Quanto mais cética e cínica a pessoa, mais crédula e ingênua ela será.
As notícias falsas se tornaram um problema justamente porque as pessoas estão tão céticas que, em seu ceticismo crédulo, acreditam ingenuamente em qualquer narrativa alternativa.
Esse é o grande paradoxo dos tempos atuais.
Um exemplo, de muitos que eu poderia dar:
Em relação à eficiência e segurança das vacinas, por exemplo, a pessoa (cética e cínica) é esperta demais para confiar na indústria farmacêutica, nos estudos científicos e nos governos corruptos, mas, então, esse mesmo ceticismo cínico faz com que ela (crédula e ingênua) acabe acreditando em uma multidão de tratamentos e alternativas de fundo de quintal que são muito menos confiáveis do que qualquer coisa que pudesse vir dos governos.
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Um artigo do New York Times:
“Why Nobody Cares the President Is Lying”
“For years, as a conservative radio talk show host, I played a role in that conditioning by hammering the mainstream media for its bias and double standards. But the price turned out to be far higher than I imagined. The cumulative effect of the attacks was to delegitimize those outlets and essentially destroy much of the right’s immunity to false information. We thought we were creating a savvier, more skeptical audience. Instead, we opened the door for President Trump, who found an audience that could be easily misled. …
All administrations lie, but what we are seeing here is an attack on credibility itself. …
The point of modern propaganda isn’t only to misinform or push an agenda. It is to exhaust your critical thinking, to annihilate truth. …
Inundated with “alternative facts,” many voters will simply shrug, asking, “What is truth?” — and not wait for an answer.”