acontece muito: escrevo sobre monogamia e algumas pessoas acham que estou tentando convencê-las a abraçar o poliamor; escrevo sobre ateísmo e acham que estou tentando convencê-las a abdicar de seus deuses; etc etc.
esse comentário é puro ego, um sintoma do narcissismo galopante do nosso tempo.
nem tudo que alguém escreve, ainda mais se a pessoa nem te conhece, é sobre você, gira a sua volta, quer te convencer de alguma coisa. repita comigo:
escrevo sobre estilos de vida alternativos não para convencer quem optou pela escolha da maioria (faz sentido tentar convencer alguém que deus não existe ou que a monogamia é castradora?) mas para mostrar às pessoas que já pensam como eu que a escolha da maioria é somente isso: uma escolha.
que elas não precisam escolher o que todo mundo escolheu. que existem outras possibilidades, outros caminhos, outras opções.
que elas não estão sozinhas. que não são as únicas que pensam como pensam. que não são loucas por rejeitar o caminho mais trilhado. que são livres. livres.
se você está feliz com seus deuses e com sua monogamia e com as suas escolhas, então, eu fico sinceramente feliz por você. e te pergunto: por que veio se enfiar logo aqui, em plena conversa de uma pessoa insatisfeita com outras pessoas insatisfeitas? o assunto não é você. não é de você que estamos falando. não queremos te convencer de nada.
fica em paz. e, se as suas escolhas algum dia começarem a te oprimir, você sabe onde estamos. sinta-se sempre livre para juntar-se a nós.
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Uma resposta em “não, eu não quero te convencer”
[…] É esse tipo de recusa a ceder aos privilégios que a religião dominante sempre teve que são encarados, por alguns devotos seguidores, como ofensa pessoal. Além disso, quão autocentrado é imaginar que tudo é sobre você? Alex Castro escreveu: […]