Esse mês, estou lançando Atenção.
Se contarmos somente livros impressos, é o meu sexto livro.
Se contarmos publicações estrangeiras (a edição cubana da Autobiografia) e/ou ebooks (o Radical Rebelde Revolucionário), é o sétimo ou oitavo.
Mas digamos seis.
Seis livros publicados ao longo dos últimos doze anos.
Escrevi meu primeiro romance aos dezesseis anos de idade e lutei muito para não publicá-lo, contra o conselho de pais, amigos, professores. Eu queria ser escritor, não menino prodígio. Ninguém escreve nada que preste aos dezesseis.
Esperei, esperei, esperei.
Escrevi, escrevi, escrevi.
Meu primeiro livro veio aos 33, uma coletânea autopublicada de textos de blog. Dois anos depois, autopubliquei um romance.
Mas autopublicação conta?
Se não contar, o primeiro veio mais dois anos depois, um livrinho de contos por uma editora pequena. Três anos depois dos contos, publiquei um livro de ensaios por outra editora pequena, também coletânea de textos da internet.
Mas livro de editora muito pequena, sem distribuição quase nenhuma, conta?
Se não contar, o primeiro foi uma tradução, organizada e anotada por mim, da autobiografia de um poeta cubano escravizado.
Mas livro que não foi escrito por mim conta?
Se não contar, o primeiro é esse mesmo, Atenção., saindo agora pela editora Rocco, escrito por mim, distribuído para todo Brasil, juntando as práticas de atenção que saíram primeiro no site PapodeHomem.
Mas coletânea de textos publicados na internet conta?
Se não contar, então, não publiquei livro nenhum.
Nunca publiquei nenhum livro escrito para ser livro.
E, ainda assim, essa foi minha vida.
Aos doze anos, decidi que queria ser escritor. Nunca mais mudei de ideia. Nunca mais quis outra vida. Todas as minhas escolhas desde então, certas ou erradas, foram norteadas por essa decisão. (Não cursei jornalismo porque achei que não teria saco nem energia de escrever minhas próprias coisas se passasse o dia inteiro escrevendo para um jornal, etc.)
Hoje, aos 45, mais velho que Kafka e Tchecov jamais foram, minha vida cabe nesses quatro dedinhos da foto.
Quatro dedinhos.
Já disse um biológo evolucionista que intelectual é a maneira que os livros encontraram para se reproduzir. Eu tenho lido uma média de 100 a 120 livros por ano desde a idade adulta, somando um total de mais ou menos três mil livros.
Três mil livros entraram por um lado e, pelo outro, saíram seis.
Não é dos métodos mais eficientes, não.
Mas foi o que deu pra fazer.
Atenção. já está nas livrarias de todo Brasil.
Dá pra comprar na minha mão aqui.
2 respostas em “Minha vida em livros”
Idem se o livro é de editora pequena, idem se é coletânea de textos de internet.
Se esse último não contar, mais da metade da literatura brasileira não existe, porque se hoje temos as coletâneas de internet, no passado havia (aliás ainda há) as coletâneas de crônicas escritas para jornal e os romances previamente publicados em folhetins em jornais e revistas (a maior parte dos romances de Machado de Assis, inclusive).
Autopublicação conta, porque não importa como o texto chegou ao leitor, e sim que chegou.