Dom Casmurro não é feito de letras e palavras, papel e tinta: Dom Casmurro é feito de tudo que uma pessoa chamada Joaquim Maria deixou de fazer.
Joaquim Maria era uma pessoa como nós: ele fazia coisas como comer e cagar, beber e mijar, transar com a esposa e ler Shakespeare. Ele deixou de fazer muitas, muitas, muitas dessas coisas para ficar brincando com Dom Casmurro, escrevendo e cortando, burilando e acrescentando.
Um dia, Joaquim Maria morreu, como vai acontecer com todas nós: ele nunca mais vai poder fazer nenhuma daquelas coisas que, enquanto escrevia Dom Casmurro, ele deixou para fazer depois. Finis. Kapputt.
Mas nós, enquanto ainda estamos vivas, podemos ler Dom Casmurro, que é quase que a manifestação concreta de todas as fodas perdidas que ele não fodeu.
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A matéria-prima de toda obra de arte é sacrifício. Não só as grandes. Especialmente não as grandes.
A artista medíocre sacrifica tanto quanto a genial — e não obtém nem mesmo a satisfação de ter produzido uma obra de qualidade, uma obra reconhecida.
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Meus textos — esses que você lê de graça, esses que você curte e compartilha, esses que lhe proporcionam momentos de prazer e de reflexão — são produzidos ao custo de trabalho e esforço, reflexão e sacrifício. (Perguntem à minha namorada!)
Ao longo de 2017, mesmo eu sendo o artista medíocre que eu sou, se meus textos adicionaram valor à sua vida, por favor, considere fazer uma contribuição do tamanho desse valor.
Assim, você estará me dando a possibilidade de criar novos textos, produzir novos argumentos, inventar novas ideias.