agora à noite, saindo do inhotim, uma senhora ao telefone:
— oi, meu amor. papai morreu. sim, acabei de saber, nesse minuto. estou aqui no ônibus voltando para bh. ele estava internado e…
a conversa continua. ela ainda faz outras duas ligações: providências a tomar, problemas a resolver, a burocracia da morte.
de repente, em meio àquele breu refrigerado, começa a soar um verdadeiro coro polifônico de vozes sussurradas e luzes azuladas:
— oi, pai.
— liguei só pra ouvir sua voz, papai.
— a bença, meu pai.
— pai, o senhor melhorou da tosse?
— estou aqui em minas e pensei em você, pai.
esse último fui eu.