de vez em quando, me acusam de ficar “reafirmando” meu estilo de vida, como se estivesse me gabando, como se fosse inseguro, como se quisesse convencer os outros.
mas todas as forças do mundo nos impelem a nos conformar. a nos transformar no padrão que exigem de nós. a nos moldar em pais de família, trabalhadores, consumidores, monogâmicos, heterossexuais, eleitores do psdb.
ser quem queremos ser é uma luta diária. um exercício constante de bater o pé, se recusar a ser coagido, articular quem se deseja ser — e, então, e essa é a parte mais difícil, efetivamente ser essa pessoa.
quem está sendo o que a sociedade espera que seja não precisa se auto-afirmar.
quem está na contramão precisa.
é necessário articularmos sempre o nosso caminho — justamente para não sair dele.
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ser bem-ajustado e bem-sucedido em um mundo escroto pode bem ser indicativo da sua própria escrotidão.
aliás, quem é você?
Uma resposta em “fincar o pé na correnteza”
[…] Porque as pessoas que mandam, que querem nos convencer que a sua maneira é a única maneira, que não há outro jeito de viver exceto o delas, precisam saber que sua opinião não é unânime, que nem todo mundo acreditou, que alguém fincou o pé. […]