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A punição por falas outrofóbicas

A punição por falas outrofóbicas tem que existir: só não pode ser a pena de morte. Senão, ninguém mais vai reconhecer seu racismo, seu machismo, sua outrofobia.

A sociedade brasileira é machista, homofóbica, racista — em resumo, outrofóbica.

A escravidão e o patriarcado são nossos fatos sócio-econômicos fundacionais. Nossa cultura e nossa língua, nossos estereótipos regionais e nossos padrões de beleza, tudo racista, tudo machista.

A única maneira de começarmos a sair desse buraco historicamente cavado é reconhecendo nossa própria outrofobia, tanto a estrutural quanto a individual.

Porém, se a punição para a pessoa que reconhece sua fala outrofóbica for sua total aniquilação pessoal e profissional, então, ninguém mais vai se responsabilizar por seu próprio racismo, por seu próprio machismo.

A punição por falas outrofóbicas tem que existir: só não pode ser a pena de morte.

Não porque o crime não seja hediondo, mas porque isso vai desistimular outras pessoas de refletirem, admitirem, confessarem seus racismos subterrâneos, seus machismos constitutivos

O que poderia ser um processo de reflexão coletivo sobre nosso pecado original acaba se tornando uma caça às bruxas.

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