eu não aviso sobre spoilers. avisos sobre spoilers são sempre redundantes.
quem não quer saber o final de moby dick não deve ler textos sobre moby dick.
qualquer texto de valor sobre uma obra narrativa, qualquer texto com insight, reflexão e scholarship, vai necessariamente conter vários exemplares daquilo que as pessoas hoje chamam de spoiler.
um texto sobre uma obra narrativa que não contenha spoilers é o seu press-release. é um texto vazio, promocional, de divulgação. é um texto que não se propõe a dizer nada novo sobre a obra.
sempre que me proponho escrever sobre uma obra narrativa é porque acredito que tenho algo novo a acrescentar à discussão dessa obra. e é impossível fazer isso sem spoilers.
o fetiche da surpresa é uma maneira muito simplista de consumir arte. existem mil maneiras de desfrutar uma obra de arte e nem todas passam pelo enredo, e muito menos pela surpresa em relação ao enredo.
se você não quer saber o final de um filme antes de assisti-lo, eu respeito. mas então, por favor, não leia nada sobre o filme.
alguns textos sobre cinema, todos cheios de spoilers: “Até a chuva”, um filme para quem gosta de ajudar // “Na Estrada”: você está lendo isso errado // A menina sonhadora feliz cabeça-de-vento // Por que precisamos destruir nossos ídolos?