um grupo de estudantes pediu para me entrevistar e, logo na primeira pergunta, tascaram:
“quem é alex castro?”
“ninguém,” respondi.
era a única resposta verdadeira possível.
mais tarde, na apresentação à entrevista, eles escreveram:
“segundo ele mesmo, ninguém. alex castro, como definido em seu site pessoal, é “alex castro por enquanto. em breve, nem isso.” esse desapego ao ego revela uma face muito importante para sua literatura: O mundo a sua volta é muito mais interessante para ele do que o nosso mundo para nós que temos o costume de olhar o umbigo.”
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alex castro é comum
um moço que foi no primeiro encontro “as prisões” de curitiba me elogiou… por ser tão banal!
nas palavras dele:
“acho que é normal, quando a gente conhece alguém à distância que fala abertamente sobre nossos ideais mais profundos, aquilo que passamos a vida perseguindo, conferir a essa pessoa uma certa figura de autoridade. junto com isso, criamos uma série de expectativas sobre ela, sobre como ela deve ser sensacional, como sua presença deve ser marcante, como a mera possibilidade de ouvi-la ou tocá-la deve ser como uma pequena bênção…
inevitavelmente, levei essas expectativas comigo quando conheci o alex na apresentação da palestra as prisões, em curitiba, no último agosto. mas a pessoa que eu conheci não correspondia em nada à imagem que eu inventei dela. ele não tinha nada daquilo que estamos acostumados a imaginar numa pessoa que julgamos ser especial. ele não mostrou um sorriso hipnotizante, ele não usou de uma retórica refinada, ele não portou trajes de conotação hierárquica, ele não vendeu uma fórmula mágica. ele não era um super-homem, um profeta, um ser que irradiava qualquer tipo de energia transformadora. ele era um cara comum.
mas foi aí que eu me senti realmente tocado. se um cara comum como o alex pode ser uma pessoa tão sensível, tão empática, tão aberta, por que eu, outro cara comum, não posso? Se ele não é melhor do que eu, o que me impede, se não minha própria preguiça, de buscar ser uma pessoa mais amiga, mais acolhedora, mais humana?
obrigado, alex, por ter me motivado – mais do que isso, me desafiado – através de sua mais absoluta normalidade.”
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alex castro é normal
uma moça que foi a um encontro “as prisões” no rio percebeu que as coisas mais legais nos eventos são justamente as que não sou eu que falo:
“‘você só sente a correnteza quando nada contra ela’, foi uma das pérolas do dia. soltada pelo alex? não. mesmo sendo tão foda e incrível, não é alex que reina nas prisões. ele abre espaço pra tudo o que você sinta vontade de contar, e vai guiando a “palestra” (veja os outros depoimentos, todos concordam que é muito mais pra um debate), sobrepondo seu ponto de vista sobre cada prisão em cima das histórias de quem foi lá. cheguei meio incerta, sem saber o que esperar. mas é assim mesmo. você chega devagarinho e em meia hora já se sente, de alguma forma, em casa. não pelo lugar onde está, mas pelas pessoas que te cercam. que falam, ouvem (ouvem mesmo), respondem. o alex merece tudo por proporcionar esse encontro. mas não tem como eu te fazer entender como é. você precisa ver, falar e ouvir por si próprio.”
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alex castro é narciso
quando eu era mais jovem, eu me achava especial. que tinha um destino. que realizaria grandes feitos.
os anos passaram, a vida aconteceu, e me dei conta que eu era apenas mais um bichinho sem alma, nessa pedra girando pelo espaço, sem nada que me distinguisse.
entretanto, em nossa época narcisista, cercado de pessoas que se acham a última coca-cola do deserto, cada um protagonista do filme da sua vida, todos brigando por mais amigos no facebook, me dei conta que nada pode ser mais especial do que alguém que sabe sinceramente que é apenas mais um.
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alex castro não importa
eu não importo. eu sou normal. eu sou banal. eu não sou ninguém.
meu mérito é estar cercado por vocês.
estou aqui para ser um conduite das suas histórias.