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A independência das pessoas negras

Melhor fizeram as pessoas escravizadas que apostaram no rei absolutista estrangeiro.

Hoje, quatro de julho, os Estados Unidos celebram seu “dia da independência”. Mas não é exatamente verdade.

Hoje é o “dia da independência… das pessoas brancas”. As pessoas negras ainda demoraram quase cem anos para se tornarem independentes, apenas em 1863.

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Só para comparação, o Reino Unido aboliu a escravidão em todas as suas colônias em 1833, quase três gerações antes. Trinta anos é um longo tempo para quem passava a vida inteira cortando cana e sendo estuprada pelo patrão.

Mais ainda, aquelas pessoas escravizadas “não-patriotas” e “traidoras”, que se insurgiram contra as norte-americanas e lutaram pelas britânicas, conseguiram a liberdade no ato e viveram vidas livres no Canadá.

Para as pessoas negras norte-americanas de 1776, apostar em quem pregava a democracia e os direitos universais do ser humano significou mais um século de cativeiro.

Fez melhor quem apostou no rei absolutista.

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Naturalmente, nós, pessoas brasileiras, não podemos nos gabar de nada. Portugal aboliu a escravidão em 1761 e, nas suas colônias, em 1869 (bem tarde, na verdade).

Já o Brasil libertou suas pessoas brancas em 1822 e as negras, somente em 1888.

Diriam alguns que ainda não.

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Sobre a nossa culpa nessa história, leia Senzalas & Campos de Concentração.

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O próximo encontro “As Prisões” acontece domingo que vem, 9 de julho, no Rio de Janeiro, na minha casa. Depois, tem outro em São Paulo, no dia 23. Se você não tiver grana, rola vir de graça.

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