Se você se sente em dívida comigo por algo que te fiz, por algum texto que escrevi, por alguma ajuda que lhe prestei, gostaria que pagasse essa dívida ajudando outra pessoa.
Gostaria que buscasse alguém que precise da sua ajuda, alguém que não tem direito nem expectativa alguma de ser ajudada por você, e que ajudasse essa pessoa do melhor jeito que pudesse.
Aliás, proponho que faça isso mesmo se eu nunca tiver te ajudado em nada.
Se você, em algum ponto crítico da sua vida, foi ajudada por alguma pessoa estranha cujo nome você nunca soube, então, agora, ajude alguma outra pessoa estranha cujo nome você não sabe.
Se nunca foi ajudada por alguma pessoa estranha cujo nome você nunca soube… então, seja a primeira.
Comece a corrente.
E eu te agradeço.
* * *
Um dia, fui pego no meio de uma catástrofe climática, quase perdi meu cachorro, me transformei em refugiado por seis meses e fui muito mais ajudado do que jamais conseguirei ajudar de volta.
Só hoje, 13 anos depois, consigo perceber o tamanho do impacto dessa experiência na história da minha vida, de como ela mudou minha orientação política, minhas prioridades literárias, basicamente tudo.
Esse textículo é dedicado a todas as pessoas que me ajudaram, e que estão discriminadas ao final desse meu depoimento.