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Quanto custa nosso perdão?

Por que vendemos nosso perdão tão caro?

Por que vendemos nosso perdão tão caro?

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Simone Weil dizia que a única função do castigo é a reintegração:

“Todo homem que expiou sua culpa deve ser reconhecido como tão honrado quanto todos os outros.”

Algumas pessoas ficam indignadas quando veem pessoas assassinas saindo da cadeia depois de cumprirem suas penas e ousando retomar suas vidas, casando e trabalhando, como se nada tivesse acontecido.

Entendo a indignação, mas fico pensando: se a pessoa assassina alcançar a liberdade depois de cumprir pena de somente X anos nos parece pouco… e se fosse o dobro ou o triplo?

Qual seria o número mágico de anos de cadeia para que a assassina merecesse ser reintegrada na sociedade como uma pessoa tão honrada quanto nós?

Ou não existe essa possibilidade?

Poderíamos sinceramente perdoar uma assassina e, depois de ela cumprir a pena que estabelecemos, recebê-la em nossa mesa como uma de nós?

E, se a perdoaríamos depois de, digamos, dez anos (um número totalmente aleatório estabelecido por nós mesmas para nossa própria paz mental individual), então não poderíamos igualmente escolher perdoá-la depois de nove anos? Ou de cinco? Ou quem sabe até… agora?

Reparem que a pergunta não é sobre as pessoas assassinas.

A pergunta é sobre nós, quem somos, quem queremos ser.

Somos pessoas que perdoam? Nosso perdão tem como ser merecido, alcançado, conquistado?

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Publiquei esse texto, e um amigo fez uma excelente pergunta:

“E se as pessoas não morressem de velhice? Existiria pena de morte? Prisão perpétua? Seria correto dizer que uma pessoa JAMAIS seria capaz de se redimir, ou dado tempo suficiente isso seria possível?”

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Amiga está me contando de sua mágoa em relação à sua outra amiga Paulinha, que não lhe deu atenção em um momento difícil e pareceu não se importar com sua dor:

“Me senti muito desprezada, não sei se consigo perdoá-la.”

Várias horas depois, mas ainda na mesma conversa, ela me pede desculpas (pela centésima vez nos últimos onze anos) por não ter me ajudado durante o furacão Katrina, por não ter se dado conta da gravidade da situação, por não ter respondido a um telefonema meu:

“Nunca vou me perdoar!”

E eu, nesses onze anos, sempre respondia que não tinha problema algum, que eu não ficara chateado, que tinha sido ajudado por centenas de pessoas, e que agradecia sua intenção e seu carinho.

Mas, dessa vez, mudo de discurso: respondo que fiquei magoado sim, que ela não tinha me dado atenção em um momento difícil, que tinha parecido não se importar com a minha dor, que me senti muito desprezado e que não sabia se conseguiria perdoá-la.

Aliviada por eu ter finalmente comprado sua narrativa autoflageladora (depois de onze anos!) e imediatamente esquecendo todas as vezes em que me pedira as mesmas desculpas e eu respondera o exato oposto, ela pergunta o que pode fazer ser perdoada.

E eu, fazendo o maior drama possível (adoro quando a vida dá essas oportunidades) respondo que já se passara muito tempo, a ferida estava quase fechada (se é que feridas como essas fecham!) mas que conseguiria até perdoá-la, quem sabe?, talvez, se apenas soubesse que ela iria passar meu perdão adiante… para a Paulinha — essa terrível desprezadora de amigas!

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Fim da história: minha amiga e Paulinha acabaram de publicar uma foto juntas no Facebook e parece que estão super bem. Essas culpas narcissistas com as quais nos automartirizamos às vezes podem até servir para alguma coisa.

Uma resposta em “Quanto custa nosso perdão?”

Alex:

Eu redefini o perdão até mesmo porque eu só me ferrava com a antiga definição que aprendi.

Hoje, para mim, perdão é abrir mão da vingança. O resto é balela. Não significa dar segunda chance ou qualquer outra coisa. Apenas abrir mão da vontade de dar o troco.

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