada por Dom João VI no Rio de Janeiro;

— E até mesmo que alguns de nossos Santos mais Santos na verdade não são Santos (mas é claro que são), como o Padre Cícero.

Porque, no final, a grande questão é justamente essa: existe isso de “religião popular”? Nosso Padim Ciço é “menos” Santo do que São João Batista? Diz Oswald de Andrade que nunca fomos sido “realmente catequizados”. E respondem os autores: alguém foi? Qual canto da Europa realmente compreendeu com plenitude os mistérios do Cristianismo? Que o digam suas bruxas e duendes, coelhos da Páscoa e árvores de Natal.

Conhecer nossos Santos Fortes é conhecer um pouco mais sobre nós mesmos, nossas avós e nossas filhas, nossos medos e nossas prioridades, de onde viemos e para onde estamos indo.

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Estar com a morte

2. (72) Being with dying, cultivating compassion and fearlessness in the presence of death, de Joan Halifax, 2009, inglês.

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Joan Halifax é uma mestra zen norte-americana: foi ordenada por Bernie Glassman, fundador da Ordem dos Pacificadores Zen, da qual faço parte, e é professora do meu professor, Álcio Braz, irmão responsável por Eininji, o Templo onde sou ordenado. (Ou seja, é minha aparentada no darma por todos os lados.) Atualmente, dirige um templo zen no Novo México chamado Upaya (“Meios habilidosos”), onde tenho muita vontade de passar uns meses para aprofundar a prática.

Uma das atividades que estamos desenvolvendo em nosso Templo é a criação de um grupo de Cuidados Contemplativos, para acompanhar pessoas em processo de morte. Para isso, estamos lendo, estudando, comentando esse livro de Joan, Being with Dying.

Uma frase interessante do prefácio, por Ira Brock:

“Um diagnóstico de câncer transforma qualquer pessoa em budista”.

E uma citação do Mahabharata:

“A coisa mais incrível do mundo é vivermos cercadas de pessoas que estão morrendo… e ainda assim não acreditarmos que pode acontecer conosco.”

O livro é bom, útil, importante. Ainda estou lendo.

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Um texto meu sobre a morte: Você vai morrer

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João da Cruz, por Jean-Yves Leloup

3. (73) João da Cruz, ou A noite habitada, de Jean-Yves Leloup, 2007, francês. [Trad: Martha Gouveia da Cruz, 2007.]

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Esse ano, para meu curso de Formação de Instrutores de Meditação, eu li (e depois reli) a Noite Escura, de João da Cruz, escrito no século XVI. Para o mesmo curso, li também, em abrilA montanha no oceano: meditação e compaixão no Budismo e Cristianismo, de Jean-Yves Leloup, um padre ortodoxo contemporâneo, francês mas com fortes laços com o Brasil. Ambos os livros me impactaram bastante. Quando descobri que Leloup escrevera sobre João da Cruz, quis ler. O livro não é ruim, mas não meus interesses são outros. Leloup investiga o conceito de Deus em João da Cruz. A mim, interessa o seu conceito de Noite Escura.

Leia meu texto principal sobre Noite Escura, de João da Cruz.

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Quem é o ser humano? Como pensa? O que sabe?

4. (74) Esperando Foucault, ainda, de Marshall Sahlins, 1993, inglês. [Trad: Marcela Coelho de Souza e Eduardo Viveiros de Castro, 2004.]

Estou planejando um livro passado em uma sociedade pré-histórica e, para isso, tenho lido sobre quem somos, como pensamos, como evoluímos.

Do Esperando Foucault, ainda, do Sahlins, na verdade uma grande zoação acadêmica, vou mencionar só uma frase, que caberia bem na Prisão Felicidade:

“Um povo que concebe a vida exclusivamente como busca da felicidade só pode ser cronicamente infeliz.”

Vamos aos outros.

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Nem o lobo é o lobo do lobo: a falsa dicotomia cultura vs natureza

5. (75) The Western illusion of human nature, with reflections on the long history of hierarchy, equality, and the sublimation of anarchy in the West, and comparative notes on other conceptions of the human condition, de Marshall Sahlins, 2008, inglês.

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Em The Western illusion of human nature, com o deliciosamente longo subtítulo “with reflections on the long history of hierarchy, equality, and the sublimation of anarchy in the West, and comparative notes on other conceptions of the human condition”, o renomado antropólogo Marshall Sahlins busca desconstruir “a ilusão ocidental da natureza humana”, ou seja, a ideia de que existiria uma separação entre nossa pretensa natureza, perversa e selvagem, e nosso cultura redentora, criada aparentemente para conter essa selvageria.

O texto foi primeiro apresentado como palestra, em 2005, sendo depois expandida em livro. O texto nunca foi publicado em português, que eu saiba, mas existe uma versão da palestra circulando na internet em português. Recomendo muito ler. As minhas citações abaixo saíram do livro, onde estão mais desenvolvidas, mas estão todas, de forma mais resumida, na palestra original.

Sahlins escolhe como seu interlocutor-antagonista o historiador ateniense Tucídides, mas poderia igualmente ter sido Freud em O mal-estar da civilzação ou centenas de outras pessoas:

“When in Thucydides famous “Melian Dialogue” the Athenians invoke the same law of domination, one would think that “human nature” had already achieved its modern Western function as a portmanteau excuse for ethically problematic cultural practices—such as the subordination of women, serial monogamy or the love of money. By blaming the negative aspect on nature, the moral contradiction—as between imperialism and democratic equality (isonomia)—is placed beyond anyone’s responsibility, most particularly those who are indulged by it. … So culture is either the social form of natural impulses, or when it is not, when the city is organized on principles of justice, morality, equality and other such fair names, this is only a superficial mystification of a truer and stronger human nature. … This is a no-loss historiography in which it is only human nature to act contrary to human nature—thus making human nature the unbeatable heavyweight champion of world history.”

Nietszche já tinha nos alertado:

“O livro-arbítrio só foi inventado para que possamos ser punidos, para que possamos nos sentir culpados.” (Crepúsculos dos ídolos, 1888, seção “Os quatro grandes erros”)

Sahlins provavelmente acrescentaria que a ideia da selvageria inerente do ser humano foi inventada pela mesma razão:

“Through the Middle Ages into modern times, society has regularly been viewed as a necessary and coercive antidote for our inherent egoism.”

Essa dicotomia natureza-cultura, que nos parece tão autoevidente, não é evidente para praticamente mais ninguém:

“As enchanted as our universe may still be, it is also still ordered by a distinction of culture and nature that is evident to virtually no one else but ourselves. On the basis of an ethnographic tour du monde, Philippe Descola concludes: ‘The manner in which the modern Occident represents nature is the one thing in the world the least widely shared. In numerous regions of the planet, humans and non-humans are not conceived as developing in incommensurable worlds according to distinct principles. The environment does not consist of objectivity as an autonomous sphere; plants and animals, rivers and rocks, meteors and seasons, do not exist in the same ontological niche, defined by its lack of humanity.’ … One has to ask, if man really has a pre-social, anti-social animal disposition, how has it happened that so many peoples remained unaware of it and lived to relate their ignorance? Many of them have no concept of animality whatsoever, let alone of the bestiality supposed to be lurking in our genes, our bodies and our culture. Amazing that, living in such close relations with so-called “nature,” these peoples have neither recognized their inherent animality nor known the necessity of coming to cultural terms with it.”

Sahlins inverte a famosa frase de Hobbes (“o homem é o lobo do homem”) e aponta que nem o lobo é o lobo do lobo, pois eles vivem em sociedades organizadas por complexos rituais de deferência, intimidade e organização. E ele conclui: não existe nada na natureza animal não-humana tão feroz e selvagem quanto a ideia que nós fazemos de nossa própria natureza humana:

“For that matter, not even wild animals are wild animals. I mean they are not the savage beasts men are supposed to be by nature, driven by their insatiable appetites to sow war and disorder among their own kind. Now is the whimper of our self-contempt: homo homini lupus, “man is a wolf to man,” the formula of dark human instincts adopted by Freud after the popular characterization of Hobbism, based in turn on an aphorism authored by Plautus in the second century BC. (Freud did wonder, however, how beasts managed to deal with such a fundamental menace to the species.) What a slander of the gregarious wolf-pack with its many techniques of deference, intimacy and cooperation, whence its enduring order. After all we are speaking of the ancestor of “man’s best friend.” Nor are the great ape relatives of humanity bent on “a perpetual and restless desire pursuit of power after power that ceaseth only in death” and, in consequence, a “war of each against all.” There is nothing in nature as perverse as our idea of human nature. It is a figment of our cultural imagination.”

Em nossa sociedade, a visão corrente é que bebês são pequenas coisinhas animalizadas e autocentradas cuja natureza selvagem precisa ser domada, superada e domesticada por nossa cultura civilizatória. Para outras sociedades, são apenas humanos em treinamento. E comenta Sahlins: talvez não acharíamos isso dos bebês se não fôssemos nós mesmas tão egoístas e autocentradas:

“Society, Marilyn Strathern goes on to say, “is not a set of controls over and against the individual; human achievements do not culminate in culture.” In fact, few societies known to anthropology, besides our own, make the domestication of infants’ inherent anti-social dispositions the issue of their socialization. On the contrary, the average common opinion of mankind is that sociality is the normal human condition. … The more common belief is simply that the infant is not yet a full person—although not because he or she is born an anti-person. This incompleteness is a question of the maturity of child’s mind or soul rather than the regulation of bodily impulses. … By comparison with our orthodox views of early childhood—popular or scientific—societies around the world oppose a certain culturalism to our biologism. For them, infants are humanity-in-becoming; for us, animality-to-be-overcome. Most peoples surely do not think the child as double, half angel and half beast. Rather, children are born human, whether incompletely so or fully so by incarnation. … Perhaps we would not view babes as selfcentered creatures of desire were we not already committed egoists ourselves. Thank Freud for another relevant concept: projection.”

Na verdade, a cultura é mais velha do que a nossa pretensa natureza: o homo sapiens moderno existe há somente 50 mil anos, mas práticas culturais são pelo menos seis vezes mais antigas. Nossa própria evolução foi selecionada por nossas práticas culturais. Somos nossa cultura. Nossa natureza é nossa cultura:

“Culture is older than Homo sapiens, many times older, and culture was a fundamental condition of the species’ biological development. Evidence of culture in the human line goes back about three million years; whereas the current human form is but a few hundred thousand years old. … Anatomically modern man is only 50,000 years old and flourished particularly in the late Stone Age (Upper Paleolithic), which would make culture sixty times older than the species as we know us. … For some three million years humans evolved biologically under cultural selection. We have been fashioned body and soul for a cultural existence. the human nature.”

Sahlins alude aqui ao tema dos próximos dois livros que vou tratar: o cérebro humano, nossa razão, nossa fala, nossa linguagem, evoluíram selecionados por nossas necessidades sociais. Segundo as mais modernas teorias, desevolvemos a razão e a fala para convencer o grupo e acompanhar quem era desafeto de quem, quem estava pegando quem:

“Respectable biological opinion now has it that the human brain is a social organ: that it evolved in the Pleistocene under the “pressure” of maintaining a relatively extensive, complex and solidary set of social relationships—which in all probability included lands of non-human persons. Symbolic capacity was a necessary condition of this social capacity. The “pressure” was to become a cultural animal; or more exactly, to culturalize our animality.”

O ser humano é um animal social. Não existe possibilidade de uma pessoa existir antes da cultura, fora da cultura:

“Man was truly a social animal, but precisely in the sense that his nature was formed in society rather than innately pre-posed to it or responsible for it. There is no such pre-social individual, no such thing as a human being existing before or apart from society. Humans are constituted, for better or for worse, within society, and variously so in different societies. In society they are born, and there they remain, capable of all the sentiments on which diverse peoples fashion their mode of life.”

Já está na minha fila o próximo livro de Marshall Sahlins que lerei: Stone Age Economics.

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A única inteligência que importa é a coletiva

6. (76) The knowledge illusion, why we never think alone, de Steven Sloman e Philip Fernbach, 2017, inglês.

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O quanto nós sabemos do que sabemos? O quanto do nosso conhecimento é nosso?

Em uma escala de 0 a 10, como você classificaria o seu conhecimento sobre como funciona uma descarga de privada?

Pense um pouco e responda.

Respondeu?

Ok.

Sem olhar na internet e sem consultar nada, descreva para si mesmo, com o máximo de detalhes que puder, como funciona uma descarga de privada. O que acontece de fato quando apertamos o botão? Qual é o mecanismo? Etc. (Exemplo de uma descrição nota 10.)

Agora, depois disso, na mesma escala de 1 a 10, como você classificaria o seu conhecimento sobre como funciona uma descarga de privada?

A maioria das pessoas se dá uma nota alta no primeira avaliação, percebe que não faz ideia de como funciona uma privada na prática, e se dá uma nota mais baixa (e mais realista) na segunda avaliação.

O fato de usarmos descargas de privadas todos os dias cria em nós uma falsa sensação de que “sabemos” como aquilo funciona. Na verdade, sabemos só que temos que apertar o botão para obter o efeito desejado, e praticamente mais nada. Outras pessoas, poucas pessoas, detém esse conhecimento e, graças a elas, todas nós usufruímos dele:

“The human mind is not like a desktop computer, designed to hold reams of information. The mind is a flexible problem solver that evolved to extract only the most useful information to guide decisions in new situations. As a consequence, individuals store very little detailed information about the world in their heads. In that sense, people are like bees and society a beehive: Our intelligence resides not in individual brains but in the collective mind. To function, individuals rely not only on knowledge stored within our skulls but also on knowledge stored elsewhere: in our bodies, in the environment, and especially in other people. When you put it all together, human thought is incredibly impressive. But it is a product of a community, not of any individual alone. … Nobody could be a master of every facet of even a single thing. Even the simplest objects require complex webs of knowledge to manufacture and use. … We live in a community of knowledge.”

A “ilusão do conhecimento” no título do livro de Steven Sloan e Philip Fernbach é essa nossa incapacidade prática de separar o “conhecimento que está em nossa cabeça” do “conhecimento que está disponível para nós” em nossa “comunidade de conhecimento”.

“How can we get around, sound knowledgeable, and take ourselves seriously while understanding only a tiny fraction of what there is to know? The answer is that we do so by living a lie. We ignore complexity by overestimating how much we know about how things work, by living life in the belief that we know how things work even when we don’t. We tell ourselves that we understand what’s going on, that our opinions are justified by our knowledge, and that our actions are grounded in justified beliefs even though they are not. We tolerate complexity by failing to recognize it. That’s the illusion of understanding.”

Quase tudo que temos de fato em nossas cabeças é superficial, porque de fato não precisamos saber mais que isso para tocar nossas vidas eficientemente:

“We gave one group of people the scenario above and another group a similar scenario that instead said scientists had not yet explained how the rocks glow. We asked each group of respondents to rate their own understanding of glowing rocks. When the scientists didn’t understand it, the participants themselves professed to understand it less well. Part of the participants’ sense of understanding derived from the knowledge that others understand it. Merely telling people that scientists understood a phenomenon increased their sense of understanding that phenomenon. We had explicitly told people we were interested in their own personal sense of understanding. It’s as if people just cannot distinguish their own understanding from what others know. At one level, this is perfectly reasonable. Why should it matter that I personally have information in my head? If you ask me whether I know a phone number, does it matter if I’ve memorized the number, whether it’s on a slip of paper in my pocket, or whether it’s in the head of the person next to me? … In a community of knowledge, what matters more than having knowledge is having access to knowledge. … The knowledge illusion occurs because we live in a community of knowledge and we fail to distinguish the knowledge that is in our heads from the knowledge outside of it. … A lot of human understanding consists simply of awareness that the knowledge is out there. … Most of what is in our heads is quite superficial. We can get away with that superficiality most of the time because other people don’t expect us to know more; after all, their knowledge is superficial too.”

Percebemos o mundo através de uma frestinha muito estreita de percepção:

“In one series of experiments, participants were asked to read text displayed on a computer screen. Each participant wore an eyetracking device that told the computer where the person was looking. The studies used a clever trick: Most of what the computer displayed was actually junk, sequences of random letters. The only meaningful text was in a small window right where the person was looking. Because the computer knew where the person was looking, it was able to show the small window of real text in just the spot where the eye was focused. So as readers moved their gaze along the line of text, the window moved too. Real text always appeared in the small window right where the person was looking, while all the surrounding text was a jumble of random letters. The researchers conducting the study found that, as long as the window wasn’t too small, the participants had no idea there was any nonsense on the screen just outside their gaze. The document appeared to be completely normal, full of nothing but meaningful text. Typically, the window can have a width as small as 17 or 18 characters, about 2 to 3 characters to the left of where the eyes are fixated and about 15 characters to the right (because in English, we read left to right). That’s just a few words, less than 6. Even if everything outside just a few words is random letters, participants believe they are reading normal text. For anyone standing behind the reader looking at the screen, most of what they would see is nonsense, and yet the reader has no idea. Because what the reader is seeing at any given moment is meaningful, the reader assumes everything is meaningful. What the readers experienced in this study was not the actual world—the actual world was full of nonsense and they were experiencing a world full of sensible text. Wherever they looked, the text they saw made sense, so they assumed what they weren’t looking at also made sense. They were perceiving the world with a sort of tunnel vision, oblivious to how confused things were outside their little perceptual window. This study suggests that we draw conclusions about the world based on small glimpses.”

Nossa verdadeira inteligência não é nossa inteligência individual, mas nossa inteligência coletiva. Os autores concordam com a hipótese do “cérebro social”: nosso cérebro teria se desenvolvido sob pressão de nossos grupos sociais, ficando mais desenvolvido quanto maiores e mais complexos ficavam nossos grupos humanos.

“While the ecological hypothesis focuses on individual capabilities, a rival idea suggests that the driving force of the evolution of human intelligence was the coordination of multiple cognitive systems to pursue complex, shared goals. This is called the social brain hypothesis. It attributes the increase in intelligence to the increasing size and complexity of hominid social groups. Living in a group confers advantages, as we have seen with hunting, but it also demands certain cognitive abilities. It requires the ability to communicate in sophisticated ways, to understand and incorporate the perspectives of others, and to share common goals. The social brain hypothesis posits that the cognitive demands and adaptive advantages associated with living in a group created a snowball effect: As groups got larger and developed more complex joint behaviors, individuals developed new capabilities to support those behaviors. These new capabilities in turn allowed groups to get even larger and allowed group behavior to become even more complex.”

A principal vantagem evolutiva do ser humano, portanto, seria não nosso cérebro individual, mas sim nosso cérebro social, nossa capacidade de compartilhar nossa atenção com outros seres humanos, de trabalharmos juntas em prol de um objetivo em comum.

“Humans can share their attention with someone else. … Sharing attention is a crucial step on the road to being a full collaborator in a group sharing cognitive labor, in a community of knowledge. Once we can share attention, we can do something even more impressive—we can share common ground. … It is not individual brainpower that distinguishes human beings. It is that humans can learn through other people and culture and that people collaborate: they engage with others in collective activities. … People are built to collaborate.”

O único teste de inteligência que deveria realmente importar é não a inteligência individual de cada pessoa, mas sim o quanto essa pessoa contribui para o sucesso do grupo. Em outras palavras, a pessoa mais inteligente é a pessoa que é mais útil para sua comunidade:

“We will argue that the best way to assess intelligence is by assessing how much an individual contributes to a group’s success. An individual contributes to a team, and it is the team that matters, because it is the team that gets things done. An individual’s intelligence ref lects how critical that individual is to the team. … Indicators of group cohesion, motivation, and satisfaction did not predict how well groups did. Other measures did: social sensitivity, how often groups took turns, and the proportion of females in the group. Their data suggest that having more females helps a group because it makes it more socially sensitive (this is not a surprise to anybody who has spent any time in a boys’ locker room).”

Não fomos feitos para sermos mestres do conhecimento individual, mas sim para participar de comunidades. Por isso, o objetivo do sistema educional deveria ser não nos transformar em “pensadores independentes” com cabeças “cheias de conhecimentos”, mas sim nos permitir melhor contribuir com nossa inteligência para a inteligência coletiva de nossos grupos: colaborar melhor com as outras pessoas, reconhecer qual é o conhecimento que temos a oferecer ao grupo e quais são as lacunas em nosso conhecimento que precisamos do grupo para preencher:

“Humans aren’t built to become masters of all subjects; humans are built to participate in a community. … We must avoid the mistaken belief that the purpose of education should be to give people the knowledge and skills to be independent thinkers. One might assume that we go to school to learn things we previously relied on others to do and know for us; that the purpose of education is to make people intellectually independent. … This idea that education is for increasing intellectual independence is not entirely correct because it rests on another problematic set of assumptions: that the purpose of education is to expand your personal knowledge and skills; that the set of concepts you have about whatever domain you’re studying should be new and improved following an education; that there should be more and more accurate knowledge inside your head coming out of an education than there was going in; and that you should be able to do more things. These ideas aren’t wrong so much as incomplete. The idea that education should increase intellectual independence is a very narrow view of learning. It ignores the fact that knowledge depends on others. … Learning therefore isn’t just about developing new knowledge and skills. It’s also about learning to collaborate with others, recognizing what knowledge we have to offer and what gaps we must rely on others to help us fill.”

Nosso problema não é nossa ignorância: é essa “ilusão do conhecimento” que nos faz não perceber o quanto somos ignorantes.

Para saber mais, leia essa entrevista com os autores, em inglês.

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A inteligência humana: falha ou eficiente, individual ou coletiva?

7. (77) The enigma of reason: a new theory of human understanding, de Hugo Mercier e Dan Sperber, 2017, inglês.

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Se os seres humanos são inteligentes (essa inteligência tão incrível da qual tanto nos orgulhamos e que nos distingue dos animais que massacramos sem a menor cerimônia por não dispor dela) é porque essa característica foi selecionada pela evolução – tanto quanto o radar dos morcegos ou os pescoços das girafas.

Apesar disso, experimentos demonstrando os limites e falhas da nossa inteligência se tornaram lugar comum nas ciências cognitivas: pensamos pouco, pensamos mal, somos fáceis de iludir, tomamos decisões equivocadas, não conseguimos perceber a realidade, etc etc. Mas se nossa inteligência é tão importante, como pode ser tão falha? Se é tão falha, como pode ser tão importante?

“Psychologists generally recognize that reason is biased and lazy, that it often fails to correct mistaken intuitions, and that it sometimes makes things worse. Yet most of them also maintain that the main function of reason is to enhance individual cognition—a task it performs abysmally. The interactionist perspective, on the other hand, offers for the first time an evolutionarily plausible account of the often decried biases and shortcomings of reason.”

O argumento principal desse livro é: se a função da inteligência fosse perceber a realidade e descobrir a verdade dos fatos, ela seria falha. Mas não é:

“Reason, we will show, far from being a strange cognitive add-on, a superpower gifted to humans by some improbable evolutionary quirk, fits quite naturally among other human cognitive capacities and, despite apparent evidence to the contrary, is well adapted to its true function. … Much recent thinking about thinking (for instance Daniel Kahneman’s famous Thinking, Fast and Slow) revolves around a contrast between intuition and reasoning as if these were two quite different forms of inference. We will maintain, on the contrary, that reasoning is itself a kind of intuitive inference.”

A inteligência tem dois objetivo: criar justificativas para nossas ações e argumentos para convencer as outras pessoas.

“Reason, we argue, has two main functions: that of producing reasons for justifying oneself, and that of producing arguments to convince others. These two functions rely on the same kinds of reasons and are closely related. … The second function of reason—a function carried out through reasoning and argumentation—is, we claim, to make communication effective even when the communicators lack sufficient credibility in the eyes of their audience to be believed on trust. Reason produces reasons that communicators use as arguments to persuade a reticent audience. Reason, by the same token, helps a cautious audience evaluate these reasons, accept good arguments, and reject bad ones.”

A inteligência é uma competência social e perfeitamente adaptada às necessidades que evoluiu para resolver. Aquilo que antes parecia erro agora se revela uma vantagem:

“Reason, we maintain, is first and foremost a social competence. We do not deny that reason can bring huge intellectual benefits, as the case of science well illustrates; on the contrary, we explain how it does this: through interaction with others. … We will demonstrate how apparent biases that have been described as deplorable flaws of reason are actually features well adapted to its argumentative function. A number of sometimes surprising predictions about human reason follow from our approach. The evidence we will present confirms these predictions. It is by force of argument that we hope to persuade you that the interactionist approach is right or, at least, on the right track. This, of course, makes the book itself an illustration of the perspective it defends.”

A última frase acima, que também é a última frase da Introdução, me fez dar uma boa gargalhada.

A inteligência é socialmente construída, para servir a fins sociais:

“Reasons are social constructs. They are constructed by distorting and simplifying our understanding of mental states and of their causal role and by injecting into it a strong dose of normativity. Invocations and evaluations of reasons are contributions to a negotiated record of individuals’ ideas, actions, responsibilities, and commitments. This partly consensual, partly contested social record of who thinks what and who did what for which reasons plays a central role in guiding cooperative or antagonistic interactions, in influencing reputations, and in stabilizing social norms. Reasons are primarily for social consumption.”

Desenvolvemos nossa inteligência porque ela nos ajudava em nossa vida de primatas hiperssociais. Só um cérebro poderoso para poder acompanhar quem é amiga de quem, quem está pegando quem, quem odeia quem, em um grupo de dezenas de primatas que precisam trabalhar juntos e que odeiam ficar sozinhos:

“Reason is not a broad-use adaptation that would be advantageous to all kinds of animal species. Reasons, we argued, are for social comsumption. Reason is an adaptation to the hypersocial niche humans have built for themselves. … Reason properly understood as a tool for social interaction is certainly not perfect, but flawed it is not.”

Esse livro foi um dos livros mais brilhantes e chacoalhadores que li nos últimos anos. A Introdução sozinha talvez seja uma das melhores introduções de livro de ideias que já vi: descreve perfeitamente qual será o raciocínio central desenvolvido e gera curiosidade de saber como chegarão lá.

introdução completa está disponível na internet e eu recomendo que você leia agora.

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Os Padres do Deserto

8. (78) The desert fathers, c.III-IV, copta. [Trad, org: Hellen Waddell, 1936.]
9. (79) The desert fathers, sayings of the early Christian monks, c.III-IV, copta. [Trad: Benedicta Ward, 2003.]

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Os Padres do Deserto foram talvez os últimos cristãos verdadeiros, os últimos iconoclastas que escolheram seguir os ensinamentos da pessoa Jesus em detrimento das ordens da instituição criada por Paulo. Os dois livros acima, sobre eles, são parecidos, e não apenas no título:

O de Ward, mais recente, publicado pela Penguin, traz o texto completo de um dos livros mais importantes com as próprias palavras e histórias dos Padres do Deserto (De Vitis Patrum, V), em uma tradução mais fluente e fácil de ler.

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Já o de Waddell, de 1932, é uma coletânea de diversas histórias sobre os Padres do Deserto, a partir de uma grande variedade de fontes, inclusive João Cassiano, sobre quem vou falar nas leituras de setembro. Oferece, portanto, um painel maior, mas em uma tradução mais formal e antiquada. Faz parte da coleção Vintage Spiritual Classics, ao lado de muitos outros livros legais.

Os Padres do Deserto eram uns malucos fascinantes. Para saber mais, leiam meu texto principal sobre Os Padres do Deserto.

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Você e eu não temos direito a nada

10. (80) Trusteeship, de Mahatma Gandhi, c.1930-1940, inglês.

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Como tantos ocidentais à beira do Budismo, eu hesitava entrar pois às vezes não conseguia discernir claramente um componente ético aos ensinamentos. Buscando entender melhor essa questão, um dos muitos livros que li foi The Mind of Clover: Essays in Zen Buddhist Ethics, 1984, do mestre zen norte-americano Robert Aitken.

Ao discorrer sobre a Prática de Não Roubar, ele afirma que ela vai muito mais fundo do que simplesmente abrir mão de luxos ou doar para a caridade: é uma postura de contentamento, é não ter a intenção de obter, é abrir o portão da emancipação. E, para ilustrar, ele reproduz uma citação de Gandhi.

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Essa citação foi uma das coisas mais poderosas que já li. Mas o impacto não foi imediato: ela ficou dias e dias me assombrando, crescendo dentro de mim, até não poder mais ser ignorada. Nesse momento, entretanto, eu não conseguia mais lembrar onde a tinha visto. (Deveria estar numa época de ler muitos livros.) Me lembro de folhear loucamente meus livros, de buscar por “Gandhi” no meu kindle, de procurar pela citação na internet, e nada. Será que estou louco? Será que inventei essa citação maravilhosa?

(Não riam: citações lembradas e desaparecidas são um dos maiores problemas da minha vida. Devo ter algumas dezenas de outras na mesma situação.)

Enfim, isso foi em 2012. Agora, em 2017, querendo escrever sobre bodisatvas para a introdução dos Exercícios de Atenção, voltei a folhear meus livros sobre ética budista e, para minha surpresa e alegria, encontrei a citação no livro do Aitken.

Na empolgação e para nunca mais perdê-la, mandei vir da Índia essa coletânea de artigos do Gandhi, sobre essa (filosofia? ideia? método?) que ele inventou chamada Trusteeship. O livro é legal mas, de fato, já está todo contido nessa pequena, maravilhosa citação. Não me arrependi, pois sempre fui o tipo de pessoa aluna que a professora mandava ler um capítulo e lia o livro inteiro, mas, para vocês, aqui vai a citação:

“Somos ladrões. Se pego algo que não preciso para uso próprio e imediato, e guardo essa coisa comigo, então estou roubando-a de outra pessoa. … É uma lei fundamental da natureza, sem exceção, que ela produz o suficiente para nossas necessidades do dia a dia, e se todos pegassem somente o suficiente para si e nada mais, não haveria mais miséria nesse mundo, não haveria ninguém morrendo de fome nesse mundo. Mas, enquanto tivermos tanta desigualdade, teremos também essa roubalheira. … Na Índia, temos três milhões de pessoas que precisam se contentar com uma refeição por dia … Você e eu não temos direito a nada que possuímos até que esses três milhões estejam melhor vestidos e alimentados.”

Ou seja, temos como suprir toda necessidade, só não temos como suprir toda ganância:

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A Ilíada lida por Simone Weil

11. (81) The Iliad, or the poem of force, de Simone Weil, 1940, francês. [Trad: Mary McCarthy, 1945.] Releitura: LeitOr 2010.
12. (82) On the Iliad, de Rachel Bespaloff, 1945, francês. [Trad: Mary McCarthy, 1945.]

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Por um lado, a Ilíada, leitura após releitura, tem se consolidado como um dos meus livros preferidos – ao lado da Bíblia, Declínio e Queda do Império Romano e Guia do Caminho do Bodisatva. Por outro, Simone Weil já está há anos no panteão das pessoas humanas que mais amo, admiro na vida. E que delícia Simone ser tão apaixonada pela Ilíada como eu! Um trecho:

“These moments of grace are rare in the Iliad, but they are enough to make us feel with sharp regret what it is that violence has killed and will kill again. … Never does the tone lose its colouring of bitterness; yet never does the bitterness drop into lamentation. Justice and love, which have hardly any place in this study of extremes and of unjust acts of violence, nevertheless bathe the work in their light without ever becoming noticeable themselves, except as a kind of accent. … Whatever is not war, whatever war destroys or threatens, the Iliad wraps in poetry ; the realities of war, never. No reticence veils the step from life to death.

‘Then his teeth flew out; from two sides, blood came to his eyes; the blood that from lips and nostrils he was spilling, open-mouthed; death enveloped him in its black cloud.’

The cold brutality of the deeds of war is left undisguised; neither victors nor vanquished are admired, scorned, or hated. … Such is the spirit of the only true epic the Occident possesses. The Odyssey seems merely a good imitation, now of the Iliad, now of Oriental poems; the Aeneid is an imitation which, however brilliant, is disfigured by frigidity, bombast, and bad taste.”

Na empolgação, li também o ensaio de Rachel Bespaloff sobre a Ilíada, onde ela faz comparações interessantes entre a ela e a Bíblia. Uma rápida citação:

“Force revels only in an abuse that is also self-abuse, in an excess that expends its store. Homer shows us the limits of force in the very apotheosis of the force-hero. … Who is good in the Iliad? Who is bad? Such distinctions do not exist; there are only men suffering, warriors fighting, some winning, some losing. … And life in the Iliad (as in the Bible or in War and Peace) is essentially the thing that does not permit itself to be assessed, or measured, or condemned, or justified, at least not by the living.”

Leia meu texto principal sobre Simone Weil.

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Convenções da lista

Título, autor, data da escritura, idioma original. (organizador, tradutor, data da organização e/ou tradução) data da leitura.

Quando são dadas várias traduções de uma mesma obra, a primeira foi a principal e as demais usadas para cotejo.

Considero um livro “lido” e acrescento nessa lista quando li o suficiente sobre ele para sentir que posso escrever sobre ele sem estar blefando: o critério é subjetivo e varia de obra a obra.

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A mesma ressalva de sempre

Fazer listas de livros reforça uma ideia que considero muito problemática:

Que “ler é bom”, que todas deveríamos “ler mais”, que ler é uma atividade intrinsecamente melhor do que a maioria das outras, etc.

Mas ler um livro não é mérito, não é vantagem alguma, não é algo para se gabar.

Mais importante, simplesmente ter lido um livro não significa que a pessoa leitora o entendeu, que tirou dele qualquer coisa de relevante, bela, prazeirosa ou útil.

Listar os livros que eu li faz tanto sentido quando listar os vagões de metrô que eu viajei. (Aliás, quase sempre, o 1022 e o 1026, que operam na linha um e são os últimos vagões de suas composições.)

E daí, não?

Apesar disso, incrivelmente, as pessoas pedem e perguntam.

Enfim, a verdade é que trabalho com livros. Para mim, pessoalmente, esse tipo de lista é relevante e me ajuda a sistematizar as leituras.

Então, apesar do efeito negativo de divulgar listas assim, esses foram alguns dos livros que li em agosto de 2017.

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