Rio de Janeiro, Santa Teresa, quarta-feira de cinzas.
Entre unicórnios e sereias, Anittas e Temers, sentamos para tomar um brunch no pós-bloco.
No quadro-negro: “Pessoas fantasiadas: 20% de desconto.”
Minha amiga vestia um arco-íris da cabeça aos pés, com asas e antenas. (A minha não conto.)
O garçom aparece e digo, brincando mas também confirmando: “Vai rolar desconto, né?”
Sem falar nada, ele dá de costas, encontra outro garçom, cochicha.
O outro garçom se aproxima a passos lentos, circunda nossa mesa nos inspecionando de alto a baixo, até inclina a cabeça para conferir nossos sapatos.
Também sem falar nada, dá de costas, encontra o primeiro garçom, cochicha.
Volta o primeiro garçom. Ele aponta para as letrinhas miúdas do quadro-negro (“adereço não é fantasia, carnaval é coisa séria!”) e passa a sentença:
“Vai dar não, moço.”