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seres inexistentes

somos todos seres inexistentes que, por um acaso, existem.

mas não por muito tempo.

se tudo acaba, se até mesmo o sol vai acabar, por que seria justamente eu a não acabar nunca?

por que eu seria tão importante assim?

aliás, por que a questão da minha existência seria minimamente importante?

por que eu deixar de existir é mais ou menos dramático do que um coelho deixar de existir?

passei a existir no momento no tempo que convencionamos chamar de 1974 mas, antes disso, eu não-existi por um período literalmente infinito.

e não foi ruim. não doeu. não foi desagradável.

muito em breve, voltarei a não-existir por um período infinito de tempo.

se não era ruim antes, por que seria ruim depois?

por que ter medo de voltar a um estado que já experimentei e que não foi ruim?

considerando o tempo que passamos existindo e o tempo que passamos não-existindo, nosso estado natural é a não-existência.

existir seria apenas um breve soluço, um glitch, um bug, dentro de uma perfeita, plena e eterna condição de não-existir.

somos todos seres inexistentes que, por um acaso, existem.

mas não por muito tempo.

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Uma resposta em “seres inexistentes”

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