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o único dedo que aponto é para mim mesmo

se a carapuça que escrevi para mim também servir em vocês, melhor ainda. quem sabe não conseguimos juntos virar pessoas humanas menos desagradáveis?

quando critico o narcissismo e proponho exercícios de empatia, não é porque me considero um guru intocável que conseguiu atingir um comportamento ilibado e agora está pontificando para as pobres coitadas lá embaixo que ainda não chegaram ao seu nível de iluminação.

pelo contrário, estou falando a partir dos subterrâneos, do meio da multidão, como mais uma pessoa rota entre tantas esfarrapadas; estou falando justamente da batalha diária que travo comigo mesmo, todo dia, o tempo todo, para ser uma pessoa menos escrota, menos conformista, menos egoísta, menos superficial, menos vaidosa.

o único dedo que aponto é para o meu próprio reflexo no espelho. sempre.

meus textos são, antes de tudo, para mim mesmo. uma desesperada tentativa de finalmente me tornar a pessoa que quero ser.

entretanto, se a carapuça que escrevi para mim também servir em você, melhor ainda. quem sabe não conseguimos juntos virar pessoas humanas menos desagradáveis?

não sou guru, não sou perfeito, não sou generoso.

sou profundamente egoísta, patologicamente vaidoso, intrinsecamente autocentrado, fundamentalmente preguiçoso.

mas, e essa é minha esperança, talvez não para sempre.