inhotim. as cosmococas são cinco instalações interativas de hélio oiticica e neville d’almeida, uma obra para interagir, contemplar, literalmente entrar na arte.
a sala cosmococas 2, “onobject”, tem chão de espuma grossa (onde é difícil andar sem afundar), e objetos geométricos, também de espuma, espalhados pelo chão: cones, cilindros, cubos, esferas. ouvem-se músicas do álbum solo de yoko ono. ocasionalmente, um telefone toca. as luzes estão apagadas e imagens são projetadas em duas das quatro paredes da sala: fotos de yoko, capas de livros.
a Outra Significativa e eu estamos deitados na espuma, em um canto, agarradinhos.
de repente, entram dezenas de crianças, uma turma inteira em excursão, já alucinadas, correndo e afundando e pulando na espuma, jogando os objetos geométricos contra as outras, chutando, uma verdadeira força da natureza. (neville e oiticica teriam ficado orgulhosos.)
o primeiro menino a penetrar mais fundo na sala escura topa comigo e com a Outra, ambos encolhidos no chão, tentando evitar chutes e objetos voadores, e trava, visivelmente surpreso:
“isso é de verdade?!“, exclama.
arte contemporânea é isso. literalmente. é esse “isso” dito pelo menino surpreso.
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texto escrito no café do teatro, em inhotim, que já é meu lugar preferido do brasil, apesar (talvez por causa) de todas as suas flagrantes contradições. leia mais sobre o inhotim e sobre as cosmococas.