Fernão Mendes Pinto passou vinte anos peregrinando pela Ásia em meados do século XVI, no auge do poder marítimo português. Enquanto quase todos os outros autores escreveram sobre o lado oficial da conquista, ele deixou testemunho sobre a ralé que ia nos porões dos navios. Foi o primeiro ocidental a ver, registrar, testemunhar incontáveis países, povos, culturas, cerimônias asiáticas. Quase morreu várias vezes. Se salvava sempre por sua lábia e por suas mentiras, nunca pela força ou por proezas militares. É o nosso maior pícaro, precursor de Pedro Malasartes, malandro da gema.
Fernão mentia? Mentia. Mas que diferença faz? O importante é que tinha uma mensagem a comunicar e, como todo grande artista literário, comunicou essa mensagem através de palavras, diálogos, episódios que misturam realidade e ficção.