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em cuba, atrás do poeta-escravo

em poucos meses, será publicada pela editora hedra minha tradução anotada da autobiografia do poeta-escravo afrocubano juan francisco manzano, escrita em 1836.

em poucos meses, será publicada pela editora hedra minha tradução anotada da autobiografia do poeta-escravo afrocubano juan francisco manzano, escrita em 1836.

agora, estamos em cuba, buscando pelos traços de sua existência.

em havana, na biblioteca nacional josé martí, pedimos permissão (ainda não concedida) para consultar o manuscrito original.

a casa onde o poeta viveu, em havana velha, na esquina de o’reilly com brasil, foi completamente reformada pela oficina do historiador de havana. desde 2008, é o “hotel marquês de prado ameno”, nome da família que foi proprietária do poeta. as suítes e aposentos do hotel tem muitos nomes derivados da vida do poeta. o salão de reuniões se chama “salão manzano”.

ainda em havana, um funcionário aposentado da empresa que administra o hotel, e que já havia escrito diversos estudos sobre a vida do poeta afrocubano, nos forneceu importantes mapas para nos ajudar a encontrar o engenho “el molino” ou “los molinos”, em matanzas, onde o poeta também viveu e onde mais sofreu.

em matanzas, graças à ajuda do historiador da cidade, toda a equipe do museu provincial palacio de junco nos abriu as portas do museu (que estava fechado) para vermos tanto a lápide da primeira proprietária de manzano (famosa por ser a primeira escritora de cuba) como também um “tronco”, original e autêntico, utilizado para punir os escravos de matanzas na mesma época em que o poeta viveu.

claudia fotografando a casa-grande de los molinos 2 - Cópia

por feliz coincidência, a irmã de uma das seguranças do museu mora no terreno do engenho “los molinos”. ela havia chegado a viver em uma das casas-grandes, demolida em 1972. sua casa atual, e outras duas, repousam sobre as fundações da casa-grande.

da varanda, pode-se ver e ouvir os rios san juan e san agustín, em cujas margens o poeta pescava e compunha.

ao lado, ainda sobrevivem de pé as paredes, os muros e as fundações da antiga casa-grande, construída de pedra e provavelmente remanescente da época de manzano.

como em cuba tudo se reaproveita, a casa-grande onde aquela criança escravizada seguia sua senhora como um cachorrinho hoje é uma fábrica de gelo.

fabrica de gelo em los molinos - Cópia

em todas nossas pesquisas em matanzas, contamos com a ajuda, com a companhia e com a amizade do historiador urbano martínez, autor de dezenas de livros — entre eles, uma biografia do literato cubano que promoveu a coleta que comprou a liberdade do poeta-escravo.

depois, passamos por bayamo, manzanillo, cabo cruz, pilón, marea del portillo e, agora, estamos em santiago, no outro extremo da ilha de havana, cidade mais caribenha de cuba.

daqui, passaremos por guantanamo, baracoa e, então, a longa volta até havana.

claudia fotografando a casa-grande de los molinos - Cópia

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