Só temos uma única vida para apostar na roleta dos nossos sonhos. As nossas dores e alegrias só quem vai sentir somos nós.
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Karine odiava seu emprego.
Não podia largá-lo, dizia ela, porque era o único jeito de pagar o caríssimo aluguel de seu apartamento.
E eu perguntei:
“Por que você mora nesse apartamento específico e não em outro?”
“Porque é perto do trabalho.”
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Conheço duas pessoas que decidiram “largar tudo”, se arrependeram amargamente… e “pegaram tudo” de novo.
Um moço percebeu que dava pra curtir Ubatuba muito mais veraneando lá enquanto diretor de criação de agência na Vila Madalena do que como ajudante em escuna para turista, aturando belgas bêbados todos os dias.
Uma moça percebeu que dava para curtir literatura muito mais sendo engenheira em multinacional e lendo Clarice Lispector a noite toda do que estudando Letras e sobrevivendo às custas de traduções e revisões.
Por outro lado, conheço várias e várias outras pessoas que largaram tudo e não se arrependeram.
Ou vai ver se convenceram que não tinham se arrependido, porque não tinha mais volta.
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As lições das vidas de outras pessoas podem ser interessantes, podem ampliar nossos horizontes e indicar caminhos, mas têm utilidade limitada.
A decisão que se provou a mais acertada para Pedro foi a mesma que fudeu a vida de Paulo.
E aí?