Sim, compre livros nesse natal. Muitos livros.
Mas não na Saraiva ou na Cultura, que não estão repassando pagamentos para as editoras e, talvez, nunca repassem.
Compre direto das pessoas autoras.
Compre nos sites das editoras.
Compre nas livrarias independentes.
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O mercado editorial brasileiro está vivendo a sua maior crise. Recentemente, o publisher de uma de nossas principais editoras fez um apelo: nesse natal, deem, comprem, troquem livros. Só assim esse mercado sobreviverá, diz ele. Mas a carta foi polêmica.
Ponto e contraponto:
Carta de amor aos livros, por Luiz Schwarcz
Foi ganância, o negócio do livro é pequeno, por Evandro Martins Fontes
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Às minhas pessoas leitoras, então, eu peço: se forem dar livros de presente esse natal, eu sugiro a minha Autobiografia do Poeta-Escravo.
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Juan Francisco Manzano, poeta na ilha de Cuba, foi a única pessoa escravizada latino-americana a escrever uma autobiografia sobre sua experiência no cativeiro.
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Em 1835, sob encomenda de um grupo de literatos, o poeta cubano Juan Francisco Manzano redigiu um testemunho de suas experiências enquanto escravo, um empreendimento repleto de dificuldades práticas e políticas. O quanto falar? O quanto silenciar? O quanto aqueles homens brancos e ricos, aparentemente tão tolerantes, eram capazes de ouvir e aceitar? Como denunciar a escravidão sem ofender seus patronos escravocratas? Após consideráveis revisões e reescrituras, o manuscrito foi traduzido para o inglês e publicado por abolicionistas em Londres.
A autobiografia do poeta-escravo é pela primeira vez publicada no Brasil, um dos países que mais tarde aboliu o horror narrado com tamanha vivacidade por estas páginas. É diante de tal delicadeza histórica que o tradutor e organizador Alex Castro nos apresenta o resultado de uma tarefa também árdua, a de transladar o texto de Manzano mantendo seu vigor e respeitando suas idiossincrasias, marcas tão reais e concretas como lanhos de chicote na carne do escravo. O livro inclui duas versões da Autobiografia, uma tradução para a norma culta do português e uma transcriação criativa, acompanhadas por mais de 300 notas explicativas e um conjunto de textos que torna a presente edição um marco na memória da escravidão e da luta pela liberdade.
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A edição brasileira está à venda em todas as livrarias, pela Editora Hedra. (Recomendo comprar diretamente da editora.)
Para saber mais, visite o site que criei para promover o trabalho de Manzano:
Abaixo, a edição cubana:
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Pós-escrito
Estamos com duas imersões abertas, ambas com desconto até o dia 15dez.
(As Imersões sempre são mais baratas quanto mais cedo você compra, para facilitar meu planejamento.)
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Imersão “As Prisões: Práticas de Atenção”
Fins de semana, de sexta, às 18h, a domingo, às 17h.
Sudeste 18-20jan2019 — Areias, SP (a meio caminho entre RJ e SP)
Nordeste 1-3fev2019 — Taíba, CE (a 70km de Fortaleza)